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Soraya Misleh

O último painel do IX Congresso Nacional dos Engenheiros (Conse) focou no tema central do evento promovido pela Federação Nacional dos Engenheiros (FNE): valorização profissional e desenvolvimento. Gerente regional do Centro-Oeste do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), Jary de Carvalho e Castro, abordou as iniciativas desse órgão em prol do exercício profissional dos mais de 1 milhão de engenheiros em todo o Brasil.
Entre elas está a atuação junto ao Congresso Nacional acompanhando projetos de interesse da categoria, como o que cria a carreira de Estado em todos os níveis de governo (PLC 13/2013), e o desenvolvimento da campanha nacional “Projeto completo garante uma boa obra! Contrate um engenheiro”.
Já o professor da Escola de Engenharia da Universidade Federal Fluminense (UFF) Marco Aurélio Cabral Pinto destacou a importância de o País pensar a educação que quer oferecer aos brasileiros que, para ele, deve ter o objetivo de criar cidadãos conscientes e independentes na observação e análise da realidade. Sobre o tema, o diretor geral do Instituto Superior de Inovação e Tecnologia (Isitec), Saulo Krichanã, mostrou como está estruturada a faculdade mantida pelo SEESP, que iniciou a graduação em Engenharia de Inovação em fevereiro último. Na matriz curricular da instituição constam formações básica, técnico-científica, em engenharias, empresarial e aprofundamento profissional. A carga total é de 4.620 horas em cinco anos. Atualmente, o Isitec está com 33 alunos e abre inscrições neste mês ao processo seletivo da segunda turma de Engenharia de Inovação.
A criação da Rede da Tecnologia da FNE foi também abordada nesse painel, por Sérgio Gonçalves Dutra, da MZO Interativa. Segundo ele, o intuito é conectar mais de 1 milhão de profissionais da área tecnológica para terem acesso a uma série de conteúdos, de forma organizada, ágil e segura. Os benefícios do sistema, conforme Dutra, incluem permitir ao profissional interagir mais e se aproximar das suas entidades representativas, assim como ampliar oportunidades de emprego e acesso à educação. 
Na sequência, o coordenador de Relações Sindicais do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), José Silvestre Prado de Oliveira, apresentou o estudo “Perfil ocupacional dos profissionais da engenharia no Brasil”. Encomendado pela FNE e lançado durante o congresso, esse mostra expansão de 87,4% nos empregos formais na área entre 2003 e 2013, superior à média nacional, de 65,7%. A década observada, explicou Silvestre, refletiu o período de maiores investimentos e de expansão do Produto Interno Bruto (PIB). Já em 2014, o saldo foi negativo, com perda de mais de 3 mil empregos. E dados de janeiro a agosto deste ano mostram retração ainda maior, da ordem de menos 12.230 postos de trabalho.

Assembleia e pleito
As apresentações e debates no IX Conse nortearam a aprovação, em assembleia no dia 7 de outubro, da “Carta de Campo Grande” . Intitulada “É hora da engenharia unida”, traz três pilares: democracia, desenvolvimento e participação. Além disso, foram aprovadas diversas moções, como em defesa da renovação das concessões de energia elétrica e contra as privatizações em setores essenciais.
Ao final, foi eleita a diretoria da FNE para o triênio 2016-2019. Encabeçada por Murilo Celso de Campos Pinheiro, reconduzido ao cargo, a chapa única obteve 217 votos, num total de 230 votantes, com seis nulos e sete em branco. A nova gestão inicia o mandato em março de 2016. Votaram representantes dos 18 sindicatos de engenheiros do País que compõem a federação.

Construindo o futuro
No dia 6 de outubro, 21 jovens presentes ao IX Congresso Nacional dos Engenheiros (Conse) se reuniram para discutir um programa específico para os futuros e novos engenheiros. O resultado desse encontro foi apresentado por Marcellie Dessimoni, coordenadora do Núcleo Jovem Engenheiro do SEESP, durante a assembleia da categoria. Segundo ela, dali saiu a resolução de atuar pela criação do FNE Jovem, como “espinha dorsal à orientação para os sindicatos criarem seus Senges Jovens”. O trabalho será coordenado por representantes das novas gerações de duas entidades filiadas à federação que já contam com esse setor: de São Paulo e de Goiás. Murilo Celso de Campos Pinheiro, presidente do SEESP e da federação, enalteceu a iniciativa: “Ter pessoas que possam continuar nosso trabalho é um passo muito importante.”

Confira cobertura completa.

Colaborou Rosângela Ribeiro Gil

Momentos de crise devem ser vistos, também, como oportunidade de mudança. Na engenharia e em outras áreas do conhecimento, a palavra de ordem é inovação. Na primeira, o conceito está relacionado ao olhar integrador do profissional sobre os diversos processos em andamento. Para o consultor acadêmico do Instituto Superior de Inovação e Tecnologia (Isitec), Lucas Torres de Jesus, a ideia é aplicar a forma de pensar a inovação a diferentes temas.
Ele explica que, apesar de a tendência atual ser da especialização, atualmente, os problemas necessitam de soluções complexas e de pessoas que tenham visão do conjunto. “Um engenheiro de inovação é um profissional multidisciplinar, que tenha olhar sistêmico sobre o que leva à inovação”, destaca. Portanto, seu perfil é mais dinâmico. “No desenvolvimento de um produto novo para idoso, não é necessário apenas um engenheiro eletrônico, mas também um mecânico, uma psicóloga, uma cuidadora, um profissional que tenha essa visão do todo. Esse é o engenheiro de inovação”, exemplifica o consultor.

15/10/2015

Qualificação

Gestão de projetos
Acontece entre 27 e 29 de outubro, das 18h30 às 22h30, o curso “Gestão de projetos”, na sede do SEESP, na Rua Genebra, 25, Bela Vista, Capital. Voltada a engenheiros e demais profissionais da área tecnológica, recém-formados ou em fase de reciclagem de conhecimentos, a atividade traz as novidades em técnicas de controle dos processos, controle e análise de projetos de engenharia, para ganhos de produtividade e eficiência competitiva, eliminando perdas. Até o próximo dia 20, valores promocionais de R$ 420,00 e R$ 343,00 para filiados ao sindicato. Após essa data, R$ 470,00 e R$ 385,00 respectivamente. Inscrições aqui.

Novo curso de Engenharia Civil em 2016 no Senac
Até 22 de novembro, podem ser feitas inscrições para o vestibular do novo curso de Engenharia Civil oferecido pelo Centro Universitário Senac, unidade de Santo Amaro. Com duração de cinco anos (carga total de 4.192 horas), a graduação será ministrada no período noturno. A mensalidade custará R$ 1.262,00. A instituição explica que optou pela oferta de cursos de engenharia baseada nas perspectivas de crescimento do mercado. “Apesar dos desdobramentos da crise financeira internacional, o Brasil ainda precisa investir em infraestrutura e serviços. Considerando a projeção, continuamos apostando nessas formações”, ratifica Mônica Medina, gestora da área de meio ambiente do Senac. A formação em Engenharia Civil do Senac propõe projeto interativo, que desenvolve aplicações em produtos com enfoque multidisciplinar. As aulas práticas de conteúdo básico, tecnológico e específico são realizadas em laboratórios, complementando as competências adquiridas em sala de aula. A data do vestibular é 5 de dezembro, com taxa de inscrição de R$ 80,00. As matrículas deverão ser feitas entre 21 e 22 do mesmo mês. Mais informações e inscrições aqui.

Abertas inscrições para Engenharia de Inovação no Isitec
A partir do dia 15 de outubro até 15 de janeiro de 2016 podem ser feitas inscrições ao processo seletivo para a graduação em Engenharia de Inovação do Instituto Superior de Inovação e Tecnologia (Isitec), cujo mantenedor é o SEESP. A seleção será feita pela Cia. de Talentos e terá três fases: testes de análise de aptidão lógica online; resultado no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem); análise e interpretação de linguagens e produção textual.
A essa segunda turma da graduação, serão disponibilizadas 30 vagas, todas com bolsa de estudo integral e ajuda de custo mensal estimada em cerca de R$ 500,00. Mais informações e edital do processo seletivo aqui. Obtenha ficha de inscrição prévia.

As lições da crise hídrica
É possível aumentar a quantidade de água a partir de propostas adequadas, multidisciplinares, sustentáveis e equilibradas. Essa é uma das premissas do curso “As lições da crise hídrica”, marcado para 28 de outubro, das 9h30 às 13h, na sede do SEESP, na Rua Genebra, 25, Bela Vista, Capital. Ainda em destaque, a importância do uso e ocupação corretos do solo rural no processo produtivo de água. A aula será dada pelo engenheiro agrônomo Nelson Luiz Neves Barbosa, consultor na área. Destina-se a profissionais de empresas e entidades que precisam de certificação ambiental, além de engenheiros agrônomos e florestais, bió­logos, técnicos das áreas de gestão ambiental, entre outros. Preços promocionais até 21 de outubro: R$ 100,00 e R$ 70,00 para associados ao SEESP. Após essa data, R$ 115,00 e R$ 81,00 respectivamente. Inscrições aqui.

15/10/2015

Canteiro

Campanhas salariais
Emae – Aprovado pela categoria em Assembleia Geral Extraordinária rea­lizada no dia 5 de outubro, foi assinado na mesma data o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) 2015/2016. Destacam-se: reajuste salarial de 7,6% e dos demais itens econômicos, com exceção dos vales alimentação e refeição, majorados em 9%, além de garantia de emprego de 87,5%, retroativos à data-base em 1º de junho.

CET – Os engenheiros que trabalham na empresa, reunidos em Assembleia Geral Extraordinária em 30 de setembro último, aprovaram por unanimidade proposta da empresa, apresentada após intensa negociação em audiência no Tribunal Regional do Trabalho – 2ª Região, no dia 22 do mesmo mês. Entre os itens que contempla estão: reajuste salarial de 6%, retroativo à data-base em 1º de maio, de 1,14%, a partir de fevereiro de 2016, bem como de 7,21% sobre os benefícios de caráter econômico, também assegurada a retroatividade. Ficou ainda definida uma licença remunerada de cinco dias úteis corridos, a serem usufruídos até a próxima data-base. Com relação à Política de Participação nos Resultados (PPR), será de R$ 4.500,00 para o ano de 2016, e o Sistema de Gestão de Desempenho/Mérito, de 0,5%, a ser aplicado em novembro de 2015, calculado sobre a folha nominal. O piso salarial da categoria continuará em negociação, com mediação do Ministério Público do Trabalho. O SEESP já notificou a empresa, com vistas à assinatura do Acordo Coletivo de Trabalho.

Núcleo Jovem Engenheiro promove evento
As inscrições para o seminário “Desafios profissionais e protagonismo do jovem engenheiro” podem ser feitas até 25 de outubro. Promovido pelo SEESP, por intermédio de seu Núcleo Jovem Engenheiro, o evento é gratuito e ocorrerá no dia 7 de novembro, das 8h às 17h30, na sede dessa entidade (Rua Genebra, 25, Bela Vista, Capital). É voltado para as novas gerações da categoria.
“O jovem precisa de espaço, mas, antes de tudo, precisa ter uma formação política sindical, para entender a importância dessas entidades, valorizar sua profissão e seu papel na sociedade atual, que vem se transformando”, explica Marcellie Dessimoni, coordenadora do núcleo. Além dos painéis de debates, haverá dinâmica de interação, sorteios de brindes, coquetel e encerramento com apresentação de uma banda.

Jurídico do SEESP esclarece pontos sobre desaposentação
Como fica a situação de quem se aposentou recentemente com o fator previdenciário, diante da nova fórmula 85/95? É possível desaposentar-se? Essas são algumas dúvidas comuns sobre o tema, principalmente após a edição da Medida Provisória 676, em junho último. De acordo com a advogada Karen Blanco, do Departamento Jurídico do SEESP, o instituto da desaposentação é o meio cabível para utilização da fórmula 85/95. “Contudo, caso não tenha trabalhado mais após a sua aposentadoria, sem recolhimentos de INSS, esse instituto, via de regra, não pode ser utilizado”, esclarece. Mais informações pelos telefones (11) 3113-2660 e 3113-2663 ou e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.. Confira mais informações sobre a MP 676/15.

Vem aí a 7ª edição do Dia da Engenharia Brasil-Alemanha
Acontece no dia 22 de outubro, das 10h30 às 20h, no Centro Universitário Senac – Santo Amaro, em São Paulo, o Dia da Engenharia Brasil-Alemanha (DDEA), em novo formato. Promovido pela Associação de Engenheiros Brasil-Alemanha (VDI-Brasil), em sua sétima edição, o evento tem como objetivo evidenciar a contribuição da indústria alemã para o progresso econômico e tecnológico nacional.
A entidade entregará anualmente, a partir deste ano, o Prêmio VDI-Brasil, como reconhecimento a engenheiros das diversas modalidades que, ao longo de sua trajetória profissional, dedicam-se a contribuir com o desenvolvimento do País. A entrega da primeira edição ocorrerá durante um coquetel, logo após o encerramento do evento. Também será concedido o Prêmio Embaixador VDI-Brasil, uma homenagem ao profissional que contribuiu para o crescimento da associação nos últimos anos. Mais informações no site www.ddea.com.br .

Palestra sobre licenciamento ambiental em Taubaté
A Delegacia Sindical do SEESP no município realiza, em conjunto com a Ecovida – Consultoria e Treinamento Ambiental, a palestra “Licenciamento ambiental”, no dia 22 de outubro próximo, às 19h, na sua sede local (Rua Venezuela, 271, Jardim das Nações), com a engenheira Maria Judith Marcondes Salgado Schmidt e participação também dos profissionais da área Eduardo Vargas Pereira e Wagner William da Mota, ambos da empresa Natural Engenharia, além de Roberto Ceribelli Madi, da CML Usinagem e Calderaria. Informações e inscrições pelos telefones (12) 3633-5411 e 3633-7371 e pelo e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. .

Acontece na cidade de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, de 5 a 7 de outubro, o IX Congresso Nacional dos Engenheiros (Conse), promovido pela Federação Nacional dos Engenheiros (FNE). O evento é a atividade mais importante da entidade e ocorre a cada três anos, cumprindo importantes questões estatutárias da organização sindical da categoria. Porém, é também uma oportunidade para o debate sobre o País, envolvendo a sociedade como um todo. Por isso mesmo, o congresso tem uma programação que busca possibilitar o diagnóstico dos nossos problemas em áreas consideradas chave para o desenvolvimento. 

Terá destaque um amplo debate sobre a política econômica e a situação da indústria e do agronegócio, as dificuldades para os avanços nesses setores e quais seriam os caminhos a serem seguidos para superá-las. Para travar essa discussão, contaremos com especialistas e representantes do setor produtivo.

Na mesma dinâmica, entrarão em pauta ainda os desafios a serem superados em água e energia, incluindo o debate sobre como fica o petróleo no Brasil após as turbulências envolvendo a Petrobras. A mobilidade urbana é mais um tema de destaque, pois configura-se hoje em tarefa de monta para as médias e grandes cidades, onde a falta de transporte coletivo adequado tem gerado prejuízos econômicos e para a saúde da população. 
Por fim, abordaremos a necessidade de valorização da engenharia nacional para que se obtenha êxito em todas essas frentes de trabalho essenciais à expansão econômica e ao bem-estar das pessoas. 

Ao propor essa discussão no atual cenário de crise, queremos deixar claro que os engenheiros brasileiros têm como meta central continuar a contribuir para o desenvolvimento do País. É nossa convicção que é preciso manter a mobilização pela retomada da atividade produtiva, pois não podemos mergulhar na recessão e no desemprego. E essa deve ser a luta da Engenharia Unida em todo o Brasil.

Mais do nunca, continua viva a bandeira do projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, lançado em 2006 pela FNE. Nesta edição do Conse, precisamos reafirmar princípios básicos dessa iniciativa que seguem válidos: não há solução sem crescimento econômico. Também é improvável que ajustes fiscais de caráter regressivo, que tornem ainda mais difícil a vida das pessoas, ajudem-nos a superar a crise. O setor público deve, sem dúvida alguma, lançar mão de medidas que melhorem a qualidade do seu gasto, evitem desperdícios e, sobretudo, desvios, mas isso não significa minar a nossa já frágil proteção social. 

Fica aqui o nosso convite para que todos participem desse debate conosco, que se intensificará durante o nosso congresso, mas que é nossa bandeira de luta permanente.

Eng. Murilo Celso de Campos Pinheiro
Presidente

João Guilherme Vargas Netto

É inegável que o Brasil atravessa uma crise. Alguns comentaristas, com exagero analítico, chegam a apontar uma lista de crises que se entrelaçam. Grande parte deles atribui essa situação ao esgotamento de um modelo, seja econômico, social ou político. Mas a realidade, que é forte, nos faz pensar que, muito menos devido a um esgotamento e muito mais a uma incompletude, o Brasil sofre sua crise.

Por que não crescemos a taxas razoáveis com estabilidade monetária e distribuição de renda? Por que não avançamos mais nas conquistas sociais que configurariam um “estado de bem-estar” persistente? Por que convivemos com uma carência de legitimidade política corroída incessantemente pela corrupção e por ímpetos revanchistas?

As respostas a essas perguntas nos fazem ver que a superação da crise pressupõe avançar ainda mais, enfrentando o rentismo, as desigualdades e os preconceitos, evitando assim o desmanche econômico, social e político.

Várias instituições e entidades de peso têm oferecido à sociedade propostas capazes de criar alternativas de curto, médio e longo prazos. Podemos citar, sem o cuidado da exaustão, desde a nota pública da FNE em defesa da engenharia brasileira e de seus profissionais (de 17 de junho) até os eventos mais recentes como a Agenda Brasil, do Senado Federal, o manifesto Fiesp/Firjan (setor industrial dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro), o chamado sindical paulista ao diálogo, a conclamação da CBIC/Sinduscon (envolvendo a área da construção civil), a manifestação dos metalúrgicos e da Abimaq (empresas de máquinas e equipamentos), o manifesto da Ordem dos Advogados do Brasil e das confederações patronais e o documento das entidades no Clube de Engenharia, do Rio de Janeiro.

Porém, levando-se em conta o peso e o papel da engenharia no contexto econômico e social, está por ser feito um movimento forte (e não apenas um manifesto) que expresse não só as angústias e necessidades desse campo, como também as alternativas que ele oferece a si e à sociedade.
Costuma-se dizer que crise é risco e oportunidade. Agora é a hora dos engenheiros e da engenharia na grande batalha pela produtividade e por um projeto para o Brasil.

Defendo que esse papel no campo da engenharia – ou seja, o papel de propor e de articular o movimento dos engenheiros e da engenharia, sem hegemonismo, mas criadora e unitariamente – cabe à Federação Nacional dos Engenheiros (FNE).

Cabe a ela devido à sua experiência recente e exitosa do projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento” , de cuja continuidade um projeto “Engenharia Unida” deve ser a natural consequência, com o enfrentamento e superação da recessão e da crise.

Afastando-se do risco egoísta corporativo, que nos leva, às vezes, a vestir carapuças que não são para nossas cabeças, e afirmando a vontade dos profissionais, das entidades, das escolas e das empresas, a própria constituição do projeto “Engenharia Unida”, qualquer que seja a forma que ele adquira e quaisquer que sejam as peripécias em sua efetivação, deve oferecer desde já uma alternativa viável e factível à crise nacional e apontar os rumos do desenvolvimento econômico, do avanço social e da normalidade política.

João Guilherme Vargas Netto é analista político e consultor sindical do SEESP

Soraya Misleh

O Instituto Superior de Inovação e Tecnologia (Isitec) realizou, no dia 11 de setembro último, na Capital paulista, a segunda edição do Seminário e Feira da Inovação. Sob o tema central “A inovação como instrumento da sustentabilidade”, foram abordados, entre outros, nanotecnologia, Internet de Todas as Coisas (IoT) e inovação voltada à sustentabilidade no agronegócio. Os estudantes da graduação em Engenharia de Inovação do Isitec estiveram presentes, bem como público interessado em geral.

À abertura, o presidente do SEESP – entidade mantenedora do instituto –, Murilo Celso de Campos Pinheiro, indicou: “Temos a responsabilidade de avançar e democratizar o conhecimento e o saber.” Nesse sentido, o secretário municipal do Desenvolvimento, Trabalho e Empreendedorismo de São Paulo, Artur Henrique, reforçou a importância de feiras e seminários com essa proposta. Para ele, o País deve investir cada vez mais nesse segmento para agregar valor ao que produz. Falando sobre as iniciativas da Prefeitura de São Paulo em tal direção, ele ressaltou: “O nosso sonho é implementar o parque tecnológico da zona leste.”

Na mesma linha, o coordenador do Núcleo de Inovação Tecnológica Mantiqueira, João de Oliveira Jr., apresentou o projeto “Educar para inovar” e a importância de investir e levar a base do conhecimento em inovação principalmente para crianças e adolescentes. Segundo ele, a ideia é gerar produtos que simulem o desenvolvimento tecnológico, existente nos laboratórios das instituições de pesquisa.

Novos paradigmas
Reiterando a importância de eventos como o do Isitec como contribuição ao desenvolvimento da inovação, o professor Adalberto Fazzio, subsecretário de Coordenação das Unidades de Pesquisa do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), ponderou que o País precisa estar preparado no pós-crise econômica para avançar. Com essa visão de futuro, foi categórico: o setor de inovação não pode perder vigor. Na sua concepção, eventos como o do Isitec contribuem a esse desenvolvimento no Brasil, pois estimulam os estudantes a conhecerem mais sobre ciência, tecnologia e inovação (C T & I).

Trazendo informações sobre nanotecnologia, Fazzio revelou que mais de 100 mil pesquisadores trabalham nessa área, que reúne a maior comunidade de C & T qualificada da América Latina e é responsável por 2,2% das publicações científicas mundiais. Todavia, apenas cerca de 200 empresas, em território nacional, estão envolvidas em pesquisas de nanotecnologia, e o País detém apenas 0,2% do total de patentes mundiais. Para ele, a inovação será, cada vez mais, o grande diferencial de desenvolvimento de uma nação. Segundo Fazzio, é preciso que as pesquisas sejam orientadas para as necessidades do País e que o setor privado participe intensivamente dessas atividades, sendo esse o foco do MCTI. O professor informou, ainda, que as áreas que mais desenvolvem pesquisas em nano no País são energia (captação), baterias, toxicologia, purificação de água, partículas, células, combustível, entre outras. E apresentou um quadro referente ao período entre 2006 e 2011 sobre a evolução da nanotecnologia no mundo: Índia, China e México aumentaram suas pesquisas na área, respectivamente, em 38%, 29% e 28%, e Brasil, em 23%.

Inovação e sustentabilidade no agronegócio foi o tema desenvolvido por Paulo Cruvinel, pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Ele iniciou sua preleção apresentando historicamente a importância da inovação como processo “precursor e propulsor da construção da sociedade”, desde 1875 até os dias atuais. E salientou: “Em 2023, a ONU (Organização das Nações Unidas) prevê uma população de 8 bilhões de habitantes no planeta. O Banco Mundial fala em 10 a 12 bilhões. Haverá, portanto, um incremento da demanda global por alimentos. Com o uso do conhecimento e tecnologias, podemos garantir segurança alimentar e qualidade na produção.” O pesquisador expôs as ações que vêm sendo feitas na Embrapa para a melhoria da produtividade no Brasil, ao qual tal projeção apresenta grandes oportunidades. Um exemplo é a aplicação de tecnologia para obtenção de informações do solo para saber a priori em que área plantar e minimizar a utilização de agrotóxicos.

Já Marcelo Hashimoto, professor do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), abordou a Internet de Todas as Coisas. “Ao conectar por exemplo uma planta à Internet, você pode saber remotamente quais as condições climáticas, quando é adequado regá-la, medindo via sensores a umidade do solo. Isso permite, por exemplo, ativar automaticamente um sistema de irrigação”, citou.

Também ministraram palestra no ensejo Rui Santo, da Galáxia Criativa, que discorreu sobre culturas criativas e redes de inovação; Brasilina Passareli, professora e coordenadora científica da Escola do Futuro da Universidade de São Paulo (USP), que apresentou a estrutura e ações da instituição que nasceu como um núcleo de pesquisa do MCT em 1989; e o engenheiro Demi Getschko. Considerado um dos pioneiros da Internet no Brasil e atualmente diretor-presidente do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), este último falou sobre os desafios da rede mundial de computadores, quanto à diversidade cultural, inovação livre, garantia de neutralidade, inimputabilidade, funcionalidade, segurança e estabilidade.

Colaborou Rosângela Ribeiro Gil

Rita Casaro

Manter a luta para assegurar crescimento ao País e bem-estar à população. Essa foi a tarefa colocada aos profissionais do setor tecnológico pelo presidente da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), Murilo Celso de Campos Pinheiro – também à frente do SEESP –, durante palestra magna realizada aos participantes da 72ª Semana Oficial da Engenharia e da Agronomia (Soea), em 18 de setembro, na cidade de Fortaleza.

O chamado à mobilização da “Engenharia Unida” foi feito diante do momento difícil pelo qual passa o País. “O Brasil vive uma crise econômica séria, agravada pela crise política que dificulta que se encontrem saídas aos nossos problemas. O imbróglio político, por sua vez, deriva e se alimenta das denúncias de corrupção, que atingem sobretudo a Petrobras, nossa principal empresa”, descreveu. E questionou: “Diante desse quadro preocupante, que já se traduz em paralisação de obras e projetos e desemprego, inclusive para os profissionais da área tecnológica, qual papel cabe a nós? Que contribuição devemos dar ao País?” 

Na opinião do dirigente, as categorias reunidas na Soea têm a obrigação e a responsabilidade de “traçar objetivos e discutir no campo das ideias propostas para o crescimento e desenvolvimento”. O presidente da FNE lembrou ainda os efeitos nefastos que os longos períodos de estagnação econômica, nos anos 1980 e 1990, tiveram sobre esses profissionais que acabaram buscando a sobrevivência em outras atividades. “Tivemos décadas perdidas em que o engenheiro virou suco.” Contudo, pontuou ele, graças aos investimentos produtivos, o quadro foi superado a partir dos anos 2000. “Na década passada tivemos crescimento de 87% nos postos de trabalho do engenheiro. Temos que retomar isso. Hoje, a convicção da sociedade brasileira é que sem engenharia não há crescimento no País.”

Pinheiro também defendeu o combate a desvios no setor público, mas sem que isso signifique a paralisação da atividade econômica. “Logicamente, vamos pensar na corrupção, tem que ser apurada e os culpados, punidos. Mas temos que preservar nossas empresas. Devemos nos indignar, mas temos que discutir e participar positivamente. Vivemos um momento bastante delicado, mas, com união, vamos superá-lo. É o momento de trabalharmos nessa direção”, concluiu. 

Projeto pelo futuro
Na sequência, Saulo Krichanã Rodrigues apresentou o que pode ser considerada uma sólida resposta ao chamado feito pelo presidente da FNE: o Instituto Superior de Inovação e Tecnologia (Isitec). Diretor geral da instituição que neste ano inaugurou o seu curso de graduação em Engenharia de Inovação, ele destacou o pioneirismo da iniciativa. “O SEESP é o único sindicato a ser o mantenedor de uma faculdade, que é a primeira a oferecer um curso com foco na inovação.”

Conforme Rodrigues, a relevância da inovação tem tanto aspectos tangíveis, como a criação de produtos e processos, serviços, organização e marketing, quanto intangíveis, que implicam mudanças de comportamento, procedimentos, posturas e cultura. “Está praticamente em todos os campos da sociedade, é uma questão interdisciplinar, não é reserva de mercado da engenharia”, destacou. Ele enfatizou ainda que a inovação consolida-se de fato quando chega ao mercado de forma planejada, “ainda que gerada casualmente”.

A reflexão abordada pelo diretor geral do Isitec integrou a elaboração do projeto pedagógico da instituição e a composição de sua grade curricular, já que outra condição obrigatória para que haja inovação, conforme salientou, é o conhecimento. Assim, ao longo de cinco anos, em período integral, os estudantes terão acesso a uma carga horária de 4.620 horas, bastante superior às 3.600 dos cursos tradicionais no Brasil. Esse total divide-se entre as disciplinas básicas, profissionalizantes, específicas, além de estágio e atividades complementares. 

Em todo o processo, os graduandos são estimulados, ao mesmo tempo, a buscar aprendizagem constante de forma autônoma e a trabalhar em equipe, “como acontece nas empresas”, pontuou Rodrigues. 

O diretor do Isitec informou ainda que em outubro serão abertas as inscrições ao processo seletivo para a segunda turma de Engenharia de Inovação. A avaliação será feita a partir da nota obtida no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), um teste online de lógica e provas de linguagem e produção textual. Os aprovados terão bolsa integral e receberão ajuda de custo mensal. 

A atividade contou ainda com o presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Distrito Federal (Crea-DF), Flávio Correia de Sousa, e do ex-diretor da Mútua – Caixa de Assistência Antônio Salvador da Rocha, que moderou as intervenções.

A 72ª Soea aconteceu entre 15 e 18 de setembro e teve como tema “Sustentabilidade: água, energia e inovação tecnológica”. O evento reuniu cerca de 3.700 profissionais, conforme informação do presidente do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), José Tadeu da Silva.

Confira a apresentação sobre inovação de Saulo Krichanã Rodrigues.
Saiba mais sobre o Isitec.

Deborah Moreira

As licitações e tarifas de ônibus, o futuro do elevado Costa e Silva e um estudo de carteiras de projetos de infraestrutura para os próximos 25 anos no Estado de São Paulo estão entre os temas sobre os quais tem se debruçado o Conselho Assessor de Transporte e Mobilidade Urbana do Conselho Tecnológico (CT) do SEESP. Sob a coordenação do engenheiro Jurandir Fernandes, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o grupo formado por cerca de 20 profissionais vem se reunindo a cada 15 dias.

O último encontro ocorreu no dia 24 de setembro, na sede do sindicato, na Capital, com a presença do assessor da Secretaria de Transportes Metropolitanos de São Paulo, Renato Viegas. Ex-presidente da Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano S/A (Emplasa), ele apresentou no ensejo estudo feito por essa companhia que envolveu mais de 50 técnicos, de todas as secretarias do Governo do Estado, sobre os principais projetos para as macrometrópoles paulistas: Baixada Santista; São Paulo; Campinas; Vale do Paraíba e Litoral Norte; e Sorocaba.

Viegas lembrou que as regiões têm alta concentração de transporte e logística, com portos, aeroportos e rodovias, polos com extremo desenvolvimento tecnológico, mas com diversas carências em infraestrutura. Para o especialista, é preciso converter diferenças territoriais em vantagens competitivas. Assim, no estudo da Emplasa foi elencada uma carteira de projetos às macrometrópoles. O plano de trabalho foi dividido em três eixos estratégicos: conectividade territorial e competitividade econômica; coesão territorial e urbanização inclusiva; e governança.

Sem especificar as obras, Viegas falou que a estimativa de investimentos é da ordem de R$ 303 bilhões até 2040, sendo R$ 140 bi até 2025, via parceria público-privada (PPP). “Sempre levamos em consideração a viabilidade financeira. Mas tem que mudar isso para algo estratégico. Precisamos ter consciência sobre a cidade que queremos construir”, pontuou, acrescentando que é importante levar em conta a intermodalidade. Para Jurandir Fernandes, trata-se de uma discussão fundamental por conta da crescente demanda por viagens nas regiões metropolitanas, nos últimos anos. Ele reconhece que houve investimento em rodovias, mas na questão da mobilidade urbana é necessário “correr atrás da demanda reprimida que existe”, levando em conta o uso e ocupação do solo. “É preciso criar novos polos”, considerou.

Minhocão
Tema abordado na reunião do dia 10 de setembro do Conselho Assessor de Transporte e Mobilidade Urbana do CT do SEESP, o futuro do elevado Costa e Silva ganhou projeção com a aprovação do novo Plano Diretor da cidade de São Paulo, no final de junho de 2014. Esse prevê “a gradual restrição ao transporte individual motorizado no elevado” e “sua completa desativação como via de tráfego, sua demolição ou transformação, parcial ou integral, em parque”.

O arquiteto Roberto Ezell Mac Fadden, diretor técnico da Oficina de Projetos Urbanos (Opus), discorreu sobre o assunto no encontro no sindicato. Ele ocupava a vice-presidência da Empresa Municipal de Urbanização (Emurb) em 1991, quando foi encomendado um estudo de impactos no trânsito com a derrubada do elevado. De acordo com sua explanação, como o Minhocão, como também é conhecido o equipamento público, muitos dos viadutos construídos na cidade na década de 1970 são insignificantes para a mobilidade.

Mac Fadden contou no ensejo que sempre foi a favor da derrubada do elevado, mas que há alguns anos teve contato com os moradores do entorno, o que acabou sensibilizando o profissional. “Para o carro, realmente ele (Minhocão) é desnecessário. Agora, se vocês quiserem ir às 10 horas da manhã ou às 16h no elevado aos domingos, entre as ruas Santa Isabel e Marques de Itu, verão uma peça teatral sendo encenada em uma varanda de um prédio de apartamentos, que fica no segundo andar”, comentou, lembrando ainda que muitas crianças aprendem a andar de bicicleta no local, e que muitos idosos também o utilizam para fazer caminhadas. Como alternativa, sugeriu a construção de um parque. Com relação ao trânsito, afirmou que as vias paralelas às avenidas São João e General Olímpio da Silveira, que ficam embaixo da enorme construção, dariam conta de absorver o fluxo que passa sobre elas.
Mas ele faz um alerta: “As pessoas que pagam um aluguel barato no entorno do Minhocão vão acabar sendo prejudicadas com a valorização do elevado. Isso ocorreu em Nova Iorque, quando foi construído o HighLight (parque sobre os antigos trilhos de trem da cidade).” Também poderia ter um problema de segurança pública, já que a área verde estaria desocupada durante a semana. “A minha posição agora é de derrubar o Minhocão somente na altura da Avenida São João, por conta da beleza da via, por ter prédios históricos”, completou.

Atualmente, o elevado é fechado aos finais de semana, aos sábados a partir das 15h até as 6 horas da manhã de segunda-feira. A cidade tem 15 anos, a partir da publicação do Plano Diretor, para decidir o que fazer com o equipamento. Muitos debates devem ocorrer até lá.

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