Soraya Misleh
Em assembleia unificada realizada nesta quinta-feira (7), em frente à Prefeitura de São Paulo, cerca de 50 mil servidores públicos municipais presentes, entre os quais engenheiros, decidiram, por esmagadora maioria, continuar em greve. A paralisação, que teve início no dia 4 último, reivindica a revogação da Lei 17.020/2018, que aumenta de 11% para 14% a contribuição previdenciária das categorias, não obstante o reajuste dado seja de 0,01%. Apesar da insistência dos trabalhadores, o prefeito Bruno Covas não abriu as portas para negociação. Uma vaia uníssona lhe foi reservada frente à ausência de diálogo.
No ensejo, foi ainda ratificada a realização de atos regionais amanhã em diversos pontos da cidade, com panfletagem, e a realização de nova assembleia no dia 13 próximo, às 14h, também em frente à Prefeitura.
Engenheiros no ato contra o Sampaprev.
“Não ao confisco salarial!”, “Revoga já!” e “Não tem arrego!” estavam entre as palavras de ordem. O delegado sindical do SEESP junto à Prefeitura, engenheiro Alexandre Valdez, expressou sua indignação no ensejo: “Aumenta o desconto, mas não repõe o salário. A gente quer pelo menos conseguir pagar as contas todo mês. Assim fica difícil.” Diante desse quadro, como explicou o engenheiro agrônomo da Secretaria Municipal do Verde André Gasparoto, também presente ao ato, o movimento em questão visa “tentar resgatar junto à Prefeitura a valorização dos serviços à população e dos servidores públicos”.
Assim como ocorreu no dia 4, a Assembleia desta quinta-feira foi precedida de ato público no qual as lideranças aproveitaram justamente para esclarecer os paulistanos sobre os motivos para a greve e pressionar o Executivo municipal ao diálogo. Além da revogação da Lei 17.020/2018, apresentaram também reivindicações históricas dos servidores municipais, como valorização profissional, repúdio à terceirização irrestrita, garantia de serviço público de qualidade e abertura de concursos públicos para melhor atendimento à população.
O chamado à unidade e solidariedade entre os trabalhadores também dominou as falas dos representantes das diversas entidades, em especial devido à busca da Prefeitura de dividir os servidores, pressionando que entreguem lista de nomes de quem está em greve – o que foi amplamente repudiado durante o ato.
Também foi lembrado no ensejo a convocatória das centrais sindicais por um ato público unificado no dia 20 deste mês, em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp), contra a tentativa do Governo Bolsonaro de aprovar reforma da Previdência em âmbito nacional. Ao final, os presentes saíram em caminhada pelas ruas do Centro da Capital até a Av. Paulista. Um carro tentou furar a barreira ao trânsito e avançou sobre os manifestantes. Um grupo tentou impedir sua passagem e foi reprimido violentamente pela polícia, conforme mostra vídeo divulgado pelo jornal O Estado de S. Paulo. Ao menos uma professora ficou ferida. O SEESP repudia a agressão.