Com a perspectiva de abrir as portas à primeira turma de graduação em engenharia de inovação em suas instalações em São Paulo ainda no segundo semestre de 2013, o Isitec (Instituto Superior de Inovação e Tecnologia) vem atuando para expandir as oportunidades de formação a todo o País. Sob esse mote, oferecerá cursos de curta duração aos funcionários públicos do estado do Acre. A metodologia e temas ainda estão sendo definidos, de acordo com as demandas em educação continuada apontadas na região e os termos do convênio firmado, por intermédio da FNE, com o governo do Acre.
Conforme Sebastião Fonseca, diretor dessa federação e presidente do Senge-AC, a pretensão é estabelecer parceria também com a Prefeitura de Rio Branco. De acordo com ele, a demanda na capital acriana são cursos de curta duração que abordem gestão urbana, fiscalização de despacho público, drenagem, código de obras e postura do município. A ideia é que sejam disponibilizados aos servidores locais a partir da assinatura do convênio, cuja expectativa é que se dê neste mês de fevereiro. “A parceria com o Isitec é muito importante, porque aqui (no Acre) temos dificuldades para nos reciclar. Ir a outros lugares é muito custoso, e o profissional precisa estar a par do que o Brasil necessita em termos de qualificação de mão de obra”, acredita Fonseca. Também está em negociação convênio para cursos a engenheiros de Roraima. Como informa o diretor administrativo do Isitec, Fernando Palmezan Neto, proposta já foi apresentada ao governador desse estado.
Segundo ele, além disso, está em negociação o patrocínio pelo governo do Acre da graduação em engenharia de inovação a dez alunos anualmente. Em visita a São Paulo em novembro do ano passado, o diretor-presidente da Fapac (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Acre), Pascoal Torres Muniz, já havia sinalizado essa possibilidade, afirmando a disposição de buscar bolsas de estudos junto ao Prouni (do governo federal), ao estado e mesmo à iniciativa privada.
A graduação
A expectativa é que o processo seletivo seja aberto para que a primeira turma de 60 alunos ingresse ainda em agosto. Deve-se à possibilidade de o MEC (Ministério da Educação) aprovar o funcionamento do Isitec para tanto – bem como para oferta de pós lato sensu – neste primeiro semestre. Fundamenta-se nos resultados auspiciosos obtidos junto ao órgão governamental respectivamente em outubro e dezembro. No primeiro desses meses, uma comissão visitou as instalações da futura escola e a considerou habilitada a entrar em operação. Foram verificados aspectos da infraestrutura, como laboratórios, biblioteca, condições das salas de aula. Já ao apagar das luzes de 2012, representantes do governo avaliaram a proposta pedagógica, concedendo nota elevada ao curso de graduação. “Reconheceram como um projeto avançado, inovador, tanto na forma quanto no conteúdo, entendendo ser o que o País precisa do ponto de vista de formação e qualificação de engenheiros, respondendo ao que a sociedade, o mercado, a indústria colocam como necessidades ao desenvolvimento sustentável”, destaca o diretor-geral do instituto, Antonio Octaviano. Ao encontro, portanto, do que propugna o projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, lançado pela FNE.
O processo para credenciamento legal do Isitec – primeira instituição do gênero cujo mantenedor é um sindicato, o Seesp – teve início há um ano. Agora, os dois documentos avalizando a proposta deverão seguir para o Conselho Nacional de Educação, que nomeará um relator. As etapas posteriores são o encaminhamento ao Ministro da Educação e daí à Casa Civil. Somente depois o resultado será publicado no Diário Oficial da União, “nos transformando em instituição de ensino superior”.
Segundo Octaviano, a graduação será em período integral, com carga horária de 4.600h, superior ao mínimo exigido de 3.600h pelo MEC. A ideia, conforme José Marques Póvoa, diretor acadêmico do Isitec, é formar engenheiros “multiespecialistas, que sejam capazes de se especializar em diversas áreas” ao longo de sua carreira. A proposta audaciosa leva em conta o fato de hoje o mercado ser absolutamente dinâmico, requerendo atualização constante. Caso contrário, diante dos avanços tecnológicos, os conhecimentos adquiridos na faculdade já poderão estar obsoletos na colação de grau. O novo curso, de cinco anos, pretende fornecer uma base sólida em engenharia, recuperando o conceito original do profissional enquanto “resolvedor de problemas”. “Tendo esse domínio, e estando preparado para continuar a aprender por toda a vida, esse conseguirá transitar em todas as áreas.” Com aulas práticas em todos os semestres, Póvoa destaca o caráter integrador do curso. “Não haverá laboratórios separados por disciplina, permitindo ao aluno realizar projetos em várias áreas.”
Além disso, aponta outros diferenciais na grade curricular. Entre eles, a inclusão do segundo ao oitavo ano da disciplina “Design e equipe de inovação”, com a proposta de que o estudante aprenda a trabalhar em equipe desde sua entrada na faculdade, já desenvolvendo projetos. Característica que o distingue, de acordo com o diretor acadêmico, ainda é a preocupação em apresentar exemplos de aplicação de engenharia nas disciplinas básicas dos três primeiros semestres, numa busca por impedir a evasão. Além de nivelamento no começo do curso para avaliar possíveis dificuldades em exatas, o Isitec propiciará acompanhamento fora do horário normal de aula durante os cinco anos de graduação. Também haverá “laboratório de linguagens”, provavelmente incluindo inglês, português e plataforma Windows. O projeto foca também no relacionamento universidade-empresa, que deve ser impulsionado via convênios com companhias. (Por Soraya Misleh)
Imprensa – SEESP
Matéria publicada no jornal da FNE – Edição 129/FEV/2013
Foto: Beatriz Arruda