A palavra tecnologia – estudo de métodos ou processos resultantes do esforço do homem para controlar e utilizar o meio em que se insere, para seu próprio benefício – aparece em textos e publicações de todas as áreas do conhecimento, associada a resultados espetaculares e como responsável por profundas e benéficas mudanças que, há milênios, vêm transformando o mundo, num processo que está longe do final. Estão aí, como exemplos, o telefone celular e os serviços bancários a explicar esse fenômeno.
Não existe uma teoria geral da tecnologia, nem ela é uma disciplina que se possa ensinar. Sua aplicação, por muito tempo, foi e tem sido empírica, e o que mais se pode assumir como sinônimo de tecnologia é a Engenharia. A roda, a alavanca e o parafuso são resultados da tecnologia dos tempos remotos. A maior aceleração de resultados se verifica a partir do século 18 e da Revolução Industrial, com novidades na agricultura, na medicina, na biotecnologia, na instrumentação em geral, da nanotecnologia, da energia nuclear, as técnicas de reconhecimento de padrões (tomografia, ressonância magnética nuclear) e novidades em tantas outras áreas do conhecimento. Alguns avanços tecnológicos tiveram maior impacto. Os mais marcantes, ocorridos a partir do século 20, foram a microeletrônica e as técnicas digitais, que estão na origem da revolução digital das últimas décadas – dos computadores à internet e aos sistemas e dispositivos aplicados às telecomunicações.
O uso de sistemas digitais é generalizado, eficiente, rápido e de custo decrescente, com grandes vantagens para empresas e usuários privados.
Outra palavra da moda é inovação. A inovação pode fortalecer as vantagens competitivas de empresas e até de países frente à concorrência, ou viabilizar sua entrada em novos mercados. Parece não existir metodologia para encontrar inovações bem sucedidas ou, pelo menos, promissoras. Elas dependem primeiro da criatividade e da intuição do empreendedor, e a melhor maneira de avaliar se valem a pena (lembrando que as inovações podem ser dispendiosas) é lançá-las no mercado. A implementação de uma nova ideia depende do domínio da tecnologia, mas não é, necessariamente, resultado da aplicação de alta tecnologia. Essa idéia, que pode assustar os empresários, é muito difundida e os meios acadêmicos têm contribuído para alimentar esse equívoco.
Inovar é, em geral, caro e muitas vezes frustrante. Países bem sucedidos, no estágio de desenvolvimento da China e a Índia, como Japão e Coréia do Sul no passado não muito remoto, costumam assumir que “têm coisas melhores para fazer...” (The Economist, 10/12/ 2007). Será esse o caso do Brasil?
Entendo que sim, mas cada caso é um caso. O empresário é em geral esperto e avalia os riscos e a oportunidade dos investimentos em inovação. Para isso pode procurar assessoria e com frequência o faz, embora não seja trivial a escolha do assessor. Para iniciar um novo negócio, a inovação facilita ou viabiliza o “start up”. O empresário já não se encanta com o discurso sedutor das vantagens da inovação a qualquer custo, muitas vezes apresentado por alguns setores acadêmicos ou governamentais, sem vivencia de negócios, que acenam com generosos subsídios para tornar o discurso ainda mais sedutor.
* por Antonio Hélio Guerra Vieira é engenheiro, presidente da Fundação para o Desenvolvimento Tecnológico da Engenharia (FDTE) e professor emérito da Escola Politécnica e do CIEE. Foi Reitor da USP de 1982 a 1986
Imprensa – SEESP
* Artigo publicado originalmente no site do Instituto de Engenharia (IE)
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Os engenheiros dos Correios, com data-base em 1º de agosto, têm Assembleia Geral Extraordinária no dia 28 de junho próximo (quinta-feira), às 18h, em primeira convocação, e às 18h30, em segunda convocação, na sede do SEESP (Rua Genebra, nº 25, Bela Vista, São Paulo).
Na pauta da assembleia:
a) Discutir e aprovar a pauta de reivindicações da categoria para o ano de 2012, visando o início das negociações com data-base em 1° de agosto;
b) aprovar que a direção do SEESP delegue poderes para que a FNE (Federação Nacional dos Engenheiros) venha a iniciar as negociações coletivas de trabalho, assinar Acordo Coletivo de Trabalho ou, caso frustradas as tratativas, instaurar Dissídio Coletivo junto ao TST (Tribunal Superior do Trabalho);
c) fixar e autorizar o desconto da Contribuição Assistencial e/ou Confederativa e/ou Profissional e/ou Negocial; e
d) declarar a assembleia aberta em caráter permanente até o final do processo de negociação coletiva.
Imprensa - SEESP
Nesta sexta-feira (22/06), o SEESP encaminhará à Cteep carta referendando o ACT 2012-2013 (Acordo Coletivo de Trabalho) aprovado pela maioria dos engenheiros, reunidos em assembleias nos dias 18, 19, 20 e 21, com a participação de 53% da categoria.
Com a finalização desse processo, o sindicato informa sobre a Contribuição Assistencial/Negocial, que consta na cláusula 40 do ACT vigente, aprovada pelos engenheiros nas assembleias, que ficaram definidos os seguintes valores: duas parcelas mensais iguais e consecutivas de 1,5% do salário nominal corrigido com o índice conquistado. Além disso, conforme autorizado na Assembleia Anual Ordinária, que estabeleceu os parâmetros das contribuições assistenciais de 2012, o SEESP decidiu premiar seus associados em dia com um desconto de 50%.
Portanto, para esses, a contribuição assistencial na Cteep será de duas parcelas iguais mensais e consecutivas de 0,75%. O desconto da primeira parcela ocorrerá no mês posterior à assinatura do Acordo. Caso o engenheiro seja contrário a essa contribuição para a sua entidade representativa deverá entregar pessoalmente, na sede do SEESP ou em uma de suas delegacias sindicais no Estado, carta de oposição com sua assinatura no prazo de 10 dias, a contar da data da assinatura do ACT, a ser divulgada em breve.
Confira, a seguir, a proposta aprovada pelos engenheiros da Cteep:
Vigência |
• Um ano (1º/6/2012 a 31/5/2013) – cláusulas econômicas e pagamento de compensação de horas extras |
Reajuste salarial |
• IPC-Fipe + aumento real = 6% (seis por cento) |
Gratificação de férias |
• 6% (seis por cento) |
Pisos salariais
|
• Ajudante: ajustar pelo índice de reajuste salarial |
Função acessória |
• 6% (seis por cento) |
Auxílio vale-refeição
|
• 10% (dez por cento) – Tabela participação: corrigir por 6% (seis por cento) da remuneração base |
Cesta base |
• 10% (dez por cento) |
Auxílio-creche |
• 10% (dez por cento) |
Auxílio bolsa estudo |
• Valor R$ 600.000,00 (seiscentos mil reais) |
Pagamento e compensação de horas extras |
• Manter a sistemática vigente
|
Adicional de |
Pagamento sobre a remuneração base |
PLR 2012 |
• Valor R$ 11.500.000,00 (onze milhões e quinhentos mil reais) |
PLR 2013 |
• Premissas: |
Lourdes Silva
Imprensa – SEESP
Esta matéria foi atualizada no dia 29/06/2012 às 11h35
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A quantidade de chuvas pode ser reduzida quase pela metade na Amazônia e no Nordeste brasileiro no final deste século, com temperaturas até 4,5ºC mais altas na Caatinga e 6ºC mais altas na Floresta. Dados preocupantes como esses estão no primeiro relatório do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC), apresentado nesta quinta-feira (21/06), no estande da Coppe/UFRJ na Rio+20. Diante das evidências científicas sobre os efeitos das mudanças do clima, especialistas apontaram para a necessidade de políticas públicas urgentes.
"Para lidar com esse cenário preocupante são necessárias políticas de mitigação, através de acordos internacionais, e de adaptação, em nível nacional, que defendam as populações mais vulneráveis", alertou o diretor do Instituto Alberto Luis Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ) e secretário do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, Luiz Pinguelli Rosa.
O coordenador do primeiro dos três volumes do Relatório de Avaliação Nacional sobre as Mudanças Climáticas,Tercio Ambrizzi (USP), alertou para o fato de que eventos extremos de chuva e de seca já são percebidos no Brasil e que os impactos na Amazônia podem afetar o país como um todo.
"A área do país onde pode haver maior aumento de temperatura é a Amazônia, o que pode alterar a umidade e o calor de outras regiões. Os efeitos das mudanças do clima já são evidentes: há 20 anos, por exemplo, não havia chuvas extremas no inverno em São Paulo", destacou Ambrizzi.
Cerca de 300 pesquisadores participaram da elaboração do relatório, que terá mais dois volumes tratando de impactos, mitigação e adaptação, com previsão para ser concluído em outubro.
Este primeiro volume do relatório aponta para a tendência de redução de chuvas no Centro-Oeste e para aumento, principalmente de São Paulo ao Rio Grande do Sul, com elevação de temperatura em todas as regiões numa média de 3ºC a 4ºC no final do século.
Mesmo com redução das chuvas em geral, o estudo aponta para a tendência de eventos mais extremos. O documento alerta, por exemplo, para o impacto de chuvas intensas nas áreas urbanas devido, entre outros fatores, à falta de planejamento e infraestrutura, o que torna as cidades mais sujeitas a enchentes e deslizamentos de encostas.
Imprensa – SEESP
* Informação do site oficial da Rio+20
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“Agronegócio é a mentira do Brasil”. Com essa palavra de ordem cerca de 250 militantes da Via Campesina Brasil e Internacional ocuparam o espaço da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), montado no píer Mauá, para desmascarar o discurso do agronegócio de uma agricultura sustentável. O stand, intitulado AgroBrasil, promovido pela CNA, Embrapa, Sebrae e por multinacionais como Monsanto e JBS, propõe a promoção de novas tecnologias para produzir alimentos e, segundo eles, preservar o meio ambiente.
Os militantes da Via Campesina colaram cartazes em todo o espaço denunciando o abuso do uso de agrotóxicos, que envenena a comida da população brasileira. Além disso, estenderam faixas e fizeram um ato para que as pessoas presentes no evento pudessem ter consciência do alto consumo de venenos nas lavouras e na mesa dos brasileiros, sendo o Brasil o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. “Você já tomou sua dose de veneno hoje?”, clamavam os manifestantes.
Segundo Cleber Folgado, coordenador da Campanha Nacional de Combate aos Agrotóxicos, a CNA usa um discurso falacioso para tentar enganar a população. “Viemos aqui para denunciar e para que toda população saiba a farsa promovida pela CNA de que a agricultura do agronegócio é sustentável”. Segundo ele, além dos vários problemas sociais e ambientais promovidos por esse modelo de produção, o uso de agrotóxicos se mostra como um dos mais sérios destes.
Ação surpresa e marcha
A manifestação surpreendeu os organizadores do espaço e as pessoas que visitavam o local vinculado à Rio + 20. Muitos apoiaram o ato, que ocorreu de forma pacífica, e seguiu de encontro a uma marcha organizada pela Via Campesina, do Sambódromo até o píer Mauá.
“Não podemos apenas ficar em casa produzindo se queremos que a agroecologia substitua o agronegócio. Temos que sair às ruas para lutar”. Assim teve início a marcha, que reuniu 3.000 camponeses e camponesas para denunciar as falsas soluções propostas pelo agronegócio para a crise ambiental.
Os manifestantes marcharam em fileira até o estande da CNA, local de encontro das duas ações. “Aqui o agronegócio discute as falsas soluções do capitalismo. Estamos aqui para repudiar essas falsas soluções e apoiar a soberania alimentar. O povo só é soberano quando produz seus alimentos com suas sementes e livre de agrotóxicos”, afirmou Dilei, militante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na Paraíba.
Os movimentos da Via Campesina propõem, ao invés do agronegócio, a soberania alimentar, que consiste em dar condições dignas para os camponeses produzirem alimentos sadios para a população, com políticas públicas que incentivem a agricultura familiar e o respeito aos conhecimentos tradicionais e à natureza.
Imprensa – SEESP
* Informação do site da Cúpula dos Povos
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Método norte-americano combinado com dados recolhidos em pesquisa da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) consegue prever o desgaste dos pavimentos de rodovias e estradas brasileiras. “Esse método foi usado como ferramenta de teste da previsão do desempenho do pavimento. Os resultados obtidos a partir do uso dos modelos foram muito próximos dos dados do desgaste real que tinha acontecido, ou seja, os modelos desenvolvidos foram capazes de caracterizar adequadamente o tráfego da região estudada”, afirma a engenheira da EESC, Heliana Barbosa Fontenele, que coordenou o estudo no Brasil.
O método foi desenvolvido na American Association of State Highway and Transportation Officials (AASHTO), que é a associação rodoviária dos Estados Unidos. Ele organiza dados relacionados ao tráfego do local, avaliando os tipos de veículos que circulam e os eixos que eles tem, por exemplo, além do clima e os materiais do pavimento. Antes, no Brasil, só se utilizavam métodos empíricos que não conseguiam se aproximar da realidade e portanto faziam previsões pouco acertadas, já que não se considerava as variáveis específicas de cada lugar (clima, materiais, tipo de tráfego, frequência da passagem dos veículos, etc).
Heliana utilizou os dados de um posto de pesagem da Rodovia dos Imigrantes, que fica no Estado de São Paulo. Os dados recolhidos eram referentes a todo o tráfego da rodovia no ano de 2008. O posto de pesagem forneceu os dados de pesagem por eixo de cada veículo que passava na balança. “Eu recebi o peso desses eixos individualmente. Essa especificação faz com que os modelos se aproximem ainda mais do desgaste original”, diz Heliana.
Modelo único
O tráfego de veículos representa um papel muito importante, tanto no dimensionamento como no comportamento dos pavimentos ao longo do tempo, mas nem todos os locais dispõem de equipamentos para a coleta dos dados necessários. Os dados de pesagem fornecidos foram analisados tentando gerar modelos estatísticos que representassem a distribuição do tráfego original na região.
Os modelos gerados podem ser usados posteriormente para identificar previamente os problemas das rodovias. “Depois de gerar os modelos de acordo com a frequência do desgaste, usamos o método da AASHTO, que foi disponibilizado na internet. Esse programa gera as curvas de desempenho do pavimento para cada tipo de deterioração”, diz. Isso permitiu que Heliana tivesse a curva da evolução da deterioração do pavimento ao longo do tempo.
Há, para cada tipo de defeito, um valor limite dentro do tempo de vida para o pavimento. “Quando esse tempo é alcançado significa que o pavimento chegou no seu limite, no fim da vida e que precisa de uma intervenção para ser melhorado”.
Por exemplo, para o critério de trincas por fadiga do tipo botom-up (de cima para baixo), foi adotado como limite de projeto o valor de 25% da área. Ou seja, quando o pavimento atingir 25% de trincas ele tem de sofrer uma intervenção, pois não oferece mais condições seguras para o tráfego. O modelo prevê quando o pavimento atingirá essa porcentagem, de modo que as intervenções podem ser feitas no tempo certo e antes de acidentes denunciarem os problemas na estrutura da estrada.
O modelo pode ser utilizado em regiões com características parecidas com a Rodovia dos Imigrantes. Heliana diz que pretende expandir o estudo, analisando dados de outras rodovias brasileiras. “No Brasil temos uma carência muito grande de dados. O ideal seria pegar dados de outros postos de pesagem e para cada um deles fazer esse estudo e então depois poderemos ter um panorama geral”.
O estudo Representação do tráfego de veículos rodoviários de carga através de espectros de carga por eixo e seu efeito no desempenho dos pavimentos, que foi orientado pelo professor José Leomar Fernandes Júnior, também da EESC, contribui para a área técnica, pois minimiza os custos e o tempo da coleta de dados, além de contemplar áreas com carência de fontes de dados para análises.
Imprensa – SEESP
* Por Paloma Rodrigues, da Agência USP Notícias
O resultado final da Rio+20, Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que se encerra no Rio de Janeiro nesta sexta-feira (22/06), será um documento sem foco, que não atende à urgência dos problemas enfrentados pelo mundo, segundo análise de Celso Lafer, presidente da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo).
Ainda assim, segundo Lafer, a conferência poderá contribuir com uma atmosfera que estimule no futuro, em um contexto político mais favorável, a tomada de medidas concretas para a sustentabilidade global.
“O documento final é difuso, não tem foco e se baseia em um mínimo denominador comum. Na melhor das hipóteses, coloca em andamento processos que serão mais ou menos bem-sucedidos no futuro”, disse Lafer à Agência FAPESP.
A falta de foco do documento, segundo Lafer, é o preço que se pagou para que fosse possível chegar a um consenso durante a conferência. De acordo com Lafer, o documento não deverá mais ser modificado pelos chefes de Estado que participam da cúpula.
“Compreendo o que levou a esse documento. O país sede não desejava que a conferência se encerrasse sem um consenso, por isso os negociadores brasileiros chegaram a esse mínimo denominador comum”, afirmou.
Na prática, o documento não é capaz de lidar com as urgências do presente e ficou muito aquém das expectativas. “O governo vai dizer que conseguiu um consenso que abre processos e preserva as conquistas feitas até agora. É possível de fato que o documento tenha o mérito de manter em evidência as questões que serão retomadas em um contexto político mais favorável no futuro. Mas, se olharmos as urgências que estão em jogo, vamos ver que o documento está aquém das expectativas e das necessidades da humanidade”, disse Lafer.
Imprensa – SEESP
* Por Fábio de Castro, da Agência Fapesp
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O resultado final da Rio+20, Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que se encerra no Rio de Janeiro nesta sexta-feira (22/06), será um documento sem foco, que não atende à urgência dos problemas enfrentados pelo mundo, segundo análise de Celso Lafer, presidente da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo).
Ainda assim, segundo Lafer, a conferência poderá contribuir com uma atmosfera que estimule no futuro, em um contexto político mais favorável, a tomada de medidas concretas para a sustentabilidade global.
“O documento final é difuso, não tem foco e se baseia em um mínimo denominador comum. Na melhor das hipóteses, coloca em andamento processos que serão mais ou menos bem-sucedidos no futuro”, disse Lafer à Agência FAPESP.
A falta de foco do documento, segundo Lafer, é o preço que se pagou para que fosse possível chegar a um consenso durante a conferência. De acordo com Lafer, o documento não deverá mais ser modificado pelos chefes de Estado que participam da cúpula.
“Compreendo o que levou a esse documento. O país sede não desejava que a conferência se encerrasse sem um consenso, por isso os negociadores brasileiros chegaram a esse mínimo denominador comum”, afirmou.
Na prática, o documento não é capaz de lidar com as urgências do presente e ficou muito aquém das expectativas. “O governo vai dizer que conseguiu um consenso que abre processos e preserva as conquistas feitas até agora. É possível de fato que o documento tenha o mérito de manter em evidência as questões que serão retomadas em um contexto político mais favorável no futuro. Mas, se olharmos as urgências que estão em jogo, vamos ver que o documento está aquém das expectativas e das necessidades da humanidade”, disse Lafer.
Imprensa – SEESP
* Por Fábio de Castro, da Agência Fapesp
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Entre os roteiros de atividades que tiveram a participação de participantes da CNTU, que a FNE integra participando fortemente dos debates sobre os desafios urbanos para as cidades sustentáveis, estiveram aqueles relacionados à segurança alimentar, muito por conta das questões dos agrotóxicos, recursos hídricos, e questões trabalhistas.
Nessas áreas, a engenheira agrônoma Fabiane Ferraz destaca algumas atividades, como o painel sobre a "Política das Águas no Brasil", promovido pela Fonasc (GT Água), o X Seminário Internacional de Sustentabilidade, realizado pelo Fórum Permanente da Amazônia, o debate sobre desenvolvimento sustentável e sustentabilidade humana, que foi dedicado ao tema da morte e doenças do trabalho, organizado pela Secretaria de Saúde do Trabalhador/CUT, CSA e organizações parceiras, além de uma atividade especial sobre práticas de alimentação sustentável da produção ao consumo e ao destino dos alimentos, da Slow Food.
A pesquisadora Maria Rosa Abreu, o nutricionista Ernane Rosas e o engenheiro Laerte Mathias estiveram também nas atividades da Tenda Anti-Nuclear, que trouxe ativistas, fotógrafos e refugiados de Fukushima para falar do impacto dos vazamentos ocorridos durante os terremotos no Japão e o sentimento da população sobre os perigos relacionados à opção pela energia nuclear.
O tema também havia sido discutido em seminário da CNTU, preparatório para a Cúpula dos Povos e a Rio + 20, a partir de palestra feita por Francisco Whitaker, membro do Conselho Internacional do Fórum Social Mundial e do movimento anti-nuclear brasileiro, que trouxe a provocação: mesmo enterrado, o lixo nuclear vai durar 200 mil anos para se dissipar. Até lá, como as futuras gerações saberão do risco de lidar com esse possível achado? Vamos deixar por escrito? Mas em que língua? O que sabemos do futuro do planeta para assegurar que não vamos causar risco aos habitantes daqui a milhares de anos?
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