Carlos Eduardo de Lacerda e Silva
A falta de investimentos em tecnologia adequada leva a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) à execução de serviços de forma completamente inadequada, especialmente se considerarmos que tais serviços causam danos ao pavimento e que a própria Prefeitura de São Paulo tem a responsabilidade pela manutenção. O serviço de sinalização, que aparentemente é realizado com menor custo, certamente custa muito caro à municipalidade, em razão do duplo dispêndio financeiro pela necessidade de reparos no pavimento.
Ultimamente, a imprensa escrita vem indicando os prejuízos que a apressada política da Prefeitura em implantar faixas exclusivas de ônibus causa no sistema
viário em função dos gargalos e do consequente comprometimento do fluxo de
veículos. Muito pior que o problema viário é a dupla despesa causada aos cofres públicos, que, pela falta de planejamento e estudos adequados, não permite compatibilizar eficiência no trabalho de sinalização com proteção adequada aos pavimentos nas vias da cidade.
A prática de utilizar bicos de maçarico para remoção a quente da sinalização termoplástica provoca a pirólise da capa asfáltica. Toda vez que a temperatura dessa massa asfáltica ultrapassa determinada temperatura, reduz a flexibilidade do material que, consequentemente, perde em vida útil do pavimento. Nessas condições, quase sempre o resultado é fissura e desagregação do material, deixando-o excessivamente poroso, culminando em maior acúmulo de material particulado e penetração de águas pluviais que aceleram o surgimento dos buracos. Em muitos casos, e dependendo das condições do clima, o surgimento dos buracos é praticamente imediato.
É necessário, portanto, que a CET reveja a prática, passando a utilizar-se de métodos mais modernos e certamente mais eficientes para remoção da sinalização termoplástica, como os já utilizados por praticamente todas as concessionárias de serviços rodoviários. São eles: o uso de microfresadoras específicas para esses serviços ou da chamada pintura de contraste, mais adequada e escura, antes da aplicação de nova sinalização.
Diante disso, a proposta é que a Prefeitura de São Paulo adote uma política que priorize maior eficiência e qualidade na execução de trabalhos técnicos em todos os seus serviços, seja de manutenção ou obras novas.
Carlos Eduardo de Lacerda e Silva
é engenheiro da Prefeiturado Município de São Paulo