Jéssica Silva – Comunicação SEESP
Muito associada ao trabalho no campo, a Engenharia Agronômica também está presente nas cidades e se faz necessária quando o assunto é a melhoria na qualidade de vida da população urbana e preservação do meio ambiente.
O que isso significa? Um vasto mercado de atuação para o engenheiro. É o que demonstra com sua experiência Mariana Marotti Corradi, engenheira agrônoma graduada pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), especialista em gestão ambiental, arborização urbana e mestre em produção vegetal.
Corradi entrou na área de olho na atuação rural, na engenharia genética dos alimentos, mas se encontrou nas demandas urbanas e hoje é responsável por mais de 20 mil árvores da maior metrópole do País, São Paulo. “Ao me formar comecei a trabalhar na área de meio ambiente, onde me apaixonei por arborização”, ela conta.
A engenheira atualmente trabalha no inventário florestal dos seis parques da capital paulista em que atua, além de empreender na área e presidir a Associação dos Engenheiros, Agrônomos, Tecnólogos e Técnicos de Taboão da Serra (AEATS).
Em sua avaliação, a categoria deve ser unida para a valorização da profissão. “Somente participando ativamente e cobrando as pessoas que nos representam é que conseguiremos ter um salário profissional justo, condições de trabalho dignas e o devido reconhecimento que o engenheiro merece ter”, defende.
O que a motivou ingressar na Engenharia Agronômica?
Escolhi o curso pensando no mercado de transgênicos, sonhando em trabalhar com engenharia genética. Mas ao iniciar a graduação, vemos que o campo de trabalho do engenheiro agrônomo é muito amplo, percorrendo as áreas de economia, mecanização, engenharia rural, produção de alimentos, cultivo de animais, entre inúmeras outras oportunidades.
Meu primeiro estágio foi com olericultura, na faculdade, nome dado à disciplina que estuda as hortaliças, área em que também fui bolsista de iniciação científica. Ao me formar comecei a trabalhar na área de meio ambiente, na Prefeitura Municipal de Taboão da Serra, onde me apaixonei por arborização urbana.
Após dois anos de trabalho, voltei para a universidade para fazer mestrado, com o tema de emissão de gás carbônico pelo solo após diversos tipos de preparo de solo em área de cultivo de cana-de-açúcar.
Com a conclusão do mestrado retornei à gestão pública municipal e fiquei por mais três anos. Após esse período, trabalhei na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), no Departamento de Meio Ambiente, defendendo o setor produtivo em câmaras ambientais, junto ao Conselho Estadual de Meio Ambiente, entre outras questões.
Quando saí da federação decidi empreender e montar minha própria empresa, a qual me dediquei por quatro anos exclusivamente. Hoje atuo em paralelo ao meu emprego atual, que é o gerenciamento de toda a área verde de seis parques na Cidade de São Paulo.
Como é sua rotina de trabalho atual?
Minha rotina é bem intensa, cuidar da área verde de seis parques na cidade de São Paulo, entre eles o mais frequentado e o mais importante da América Latina (o Ibirapuera), requer muito cuidado e atenção. Devemos zelar pelo patrimônio vegetal, de extrema importância em grandes centros urbanos e ao mesmo tempo ter atenção à segurança das pessoas que frequentam esses parques. Cuidar de cerca de 22 mil árvores não é tarefa fácil!
O principal projeto em que estou atuando no momento é o inventário florestal dos parques que gerencio. É uma quantidade grande de árvores e cadastramos uma a uma. Agora conseguiremos avaliar todo o patrimônio arbóreo desses parques, bem como zelar pela segurança dos usuários identificando os exemplares em risco e realizar o manejo de forma assertiva e preventiva.
Como sua área profissional contribui à melhoria da vida nas cidades?
Contribui melhorando as áreas verdes, ajudando na preservação da natureza, diminuindo os impactos negativos que o avanço das cidades causa. Contribui com diminuição da temperatura nas áreas vegetadas, infiltração de água de chuva diminuindo as enchentes, absorção de gases poluentes, melhora do bem-estar da população pelo contato com a natureza.
Você é presidente da Associação dos Engenheiros, Agrônomos, Tecnólogos e Técnicos de Taboão da Serra. Quais são as bandeiras da associação? Como a entidade atua?
A associação é a ponte entre o conselho de classe e o profissional, nosso papel é levar conhecimento aos profissionais da região através de cursos, palestras, workshops, tudo de forma gratuita. Também promover o networking entre os profissionais da região, gerando novas conexões e novos negócios, fortalecendo a classe profissional.
Nesse sentido, acredita que é importante que o profissional busque participar ativamente da mobilização em prol de melhorias em sua área, seja por meio do sindicato, de associações, conselhos?
Com toda certeza, somente participando ativamente e cobrando as pessoas que nos representam é que conseguiremos ter um salário profissional justo, condições de trabalho dignas e o devido reconhecimento que o engenheiro merece ter.
Qual dica você daria para o engenheiro agrônomo que está ingressando no mercado e/ou buscando recolocação?
Meu conselho é que procure trabalhar com o que você gosta e tem afinidade, procure pessoas da área, faça networking, especialize-se naquilo que você gosta e nunca deixe de se atualizar e estudar. Conhecimento é a única coisa que nunca poderão tirar de você.