A homenagem que o SEESP prestou, na noite do dia 15 último, na capital paulista, pelos 120 anos de criação da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), reuniu diferentes gerações de politécnicos que se mostraram emocionados e agradeceram a iniciativa do sindicato. Com 60 anos de formado em engenharia elétrica, Antonio Hélio Guerra Vieira [foto ao lado], também ex-reitor da USP, na década de 1980, falou de sua opção pelo curso numa época, em 1940, onde a “moda” era estudar Direito. “Vim do interior [paulista] com a missão de seguir uma tradição”, referindo-se à advocacia. No entanto, lembra, foi “contaminado” por alunos de uma escola do Estado, que ficava na Rua São Joaquim, em São Paulo, que estavam se direcionando para a área de exatas. Vieira falou, ainda, do privilégio de ter feito todos os seus cursos escolares, desde o primário, em instituições públicas.
O diretor do SEESP e também formado pela Poli, Allen Habert, em sua exposição, ressalvou que, quando se comemora os 120 anos de uma instituição, parabenizam-se muitas gerações de alunos, professores e funcionários e lembrou que o sindicato nasceu, também, a partir do esforço de politécnicos, e que quatro dos seus presidentes, entre 1934 e 1960, foram oriundos dessa escola. Habert agradeceu o pioneirismo dessa empreitada, que começou no final do século XIX, com o engenheiro Antonio Francisco de Paula Souza, formado em cursos na Alemanha na área ferroviária. A implantação da Poli, observa, mudou, definitivamente, a trajetória de desenvolvimento brasileiro, já que o país importava grandes projetos de engenharia da Inglaterra e da França. “Ou seja, a nossa Poli nasce da boa política.”
Para melhorar e estreitar a relação entre o sindicato e a Poli, o dirigente [foto ao lado] apresentou seis itens propositivos, entre eles: lutar por políticas públicas nas áreas de tecnologia e de inovação, como a internet pública em todo o Estado de São Paulo; estabelecer parceria com o Isitec (Instituto Superior de Inovação e Tecnologia), instituição cujo mantenedor é o SEESP e entrará em atividades em 2014; defender um sistema nacional de educação continuada, conforme proposta da CNTU (Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados); e estimular a filiação dos estudantes ao sindicato.
Metrô e pré-sal
O nascimento da indústria de informática brasileira na Poli foi destacado pelo seu diretor e coordenador do Conselho Tecnológico do SEESP, José Roberto Cardoso, assim como outros importantes processos e intervenções de inovação e tecnologia. “Em 1970, um aluno da Poli, do curso de engenharia eletroeletrônica, criou o primeiro call center no País, o 0900. O Buscapé, um site de busca, também nasceu na Poli.” Cardoso falou com orgulho que a escola é quem faz toda a análise de segurança do metrô de São Paulo, desde sua implantação. Falando sobre os novos desafios da instituição, o diretor disse que a Poli busca outros horizontes, por isso se instalou na cidade de Santos para ajudar na pesquisa do pré-sal e na formação de profissionais para o setor.
O professor, com muito orgulho, agraciou o presidente do SEESP, Murilo Celso de Campos Pinheiro, com uma medalha comemorativa dos 120 anos da Poli-USP [foto ao lado].
Passado e presente
O pró-reitor de Pós-Graduação da USP, professor Vahan Agopyan, acredita que São Paulo teve a sorte de ter líderes políticos com visão de futuro e vanguarda. “Apesar de ser um estado muito agrícola na época e ter poucos recursos financeiros, nossos líderes investiram na educação, criando as primeiras escolas, no País, laicas, profissionais e de engenharia. Ou seja, investimos no desenvolvimento, investimos certo.”
O presidente do Grêmio Politécnico, Rafael Ganzerli Auad [foto ao lado], agradeceu ao SEESP pelo evento e disse que estava orgulhoso por participar da solenidade. Em seu discurso, mencionou que mais do que lidar com concreto, metais, eletricidade, a verdade é que o engenheiro lida com a vida, com o material humano. “Por isso, a Poli é muito mais que os seus prédios e laboratórios, ela é alma movida a pessoas.” Informou, ainda, que o grêmio, criado em 1903, alcança mais de um século de existência neste ano. “São 110 anos onde discordamos, concordamos, brigamos, mas sem perder o diálogo”, ressaltou, referindo-se à relação com a direção da escola.
Crescimento nacional
Finalizando a solenidade, Murilo Pinheiro observou que a Escola Politécnica não apenas ajudou o desenvolvimento e o crescimento do estado paulista, mas de todo o Brasil. “Não dá para medir o valor desta escola para o país, que contribuiu não apenas na parte técnica e tecnológica, mas também na política. Por isso, o meu parabéns a São Paulo e ao Brasil pelos 120 anos da Poli”, comemorou.
Compuseram a mesa do evento, ainda, o secretário de Estado dos Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes; a vice-prefeita da cidade de Diadema e presidente da Delegacia Sindical do SEESP do Grande ABC, Silvana Guarnieri; e o presidente da Associação dos Engenheiros Politécnicos, Kamal Mattar. Outras autoridades prestigiaram o ato, como o engenheiro naval e capitão-de-mar-e-guerra, Jordi Gracia Angelats.
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Rosângela Ribeiro Gil
Imprensa – SEESP
Fotos: Beatriz Arruda