O primeiro tema na manhã desta sexta-feira (27), foi a eficiência energética e seus benefícios ambientais tratado por Mateus Duarte Teixeira, da empresa Arteche.
Segundo ele, é uma atividade que procura otimizar o uso das fontes de energia, com a utilização racional para usar menos energia e fornecer a mesma quantidade.“A eficiência e as energias renováveis são os dois pilares para uma política energética sustentável”, mencionou Teixeira.
A utilização abusiva das fontes de energia de combustíveis fósseis, como o petróleo, contribuem amplamente para a liberação de CO2 (dióxido de carbono) para a atmosfera trazendo conseqüências desastrosas para o planeta, como as chuvas ácidas, o aquecimento global e a redução da camada de ozônio. “É necessário o uso racional de energia elétrica para contribuir com a redução da demanda por novas usinas térmicas e hidroelétricas, diminuindo assim o grande impacto ambiental resultante da queima de combustível e do alagamento de grandes áreas.”
Conforme Teixeira, existem várias soluções simples para contribuir ao sistema sustentável de energia. Entre elas, utilização de técnicas de reuso, captação de águas pluviais, pesquisa para autoprodução, substituição de dispositivos de iluminação por outros mais eficientes e substituição de insumo energético como energia elétrica por energia solar em caso de aquecimento de água. “Essas medidas traz benefícios diretos para o usuário com a redução de custos, mas também para a sociedade, pois contribui para o desenvolvimento sustentável com a utilização de menos recursos naturais e redução de gases de efeito estufa”, explica.
O palestrante da Arteche mencionou também o Procel (Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica), que tem como objetivo diminuir o desperdício de energia elétrica no País e buscar a eficiência energética no setor elétrico. “Essa iniciativa é muito pouco frente às demandas que temos. As indústrias brasileiras não perceberam o ganho que podem ter com essa ação, elas são as que mais gastam energia e deveriam se enquadrar no padrão proposto. Além disso, a própria política pública não está voltada para essa ação”, critica Teixeira. Em 2005, as indústrias consumiram 46,7% de energia elétrica no Brasil, enquanto que o setor de comércio e público utilizou 23,3% e as residências 22,2%.
Para mudar essa situação, a CNI (Confederação Nacional da Indústria) e o Procel Indústria elaboraram um diagnóstico detalhado das principais oportunidades e prioridades para o desenvolvimento do mercado de eficiência energética industrial. Nele, foi constatado que o segmento não é prioridade nos programas governamentais de eficiência energética, apesar de ser o maior consumidor de energia. Teixeira citou alguns exemplos de empresas que adotaram a eficiência energética, como é o caso de uma loja da rede Wallmart de supermercados. Lá foi instalado um banco de capacitor automático de 250 kVAr na subestação principal. “Isso gerou uma economia de R$5.000,00 por mês , retorno financeiro cinco meses após o investimento inicial e a redução do CO2 obtida nessa unidade é equivalente a tirar das ruas cerca de 200 carros pequenos circulando em média 100 quilometros por dia.”
Para finalizar, o engenheiro da Arteche disse que falta uma política educacional voltada às pessoas que tomam decisões em nível governamental e industrial com relação à eficiência energética. “O custo médio do MWh economizado com medidas de eficiência energética é de R$ 79/MWh. Considerando o custo marginal de expansão do sistema de energia elétrica estimado pela EPE (Empresa de Pesquisa Energética) em R$ 138/MWh, a diferença entre estes dois valores é o ganho médio dos projetos. O momento é propício para maior dinamismo nas ações de eficiência no setor industrial.”
Energia eólica
José Tadeu Matheus, da Wobben Enercon Windpower, iniciou sua palestra falando sobre o conceito de sustentabilidade. “Devemos satisfazer as nossas necessidades atuais sem comprometer a utilização das gerações futuras.”
Matheus fez uma breve apresentação sobre a Wobben, que é a primeira empresa brasileira a fabricar aerogeradores de grande porte, de 800 a 2.300 kW e a realização de projeto, construção, montagem, operação e manutenção de usinas eólicas. Atualmente a companhia possui 1.000 colaboradores diretos e 4.000 indiretos e duas fábricas, uma em Sorocaba e outra em Pecém, no Ceará. “Temos 1.700 fornecedores nacionais que garantem o índice de nacionalização acima de 70%. Além de 16 usinas eólicas em operação no Brasil, uma na Argentina e mais três em construção”, mencionou Matheus.
Conforme relatou, o vento é um combustível grátis, abundante, renovável, imune as alterações de preços internacionais, a redução de riscos geopolíticos e não emite CO2. “São inúmeras vantagens, como a redução do custo de transmissão de energia, minimização das perdas, melhorias na segurança energética, sem falar na complementariedade da energia eólica com a hídrica quando não houver chuvas.”
A energia limpa ainda colabora com a melhoria da diversificação da matriz energética, proporciona o desenvolvimento de uma indústria em grande ascensão, o desenvolvimento tecnológico, geração de empregos verdes e uma grande cadeia produtiva. “O prazo para a implantação dos parques eólicos são relativamente curtos de 12 a 24 meses, as usinas ocupam áreas pequenas e permitem a continuidade das atividades agrícolas ou de criação de animais. Sem falar que é possível comercializar os créditos de carbono gerados. Temos uma matriz energética invejável e um enorme potencial de energia eólica a desenvolver. Além disso, esse sistema possibilita uma eficiência maior no nosso sistema elétrico e ainda preserva o nosso planeta para as futuras gerações ”, concluiu.
Perspectivas políticas para as energias alternativas
Em seu discurso, o deputado federal Paulo Teixeira, fez um apanhado sobre a capacidade energética do Brasil com fontes renováveis, as legislações vigentes e iniciativas que poderão alavancar a eficiência no País.
Segundo ele, o potencial de energia alternativa supera toda a capacidade de geração hoje instalada no Brasil. Em 2009, por exemplo, a produção de energia elétrica é de 106 mil MW, eólico de 143 mil MW, biomassa da cana-de-açúcar 11.500 MW e a solar, se implantada na cobertura de uma área equivalente ao lago de Itaipu com painéis fotovoltaicos, por exemplo, geraria 108 mil MWp, mais de 50% da energia elétrica consumida no Brasil. “Cerca de 80% da nossa matriz de energética elétrica é renovável. No mundo está em torno de 10% e nos países desenvolvidos 14%. Por isso temos que parabenizar a engenharia brasileira que conseguiu explorar corretamente os recursos naturais do Brasil.”
Teixeira falou ainda sobre o projeto de lei nº 630/2003, que prevê várias ações para implantar a política de fontes alternativas no Brasil como os leilões de energia eólica, biomassa e PCHs. Esses deverão ser realizados anualmente, durante dez anos e com contratação anual mínima de 200 MW médios por fonte. Outro ponto tratado na legislação é a contratação pelas distribuidoras de fontes alternativas em geração distribuída, com metas anuais obrigatórias de acordo com o respectivo mercado, preços fixados e por fonte. Os programas de geração de eletricidade a partir do biogás obtido da criação de suínos também será favorecido com a lei. Outro ponto é a instalação de aquecedores solares garantirá desconto de 20% nas tarifas de energia elétrica para os consumidores. “Essa lei inclui o financiamento desses aquecedores solares no SFH ( Sistema Financeiro da Habitação) e para a aquisição disponibilizada pelas distribuidoras de eletricidade e pagos na fatura de energia. O chuveiro elétrico pode representar mais de 20% do consumo de energia no horário de pico e por isso precisamos substituí-los”, opina.
O projeto de lei visa também a criação de um fundo para a pesquisa e desenvolvimento de energias renováveis, essenciais para a capacitação tecnológica e técnica do País. Esse seria composto de 5% do que for arrecadado de royalties e participações especiais do petróleo e mais 2% das receitas advindas das usinas termelétricas a combustíveis fósseis. As termelétricas a combustíveis fósseis também deverão promover a neutralização do carbono que emitirem. “Há ainda incentivos tributários a utilização de veículos elétricos, híbridos, a hidrogênio e a ar-comprimido. Não podemos perder essa oportunidade de utilizar todas as fontes disponíveis. O Brasil tem uma matriz energética privilegiada, detemos 45% das energias renováveis no mundo. Precisamos incentivar novas tecnologias para de fato implantar uma política de eficiência energética”, finalizou.
Ainda na tarde desta sexta-feira (27), Leonam dos Santos Guimarães, da Eletrobrás Termonuclear, apresentou durante o EcoSP (Encontro de Meio Ambiente de São Paulo) o tema “O modelo brasileiro de energia nuclear”. Segundo ela, essa é uma alternativa cuja contribuição é importante dentro do contexto de preservação do meio ambiente e recursos naturais. Além disso, não pode ser descartada se o País quiser se desenvolver de forma sustentável e com inclusão social. Prevista no Plano Nacional de Expansão – o qual aponta que para 2030 todas as fontes serão necessárias e terão que integrar a matriz energética brasileira –, como ponderou Guimarães, a energia nuclear tem papel complementar para assegurar segurança no abastecimento.
Os recursos hídricos continuarão a ser preponderantes, mas o Brasil não poderá abrir mão de coadjuvantes como as térmicas, acredita. Com essa visão, será implantada a usina de Angra 3, cuja operação deve ter início em 2015. E estão no planejamento mais duas outras centrais nucleares, no Nordeste e no Sudeste, a serem entregues antes de 2030. Cada uma terá 2 mil megawatts de capacidade instalada e área possível de expansão considerada.
Na sua ótica, para o País avançar mais nessa seara, a geração através do processamento de urânio tem que ser desmistificada. “É energia limpa, segura, oriunda de grande riqueza nacional muito pouco aproveitada.” De acordo com sua explanação, o Brasil detém a sexta maior reserva do mundo, com 309 mil toneladas de urânio equivalentes, e apenas 1/3 é prospectado, basicamente no Nordeste. Corresponde a “238 anos de operação do gasoduto Brasil-Bolívia, o que é algo que não pode ser desprezado”.
Abrindo a plenária da tarde do dia 27 no EcoSP (Encontro de Meio Ambiente de São Paulo), Nelson Kawakami, da organização GBC (Green Building Council Brasil), apontou a tendência no País e no mundo de se buscar edificações sustentáveis e sua evolução. Segundo ele, o setor imobiliário talvez esteja entre os que mais agridem pesadamente o ambiente. “Vinte e um por cento de toda a água tratada no Brasil é usada na construção civil, que é responsável pela emissão de 25% do CO2, pelo consumo de 42% da energia elétrica e geração de 65% dos resíduos sólidos”, ilustrou. Conforme sua preleção, o segmento tem grande potencial para reduzir os índices apresentados e dar sua contribuição ao meio, melhorando o bem-estar inclusive nos locais de trabalho e consequentemente trazendo aumento de produtividade.
De acordo com sua fala, entre as ações do GBC em nível nacional para alcançar esses resultados, estão assegurar educação e capacitação, inclusive mediante parcerias com universidades públicas na realização de mestrados e especializações voltados à sustentabilidade em edificações; conscientizar profissionais e empresas para a necessidade de sua adoção no mercado brasileiro; e certificar com selo internacional prédios construídos sob essa ótica. Ou seja, empreendimentos que busquem o uso racional dos recursos naturais, bem como eficiência energética – inclusive com geração eólica na própria fachada, o que já existe no mundo –, qualidade do ar, reciclagem de materiais e inovação.
No País, como afirmou Kawakami, há hoje 148 processos de certificação nessa área – entre instalações comerciais, industriais, residenciais, hospitalares, educacionais, públicas. Não obstante observe que tem crescido a preocupação em garantir sustentabilidade em todos os grandes empreendimentos – como por exemplo nos estádios a serem usados na Copa Mundial de 2014 e na edificação da Vila Olímpica para os jogos de 2016 –, ele asseverou que isso representa ainda ínfima parcela – menos de 1% do total de obras. Portanto, há muito a avançar.
O diretor técnico da Biogás Energia Ambiental, Antonio Carlos Delbin, abriu a sétima plenária da tarde desta sexta-feira (27) falando sobre a experiência da empresa na produção de biogás em três grandes aterros sanitários, Bandeirantes e São João, em São Paulo e Novo Gramacho, no Rio de Janeiro.
Conforme explicou, a partir da decomposição da matéria orgânica desses aterros, a empresa transforma o nocivo metano em energia limpa. “Assim reduzimos a emissão de gases poluentes na atmosfera, oferecemos uma fonte alternativa de energia elétrica à comunidade e contribuirmos com a preservação ambiental do planeta.”
Outro aspecto positivo da ação, é que os projetos de geração de energia a partir do biogás permitem a futura negociação de créditos de carbono, o que ajuda a amortizar os custos de implementação. “Projetos em aterros sanitários respondem pela emissão de 3.786.009 créditos de carbono no mundo, desses 16% são emitidos para o Brasil”, mencionou Delbin.
Nos aterros de São Paulo, metade dos créditos gerados ficam com a Biogás e o restante com o poder público.
No caso do Bandeirantes, foi possível fazer duas vendas de créditos de carbono em leilões na BM&F Bovespa, que permitiu à Prefeitura de São Paulo faturar R$ 73 milhões. Desses R$ 51 milhões já estão sendo revertidos na recuperação da área e do em torno do aterro, através da construção de um centro de formação socioambiental, na coleta seletiva e instalação de ecopontos, na implantação de ciclovias, urbanização, entre outras ações. “Assim que finalizadas, essas obras vão beneficiar a população e valorizar a região”, disse Delbin.
Conforme relatou, o aterro Bandeirantes encerrou sua operação em março de 2007 e ao longo desse tempo armazenou um total de 30 milhões de toneladas de lixo. “Se os gases nele produzidos fossem simplesmente queimados nos drenos, lançariam milhões de toneladas de poluentes na atmosfera”, explicou.
Segundo Delbin, as atividades da empresa envolvem a captação e direcionamento do biogás a motogeradores de até 12.000 m3/h, com um conteúdo mínimo de 50% de metano.
Apenas no aterro Bandeirantes, o biogás assim produzido é usado para acionar 24 conjuntos moto-geradores de 925 Kw, o que corresponde a uma potência líquida de 20 mil Kw, energia suficiente para abastecer cerca de 400 mil habitantes.
Para produzir essa quantidade de gás foram instalados pela empresa 43 km de tubos conectados a 250 drenos verticais, além dos equipamentos necessários para a sucção, secagem e queima do gás excedente.
Mudar a lupa do olhar é o desafio
Questionando os participantes sobre o olhar de cada um com relação aos problemas sociais da atualidade e sugerindo mudar a lupa do olhar, Rachel Negrão Cavalcanti, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), discursou sobre responsabilidade social.
Utilizando o conceito da cegueira da consciência, do pensamento e da percepção, a palestrante mencionou inúmeras desigualdades sociais que passam despercebidas no nosso olhar, como por exemplo, o PIB (Produto Interno Bruto) mundial. Em 2007, totalizou US$ 54 trilhões, sendo que 80% ficou com 1 bilhão de pessoas e 20% para 5 bilhões. No caso do Brasil, o quadro é ainda mais agravante. Em 2005, 75% do PIB estava nas mãos de 2,5% da população, enquanto 25% para 97,2%.
Cavalcanti apresentou também dados da pobreza mundial, da falta de acesso a água e a saneamento, e dos refugiados ambientais, que segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), serão 50 milhões de pessoas em 2010. “Olhamos e pensamos de forma curta e fragmentada, não vemos o sistema econômico como parte de um todo que interage com ele e que depende dele mesmo para continuar a existir. O desafio é mudar o foco do olhar”, criticou.
Para reverter esse quadro, Cavalcanti acredita que somente será possível através da adoção de diferentes valores e crenças que motivarão transformações na conduta da sociedade. “O nosso pensamento quer ação. Por isso temos sabidamente o lado esquerdo e direito do cérebro, o racional e o intuitivo. Os dois precisam trabalhar juntos, , para uma vida mais gratificante, justa e produtiva.”
Segundo ela, o equilíbrio entre os dois lados serão estimulados através de novos referenciais de educação e de gestão para despertar indivíduos éticos e responsáveis com consciência das conseqüências de suas ações. “Precisamos do pensamento sistêmico que integra os fatos da realidade, amplia o entendimento sobre esses fatos, junta o que aparentemente está separado e permite a visão a longo prazo.”
Conforme Cavalcanti, no âmbito da responsabilidade social empresarial, é necessário uma gestão definida pelo compromisso público de implementação de processos produtivos, comerciais e gerenciais, baseados em relações éticas, transparentes e solidárias da empresa com todos os públicos afetados por suas atividades, produtos e serviços. “Além disso, é preciso estabelecer metas empresariais compatíveis com a sustentabilidade da sociedade preservando recursos ambientais e culturais para gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a igualdade.”
Para finalizar, a palestrante sugeriu que as responsabilidades sejam compartilhadas por todos os protagonistas do processo, seja o Estado, os trabalhadores, os empresários e a sociedade civil organizada no sentido de criar soluções criativas que incluam o ambiente através de manutenção, melhoria e conservação de seus recursos e serviços, e o aspecto econômico com viabilidade e lucratividade dos negócios. “É preciso ter ousadia, coragem e criatividade para estimular mudanças no sistema operacional do capitalismo, reinventar os bens coletivos, criar confiança, institucionalizar os direitos humanos e promover uma nova cultura de compartilhamento.”
Informações sobre as características básicas do material e os diversos tipos existentes são fundamentais para se evitar desperdícios e problemas na construção civil. Além disso, é preciso banir a utilização de produto ilegal.
Para Geraldo José Zenid, diretor do Centro de Tecnologia Florestal do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), o uso sustentável da madeira na construção civil passa por conhecer bem suas características básicas e a diversidade de tipos existentes. O recado foi dado durante sua palestra sobre o tema, ministrada ao final do dia 26 de novembro no EcoSP (Encontro de Meio Ambiente de São Paulo). Segundo ele, a madeira reúne propriedades mecânicas positivas, como alto índice de resistência específica, baixo consumo de energia no seu processamento e absorção e fixação de CO2 – temas muito importantes a se levar em conta, quando se pensa em sustentabilidade na construção civil. De acordo com Zenid, não há outro material para uso no setor com essas peculiaridades. Desconhecê-las, destacou, “acaba gerando desperdício, deterioração e insucessos”. Por exemplo, problemas com umidade em pisos e esquadrias decorrentes de má preparação ou instalação.
Com a pretensão de auxiliar os engenheiros na tarefa de se informarem sobre os materiais adequados a um determinado uso na construção civil – externo ou interno, temporário ou definitivo –, o IPT lançou o livro “Madeira: uso sustentável na construção civil”, juntamente com o Sinduscon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil de São Paulo), a Prefeitura Municipal e o Governo do Estado de São Paulo. A obra, que em sua segunda edição contou com o apoio de ONGs ambientalistas, como o Greenpeace, foi disponibilizada pelo instituto aos participantes do EcoSP.
Ainda no encontro, o especialista observou que a madeira certificada é a ideal a se trabalhar, pois atende ao conceito de sustentabilidade. E lembrou que no Brasil já há milhares de hectares com qualificação inclusive internacional. Também é aqui que se encontra a maior área certificada de florestas nativas no mundo: a mata administrada pelo Projeto Jari, do Grupo Orsa, na Amazônia. “São cerca de 500 mil hectares em produção, em que os danos são minimizados.”
Além do material certificado, há aquele feito de modo responsável, de acordo com a legislação. “A produção é por manejo florestal e o desmate, autorizado.” Todavia, ambos os cenários não são predominantes em território nacional. Zenid apontou que “60% a 70% da madeira comercializada no País é ilegal”. E ressaltou que esse processo de consumo predatório tem que ser banido e as construtoras devem ter como meta não recorrer a ele.
Alternativas para reduzir as emissões no mundo, tanto pela participação no mercado dos créditos de carbono quanto pelas tecnologias para tratamento térmico e transformação e resíduos em energia foram debatidas da terceira sessão.
Consultor em sustentabilidade, Marcelo Theoto Rocha abriu a terceira sessão plenária da tarde desta quinta-feira (26), falando sobre o mercado de créditos de carbono nos dias de hoje e suas perspectivas para o futuro.
Conforme relatou, o regime climático atual dispõe de dois tratados importantes, a “Convenção Quadro das Nações Unidas Sobre Mudança do Clima”, que visa a estabilização das concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera e o “Protocolo de Quioto”, que estabelece que os países desenvolvidos reduzam as emissões dos GEE(gases do efeito estufa) em pelo menos de 5% em relação a 1990 no período de compromisso de 2008 a 2012. Através desse último, surgiu o MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo) para assistir os países que precisam cumprir seus compromissos quantificados de limitação e redução de emissões.
Segundo Rocha, existe uma demanda muito grande por créditos de carbono. Somente em 2008, o mercado movimentou US$ 126 bilhões. “O mercado que interessa ao Brasil é o de MDL que movimentou no ano passado US$ 6,5 bilhões. Hoje detemos 3% das vendas desse mercado, mas esse número pode aumentar. Temos muitas empresas preparadas para fazer esse trabalho.”
Ao todo, são 4.734 projetos de MDL no mundo, sendo que 350 são do Brasil e 23% são executados em São Paulo. “Não importa a quantidade de iniciativas e sim quanto elas podem gerar de créditos de carbono”, opinou.
Outro ponto tratado na palestra foi o mercado voluntário criado por Governos e empresas que mesmo sem a obrigação de diminuir a emissão de poluentes, se propõem a criar alternativas para tal propósito.
Discursando sobre as alternativas tecnológicas para tratamento técnico de resíduos, Sérgio Frates, da Emae (Empresa Metropolitana de Águas e Energia) contou que em 2004 que o governo de São Paulo fez um acordo de cooperação técnica com a Alemanha para estudar as soluções empregadas no gerenciamento de resíduos sólidos municipais, especialmente em Regiões Metropolitanas. A partir daí, a Emae passou a fazer visitas técnicas numa usina que utiliza o método de incineração “Mass burning”, para futuramente empregá-lo no País. O método consiste na incineração de resíduos, na forma em que são recebidos, sem necessidade de triagem ou beneficiamento prévio. “O calor resultante é aproveitado para geração de energia elétrica ou vapor para processos industriais” explicou Frates.
Segundo ele, o Brasil gera hoje 141 mil toneladas de resíduos por dia, desse total, 27.630 mil t são produzidos por São Paulo. “Precisamos de novas tecnologias para diminuir esse número.”
Para Frates, é necessário recuperar os resíduos antes de serem aterrados através do tratamento térmico que gera energia, como é feito na Alemanha. “Se implantarmos esse sistema teremos muitas vantagens, como a redução de 90% no volume, controle e abatimento de emissões a padrões internacionais, redução de odores, produção de energia, arquitetura atraente, prolongamento da vida útil dos aterros, além de otimização do transporte e minimização de passivos ambientais”, enumerou.
Entre as ações para viabilizar a instalação da UTTR (Unidade de tratamento térmico de resíduos) com geração de energia em São Paulo, está a redução do valor do investimento incluindo a utilização de tecnologias nacionais, linhas de financiamento especiais, desoneração tributária e isenção de impostos, obtenção de créditos de carbono, incremento no nível do preço do serviço de queima e preço de energia elétrica incentivada. “Está cada vez mais difícil encontrarmos aterros, por isso é primordial encontramos alternativas para o lixo, como o projeto da Alemanha que poderá resolver o problema do acúmulo e da produção de lixo e ainda gerar energia”, finalizou.
Palestras sobre esses temas abriram os trabalhos na terceira edição do EcoSP. Entre as conclusões, a de que é fundamental um projeto bem feito, que inclusive leve em conta previsões meteorológicas.
Iniciando as plenárias do III EcoSP (Encontro de Meio Ambiente de São Paulo), na manhã desta quinta-feira (26), os palestrantes Antonio Carlos Rossin, da USP (Universidade de São Paulo), José Carlos de Figueiredo, do Ipmet (Instituto de Pesquisas Meteorológicas) da Unesp Bauru (Universidade Estadual Paulista), e Lourdes Cristina Pena Peloggia, da Quimbiol Serviços Ambientais, falaram sobre viabilidade ambiental em projetos, mudanças climáticas regionais e fitorremediação de solos e água.
Rossin relatou a sua experiência na preparação de projetos. Conforme explicou, é preciso detalhar os objetivos por escrito, levando em conta três pontos fundamentais: recursos financeiros, tecnologia e legislações vigentes. “Se o projeto for bem planejado, a questão ambiental estará automaticamente integrada.”
Para tanto, é necessário realizar o estudo de viabilidade ambiental que, se aplicado numa fase inicial, permitirá informar sobre a existência de eventuais limitações que poderão inviabilizar o projeto de modo a evitar futuros problemas de aprovação e licenciamento ambiental. “É preciso saber qual a finalidade do projeto, porque realizá-lo e o que deve ser produzido nele. Além disso, deve conter uma proposta para utilização de recursos, envolvendo planejamento, desenho, construção e manual de operação e manutenção de uma instalação ou estrutura, bem como previsões meteorológicas”, detalhou Rossin.
Outro ponto fundamental é a participação comunitária porque cria responsabilidade política, racionaliza as controvérsias, permite transparência no processo de tomada de decisões, reduz equívocos, corrupção e incrementa a credibilidade institucional.
Para finalizar, o professor da USP explicou a importância de avaliar ambientalmente os projetos, tanto por fatores éticos como para melhorar desenhos, diminuir os processos de correção e reparação, eliminar riscos, garantir maior equidade social e evitar custos desnecessários”, concluiu.
Discorrendo sobre as mudanças climáticas regionais, Figueiredo ressaltou a importância da meteorologia nos projetos de engenharia, que muitas vezes dependem da previsão para executar uma obra. Ele falou também sobre o fenômeno das “ ilhas de calor”, que ficam concentradas em regiões densamente povoadas. “Muitos edifícios, vias pavimentadas e outras superfícies artificiais retêm calor e a chuva vai para os lugares mais quentes, enquanto em outras regiões menos povoadas, que precisam abastecer os reservatórios de água, não chove nada.”
O pesquisador do Ipmet explicou ainda como funciona um radar meteorológico, fez um panorama dos últimos dez anos das tempestades no Interior paulista e enumerou os locais onde aconteceram os tornados em São Paulo. Além disso, Figueiredo alertou sobre os empreendimentos sem planejamento. “Os engenheiros sempre pediam laudo meteorológico e esses pedidos estão caindo muito. Todos precisam da meteorologia, como ciência será a ferramenta fundamental da atualidade para evitar que a natureza seja afetada.”
A engenheira da Quimbiol iniciou sua apresentação falando sobre os conceitos de biorremediação e fitorremediação. Conforme explicou, a primeira consiste na utilização de seres vivos ou seus componentes na recuperação de áreas contaminadas. Já a segunda pode ser definida como o uso de vegetação para o tratamento do solo e da água. “É uma técnica antiga com conceitos novos.”
Peloggia ressaltou o grande desafio de implantar projetos acessíveis financeiramente para que as empresas tenham condições de enfrentar os problemas ambientais de solo e água.
Segundo ela, existem vários tipos de biorremediação – passiva, bioestimulada, bioventilação, bioaumentação e compostagem. Entretanto, nem todos os contaminantes são facilmente tratados por essa técnica. Os metais pesados como cádmio e chumbo não são absorvidos nem capturados prontamente pelos micro-organismos, porém podem ser transformados em compostos menos perigosos.
Encerrando sua palestra, Peloggia enumerou os passos importantes para elaboração de um projeto. “É necessário verificar o meio com relação à porcentagem de nutrientes, ph e temperatura, escolher a planta para descontaminação e mecanismo ideal de fitorremediação. Depois disso, temos a obrigação de fazer a lei acontecer e tornar viável a implantação desses projetos.”
Importância de programas e ações que levem em conta a diminuição da exposição de riscos ambientais aos colaboradores foi elucidada durante III EcoSP.
A importância desse tema foi lembrada durante o III EcoSP (Encontro de Meio Ambiente de São Paulo) pelo coordenador da segunda plenária desta quinta-feira (26), Celso Atienza. Vice-presidente do SEESP, ele enfatizou: “Fiz uma pesquisa junto à OIT (Organização Internacional do Trabalho) e 70% de todas as agressões ambientais têm origem no local de trabalho. Se não aprendermos a controlar isso, não teremos desenvolvimento sustentável.”
As duas palestrantes do painel ratificaram sua afirmação. Gisela Terra, gerente de controle ambiental da Casa da Moeda do Brasil, apontou as ações nessa empresa pública vinculada ao Ministério da Fazenda para alcançar as metas de redução de 10% das emissões de resíduos, bem como nos consumos de energia e água, destacando que um dos principais objetivos é diminuir a exposição dos cerca de 3 mil colaboradores a riscos ambientais. Com essa preocupação, desde 2007, instituiu-se na companhia o Departamento de Avaliação de Riscos Ambientais – o tema antes era incorporado a outras seções. Nessa divisão, Terra ressaltou que são desenvolvidos programas de gestão e produção mais limpa. O primeiro tem entre as finalidades precípuas intensificar a educação ambiental e eliminar passivos. A partir dessas iniciativas, a gerente da Casa da Moeda apresentou resultados consolidados obtidos em estudos de casos, os quais demonstraram a economia decorrente de uma boa gestão socioambiental.
Maria do Carmo Arenales, da Arenales Fauna & Flora, também enfatizou que as ações devem ter como foco o bem-estar do ser humano, além do animal. Abordando o tema “Vantagens ambientais do uso da homeopatia no tratamento de animais”, ela salientou que esse é um dos benefícios dessa utilização no âmbito da medicina veterinária. Isso porque ao tratar por exemplo o rebanho no campo com remédios homeopáticos, o resultado tem refletido diretamente em vantagens ao meio ambiente e à saúde do trabalhador. Este último deixa de ser exposto a contaminações como por carrapaticidas e no local são eliminados resíduos orgânicos oriundos desses. Com o manejo homeopático, afirmou, “conseguimos reduzir gradativamente a infestação ambiental e ter um controle integrado de parasitas”. Na prática, significa que, sem os venenos tradicionais, a própria natureza se encarrega de garantir o equilíbrio do meio. O ambiente, garantiu Arenales, volta a ser povoado por “aranhas e formigas que comem insetos, garças carrapateiras, besouros que adubam e umidificam o solo”. Não apenas o trabalhador do campo se beneficia, mas todos os cidadãos. Pois o animal fica mais saudável, de acordo com a palestrante, e produz leite e carne com mais qualidade.
Cerimônia inicial deu ênfase ao desafio que está sendo tratado como prioridade pelos profissionais da engenharia nacional que é o de atuar para promover desenvolvimento de forma sustentável
A terceira edição do Encontro de Meio Ambiente de São Paulo, realizado pela FNE e pelo Seesp na capital paulista, teve início na noite de quarta-feira (25) com a presença de autoridades e representantes dos profissionais do setor tecnológico. Por isso mesmo, ganhou ênfase na solenidade a necessidade de se alcançar a sustentabilidade, o que é missão prioritária dos engenheiros.
O presidente da FNE, Murilo Pinheiro, abriu o evento oficialmente fazendo um chamado para que os trabalhos que prosseguem até sexta-feira (27) tragam como resultado contribuições para que se alcancem melhores condições ambientais e de vida para todos. Edgar Horny, presidente da Associação Brasil-Alemanha de Engenheiros (VDI Brasil), ressaltou o espírito da discussão proposta: “A meta não é dizer ‘não pode fazer’, mas fazer acontecer da forma sustentável.” Na mesma linha, o presidente do Crea-SP (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia), José Tadeu da Silva, indicou os três pontos que marcam o século XXI: sustentabilidade ambiental, a social e a inovação tecnológica. “E tudo isso diz respeito à engenharia”.
Para o presidente do Confea (Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia), Marcos Túlio de Melo, é importante “voltar os olhos à formação dos engenheiros para que levem a sustentabilidade em consideração a sua atuação”. Melo salientou ainda a necessidade de o Brasil estabelecer compromissos relativos às emissões de CO2. “O fato de estarmos vivendo hoje as conseqüências da industrialização do início do século (de responsabilidade dos Países desenvolvidos), não nos exime”, afirmou.
Mesa de Abertura
O coordenador do evento, Carlos Alberto Guimarães Garcez, comemorou o fato de a luta pela melhoria das condições ambientais ter avançado, embora seja uma batalha difícil. Ele lembrou que desde o pós-guerra, os níveis de emissões de CO2 só cresceram. “Em 2009, há queda de 3%, mas devido à crise econômica e não à conscientização”, lamentou. Garcez informou ainda que, segundo a agência de energia dos Estados Unidos, nos próximo 20 anos serão investidos US$ 10 trilhões no setor energético. “Mas a boa notícia é que até 2020 US$ 415 bilhões serão destinados a energias alternativas. Apesar da desproporção, já é alguma coisa”, avaliou.
Exatamente devido ao grande desafio que a questão ambiental significa, Garcez ressaltou a necessidade de se fazer a discussão permanentemente. “Precisamos debater, multiplicar as informações e fazer a nossa parte”, concluiu.
Participaram ainda da cerimônia de abertura o secretário adjunto de Esporte, Lazer e Turismo, Flávio Brízida, o diretor geral da Mútua SP, Miguel Prieto, o vice-reitor da Unitau (Universidade de Taubaté), José Rui Camargo, e o presidente do Sindicato dos Empregados em Autarquias, Carlos Tadeu Vilanova.
Agenda:
25 a 27 de novembro de 2009
Novotel São Paulo Center Norte
(Av. Zaki Narchi, 500 – Vila Gulherme – São Paulo)
MOTORISTA PAULISTANO COLABORA COM O PLANETA DIMINUINDO A POLUIÇÃO COM GASES TÓXICOS
* Engº Jurij Solski
Dizia o renomado poeta português Fernando Pessoa : “ Tudo vale a pena, quando a alma não é pequena ! ”.
O desenvolvimento tecnológico, industrial, e, em particular, o transporte, que buscou fontes energéticas para sua locomoção : vapor d`água, diesel, gasolina, álcool, bio-diesel, gás, energia solar, hidrogênio...
Todavia, isto tem ocorrido com imediatismo e miopia, visando unicamente vantagens para acumular bens de consumo, muitas vezes em detrimento do próprio bem estar do ser humano e dos seus próximos, quando se trata do meio ambiente.
Os cientistas incansavelmente fazem alertas em relação aos limites das reservas ecológicas, - água potável e ar puro adequado para respirar.
A QUALIDADE DO AR E SEUS RISCOS PARA A SAÙDE
A Organização Mundial de Saúde – OMS, estabelece cinco faixas indicativas para avaliação da qualidade do ar para respirar : 1ª- boa, 2ª- regular, 3ª- inadequada, 4ª- má e 5ª- péssima.
Baseada em Normas da OMS, a CETESB realiza medições diárias da qualidade do ar da cidade de São Paulo, onde, décadas atrás, o ar oscilava entre faixa as 1 e 2.
Há duas décadas recentes, progressivamente, a qualidade do ar tem variado entre faixas 1ª, 2ª e 3ª e com freqüência atingindo a 4ª faixa.
È bom lembrar, que a partir da 3ª faixa, são prejudicadas pela má qualidade, principalmente, as crianças, idosos e gestantes.
Os especialistas ensinam que a ausência em áreas urbanas dos pardais (pequenos pássaros, cujas características são de grande resistência às intempéries ), na prática indicam que naquela área, o ar atingiu a 3ª faixa, ou seja inadequada para a saúde.
A qualidade do ar inadequada implica nas seguintes atitudes : “ evitar esforço físico pesado ao ar livre, principalmente por pessoas com doenças cardíacas ou pulmonares, idosos e crianças “.
A POLUIÇÃO COM GASES TÓXICOS
O nível de poluição atmosférica é determinado pela quantificação das substâncias poluentes presentes no ar.
Basicamente os poluentes tóxicos são compostos de: CO - monóxido de carbono, SO2 - dióxido de enxofre, MP - material particulado, O3 - ozônio, NO2 - dióxido de nitrogênio, Fumaça.
Em destaque, o monóxido de carbono (CO), é encontrado em maiores concentrações principalmente em área urbanas, devido ao grande consumo de combustíveis, tanto pela indústria como pelos veículos. Estes últimos, os veículos, são os maiores causadores deste tipo de poluição. Além de emitirem muito mais do que as indústrias, lançam esse gás nas vias de tráfego na altura do sistema respiratório.
Dessa forma, a poluição por CO ocorre freqüentemente em altos níveis nas áreas de intensa circulação de veículos dos grandes centros urbanos.
Em certas áreas, a contribuição da frota motorizada relativamente às emissões de CO chega a mais de 90% do total, como no caso da Região Metropolitana de São Paulo. É notório destacar : as motocicletas, poluem até 5 vezes mais que carros.
O PERIGO DA POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA
Em ambientes fechados , o CO em altas concentrações constitui-se num dos mais perigosos agentes tóxicos respiratórios para o homem e animais, dado o fato de não possuir cheiro, não ter cor, não causar irritação e não ser percebido pelos sentidos.
Devido à sua grande afinidade química com a hemoglobina do sangue ( cerca de 210 vezes maior que a afinidade do oxigênio com a hemoglobina ), tende a combinar-se rapidamente com esta, formando a carboxihemoglobina, ocupando o espaço destinado ao transporte do oxigênio. Pode, por isso, causar morte por asfixia.
A exposição contínua, mesmo em médias concentrações ( típicas de corredores de tráfego ), também está relacionada às causas de afecção de caráter crônico, além de ser particularmente nocivo para pessoas anêmicas e com deficiências respiratórias ou circulatórias, pois produz efeitos nocivos nos sistemas nervoso central, cardiovascular, pulmonar, doenças respiratórios, favorece o câncer, o envelhecimento precoce dos pulmões, e outros, causando riscos à saúde pública.
Os custos na área da saúde, por essa causa, subiram para C$ 1 bilhão por ano.
A exposição continuada de profissionais ao monóxido de carbono, como é o caso de, por exemplo, de policiais de trânsito, tem efeito comparável à exposição de um fumante habitual a este poluente.
Estudos indicam que cerca de 2% de carboxihemoglobina no organismo pode afetar a capacidade de percepção de tempo e espaço, e, teores de 5% prejudicam a atividade psicomotora.
A exposição ao CO também pode afetar fetos diretamente pelo déficit de oxigênio, em função da elevação da carboxihemoglobina no sangue fetal, causando, inclusive, peso reduzido no nascimento e desenvolvimento pós-natal retardado.
HISTÓRICO DA LEGISLAÇÃO E AS NORMAS TÉCNICAS
O CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente, editou a Resolução n° 18 / 1986, instituindo o PROCONVE – Programa Nacional de Controle do Ar dos Veículos Automotores.
Conforme a Resolução do CONAMA n° 03 de 28 / 06 / 1990, considera-se poluente atmosférico “ qualquer forma de matéria ou energia com intensidade e em quantidade, concentração, tempo ou características em desacordo com os níveis estabelecidos , e que tornem ou possam tornar o ar impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde, inconveniente ao bem-estar público, danoso aos materiais, à fauna e a flora ou prejudicial à segurança, ao uso e gozo da propriedade e às atividades normais da comunidade.”
Em 1993, o Ministério do Meio Ambiente, através da Lei Federal n° 8723 / 93, instituiu o I / M – Inspeção e Manutenção dos Veículo Automotores.
Em seqüência, o CONAMA editou a Resolução n° 07/ 93 – Ciclo OTTO e Resolução n° 251/99 - Ciclo DIESEL para inspeções de emissões veiculares.
A Lei Federal n° 9.603 de 23 de setembro de 1997, instituiu o C.T.B. – Código de Trânsito Brasileiro, onde em seu Artigo 104 estabelece : “ Os veículos em circulação terão suas condições de segurança, de controle de emissão de gases poluentes e ruído avalia pela inspeção, que será obrigatória, na forma e periodicidade estabelecida pelo CONTRAN para os itens de segurança e pelo CONAMA para emissão de gases poluentes e ruído”; § 5° - “Será aplicada a medida administrativa de retenção aos veículos reprovados na inspeção de segurança e na de emissão de poluentes e ruído.”
O CONTRAN – Conselho Nacional de Trânsito, editou a Resolução n° 84 de 19 de novembro de 1998, regulamentando o Artigo 104 do C.T.B., com observância das Normas da A.B.N.T. – NBR 14.040/98 , NBR 14.180/98 e NBR 14.264/2000 ( o SEESP participou da elaboração destas Normas Técnicas e também da elaboração das normas para elaboração da licitação pública para o Estado de São Paulo juntamente com engenheiros do DETRAN, CETESB e IPT. )
Porém, o mesmo CONTRAN, editou a Resolução n° 107 / 2000, suspendendo a vigência da Resolução n° 84 / 1998 ; e, até presente data o Artigo 104 do C.T.B. continua sem regulamentação para os itens de segurança.
Na Argentina, onde a Inspeção Veicular da Segurança e das Emissões é integrada, foi instituída e entrou em prática desde 2000, utilizando Sistema Espanhol e as Normas Técnicas Brasileiras.
Em 2009, a SVMA - Secretaria do Verde e do Meio Ambiente da Prefeitura do Município de São Paulo, para realizar no município de São Paulo inspeções das emissões de gases poluentes veiculares, adotou as Resoluções do CONAMA n° 07/93 para Ciclo OTTO e n° 251/98 para Ciclo DIESEL .
Para regulamentar as inspeções das motocicletas, a SVMA / PMSP, editou a Portaria n° 12 / 2009 e Portaria n° 38 / 2009.
A Portaria n° 04 / 2009 – SVMA, estabeleceu limites para inspeções de gases poluentes de automóveis “flex” no Município de São Paulo.
Seguindo o estabelecido pelo CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente, o Município de São Paulo, tem como limite à emissão de poluentes dos veículos em 33% até o ano de 2014.
Importante frisar, que devido à demora e tolerância da aplicação das normas governamentais, “o nível de emissões no setor de transportes cresceu 56% em 13 anos” ( LCP / USP ).
A INSPEÇÃO DAS EMISSÔES VEICULARES EM SÃO PAULO
Embora as autoridades, do chamado mundo desenvolvido, há mais de quarenta anos se preocupem com o meio-ambiente urbano, o município de São Paulo, 1º no País, houve por bem instituir o verdadeiro controle das emissões veiculares, através da tecnologia de ponta.
No Brasil, após 13 anos de sonho dos técnicos abnegados de servir a população, finalmente, aconteceu.
Coube à “CONTROLAR” - empresa de engenharia genuinamente nacional, através de concorrência pública, a realizar no Município de São Paulo, as inspeções de emissões veiculares.
O início do Programa das inspeções de emissões veiculares, para a frota de Diesel, se deu em São Paulo, em 05 de maio de 2008.
Para frota de motocicletas e demais veículos do ciclo Otto ( ano 2003 em diante ), em 02 de fevereiro de 2009.
No próximo ano, a inspeção de emissões de gases veiculares, será para frota total do município.
O sistema aplicado na inspeção, - desenvolvido pelo engenheiro mecânico automotivo José Mauro Napoleone, da CONTROLAR, - é totalmente informatizado, baseado no RENAVAM, e em dados do projeto original de fabricação do veículo a ser inspecionado.
Após o termino da inspeção, que dura cerca de 5 minutos ( para veículos leves ), o resultado é impresso em holograma, e, no mesmo instante é enviado “on line” para PRODAM x PRODESP x DETRAN, absolutamente sem nenhuma possibilidade de interferência no resultado, por quem quer que seja.
A tecnologia utilizada nas inspeções de emissões veiculares paulistanas, é totalmente nacional e, atualmente, é considerada a mais avançada no mundo tecnológico das autênticas inspeções de emissões veiculares, servindo de orgulho e satisfação para engenharia pátria.
Até a presente data, a inspeção já ultrapassou 1 milhão de veículos em São Paulo.
O efeito prático das inspeções, hoje obrigatórias no município de São Paulo, foi de que a inspeção da frota realizada nos últimos quatro meses, resultou em 50.000 veículos que deixem de poluir o meio ambiente paulistano, e, em todo o País .
O motorista paulistano está fazendo a sua parte, utilizando a engenharia nacional, em prol da saúde.
* Engº Jurij Solski é Diretor e Membro do Conselho Tecnológico do SEESP.