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IX Cetic - Unidade na defesa dos engenheiros e do País

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Soraya Misleh

        Essa foi a mensagem dada durante o IX Cetic (Congresso Estadual Trabalho–Integração–Compromisso), realizado entre os dias 10 e 12 de junho, em Barra Bonita, interior de São Paulo. Sua importância foi pontuada em vários momentos e enfatizada pelo presidente do SEESP, Murilo Celso de Campos Pinheiro.

        Contando com a participação de dirigentes sindicais de todo o Estado e do País, em sua nona edição, o evento que discute temas fundamentais à ação desse sindicato contou ainda com o apoio da FNE (Federação Nacional dos Engenheiros) e da CNTU (Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários) – ambas também sob o comando de Pinheiro. Extrapolando as fronteiras paulistas, estiveram em pauta assuntos de interesse nacional, não apenas da categoria, mas de toda a sociedade, como o relativo ao desenvolvimento sustentável do País.

        À sua garantia, José Roberto Cardoso, diretor da Poli-USP (Escola Politécnica da Universidade de São Paulo) e coordenador do Conselho Tecnológico Estadual do SEESP, insistiu na preocupação com a formação adequada em quantidade e qualidade dos profissionais da área tecnológica. E destacou: “O Estado precisa investir na educação em todas as suas modalidades.” Ele lamentou o fato de que, em ranking divulgado recentemente, nenhuma instituição brasileira encontrava-se entre as cem de destaque no globo. “Uma universidade pública paulista e brasileira, para chegar a ser de classe mundial, vai ter que buscar recursos na sociedade. E existe essa possibilidade. Mas, para tanto, precisamos ter uma legislação que o permita”, alertou.

        A importância de preparar a nova geração de engenheiros foi salientada à abertura do Cetic pelo presidente do Confea (Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia), Marcos Túlio de Melo, assim como pelo secretário municipal de Esporte, Lazer e Recreação de São Paulo, Bebeto Haddad, levando-se em conta o aquecimento da economia nacional. O último deles acrescentou: “Vamos criar com a Copa 2014 e as Olimpíadas 2016, dois eventos de magnitude mundial, 5,7 milhões de empregos, e os engenheiros participarão desse crescimento e da transformação desta nação. Tenho certeza que se um dia chegarmos a ser potência global, será com o impulso e a garra desses profissionais, cuja capacidade nos orgulha.”

        Sobre o tema da formação, Zilmara Alencar, secretária nacional das Relações do Trabalho, apontou: “Dentro dessa reflexão sobre educação, também não temos que mudar o sistema a ponto de despertar lideranças dentro do nosso movimento?” Como resposta a sua própria indagação, ponderou: “O País precisa mudar e colocar nas academias uma visão pela coletividade. Isso associa-se à possibilidade da construção de projetos que possam alavancar crescimento isonômico.” Ainda na sua concepção, ao invés de importar mão de obra neste momento para suprir eventual escassez, o caminho é requalificar e dar oportunidade a brasileiros.

        Para além dessa questão, na ótica de Jurandir Fernandes, secretário estadual dos Transportes Metropolitanos de São Paulo, para se ajustar ao quadro de expansão que o País está vivenciando, há muito por fazer. “No Estado, nossa capacidade de investimento será de R$ 80 bilhões neste quatriênio, o equivalente a US$ 50 bilhões. Há 15 anos, era de US$ 2 bilhões/ano. Porém, estamos carreando recursos de financiamentos externos e empresas que vêm para cá. Nossa capacidade de poupança interna está em torno de 16%, ante cerca de 20% da taxa de investimento. Há, portanto, mudanças comportamentais que devemos implementar (para mudar esse cenário).”

        Dado o sobreuso dos recursos naturais e a expansão demográfica acelerada, o deputado federal Antonio Carlos de Mendes Thame (PSDB-SP) ratificou: “Se não mudarmos nossos hábitos de consumo, não teremos na Terra os meios necessários à nossa sobrevivência.” Ainda conforme ele, é mister criar uma economia verde de modo a se fazer uma “revolução energética descarbonizando a atmosfera”. O parlamentar destacou também outros desafios, como o relativo à universalização do saneamento básico e à produção de alimentos em condições e a preços que permitam o atendimento da população global. Fazer frente a eles depende, como ressaltou Mendes Thame, de uma “ação vigorosa e consistente dos engenheiros”. O que passa pela valorização profissional, ao que temos que utilizar todos os recursos de que dispomos. “E quem vai conduzir esses processos é o sindicato”, concluiu.

 

Protagonismo
        A busca do movimento dos trabalhadores como um todo por recuperar seu protagonismo social, tão bem desempenhado na transição da ditadura para a democracia, foi destacada na fala do analista político e sindical João Guilherme Vargas Netto. “Há uma conjuntura econômica favorável a isso e governos amigáveis em vários níveis. Tudo o que for feito nessa direção contribui para essa concepção estratégica.” Para ele, três elementos vão materializar esse objetivo: aumentar a participação dos salários na renda nacional, hoje em torno de 40%, até 2022 em dois pontos percentuais acima do crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), ao que a luta dos engenheiros por valorização profissional é componente importante; garantir a unidade de ação; e casar a pauta sindical com a da sociedade.

        Entre os projetos que cumprem esse papel, foi abordado o “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento” e o de criação do Isitec (Instituto Superior de Inovação e Tecnologia). Em andamento, este foi apresentado pelo seu diretor-geral, Roberto Lobo, e pela assessora especial dessa Diretoria, Maria Beatriz Lobo. Antonio Octaviano, secretário executivo do Conselho de Administração do Isitec, indicou que sua instituição, oficializada em assembleia realizada no sindicato no dia 18 de janeiro último, é resultado de um rico processo. A partir do diagnóstico feito pelos engenheiros no projeto “Cresce Brasil”, que culminou com uma série de discussões, inclusive no Conselho Tecnológico do SEESP, pensou-se em se dar um passo além. “Percebemos que a essa entidade e à FNE não era dada outra atitude que não assumir o desafio de criar uma instituição de ensino voltada à inovação, que abarcasse desde a graduação até a pós. O Isitec já está sendo implantado.”

        Quanto ao “Cresce Brasil” – lançado em 2006 pela FNE com a adesão do SEESP e demais sindicatos a ela filiados e atualizado em 2009, que propugna por uma plataforma nacional de desenvolvimento sustentável com inclusão social –, seu coordenador técnico, Fernando Palmezan Neto, deu ênfase à fase atual, em que está em discussão o legado a ser deixado pós-Copa 2014.

        Na linha de trabalho coletivo, um dos temas abordados durante o IX Cetic foi a ação comum da CNTU, FNE e sindicatos dos engenheiros. A exemplo do trabalho que vem sendo feito pela federação com o “Cresce Brasil”, Allen Habert, diretor da confederação, destacou que essa entidade igualmente busca seu protagonismo junto aos temas de interesse nacional. Assim, tem realizado encontros em que vem debatendo questões amplas, como qualidade nos serviços públicos, desenvolvimento e infraestrutura industrial e urbana, banda larga e outros. Iniciadas em Maceió em maio último, essas iniciativas ocorrerão em outras três capitais e culminarão num grande evento nacional, a se realizar em São Paulo, em 25 de novembro próximo. O tema será “A classe média e a democracia brasileira”. Além de sua abordagem, na ocasião, serão lançados o “conselho de mil cabeças”, vinculado à CNTU, com caráter consultivo; e a premiação de personalidades profissionais em diversas categorias. “O País tem muito a ganhar no momento em que unificarmos as camadas médias, a nossa federação e sindicatos em torno de um projeto”, enfatizou Habert.

 

Sistema Confea/Creas
        Essa foi a ideia que predominou durante o último dia do Cetic, quando se discutiu “Um novo caminho para o Sistema Confea/Creas”, cujas eleições estão marcadas para 8 de novembro próximo. Pinheiro ressaltou a premência de unidade nas ideias e ações para se garantir que esses conselhos atendam não apenas os anseios dos profissionais, mas de toda a sociedade. Participaram do debate no congresso em Barra Bonita o pré-candidato à Presidência do Confea Álvaro Cabrini e os postulantes a concorrer aos Creas Edson Kuwahara (Amapá); José Ailton Ferreira Pacheco e Luiz A. S. Farias, o Madalena (ambos de Alagoas); Flávio Correia de Sousa (Distrito Federal); Luiz Benedito de Lima Neto (Mato Grosso); Marcos Camoeiras (Roraima); José Mendes de Souza Moura (Piauí); Carlos Bastos Abraham (Santa Catarina); Marcelo Costa Maia (Tocantins); e Amaury Hernandes (São Paulo). Presidente da Delegacia Sindical do SEESP em São José do Rio Preto, esse último conclamou todos a que se unam em torno de suas ideias e trabalho, em prol dos profissionais.

        Já Cabrini salientou que o objetivo é fazer “uma verdadeira revolução no Sistema”. “Podemos fazer uma série de coisas. Focando na atividade-fim do Confea/Creas, estaremos exercendo o enorme papel de parceria com a sociedade e os sindicatos.” Nesse sentido, entre as propostas estão resgatar a dignidade dos congregados aos conselhos, com fiscalização efetiva e adequada do exercício ilegal da profissão. E, aliando-se à visão mais ampla de luta pelo desenvolvimento sustentável nacional, levar para dentro dos conselhos o projeto “Cresce Brasil”.

 

 

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