Em dezembro de 2016, expira o prazo que a Organização Mundial do Comércio (OMC), com sede em Genebra, tem para decidir sobre o subparágrafo do artigo 15 do protocolo de adesão da China ao organismo. Ou seja, seus membros terão de decidir se a China pode ser reconhecida como economia de mercado.
Como se sabe, essa é uma questão muito complicada em razão dos muitos interesses nacionais em jogo. A rigor, a China não é uma economia de mercado, mas uma nação que pratica um capitalismo de Estado, ou seja, seu governo costuma conceder muitos subsídios às exportações que faz, colocando no mercado mundial produtos a baixo custo. Esses produtos, quando entram em países menos desenvolvidos, acabam, muitas vezes, inviabilizando as vendas dos similares nacionais, levando fábricas ao fechamento e trabalhadores ao desemprego. É o que se chama eufemisticamente de desindustrialização.
Foi o processo que o Brasil passou nos últimos três governos e ainda passa, chegando à situação crítica de hoje em que só na região do ABC paulista, a mais industrializada do País, 62 operários são em média demitidos por dia. É claro que não se pode culpar a China de ter causado todos esses problemas nem fazer desse país o bode expiatório de todos os males que afligem a nação brasileira.
Culpa mais cabe aos formuladores da diplomacia comercial externa brasileira que, a pretexto de diminuir uma possível dependência em relação a Washington, optaram por uma cooperação Sul-Sul, ou seja, substituíram o intercâmbio com os países desenvolvidos, a cooperação Norte-Sul, por um relacionamento com países da América Latina e Caribe, África e Ásia.
Com isso, só a título de exemplo, muitas máquinas e equipamentos brasileiros perderam espaço no mercado norte-americano, o maior do planeta. Em compensação, investiu-se bastante na exportação de commodities, levando o País a um status semelhante ao que tinha à época colonial: a de fornecedor de matérias-primas. Hoje, o Brasil exporta bastante petróleo, café, suco de laranja, minério de ferro, soja e alumínio, mas, se por um lado esse comércio ajuda a manter o equilíbrio das contas, por outro torna o País dependente dos preços estabelecidos internacionalmente. Obviamente, o Brasil poderia ter vendido commodities, sem deixar de exportar seus produtos de valor agregado.
E a China? Não se pode ignorar o mercado chinês, que hoje necessita muito de alimentos. Por isso, o Mercosul, com Brasil e Argentina à frente, deveria negociar um acordo para minorar os efeitos negativos da concorrência dos produtos chineses na indústria dos países do bloco. Sem esse acordo, reconhecer a China como economia de mercado é aceitar passivamente a desindustrialização do Mercosul e suas incalculáveis consequências sociais.
Afinal, na prática, sendo a China reconhecida como economia de mercado, não haverá como recorrer à OMC para a imposição de altas tarifas antidumping contra produtos de origem chinesa. Ou denunciar uma prática muito utilizada pela China de utilizar terceiros países para fugir de medidas antidumping. Eis o tamanho do imbroglio que aguarda a OMC em dezembro.
* Milton Lourenço é presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis)
A efetivação de Michel Temer na presidência da República não foi apenas uma mudança de governante, mas uma mudança de paradigma na relação entre o governo e o mercado.
Na visão do mercado sai uma governante intervencionista, que não hesitava em utilizar os instrumentos de política econômica para interferir nos negócios privados e até na margem de retorno dos empreendimentos, e entra um governante sintonizado com os princípios da livre iniciativa e com visão fiscalista.
De fato, as diretrizes da nova gestão, sintetizadas no documento “Ponte para o futuro”, são claras quanto à propositura de mudanças no papel do Estado na economia, na defesa do equilíbrio das contas públicas e na melhoria do chamado ambiente de negócios.
Em síntese, a agenda do novo governo propõe:
1) a desindexação geral;
2) a desvinculação orçamentária, especialmente das despesas com educação e saúde;
3) a privatização, a descentralização e as parcerias público-privadas amplas;
4) a abertura da economia, inclusive com o fim do conteúdo local ou nacional;
5) a reforma trabalhista com livre negociação, incluindo a prevalência do negociado sobre o legislado nas relações de trabalho, a terceirização e a pejotização; e
6) a nova reforma da previdência, com aumento da idade mínima, unificação de regimes previdenciários e desvinculação do salário mínimo como Piso de benefício previdenciário, entre outros.
Como primeiras medidas nessa direção já se pode mencionar, além do anúncio do pacote de privatizações e concessões:
I - Matérias aprovadas conclusivamente pelo Congresso
a) a Emenda à Constituição nº 93/2016, que restabeleceu a DRU – Desvinculação de Receitas da União, ampliando de 20% para 30% a desvinculação das receitas, e estendendo essa possibilidade aos Estados e Municípios;
b) Lei nº 13.303/2016, dispondo sobre o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias nos três níveis de governo;
c) Lei nº 13.334/2016, que cria o Programa de Parcerias de Investimentos – PPI; e
d) a MP nº 726/2016, que versa sobre reforma administrativa para reduzir o número de ministérios e transfere a previdência social para a pasta da Fazenda. O texto, já aprovado no Congresso, aguarda sanção presidencial.
II - Matérias em fase de votação no Congresso
a) PEC 241/2016, que prevê o congelamento do gasto público, em termos reais, por 20 anos. Aguarda parecer na comissão especial da Câmara;
b) PLC 54/2016 Complementar, que versa sobre a prorrogação e redução de encargos das dívidas dos Estados com a União, tendo como contrapartida o congelamento do gasto público por dois anos e a adoção de medidas de ajuste fiscal pactuadas pelos governadores. O texto já foi aprovado pela Câmara dos Deputados, como PLP 257/2016, e está em debate no Senado Federal;
c) PLN 02/2016, dispondo sobre LDO – Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2017 – no qual o governo fez incluir no art. 3º a regra de congelamento, em termos reais, do gasto público, nas mesmas bases da PEC 241/2016. Estão pendentes de votação três destaques em sessão conjunta do Congresso;
d) PLP 268/2015, de autoria do senador Aécio Neves (PSB/MG), que trata das regras de governança dos fundos de pensão, profissionalização da gestão e dos conselhos; o tema já foi aprovado pelo Senado e está em discussão na Câmara dos Deputados;
e) PL 4.567/2016, de autoria do senador licenciado José Serra (PSDB/SP), que dispõe sobre o fim da Petrobras como operadora única do Pré-sal; a proposta já foi aprovada pelo Senado e aguarda votação no plenário da Câmara dos Deputados.
III - Proposições em elaboração no Poder Executivo
a) reforma da previdência ampla, com a unificação de critérios e a ampliação dos requisitos exigidos para acesso aos benefícios, inclusive com o estabelecimento de idade mínima;
b) reforma trabalhista com prevalência do negociado sobre o legislado, terceirização e pejotização.
A substituição do titular da presidência da República, neste contexto, é vista pelo mercado como uma nova janela de oportunidade para promover mudanças estruturais de seu interesse visando à redução do gasto público e do tamanho do Estado, à abertura da economia, ao aumento da competitividade e da produtividade, assim como à remoção do que chamam de entraves ao desenvolvimento, citando explicitamente as relações de trabalho e os marcos regulatórios das áreas sob concessões públicas.
Desde a redemocratização, de fato, esta seria a quarta oportunidade que os liberais teriam para rever o papel do Estado e o Estado de bem-estar social, com mudanças profundas do ponto de vista fiscal.
A primeira foi na Assembleia Nacional Constituinte (1987/88), quando o então “Centrão”, liderado por Luís Eduardo Magalhães (PFL/BA), Afif Domingos (PL/SP), Ricardo Fiuza (PFL/PE) e Roberto Cardoso Alves (PMDB/SP), apresentaram um projeto de Constituição com valorização da iniciativa privada.
A segunda foi durante a Revisão Constitucional, no período de 1993 a 1994, quando o então deputado Nelson Jobim (PMDB/RS) preparou 81 pareceres com mudanças estruturais na Constituição, em especial no papel do Estado na economia.
A terceira foi durante os governos de Fernando Henrique Cardoso, no período de 1995 a 1998, durante os quais houve importantes mudanças na ordem econômica e um forte ajuste fiscal.
A quarta é agora, no governo Michel Temer, que tem dois anos para colocar em prática sua agenda de reformas.
A pergunta que se impõe, entretanto, é se o presidente Michel Temer terá força política e legitimidade para promover tantas, profundas e complexas mudanças no papel do Estado e no redirecionamento do orçamento público num espaço de tempo tão curto e com tantos problemas políticos, econômicos e éticos. A resposta a esta pergunta será objeto de outro artigo.
* Antônio Augusto de Queiroz é jornalista e diretor de documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap)
A chamada PEC do Teto dos Gastos Públicos é o destaque do Plenário da Câmara dos Deputados nesta segunda e terça-feira (10 e 11/10). Aprovada na comissão especial no último dia 6, a proposta de emenda à Constituição (PEC 241/16) limita, por 20 anos, os gastos federais ao orçamento do ano anterior corrigido pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Como o Regimento Interno prevê um intervalo de duas sessões entre a aprovação de uma PEC na comissão e sua votação pelo Plenário, os deputados terão de votar um requerimento de quebra desse intervalo para analisarem a proposta nesta segunda. Isso porque não houve sessão na manhã de sexta-feira (7).
Segundo o substitutivo do deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS), para 2017, o limite orçamentário das despesas primárias – aquelas que excluem o pagamento de juros da dívida – será o total gasto em 2016 corrigido por 7,2%. De 2018 em diante, os orçamentos Fiscal e da Seguridade serão corrigidos com base no limite do ano anterior corrigido pelo IPCA.
Nesses dois setores, o substitutivo prevê que, em 2017, haverá aplicação mínima de 15% da receita corrente líquida do exercício corrente para a área de saúde; e de 18% dos impostos para a educação. De 2018 em diante, o IPCA será aplicado sobre os valores mínimos do ano anterior para encontrar o piso. Os gastos totais do governo, entretanto, continuam limitados conforme a regra geral.
Caso haja o descumprimento do teto por parte de algum dos órgãos de um dos poderes, a proibição de concessão de aumentos salariais e de outros benefícios a membros e servidores será aplicada a todos os órgãos daquele poder. Somente no Executivo e na Defensoria Pública, não há subdivisão entre órgãos.
Comunicação SEESP
Informação da Agência Câmara de Notícias
A Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) abriu chamada pública para selecionar até cinco novas Instituições de Pesquisa Científica e Tecnológica, públicas ou privadas sem fins lucrativos, para constituir Unidades Embrapii (UEs).
Poderão se candidatar como UEs as instituições que desenvolvam projeto de pesquisa, desenvolvimento e inovação (P,D&I) em parceria com empresas industriais brasileiras, informou a Assessoria de Comunicação da Embrapii.
A nova chamada, a primeira deste ano, irá contemplar oito competências tecnológicas identificadas pela indústria como as mais demandadas por investimentos em inovação: Robótica, mecatrônica e manufatura avançada; Química; Química Verde; Materiais e Minerais Estratégicos; Energia Renovável; Biotecnologia, Biomassa e Biodiversidade; Tecnologia de Alimentos; e Biofármacos e Fármacos.
Poderão candidatar-se as instituições que possuírem competência alinhada à Política de Ciência, Tecnologia e Inovação e à Política Nacional de Educação brasileiras, que tiverem equipe e infraestrutura próprias para a realização das atividades pertinentes às UEs, que demonstrarem experiência no desenvolvimento de projetos de P,D&I na área de competência proposta e que possuírem política ou diretriz de propriedade intelectual aprovada e vigente.
O credenciamento pressupõe a disponibilidade de recursos de três fontes distintas: recursos da Embrapii, da captação por parte da candidata de recursos de empresas industriais e recursos da própria unidade candidata, na forma de contrapartida econômica ou financeira para a execução da proposta.
Para mais informações, detalhes técnicos da chamada, calendário e acesso aos documentos, acesse: http://embrapii.org.br/chamada-publica-01-2016/.
Comunicação SEESP
Notícia da Agência Fapesp
Pesquisa realizada no Centro de Energia Nuclear na Agricultura da Universidade de São Paulo (Cena/USP), em Piracicaba, acaba de mensurar o impacto sobre a biodiversidade do solo da transformação de áreas de floresta em pastagens e de pastagens em canaviais. A conclusão é que esse impacto é devastador sobre a macrofauna original do solo: 90% dela – formada por cupins, formigas, minhocas, besouros, aranhas e escorpiões – desapareceu por completo.
A pesquisa foi realizada por André Luiz Custodio Franco, durante o seu doutorado e estágio de pesquisa no exterior realizados com bolsas da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), com orientação do professor Carlos Clemente Cerri. Os resultados do trabalho foram publicados no periódico Science of the Total Environment. “Nossa intenção foi verificar como a mudança no uso da terra interfere na emissão de gases e no armazenamento de carbono no solo e, em consequência, na composição da matéria orgânica, ” diz Franco.
Invertebrados, microrganismos e fungos desenvolvem um grande papel na reciclagem do solo, graças à sua ação na decomposição da matéria orgânica. Eles compõem a microfauna do solo. Formigas e cupins – que integram a macrofauna do solo – são os principais agentes estabilizadores, evitando a erosão graças à construção de seus ninhos.
Para verificar o que acontece com a biodiversidade com a mudança no uso da terra, os pesquisadores retiraram blocos de solo na forma de cubos com 30 centímetros de profundidade. Essas amostras foram coletadas em três canaviais localizados em Jataí, Goiás, Ipaussu e Valparaíso, São Paulo. Nessas áreas uma parte do pasto foi convertida em cana. A equipe também coletou blocos de áreas nativa, de mata, para demonstrar a biodiversidade do solo em um sistema estável, antes do desmatamento para pastagem.
“Quando a mata nativa é convertida em pasto, todos os predadores de topo do solo, como as aranhas e os escorpiões, desaparecem”, diz Franco. “Na ausência de predadores, as populações de cupins e minhocas explodem. A quantidade de cupins no solo aumenta nove vezes. Já a de minhocas cresce 14 vezes.” Por outro lado, quando o pasto é convertido em canavial, as populações de cupim e minhocas também são eliminadasa, em decorrência da correção química do solo.
O solo nativo é ligeiramente ácido e os invertebrados e microrganismos estão adaptados para viver num ambiente de leve acidez. Como a cana precisa de um solo mais alcalino, a agroindústria introduz quantidades maciças de calcário – além de fertilizantes, herbicidas e pesticidas. “Isto torna o solo tóxico, especialmente para as minhocas”, diz Franco.
O resultado da correção química do solo e, posteriormente, da adubação química é a eliminação quase completa de toda a sua biodiversidade. Os poucos animais e microrganismos que poderiam se adaptar a um solo levemente alcalino são eliminados pelos agrotóxicos.
“Cerca de 90% da macrofauna do solo desapareceu. Em termos de grupos animais, perdeu-se 40%”, diz Franco. Ou seja, o solo dos canaviais é um solo extirpado de biodiversidade – e, em consequência, instável.
Cupins e formigas são os “engenheiros do solo”, observa Franco. Eles são importantes para manter sua estabilidade. Onde há mais animais a estabilidade do solo é maior. Decorre daí que menos animais significa menor estabilidade e, por conseguinte, maior risco de erosão.
Outra questão a ser contabilizada é a perda de carbono do solo. A ação de cupins e formigas faz com que partículas de carbono sejam encapsuladas em microagregados de argila ou areia e permaneçam protegidas da decomposição por microrganismos. Já as minhocas estabilizam as partículas de carbono que passam pelo seu trato digestivo e que ficam igualmente encapsuladas, fora do alcance dos microrganismos.
A perda da macrofauna coloca em risco a estabilidade do solo e a sua capacidade de armazenar carbono, além de contribuir para a liberação de carbono na atmosfera.
O artigo de André L.C. Franco, Marie L.C. Bartz, Maurício R. Cherubin, Dilmar Baretta, Carlos E.P. Cerri, Brigitte J. Feigl, Diana H. Wall, Christian A. Davies Carlos C. Cerri, Loss of soil (macro)fauna due to the expansion of Brazilian sugarcane acreage, publicado em Science of the Total Environment , pode ser lido em http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0048969716308117.
Comunicação SEESP
Notícia do site da Agência Fapesp
Acontece entre os dias 17 e 20 de outubro a 16ª Semana de Engenharia da Universidade Federal Fluminense (UFF), com o tema "Engenharia em Grandes Eventos". Qualquer pessoa pode se inscrever e participar dos eventos, pois os seminários buscam a interdisciplinaridade e não estão fechados apenas para alunos da área de engenharia ou da instituição de ensino, estando também abertos para alunos de cursos técnicos e interessados na área.
Quem se inscrever terá direito a participar de todas as atividades que desejar, entre palestras, minicursos, workshops, painéis etc., que já contam, até o momento, com uma programação composta por mais de 70 atividades. "Um ponto interessante é que a comissão organizadora do evento é composta não apenas por professores, mas também por integrantes das seis empresas juniores que fazem parte da Escola (Meta, Aghra, Tesla, P&Q, SmartTel e Papo Design, que é a empresa de Desenho Industrial)", disse Caio Melo, membro da organização.
A taxa de inscrição para alunos do ensino médio e de graduação é de R$15. Já para alunos de pós-graduação, professores e demais profissionais é de R$ 30,00. Poderão se inscrever no evento estudantes tanto da UFF quanto de outras universidades, bem como de escolas técnicas e demais instituições do ensino médio. Mediante esse pagamento, o participante terá direito a se inscrever em quantas atividades desejar, desde que haja vagas disponíveis.
Entre os temas abordados durante o evento estão: BIM - Elo de ligação entre projetos de Engenharia e Arquitetura; Sistemas Construtivos de Pontes; Controle de Desempenho e Fundações; Concreto - Foco na sua durabilidade e Projeto de Impermeabilização; Uso Prático do Dimensionamento no Estado Limite Plástico; Punção em Lajes; Ampliação do Shopping Tijuca; Química na Construção Civil - Reparo e Injeção; Certificação LEED; Processo em Projetos e Retrofit; entre outros assuntos da área.
Mais informação e inscrição clique aqui.
Comunicação SEESP
Com informações da UFF
Depois de alguns meses sem grandes novidades, ocupados os deputados nas campanhas eleitorais municipais, a Câmara Federal deu, recentemente, sinais de vida. Ou de morte, conforme a polêmica que agita os cultores da língua portuguesa a respeito das expressões “perigo de vida” ou “perigo de morte”.
Com o grave alheamento do movimento sindical (exceção feita aos petroleiros ativistas da FUP) a Câmara aprovou o texto-base do projeto originário do Senado que “alivia” a Petrobrás da exploração do pré-sal e abre caminho para outras medidas mais radicais de financeirização da empresa, algumas já estando sendo praticadas por sua nova direção.
Os deputados se preparam também, com um jantar faustoso na presidência da República, para votar a PEC dos gastos, ponte para um futuro de restrições à ação do Estado e para a diminuição dos gastos públicos, exigências do “mercado” e dos empresários (até mesmo em nota pública das confederações patronais) e cujos efeitos negativos têm sido subestimados pelo movimento dos trabalhadores do setor privado da economia.
Ficam confirmadas assim as características reacionárias da conjuntura e da correlação de forças no Congresso, apontando as dificuldades que o movimento sindical enfrentará em todas as discussões parlamentares sobre os temas de interesse dos trabalhadores.
E, no entanto, apesar das dificuldades, não se pode abandonar a luta, buscando em cada situação evitar o pior e alcançar o desejável, manobrando com habilidade neste ambiente hostil.
Para este esforço – que se conjuga com o esforço unitário do movimento – é de muita valia a mais recente publicação do DIAP sobre a agenda legislativa dos trabalhadores no Congresso Nacional (2016). São listadas as proposições em tramitação na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, assinaladas as de interesse dos trabalhadores do setor privado e aos funcionários públicos e de interesse sindical.
São apresentadas também a pauta prioritária da CNI e a Agenda Brasil, anunciada pelo presidente do Senado, listando-se as 57 ameaças a direitos em tramitação no Congresso.
O livro editado pelo Diap deve estar em todas as mesas dos dirigentes e ativistas sindicais e orientar nossas ações nesta conjuntura que apresenta “perigo de morte” para os direitos.
* João Guilherme Vargas Netto é analista político e consultor sindical
O presidente da FNE, Murilo Pinheiro, foi recebido pelo Ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, em seu gabinete, em Brasília, nesta quinta-feira (6/10). A liderança dos engenheiros levou à autoridade convite para participar do encontro nacional do movimento Engenharia Unida, que acontece de 24 a 26 de novembro próximo, em Barra Bonita (SP).
Foto: Paula Bortolini
Ministro do Trabalho (à esquerda) recebe presidente Murilo Pinheiro.
Na ocasião, Pinheiro salientou a disposição da categoria em participar e contribuir com o governo nas pautas relacionadas ao crescimento e desenvolvimento nacionais no que diz respeito à área tecnológica e da engenharia nacional. “Construir a mudança possível por um país melhor”, destacou.
Ainda na audiência, o presidente da FNE entregou ao ministro a edição atual do “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento” que trata das cidades brasileiras, seus problemas e propostas para solucioná-los; assim como discorreu sobre o trabalho da CNTU com o Brasil Inteligente, e a contribuição do sindicato dos engenheiros de São Paulo (Seesp) com a formação de profissionais ao criar o Instituto Superior de Inovação e Tecnologia (Isitec), que, em 2017, estará constituindo sua quarta turma. “São propostas das nossas entidades para o bem comum da sociedade”, destacou.
Rosângela Ribeiro Gil
Comunicação SEESP
Com informações e fotos de Paula Bortolini - Assessora da Presidência da FNE
É com grande satisfação que comemoramos na próxima semana, no dia 12 de outubro, o Dia Nacional do Engenheiro Agrônomo. Aqui estamos para ressaltar as atividades dos profissionais de ciências agrárias, presentes no dia a dia de todos nós, de forma tão intensa e muitas vezes despercebida.
Uma presença marcante em tudo que usamos e fazemos. Desnecessário mencionar nossos alimentos, frutas, verduras, carnes, grãos, energia, roupas etc. As atividades e a produção agrícola em uma abrangência maior, o agronegócio está presente não só na vida dos brasileiros, mas atinge hoje uma escala mundial, como temos assistido com frequência como Agro é Tec, Agro é Pop, Agro é Tudo.
Merecem nossos cumprimentos e reconhecimento os profissionais de ciências agrárias por contribuírem de forma tão marcante para o desenvolvimento da agricultura com sustentabilidade ambiental. Como referências temos as ações da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (SBCS), Federação Brasileira de Plantio Direto na Palha (FEBRAPDP), Fundação Agrisus da FAO, de todas as Entidades de Ensino e Pesquisa Agronômicas, das Associações de Engenheiros Agrônomos, do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia, enfim, de toda classe agronômica brasileira. Todos eles preocupados e engajados nas ações relativas a sustentabilidade ambiental, ou seja, do sistema solo, planta e atmosfera.
Passa despercebido de grande parte dos consumidores que nossos alimentos são oriundos de uma complexa interação dos fatores: solo x planta e atmosfera, interação essa de intensa complexidade envolvendo a fertilidade do solo, pois os nutrientes necessários para as plantas, em quantidades equilibradas, estão relacionados com a disponibilidade de água, formando a solução do solo. Boas condições climáticas e assim teremos a germinação das plantas e o complexo sistema bioquímico de formação de compostos e desenvolvimento dos vegetais com a produção de folhas, frutos e grãos, por nós consumidos, garantido a nossa qualidade de vida. Portanto são aqueles nutrientes da solução do solo, absorvidos pelas plantas e transformados em produtos, folhas, grãos e frutos que consumimos e são, portanto, os nutrientes para a nossa vida.
O agronegócio brasileiro, com o desenvolvimento e uso de tecnologias avançadas, é hoje a esperança da sustentabilidade política e econômica de nosso País. Destaca-se recente artigo publicado pelo pesquisador da EMBRAPA Monitoramento por Satélite, Dr. Evaristo de Miranda, salientando o fato do Brasil produzir uma tonelada de grãos por habitante, além de 35 milhões de toneladas de tubérculos; 40 milhões de toneladas de frutas; sete milhões de toneladas de bananas; um milhão de toneladas de castanhas, amêndoas e nozes; 34 milhões de toneladas de açúcar/ano; 31 bilhões de litros de etanol; 35,2 bilhões de litros de leite; e 4,1 bilhões de dúzias de ovos. Na produção animal o país abateu 30,6 milhões de bovinos; 39,3 milhões de suínos e seis bilhões de frangos. São números fantásticos com uma contribuição extremamente significativa na balança comercial brasileira e demonstração evidente da eficiência e evolução das atividades agronômicas, pois o Brasil nos anos 70 era importador de alimentos, e hoje é um grande exportador. Somos, no entanto, um grande fornecedor de commodities primárias. Precisamos envidar todos os esforços para a agregação de valores nos nossos produtos agrícolas e assim melhorarmos a nossa balança comercial.
Nada mais justo rendermos nossas homenagens aos profissionais de agronomia quando comemoramos o Dia Nacional do Engenheiro Agrônomo pelo seu trabalho e dedicação à produção agrícola. Obrigado por contribuir com a paz mundial, pois já dizia Norman Borlaug, Nobel da Paz em 1970: “Não se constrói a paz em estômagos vazios."
Vale lembrar Cora Coralina: “Em qualquer parte da terra o homem estará sempre plantando, recriando a vida e recomeçando o mundo." Parabéns engenheiros da paz, profissionais da Agronomia e produtores rurais por garantirem o pão nosso de cada dia e a nossa sempre tão almejada paz.
* Antonio Roque Dechen é presidente do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS) e professor titular do Departamento de Ciência do Solo da ESALQ/USP
O alto custo da gasolina deixou de ser uma preocupação para o produtor rural André Haacke, da Granja Haacke, em Santa Helena, no oeste do Paraná. Há um mês, ele adaptou o veículo de passeio usado pela família, uma caminhonete modelo Hilux, e abastece o automóvel com biometano. O biocombustível é feito a partir dos dejetos de animais em uma biorrefinaria, que funciona na própria propriedade e é mantida pelo CIBiogás (Centro Internacional de Energias Renováveis- Biogás).
O biocombustível é o mesmo fornecido para o abastecimento de 47 veículos que fazem parte da frota da Itaipu Binacional. A qualidade do biometano atende à regulamentação da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), com pureza superior a 96,5%.
De acordo com André, o processo de adaptação do veículo foi rápido e fácil e a economia faz a diferença na hora de abastecer. Com o uso da gasolina, o veículo apresentava um consumo médio de um litro de gasolina para cada seis quilômetros; com o do biometano, a cada mil quilômetros rodados ele deixa de gastar aproximadamente R$ 600. “Como já temos o biometano disponível na nossa propriedade, compensa muito. E também pelo desconto que temos no IPVA”, conta. A redução no imposto para veículos movidos a gás natural veicular (GNV) é de 75%.
A diminuição nos gastos não foi a única motivação da família. O uso do biometano reduz em 90% a emissão de gases poluentes em comparação com a gasolina. “Se cada um fizer a sua parte, podemos construir um mundo mais sustentável”, afirma o produtor rural Nilson Haacke, pai de André.
Foto: Divulgação
Há três anos, os dejetos de aves poedeiras são encaminhados para um biogestor.
Na Granja Haacke, há três anos, os dejetos de 84 mil aves poedeiras e 750 bovinos de corte são encaminhados para um biodigestor, que realiza a digestão anaeróbia da biomassa residual – produzindo diariamente a média de 1.500 m³ de biogás. Desse total, 30% é usado para gerar a energia elétrica que abastece o sistema automático de refrigeração das aves, além do embalamento e limpeza de ovos. O restante é empregado na geração de biometano, suficiente para abastecer uma frota com 54 veículos.
Sobre o CIBiogás
O CIBiogás (Centro Internacional de Energias Renováveis–Biogás) é uma instituição científica, tecnológica e de inovação, formada por um conselho, com 16 instituições que desenvolvem e/ou apoiam projetos relacionados às energias renováveis. Sua estrutura conta com um laboratório de biogás, no Parque Tecnológico Itaipu (PTI), em Foz do Iguaçu (PR), e com 11 unidades de produção de biogás no Brasil.
Comunicação SEESP
Informação da CIBiogás