Um grupo de brasileiros presos e torturados no Chile em 1973, após o golpe militar que derrubou o então presidente Salvador Allende, será convidado a participar de audiência pública na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH). O objetivo é esclarecer a participação e as ações ilegais efetuadas por representantes da polícia política brasileira naquele país, em cooperação com a repressão chilena, conforme requerimento aprovado nesta quarta-feira (26/02).
A proposta foi formulada pelo senador João Capiberibe (PSB-AP), que preside a Subcomissão da Memória, Justiça e Verdade da CDH. O autor esclarece que uma das finalidades é a de identificar os policiais que clandestinamente foram deslocados até o Chile, para realizar interrogatórios no Estádio Nacional, transformado à época em campo de concentração de prisioneiros políticos chilenos e estrangeiros. “Logo depois do golpe houve verdadeira caça aos estrangeiros. A maioria buscou refúgio em embaixadas ou se abrigou em campo de refugiados das Nações Unidas, mas muitos foram presos pela repressão chilena e conduzidos ao Estádio Nacional.”
De acordo com o senador, a cooperação entre as polícias políticas naquele episódio antecipou a Operação Condor, esquema de repressão que reuniu ainda a participação do Uruguai e da Argentina, para a colaboração em prisões, assassinatos e sequestros de perseguidos políticos oriundos de cada um desses países.
Serão convidados para a audiência, a ser ainda agendada, os então prisioneiros Edson Campos, Otto Brockes e Vitório Sortiuk, além de outros dois que atualmente residem em Brasília: Nielson de Paula Pires, professor da Universidade de Brasília, e Tomás Togni Tarquínio, assistente parlamentar no Senado.
Fonte: Agência Senado