Aristides Galvão
Por ocasião da comemoração do Dia do Engenheiro, celebrado em 11 de dezembro, vale a pena lembrar as origens e progressos desse ofício, reconhecidamente fundamental ao bem-estar de todos. Um bom guia para tanto continua sendo a “História da engenharia no Brasil – Séculos XVI a XIX” (Rio de Janeiro: LTC, 1984), na qual o autor, Pedro Carlos da Silva Telles, traz um relato do seu surgimento e desenvolvimento.
Baseado em exaustiva pesquisa, ele aborda a profissão desde os primeiros tempos e os seus principais aspectos de ensino, como portos e canais, serviços públicos, construção naval, indústria, eletricidade e extração de recursos minerais.
Essa história, como qualquer outra da humanidade, está repleta de fatos interessantes e curiosos, muitos dos quais talvez esquecidos ou ignorados. Por exemplo, quem sabia que José Bonifácio de Andrada e Silva, o Patriarca da Independência, era um homem de formação na área tecnológica e um cientista de renome? Ou que o Brasil foi um dos primeiros países do mundo a possuir formalmente um curso de formação de engenheiros, com a fundação em 1810 da Academia Real Militar? O programa educacional da instituição previa intenso ensino prático e a obrigação por parte dos professores de produzirem livros técnicos.
Há ainda fatos quase inacreditáveis, como a missão técnica brasileira que esteve para ser enviada à Alemanha para ensinar construção naval em 1889, quando aquele país resolveu organizar sua Marinha de guerra. Tratava-se de transferência de tecnologia de ponta, na época, do Brasil à Alemanha.
Recheada de informações tanto relevantes quanto instigantes, a obra de Pedro Carlos da Silva Telles é um mergulho valioso na engenharia, não só para os seus profissionais, mas para todos que se interessem pela ciência e tecnologia brasileira.
Aristides Galvão é diretor da Delegacia Sindical do SEESP em Piracicaba
e coordenador do Promore (Programa de Moradia Econômica) local