Newton Guenaga Filho
A situação da Usiminas vai de mal a pior, mas isso não foi uma grande surpresa para quem vem acompanhando o decorrer dos fatos, principalmente em 2015. No início do ano passado, houve o abafamento do alto-forno nº 1 das usinas de Ipatinga (MG) e Cubatão. Na campanha salarial (data-base em 1º de maio), a empresa procurou os sindicatos para propor um acordo de redução de jornada com redução de salário. Em setembro último, foi desligado o laminador de chapas grossas da usina de Cubatão. Como consequência, em 29 de outubro, a Usiminas anunciou o resultado do terceiro trimestre de 2015: um prejuízo de R$ 1 bilhão (acumulando no ano quase R$ 2 bilhões). Se não bastasse isso, a companhia informou sobre o desligamento dos equipamentos e setores da metalurgia primária da usina de Cubatão, ocasionando demissão em massa de trabalhadores, próprios e terceirizados. Tudo isso sob a justificativa de que o mercado está estagnado – o que já se observava em 2014. Sindicatos se mobilizaram, fizeram protestos contra as dispensas e manifestação pacífica foi reprimida pela polícia militar aquartelada na usina. O Poder Executivo da cidade de Cubatão caçou alvarás de funcionamento da usina, mas a companhia obteve liminar para manter a operação. E por aí vai.
Como efeito cascata, fábricas e empresas do polo de Cubatão que dependiam da usina anunciaram o encerramento de suas atividades. A Usiminas, “ponta de lança”, emprega mais de 40% da mão de obra da região.
Quem gera o lucro também paga pelo prejuízo, ou seja, o trabalhador. Por mais que a empresa e os sindicatos procurem medidas mitigatórias do impacto que vão causar as demissões – iniciadas em 19 de janeiro –, o ônus à Região Metropolitana da Baixada Santista será elevado.
Procuradas, as autoridades legislativas e executivas de São Paulo pouco fizeram ou estão fazendo para resolver a situação (com exceção da Prefeitura de Cubatão). Diferentemente do governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, que teve a iniciativa de convocar a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), com problemas semelhantes, e articulou reunião com as entidades sindicais. O Ministério Público do Trabalho não pode impedir que a empresa encerre as suas atividades, mas atua como mediador nas ações para mitigar o impacto das demissões em massa.
É muito triste ver que São Paulo, verdadeira locomotiva desta nação, não vai mais produzir aço, ficando agora dependente de outros estados ou de aquisições do exterior. Necessitamos de uma nova realidade para a Baixada Santista, com alternativas que gerem emprego na nossa região e não caminhos para fora do País, do Estado ou da cidade, podendo ser até o caminho dos “fretados”.
Newton Guenaga Filho é presidente da Delegacia Sindical do SEESP na Baixada Santista