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Opinião- Entre o desenvolvimento sustentável e o produtivismo

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Paulo Teixeira

       Aqueles que têm responsabilidade sobre o futuro do planeta devem agir para salvá-lo diante das mudanças climáticas e ambientais que estão em curso, ameaçam o patrimônio ambiental existente e diminuem as oportunidades das gerações futuras. O Brasil tem uma matriz energética relativamente limpa em comparação com os demais países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).
       Enquanto aqui temos 45% da matriz energética oriunda de fontes limpas, em razão da hidroeletri­cidade e do etanol, os EUA, Europa e Japão têm somente 14%. Ainda assim, devemos ampliar nossa matriz energética renovável, aumentando nosso potencial hidroelétrico, e incrementá-la com biomassa e energia eólica. Sou defensor da ideia de que devemos adotar amplamente biodi­gestores para produção de biogás nos aterros sanitários e na produção de carne suína e de frango. Devemos estimular a energia solar foto­voltaica, para que, quando ela for economi­camente viável, o País domine a sua tecnologia.
      Muito tem sido feito na direção da racionaliza­ção do consumo energético e na mudança dos hábitos de consumo. Porém, ainda é insignifi­cante diante do desafio que temos pela frente. Nossas construções em geral são intensivas no consumo de energia. Nem sempre levam em consideração a utilização de luz natural como forma de iluminação da parte interior de casas e edifícios. Habitualmente, os materiais são inadequados para garantir conforto térmico. Os chuveiros elétricos predominam nos lares brasi­leiros e são responsáveis pelo consumo de 8% de toda a energia produzida no horário de pico (entre 17h e 20h). Desperdiçamos água tratada, lavando calçadas e automóveis e na irrigação de jardins. Precisamos adotar conceitos de arqui­tetura bioclimática, melhor aproveitamento da iluminação natural, adoção de aquecedores solares térmicos, utilização de madeiras origi­nárias de manejo susten­tável, utilização de água de chuva e reúso de água.
       O Brasil ainda tem uma contribuição importan­te para as mudanças climáticas por meio do desmata­mento e das queimadas. O desmatamen­to tem como epicentro dois biomas: a Amazônia e o Cerrado. Esse fenômeno tem como causa uma economia de baixa produtividade, seja do ponto de vista da exploração de madeira, como da criação de bois e do plantio de soja. Temos que modernizar a atividade agrícola dessas regiões, colocando no lugar uma agricultura baseada no conhecimento, para o desenvolvi­mento de uma indústria voltada à biotecnologia.
       É preciso saber se a sociedade brasileira está disposta a fazer altos investimentos necessários a tanto. Em outros momentos de sua história, o País investiu em instituições que garantiram saltos de desenvolvimento, como quando criou a Petrobras, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), o ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica). Agora, o Brasil poderia fazer algo assim pela Amazônia e pelo Cerrado.
       Um dos pilares do desenvolvimento é a preser­vação ambiental, que dá seu conteúdo de susten­tabilidade. Devemos assim rechaçar a ideia pro­dutivista, que pensa em crescimento a qualquer custo, mesmo que às custas do desperdício do patrimônio ambiental existente e que será legado às gerações futuras. Está em nossas mãos!


Paulo Teixeira é deputado federal pelo PT/SP e membro da Comissão Permanente de
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável

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