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O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) vai montar uma força-tarefa para lidar com o desafio de licenciamento ambiental que será imposto pelo pré-sal. A preocupação da autarquia é estar preparada para um trabalho que, além de ser tecnicamente inédito, envolverá um volume gigantesco de estudos e fiscalização.

        Assim, o Ibama espera afastar a pecha de ser um entrave à exploração do petróleo, estigma que já o acompanha nas áreas de energia e transporte.

        O novo presidente do Ibama, o advogado gaúcho Curt Trennepohl, informa que começará a montar uma equipe de analistas ambientais com a missão específica de atender ao pré-sal. "Se não tivermos um time muito preparado, vamos retardar o processo, judicializar o licenciamento e, aí, eu vou para o pelourinho. Temos que investir em treinar gente agora", disse ao Valor.

        Trennepohl afirma que o único pedido feito ao Ibama sobre pré-sal até agora refere-se a pesquisas sísmicas, e não à exploração do petróleo. Nesta semana, a Petrobras informou que pretende perfurar 20 poços na região do pré-sal da Bacia de Santos em 2011. "Imagine se começarem a chegar aqui projetos de licenciamento, operações que são complexas dada a profundidade em que ocorrerá a exploração e a numerosos componentes envolvidos que ainda não estão regulamentados. Ou nos antecipamos e estabelecemos as regras, ou teremos problemas", afirmou Trennepohl, há uma semana no comando do Ibama.

        A criação dessas equipes especiais de licenciamento não se limitará à camada do pré-sal. Várias equipes estão em fase de montagem para lidar com projetos emergenciais, como a polêmica hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu (PA). Hoje, o Ibama tem 280 analistas ambientais em outras partes do país, fora Brasília, contingente que precisaria ser de 600 para dar conta do recado, segundo Trennepohl.

        Como a realização de concurso público está fora dos planos, o Ibama decidiu remanejar funcionários dos Estados para Brasília. Na capital, a equipe é de 40 analistas. Até o fim do ano, a meta é ter 500 funcionários dedicados ao licenciamento ambiental na sede da autarquia. "Não vai ser um movimento muito fácil. Vão dizer que há centralização da administração em detrimento da ação na ponta. Mas se o cobertor é curto, tenho que optar por deixar o nariz ou os pés de fora." O Ibama tem 4.124 funcionários na ativa e técnicos de outras áreas devem reforçar o licenciamento.

        Procurador federal e servidor do Ibama há 21 anos, Curt Trennepohl precisa seguir à risca as duas missões que a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, colocou no seu colo: combater o desmatamento da Amazônia e acelerar o licenciamento ambiental.

        Hoje, o Ibama já trabalha com três equipes de apoio para missões específicas, como a análise dos projetos de linhas de transmissão. Desse time, 18 analistas estão mergulhados no licenciamento de Belo Monte, projeto que praticamente catalisa todas as dificuldades vividas atualmente pelo instituto.

        O Ibama liberou uma licença específica para a instalação do canteiro de obras da empresa Norte Energia, que fará a obra, mas o Ministério Público Federal (MPF) do Pará conseguiu uma liminar na Justiça para barrar a licença. Agora, a Advocacia-Geral da União (AGU) tenta restabelecer a licença. "Hoje, eu não assinaria a licença de instalação da hidrelétrica. Mas quanto ao canteiro de obras não há qualquer irregularidade. O que existe é uma interpretação sob uma óptica diferente feita pelo Ministério do Pará, que, aliás, tem uma postura muito combativa", diz Trennepohl.

        A situação, segundo o presidente do Ibama, explora uma área "nebulosa" da legislação atual. O MPF acusa o consórcio Norte Energia de não ter cumprido algumas condicionantes da licença prévia de Belo Monte, entre as quais estão ações de saneamento básico no município de Altamira, nas proximidades da hidrelétrica. "Agora, como é que começo uma obra de saneamento em Altamira se eu ainda não tenho onde alojar os trabalhadores e o material?", pergunta. "A licença prévia exige o saneamento, mas para fazê-lo eu preciso de um pátio de apoio. É esse tipo de situação que precisa ser considerada."

        Às vésperas de se aposentar - seu último dia de trabalho seria 15 de abril -, Trennepohl diz ter aceito a empreitada no Ibama por "amor" à instituição e para atender a um "apelo" da ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira. "Foi uma decisão difícil. Levou quase dois minutos. Estava pronto para ir embora, entraria de férias no dia 28 de março, mas aceitei", conta.

 

(Valor Econômico)
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Voltado para utilização em qualquer aparelho eletrônico, como computadores, celulares e tocadores de música digitais, o dispositivo desenvolvido por pesquisadores da UFMS apresenta uma tecnologia inédita no mercado de equipamentos eletroeletrônicos.

       Pesquisadores do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) começaram a ingressar em uma área até então dominada no Brasil por cientistas de São Paulo e Rio Grande do Sul.

       No início de janeiro eles concluíram o desenvolvimento do primeiro chip (circuito integrado) projetado e implementado no Mato Grosso do Sul.

       Voltado para utilização em qualquer aparelho eletrônico, como computadores, celulares e tocadores de música digitais, o dispositivo apresenta uma tecnologia inédita no mercado de equipamentos eletroeletrônicos.

       Enquanto os chips atuais têm dois níveis lógicos de tensão elétrica, que convertem os sinais analógicos da energia recebida diretamente de uma tomada convencional em sinais digitais, o novo dispositivo é um conversor analógico digital que trabalha com múltiplos níveis lógicos. Em função disso, é bem menor e pode agregar mais funcionalidades do que um chip convencional.

       "Essa tecnologia pode ser uma alternativa para a redução do tamanho e para a agregação de mais funcionalidades pelos chips, que são duas das principais tendências na indústria de microeletrônica hoje", disse Ricardo Ribeiro dos Santos, professor da Faculdade de Computação da UFMS, à Agência Fapesp.

       Para desenvolver o novo dispositivo, pesquisadores da UFMS começaram a vir nos últimos anos para universidades e instituições de pesquisa em São Paulo, como a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e o Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI), para cursar doutorado e realizar treinamento em microeletrônica e em projetos de chips.

       Após ganhar experiência na área, iniciaram o projeto do desenvolvimento do dispositivo no Centro de Tecnologia em Informática (CTI) do Mato Grosso do Sul. Mas, como o Brasil ainda não tem uma fábrica de chips que domine a tecnologia de produção de transistores com 350 nanômetros (bilionésima parte do metro), ao terminar de projetar o dispositivo, os pesquisadores decidiram encaminhá-lo para a França para ser fabricado pela empresa Circuits Multi-Projets (CMP), que realiza a prototipagem e produz processadores em pequena quantidade.

       No início de janeiro, a empresa francesa enviou para os pesquisadores um lote com oito unidades do dispositivo, que estão sendo testados nos laboratórios da UFMS em uma placa impressa de circuito eletrônico.

       "A proposta com esse primeiro processador está mais focada em demonstrar a viabilidade de se desenvolver um conversor analógico digital que atue em múltiplos níveis. Mas temos uma leva de outros chips que pretendemos prototipar baseados na tecnologia de lógica de múltiplos níveis", disse Santos.

       De acordo com o pesquisador, essa tecnologia, originada na década de 1960, ainda não é muito pesquisada no Brasil e até hoje não conseguiu emplacar no mercado de eletroeletrônicos uma vez que os circuitos eletrônicos baseados em lógica binária, adotados pelos fabricantes de equipamentos, funcionaram muito bem até recentemente.

       Mas, nos últimos 10 anos, começou a se verificar que a lógica binária apresenta limitações para miniaturizar os processadores, que têm a demanda de se tornar cada vez mais ínfimos e imperceptíveis nos aparelhos eletrônicos.

       "Os pesquisadores que atuam nessa área passaram a olhar para várias alternativas para atingir esse objetivo, como outros tipos de materiais em vez do silício ou para outras áreas, como a física quântica. A lógica de multiníveis seria outra via para projetar chips cada vez mais menores e com diversas funções", afirmou Santos.

 

(Elton Alisson, Agência Fapesp)
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Informe sobre a assinatura de Acordo Coletivo entre a empresa, a FNE e sindicatos da Intersindical dos Profissionais de Nível Médio e Universitário

       A diretoria da FNE e sindicatos que compõem a Intersindical dos Profissionais de Nível Médio e Universitário assinaram, em 09 de fevereiro de 2011, Acordo Coletivo de trabalho com a Tractebel Energia.

       Pela empresa estavam presentes o presidente Manoel Arlindo Zaroni Torres, o diretor administrativo Luciano Flavio Andriani e o de relações sindicais Eduardo Veloso. Pela FNE, o presidente Murilo Celso de Campos Pinheiro e o diretor financeiro Carlos Bastos Abraham, acompanhado pelo diretor da CNTU (Confederação Nacional dos Trabalhadores Universitários), engenheiro Fernando Palmezan. Pelo Senge-SC, o vice-presidente Wilson Floriani Junior e o diretor José Antonio Latrônico Filho, também representante oficial da FNE nas negociações. Pelas demais entidades sindicais, Márcia Meurer, diretora do Saesc e coordenadora da Intersindical; Carlos Alberto Vieira. diretor do Sincópolis; e José Carlos Coutinho, presidente do Sintec e representante da Fentec.

        O presidente da Tractebel abriu o encontro informando que o grupo GDF Suez, do qual a Tractebel faz parte, tinha ficado mais forte porque adquiriu os ativos da International Power (Inglaterra) ficando no total com 70% dos ativos no mundo. Agradeceu o esforço da mesa de negociações para se chegar a um acordo onde todos têm a ganhar. O presidente Murilo, por sua vez, ressaltou a importância do momento e colocou a FNE à disposição da empresa para somar nas ações que envolvem a engenharia, buscando a sua valorização.

       O engenheiro Abraham agradeceu o apoio da Tractebel na parceria feita pelo Consórcio Jirau de Porto Velho (RO) no Fórum Internacional da Amazônia realizado em Rio Branco (AC) no ano passado pela FNE e pela ONG Engenheiros Solidários.

 

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Após passar pela Câmara dos Deputados, a Medida Provisória 503 foi aprovada também no Senado e segue agora para sanção presidencial.

         A Autoriadade Pública Olímpica será responsável por realizar ações referentes aos projetos olímpicos, entre elas fazer estudos técnicos e programas, monitorar projetos, firmar contratos e acordos, contratar, manter e executar obras, adquirir e administrar bens, móveis e imóveis, atuar na proteção da propriedade intelectual e das marcas relacionadas aos jogos e até transferir a responsabilidade de projetos para outro consórcio se houver elevado risco de não cumprimento de prazo.

         A entidade será composta pela presidência, conselhos Fiscal, de Governança e Público Olímpico, além de uma diretoria executiva. O Conselho Público Olímpico será a instância máxima da APO, formado pelos chefes dos executivos dos estados e municípios que estarão envolvidos com os jogos – além do Rio de Janeiro, outras cidades receberão equipes para treinamento.

         O presidente da APO deverá ser indicado pela Presidência da República e precisará passar pela aprovação do Senado Federal. Já o Conselho de Governança terá funções burocráticas, entre elas a de analisar a prestação de contas da diretoria e deliberar sobre a contratação de pessoal.

         O Conselho Fiscal fará a fiscalização das contas da entidade. A Diretoria Executiva, composta por seis integrantes, ficará responsável por funções administrativas.
A APO terá um quadro próprio de funcionários e em até 20% dos casos, por funcionários públicos cedidos.

         O relator da MP no Senado, Lindberg Farias (PT-RJ) disse que, na Câmara, o projeto sofreu modificações para promover um reequilíbrio de forças dentro da APO. Segundo ele, foi concedido mais poder aos estados e municípios determinando que o mandato do presidente seja de quatro anos e passará por sabatina do Senado.

         Uma polêmica em torno do Artigo 7º do texto deverá ser resolvida com o veto da Presidência da República. O artigo é fruto de uma emenda feita na Câmara dos Deputados, que autoriza a prorrogação dos contratos de concessão de uso de áreas aeroportuárias para o desenvolvimento de atividades comerciais e de serviços até a realização dos Jogos Paraolímpicos.

         Como o artigo fere a Lei de Licitações, uma vez que as áreas de aeroportos utilizadas para comércio são públicas, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR) disse que a equipe econômica deverá orientar a presidenta a vetar este trecho da nova lei.

 

(Mariana Jungman e Rivadavia Severo, Agência Brasil)
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          A Advocacia-Geral da União (AGU) protocolou um recurso na tentativa de derrubar a decisão da JUstiça do Pará de suspender a montagem do canteiro de obras da Usina de Belo Monte. Na última sexta-feira (25), o juiz federal Ronaldo Desterro, do Pará, cassou a licença do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para iniciar as obras. Além disso, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) foi proibido de repassar recursos à Norte Engenharia Sociedade Anômica (Nesa), empreiteira responsável pela construção da hidrelétrica.

          Com a decisão, a Justiça do Pará acatou uma ação civil pública do Ministério Público Federal, pedindo que a licença fosse suspensa, por não cumprir uma licença prévia, que estabelecia como pré-condições a recuperação de áreas degradadas, a adequação da infraestrutura urbana, a regularização fundiária de áreas afetadas e programas de apoio a indígenas da região.

          O juiz criticou o Ibama por não pressionar o consórcio a respeitar as exigências ambientais, atendendo aos interesses da empreiteira. Segundo a Agência Brasil, a AGU disse que não irá divulgar os argumentos usados no recurso enquanto ele não for analisado pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região, onde foi protocolado.

 

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        Depois de uma longa e inglória batalha para que fosse estabelecido um reajuste para o salário mínimo que repusesse a inflação e garantisse aumento real, a remuneração básica do País ficou mesmo nos R$ 545,00. Após aprovação na Câmara dos Deputados e no Senado, essa foi confirmada pela presidente Dilma Rousseff com a publicação no Diário Oficial em 28 de fevereiro último. O novo valor, que tem vigência a partir de março, ficou distante dos R$ 580 inicialmente reivindicados pelo movimento sindical e mesmo da segunda proposta dos trabalhadores, de R$ 560,00. Positivamente, fica mantida a política de valorização do mínimo até 2015, obedecendo à regra que leva em conta o resultado do PIB (Produto Interno Bruto) de dois anos anteriores e a inflação do último período.

         Principal política de distribuição de renda ao longo de todo o último governo, os ganhos obtidos com o salário mínimo, além de melhorarem as condições de vida de milhões de trabalhadores, foram essenciais para manter a economia aquecida a partir do fortalecimento do mercado interno. Isso foi inclusive decisivo para que o Brasil fizesse frente à crise financeira que se alastrou pelo mundo a partir do segundo semestre de 2008. Contraditoriamente, agora se penaliza exatamente a ferramenta que ajudou o País a não afundar.

         O revés do episódio do salário mínimo deve servir como aprendizado para ação política do movimento sindical, que precisa, acima de tudo, manter a unidade alcançada nos últimos anos. É por esse caminho que novas derrotas serão evitadas e vitórias alcançadas. Acima de tudo, os trabalhadores, que viram sua vida melhorar com a retomada do crescimento, devem estar coesos na luta para garantir que a política de incentivo ao investimento e à produção se mantenha e seja fortalecida.

         A intransigência que levou o governo a manter o mínimo num patamar aquém das expectativas pode ser a sinalização preocupante de um avanço dos interesses rentistas sobre os da sociedade brasileira. Cabe a quem almeja o desenvolvimento econômico e social do País bater-se contra essa possibilidade. Já há quem anuncie o risco da inflação e a consequente necessidade de conter o crescimento. É o sonho daqueles que lucram com a especulação financeira e o pesadelo dos que desejam um país próspero, justo e soberano, que garanta condições de vida digna a toda a sua população.

 

Mulher e engenharia
         A luta pelo desenvolvimento deve contar também com uma participação mais igualitária entre os gêneros na engenharia, ainda por ser alcançada. Embora tenha se ampliado o número de mulheres na área, também devido ao crescimento econômico, elas continuam minoria. Segundo os dados mais recentes disponíveis no Ministério da Educação, do censo de 2008, as estudantes representam apenas cerca de 25% dos matriculados nos cursos de engenharia. Mais uma transformação necessária à sociedade brasileira.

 

 

 

Cid Barbosa Lima Jr.

        Neste ano o Rio de Janeiro foi o Estado que mais sofreu com as chuvas, que se concentraram na região serrana. Os inúmeros deslizamentos geraram mais de mil mortos e desaparecidos. Parte por ocupações em áreas de risco, parte por grande intensidade de chuvas em um mesmo sítio.

        No caso de São Paulo, com exceção de algumas poucas cidades da Região Metropolitana, como Mauá – que apresentaram desmoronamento em áreas de risco –, a regra foi enchentes e alagamentos por todo lado, incluindo alguns municípios do Interior que nunca haviam presenciado essas situações.

        Em 1998, no Governo Covas-Alckmin, com o agravamento das inundações, uma revisão do plano de macrodrenagem da Bacia do Alto Tietê apontou para a necessidade da construção de 145 piscinões na Região Metropolitana. Trata-se de grandes reservatórios para represar as águas da chuva e encaminhá-las lentamente para os cursos naturais. Isso porque, com a constante impermeabilização, essas extrapolam a capacidade normal de vazão dos córregos e rios.

        Em 2010 escrevi sobre a ampliação de faixas de tráfego na Marginal do Tietê, em artigo intitulado “A engenharia marginal” (JE 354), em que destaquei a apedeuta continuidade em impermeabilizar o solo da cidade. O valor gasto supera R$ 1,3 bilhão, que poderiam ter sido aplicados na execução de alguns piscinões ou investidos na expansão da rede metroviária.

        A época do verão e das chuvas vem se constituindo em aflição e ansiedade para os que perdem horas no trânsito e desespero para os que perdem bens e entes queridos.

        Essa situação recorrente tem seus responsáveis e já passou da hora de esses governantes agirem, realizando as obras necessárias e garantindo a infraestrutura devida ao atendimento. Dos 145 piscinões previstos, foram executados, até hoje, apenas 46. A limpeza desses reservatórios é feita de modo precário, permitindo que garrafas plásticas, pneus e todo tipo de sujeira retornem aos cursos d’água. O Governo do Estado e as prefeituras deveriam priorizar investimentos nos piscinões e ainda destinar recursos para melhorar a coleta e varrição de lixo, bem como a limpeza e a desobstrução constantes das bocas de lobo, galerias e córregos. Além disso, há que se mapear as áreas de risco e realizar obras de estabilização do solo nesses locais. E se ter um gerenciamento profissional e de qualidade na Região Metropolitana de São Paulo.

        Caso pouco ou nada disso aconteça, a repetição trágica das cenas no próximo verão é certa.

Cid Barbosa Lima Jr. é engenheiro

 

Soraya Misleh

       Com vários bairros atingidos por um blecaute, em 8 de fevereiro último, São Paulo ficou cerca de 30 minutos às escuras. Segundo informações da Agência Brasil, o apagão afetou mais de 2 milhões de cidadãos, sobretudo do centro, zonas sul e oeste.

       Em nota divulgada no dia 9, a Cteep (Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista) esclareceu que os transformadores da Subestação Bandeirantes, “dado o intenso calor e o alto consumo na sua região de influência, têm operado próximo a sua capacidade nominal”.

       Ainda de acordo com o informe, a primeira queda de energia, às 15h11, foi gerada pela atuação preventiva de proteção de sobretemperatura em um dos três transformadores de 345/88kV. “Como consequência, os outros dois também se desligaram pelo sistema de proteção devido à sobrecarga”, continua. Carlos Augusto Ramos Kirchner, diretor do SEESP, explica que não se trata de falha técnica, mas de um funcionamento adequado para evitar a queima dos equipamentos, porém em um sistema subdimensionado. O que houve foi que não havia nada que suprisse essa queda.

 

Morosidade
       Isso porque obras para a interligação do sistema de transmissão com o de distribuição estão atrasadas. “Em final de 2007 e começo de 2008, foram detectadas como necessárias 14. Uma delas é a da Subestação Piratininga, que está a cargo da Cteep. Se tivesse sido feita, não teria havido esse problema.” A empresa, na nota oficial, reconhece: “O alívio de carregamento dos transformadores da Subestação Bandeirantes por meio de remanejamento para outras é hoje limitado.” E atesta que com a entrada em operação da Subestação Piratininga 2, prevista para fevereiro de 2012 e que terá o mesmo porte da Bandeirantes (1.200MVA), essa questão será equacionada.

       Então por que a demora na entrega do empreendimento? A companhia, observa o diretor do SEESP, justifica-a em função da morosidade no processo de licenciamento ambiental. Somente em janeiro último foi emitida a última autorização necessária para início das obras, cujo prazo previsto seria de 18 meses, conforme contrato com a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), mas a ideia, conforme anúncio da Cteep, é que entre em operação em um ano. Para Kirchner, de fato, após as privatizações, pelo modelo vigente, a transmissora não faz nada enquanto não recebe o endosso do órgão regulador, mesmo que o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) identifique a necessidade. Se o fizer, paradoxalmente é multada. Faltou, portanto, gestão adequada em todo esse processo. “Não se pode trabalhar sem folga no caso de obras.” Até porque, como observa ele, em seu Plano Decenal de Expansão de Energia 2007/2016, a EPE (Empresa de Pesquisa Energética) e o Ministério de Minas e Energia já apontavam que 2011 seria um ano bastante crítico.

       Enquanto São Paulo espera pela conclusão da Subestação Piratininga 2, o Governo do Estado apresenta outras alternativas. Entre elas, a operação de térmicas e o incentivo a que os grandes consumidores gerem sua própria energia. Mas, como alerta Kirchner, tudo tem um custo. “Está se desotimizando o setor elétrico”, lamenta. O único caminho é investir e correr atrás do prejuízo.

 

Ainda sem solução
       Passo importante para evitar a repetição de problemas como os havidos em fevereiro na Capital é compreender as causas de ocorrências anteriores, as quais afetam os consumidores, inclusive onerando posteriormente suas contas de luz, dado o funcionamento emergencial de térmicas. Uma delas é a relativa ao apagão de 10 de novembro de 2009, que atingiu dezenas de estados brasileiros, entre eles São Paulo, dada queda pela primeira vez no Sistema Itaipu. Ainda sem conclusão definitiva, Carlos Augusto Ramos Kirchner, diretor do SEESP – que participa de grupo de trabalho do Crea-SP (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de São Paulo) que investiga o fato e deveria apresentar seu relatório em 1º de março –, pondera que “pode ter havido falta de manutenção”. Ele detalha: “Tudo indica que já havia um problema que não foi sanado a tempo.” Entre as certezas, a de que o blecaute não se deu por excesso de chuvas ou descarga atmosférica. Assim como à época do racionamento em 2001, não foi culpa de São Pedro.

 

 

 

 

Lucélia Barbosa

          Provenientes das operações de poda e remoção de árvores e manutenção de jardins, realizadas tanto por cidadãos quanto pelas prefeituras e empresas privadas, tais resíduos representam uma parcela importante do lixo gerado nas cidades. A falta de programas para a disposição correta desse tipo de material resulta no descarte impróprio em aterros e lixões e na queima a céu aberto, causando inúmeros impactos ambientais.

          Para mudar essa realidade, a engenheira Ana Maria de Meira, mestre e doutora em recursos florestais pela Esalq/USP (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo), propõe um modelo de gestão para a destinação adequada de galhos, troncos, folhas e flores.

          O estudo, que teve início em 2006 e foi finalizado no ano passado, apresenta três linhas de ação, incluindo redução da geração, valorização dos resíduos vegetais e disposição final, quando não há possibilidade de aproveitamento. “É possível prever a quantidade, planejar o uso e empregar o material em soluções benéficas”, ressalta Meira, que atua como educadora do Programa USP Recicla.

          A pesquisa foi realizada em Piracicaba, município do Interior paulista que gera em média 180 toneladas de resíduos vegetais por mês, sendo 69% constituídos por ramos e galhos finos, com maior potencial para trituração e compostagem. “Em campo, constatamos que todo resíduo da arborização tem potencial de valorização. Portanto, o destino deve ser planejado para evitar prejuízos econômicos e ambientais para os municípios”, diz a engenheira. A coleta de dados foi feita juntamente com a equipe responsável pelo trabalho de extração e recolhimento da arborização urbana da cidade. “As amostras eram medidas antes e após o corte. Também foram pesadas as quantidades de resíduos por espécies e por classe de diâmetro”, detalha.

          O estudo mapeou ainda os motivos que levam à poda. “Em geral, essa atividade é feita por falta de critérios na escolha das espécies, resultando em conflitos com os outros usos do solo. Além disso, falta treinamento da mão de obra responsável pelo serviço, e a população não tem vínculo forte com as árvores que impeça a derrubada”, explica Meira.

 

Na prática
          Para reduzir a geração, portanto, ela esclarece que é necessário definir critérios mais adequados tanto para a poda e remoção como na seleção de espécies, nas condições do plantio e na condução do crescimento, na capacitação da mão de obra, além de maior investimento na educação ambiental.

          Já a valorização dos resíduos é feita por meio da escolha do material. Para tanto, é preciso caracterizar e quantificar o volume, determinando a densidade, o teor de umidade, a cor, a quantidade de carbono fixo e as cinzas. “Essas variáveis indicam se os resíduos têm potencial energético para uso como lenha e carvão; se é melhor produzir composto orgânico; criar pequenos objetos de madeira, como cabos de ferramenta e utensílios domésticos, entre outras formas de aproveitamento. Assim, é possível obter o máximo de retorno econômico, social e ambiental”, acredita.

          A disposição final é a última opção indicada pelo estudo. “Se for realmente a única alternativa, essa deverá ser efetuada com cautela, atentando para o local de descarte, para a possibilidade de trituração do material para não dificultar a compactação, além dos cuidados para evitar incêndios”, indica.

          Outra forma apontada para dar destino nobre ao material excedente é a parceria entre os municípios e o setor privado. “Hoje as ações para minimizar o problema são pontuais, e na maioria das cidades brasileiras não existe um plano de gerenciamento. Por isso, há necessidade de soluções integradas para treinamento dos funcionários, educação ambiental e planejamento da arborização. É premente a criação de políticas ambientais que norteiem o sistema da poda e da remoção, bem como o encaminhamento adequado dos resíduos, a fim de reduzir o desperdício e proporcionar o uso eficiente dos recursos”, ressalta Meira.

          Na opinião da professora Adriana Nolasco, do Departamento de Ciências Florestais da Esalq/USP, que orientou a pesquisa, são inúmeras as ações que os municípios podem promover visando diminuir os impactos negativos da destinação inadequada. “Uma alternativa seria separar o material lenhoso e trocar por produtos com padarias e olarias; incorporar os resíduos em programas de compostagem destinando o resultado para as áreas verdes do município, viveiro de mudas ou venda; utilizar a madeira como matéria-prima em programas de capacitação profissional em marcenaria, carpintaria ou artesanato, no fomento de cooperativas e negócios solidários ou ainda na construção de equipamentos e mobiliário urbano. Dessa forma, os gastos com a destinação seriam reduzidos e os ganhos econômicos e sociais com novos postos de trabalho e pequenos negócios aumentariam”, sugere.

 

 

Soraya Misleh

        Nos últimos anos, tem crescido o número de estudantes de engenharia no País, em função da expansão econômica. A boa notícia, contudo, não tem significado maior igualdade de gênero nessa seara. Quem aponta é Hildete Pereira de Melo, professora de Economia da UFF (Universidade Federal Fluminense) e editora da revista Gênero dessa instituição. A conclusão provém de estudo que ela promoveu em que utilizou dados do MEC (Ministério da Educação) de dois períodos distintos: 2000 e 2005.

        Esses revelam que ainda há muito o que avançar quanto à inserção de mulheres na profissão. Há 11 anos, havia 182.346 estudantes matriculados na área, dos quais a parcela masculina somava 146.726 e a feminina, apenas 35.622; em 2005, no total havia 266.163, sendo 212.217 homens e 53.946 mulheres. Ela complementa: “No geral, continua baixo o percentual no caso delas. E nos cursos de pedagogia a proporção é exatamente inversa.” De fato, em 2008, o censo do MEC indicava isso, com presença masculina de 322.664 matriculados ante feminina de 88.197 – aí incluídas outras profissões da área tecnológica que o Ministério considera como pertencentes a essa grande área. No mesmo ano, estritamente na engenharia, ingressaram 104.606 homens e 30.599 mulheres.

        Na opinião da pesquisadora Maria Rosa Lombardi, isso ocorre porque a estrutura das relações de gênero não foi modificada. “Engenharias ainda são tidas como um universo masculino”, ressalta. O tradicional papel reservado às mulheres, de cuidadoras, continua, portanto, a valer. A elas, as profissões seriam como uma extensão da maternidade, nas palavras de Melo, e qualquer alteração nesse padrão seria vista como transgressão.

        Não significa que não houve avanços desde que as primeiras mulheres desafiaram o status quo, enfrentaram a discriminação e conquistaram um lugar ao sol na área, nos anos 20 do século passado. “Engenharia não é mais aquele curso que elas nem tentavam. Na década de 70 praticamente era área proibida a esse universo.” Sob o pretexto de que não tinha alojamento feminino, conforme conta a professora, o ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica), por exemplo, não aceitava inscrição feminina para o vestibular e era difícil achar aquelas dispostas a romper essa barreira por via judicial. “Seria fácil conseguir um habeas corpus, mas nunca convenci nenhuma das meninas que eram boas em matemática a tentar fazer isso.” No IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), segundo a pesquisadora Ros Mari Zenha, a presença de mulheres se expandiu, com muitas chefes de laboratórios e diretoras assumindo centros técnicos. Mas daí à desconstrução de papéis e igualdade nesse campo, a distância é grande, inclusive quanto à remuneração percebida. Embora não tenha dados específicos da engenharia, Melo observa que quanto maior a escolaridade, maior a diferença de salário. “Claro que nos últimos 30 anos isso diminuiu, mas, no geral, as mulheres ganham 70% em comparação ao que é pago aos homens.”

 

Enfrentar o desafio
        Ao equilíbrio nessa relação, afirma ela, “é preciso a contrapartida política da sociedade de que esse mercado não é mais fechado para as mulheres e elas não são malvistas por serem engenheiras”. Melo acrescenta: “É necessário um avanço de ideias para que o repique da procura pela profissão rebata na questão de gênero.” Isso, avalia, passa por uma educação igualitária, desde a mais tenra idade.

        Ainda na sua ótica, superar esse desafio requer a elaboração de uma política que “valorize para homens e mulheres o cuidado, estimule a divisão de tarefas”. E simultaneamente, no âmbito da ciência, “que as mulheres tenham sua produção valorizada, assim como sua participação em comitês”. Em síntese, para a professora, é mister um plano conjunto de políticas de Estado e de discussão na sociedade. Um caminho para envolver as pessoas é através de programas de entretenimento. “As novelas precisam explicitar a questão da profissão”, ilustra.

 

 

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