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13/02/2014

Para esclarecer os crimes da ditadura de 1964

A Comissão da Verdade do Rio Grande do Sul, com o apoio declarado da Comissão da Verdade de São Paulo, quer pedir ajuda aos Estados Unidos para que colaborem nas investigações através dos depoimentos dos agentes norte-americanos que atuaram na Operação Condor, de repressão a opositores dos regimes ditatoriais da América do Sul. Na manhã desta terça-feira, João Vicente Goulart, filho do ex-presidente João Goulart (1919-1976), depôs na comissão Vladmir Herzog, da Câmara Municipal de São Paulo. Durante sua exposição, afirmou que espera que o Ministério Público brasileiro “tenha a autonomia e a soberania necessária para abrir uma ação cautelar que permita realizar a oitiva de agentes norte-americanos” que atuaram no país durante a ditadura militar (1964-1985). A solicitação de ajuda aos EUA, através do governo brasileiro, será feita depois que saírem os resultados da exumação, “algo que pode demorar entre seis meses e um ano”.

O presidente da Comissão da Verdade de São Paulo, o médico e vereador Gilberto Natalini, apoia a ideia de Goulart Filho. “Tudo se encaixa. O regime foi eliminando de 75 em diante todos aqueles que viriam a atrapalhar o processo de abertura”, assegura. Para legitimar o pedido, João Vicente citou como exemplo o juiz Baltasar Garzón, que pediu ao governo argentino informações sobre o desaparecimento de espanhóis durante a ditadura no país sul-americano e do Chile, que solicitou esclarecimentos sobre a morte de seu ex-presidente Eduardo Frei Montalva, em 1982, por suspeitas de envenenamento.

Em relação à morte de Jango, os depoimentos citam o serviço de inteligência norte-americano, a CIA, além do chefe do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) de São Paulo, o delegado Sérgio Fleury. Mas, segundo indicou Natalini, eles podem ter relação com muitos outros assassinatos.

Hoje, a família de João Goulart aguarda os resultados da exumação do corpo do ex-presidente, deposto pelo golpe militar de 1964. O procedimento está sendo feito no exterior porque “o Brasil não tem a tecnologia necessária para examinar os ossos em busca de uma das 35 mil substâncias que podem comprovar que houve envenenamento”, disse João Vicente. Em seu depoimento, ele lembrou do testemunho do uruguaio Mario Neira, que contou à Polícia Federal em 2006 que o ex-presidente teria sido envenenado com uma troca de comprimidos, tomados diariamente por problemas no coração. Neira teria trabalhado para a ditadura uruguaia.


 

Fonte: El País - Brasil









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