João Guilherme Vargas Netto*
Configura-se hoje no movimento sindical o desenvolvimento de duas linhas diferentes. Nada impede que elas sejam convergentes e todo o esforço possível deve ser feito para que não se transformem em divergentes.
A primeira linha que conta com a maioria do movimento sindical e de suas bases enfrenta os efeitos da deforma trabalhista e a desorganização das relações do trabalho e dos sindicatos com ações unidas de resistência e ampla mobilização nas campanhas salariais em curso. Não acalenta ilusões e sabe que a luta é difícil.
Ela tem se afirmado com a iniciativa dos metalúrgicos de organizarem um calendário de lutas e a convocação de uma plenária nacional, já ampliada com a participação de muitas outras categorias. Na terça-feira, dia 22, a grande reunião realizada na sede do sindicato dos metalúrgicos de São Bernardo confirmou o cronograma que terá o seu esquenta com a distribuição coordenada do boletim produzido coletivamente pelas entidades iniciadoras do movimento.
Desta linha fazem parte outros pontos expressivos, como a plenária das centrais sindicais para organizar as campanhas salariais, a plenária da Frente Nacional do Trabalho, a posse da nova diretoria dos metalúrgicos e o aniversário do sindicato dos eletricitários, ambos de São Paulo e muitos outros eventos.
A outra linha, que encarna os anseios produtivistas dos trabalhadores, materializou-se na reunião realizada, também na terça-feira, na Fiesp entre a delegação empresarial e as delegações das centrais sindicais reconhecidas (exceto a CUT).
Estava em pauta a retomada do desenvolvimento econômico e a geração de empregos, com inúmeras reivindicações comuns dos trabalhadores e dos empresários (uma pauta circunstancial que encarnava uma versão mitigada do Compromisso pelo Desenvolvimento de 2015).
Mas a condução dada ao encontro pelo anfitrião foi a pior possível, já que empresários se esmeraram em defender a deforma trabalhista e não reconheceram o papel negativo do governo Temer em todos os temas tratados. Acalentam ilusões, visam benefícios corporativos imediatos ou querem tirar castanha do fogo com a mão do gato.
A comunicação eletrônica da Fiesp apressou-se a alardear que “com empresários e trabalhadores Skaf leva a Temer proposta para acelerar a retomada do crescimento” (que retomada, cara pálida?).
Esta reunião, fraudada em seu objetivo maior – a pauta produtivista com indicação precisa de seus adversário e obstáculos – foi um verdadeiro tiro no pé, assombrada, além disto, pelo fantasma da prometida medida provisória sobre recursos sindicais (sobre a qual ninguém falou).
Há tempo de corrigir o erro. As centrais sindicais não devem endossar o encaminhamento dado ao encontro por Skaf e muito menos servir de escada para suas pretensões politiqueiras e as do governo que ele defende e nos agride.
* Consultor sindical
Notícia editada do Jornal da USP*
Foram dois anos de produção e outros dois de edições finais. Durante mais de 500 páginas de seu novo livro "Propriedades dos fluidos derivados do petróleo" (LTC Editora, 2017), Luiz Roberto Terron trata de assuntos como os meios de discriminação dos constituintes do petróleo; técnicas de medições experimentais; propriedades volumétricas, calóricas e equilíbrio líquido-vapor de hidrocarbonetos e misturas; análise de petróleo e frações; e modelagem e cálculo das propriedades de caracterização. Ao término, há ainda exercícios para auxiliar na compreensão e assimilação dos conteúdos dispostos.
A obra é fruto de uma disciplina laboratorial do curso de Engenharia de Petróleo da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP). Professor aposentado do Departamento de Engenharia Química (PQI), o autor reuniu na publicação dez anos de aulas ministradas e todas as experiências vividas como docente.
Atualmente, o Brasil possui 42 cursos destinados à Engenharia de Petróleo, número inferior à demanda de 7 mil profissionais que o mercado nacional necessita. Para Terron, a obra chega para ajudar a preencher tais lacunas no País. O professor defende que o conteúdo pode ser útil à consulta de pós-graduandos, pesquisadores e engenheiros da área.
Luiz Roberto Terron também é autor de "Operações unitárias para químicos, farmacêuticos e engenheiros", publicada em 2012. "Propriedades dos fluidos derivados do petróleo" pode ser adquirido no site da editora.
* Universidade de São Paulo
Augusto Vasconcelos*
Um dos aspectos similares das economias dos países que compõem os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) refere-se ao papel destacado dos bancos públicos para impulsionar a mobilização de capitais em prol de novo estágio de desenvolvimento. Em geral, as políticas de industrialização no mundo tiveram presença marcante de financiamento de instituições financeiras públicas.
No Brasil, desde o surgimento do Banco do Brasil há mais de 200 anos, com a chegada da família real, os grandes projetos de infraestrutura tiveram participação de créditos oriundos dos bancos estatais. O Estado, sobretudo a partir dos anos 1930, se encarregou da tarefa da industrialização pesada devido aos riscos do investimento não absorvidos pelo setor privado.
Boa parte das patentes tecnológicas, que exigem investimentos cuja maturação é de médio e longo prazo, foi trazida para cá por empresas estrangeiras, revelando o déficit na produção com valor agregado e a aversão dos agentes de mercado a riscos. Os bancos privados possuem desempenho pífio em financiamento de projetos estruturantes. Não fosse o BNDES, por exemplo, as hidrelétricas do Rio Madeira jamais sairiam do papel.
A situação, no entanto, pode piorar e muito! As forças antinacionais e antipovo, que comandam o governo Temer, agora miram os bancos públicos, colocando-os no centro do alvo para engatar de vez o desmonte do Estado nacional.
A recente substituição da Taxa de Juros de Longo Prazo, que vai encarecer a concessão de crédito pelo BNDES, certamente afugentará ainda mais investidores. A cada ano despenca a taxa de investimentos em relação ao PIB, acentuando o processo crescente de desindustrialização da economia.
O ataque ao BNDES, com o pseudodiscurso de ajuste fiscal e controle das contas públicas, demonstra a desfaçatez de um governo que mantém intactos os interesses da elite financeira. Basta analisar a Emenda Constitucional 95 que institui o "teto de gastos", promovendo o congelamento do orçamento público por 20 anos, mas que não cria qualquer limite para a rolagem dos juros pagos a bancos pela dívida da União.
Ademais, a Constituição estipula no art. 26 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias que a dívida deveria ter sido auditada um ano após a sua promulgação em 1988. Fortes interesses impedem que isso se concretize.
O Banco do Brasil enfrenta um processo de reestruturação que visa seu enxugamento. Fechamento de centenas de agências, redução de 14 mil empregados e contração na oferta de crédito fazem parte do receituário que fragiliza a instituição.
Na Caixa, o governo ameaça privatizar as loterias e a área de cartões. Ao mesmo tempo, o ataque vem a galope, com a possibilidade de que os recursos do FGTS possam ser pulverizados entre bancos privados, eliminando um funding decisivo para financiamento a programas habitacionais e de desenvolvimento urbano. Ou alguém acha que os bancos privados topariam investir no "Minha Casa Minha Vida" ou no saneamento básico das cidades?
No Congresso Nacional tramitam diversos projetos que permitem a utilização dos recursos do FGTS para fins diversos da sua origem. Recentemente o governo anunciou a possibilidade de usar recursos do Fundo para custear o seguro-desemprego. Isso significa minar o FGTS e dificultar a sua utilização para financiamento de projetos estruturantes.
A falta de aporte de recursos na Caixa, por parte do Tesouro, pode levar a uma asfixia que a partir de 2019 comprometerá a capacidade do banco em ofertar crédito, representando o colapso da instituição. Enquanto isso, percentual dos lucros obtidos pela Caixa nos últimos anos continua sendo repassado ao acionista controlador, o próprio governo, visando o esforço de geração de superávit primário, ao invés de ser reinvestido para auxiliar na retomada do crescimento econômico.
No Banco do Nordeste há ameaças severas que tramitam no Congresso Nacional visando entregar a gestão do Fundo Constitucional do Nordeste também a bancos privados. Dessa forma, colocam-se em risco os objetivos de minimizar as desigualdades sociais e regionais, apontando para uma lógica de beneficiamento do lucro privado. Isso pode, inclusive, inviabilizar a existência do BNB enquanto banco de fomento ao desenvolvimento da região.
A partir de 2008, com a eclosão da crise financeira em plano internacional, o governo Lula apontou o caminho da redução do depósito compulsório no Banco Central, com o propósito de que os recursos disponíveis pudessem expandir a oferta de crédito, em uma medida anticíclica para refrear os efeitos de uma possível recessão econômica. Contudo, no primeiro momento, somente a Caixa, 100% pública, expandiu as operações e reduziu juros e tarifas.
Enquanto isso, os bancos privados abocanharam os novos recursos disponíveis e, sem qualquer preocupação social, aplicaram em operações de tesouraria. Até o Banco do Brasil, cuja maioria do capital votante pertence à União, demorou a adotar as medidas orientadas pelo governo, em razão das ameaças dos acionistas privados.
Os bancos públicos possuem caráter estratégico, inclusive para operacionalizar uma política econômica desenvolvimentista e anticíclica. Um país soberano e altivo não pode abrir mão dessas organizações.
Daí a ira dos neoliberais com essas instituições. Introduziram um verdadeiro neocolonialismo no Brasil, promovendo uma brutal desnacionalização da economia, que nos subjugará a um papel subalterno na divisão internacional do trabalho, como mero exportador de matérias-primas e commodities.
Por isso, invocam expressões como superar a "era Vargas", pois atendem a interesses inconfessáveis de potências estrangeiras sob nossas riquezas. Os verdadeiros patriotas devem se unir para preservar os bancos públicos e a nossa soberania ameaçada.
* Advogado, professor universitário, presidente do Sindicato dos Bancários da Bahia. Mestre em Políticas Sociais e Cidadania (UCSAL), Especialista em Direito do Estado (UFBA).
Da Embraer*
A Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer) abriu inscrições para o Programa de Especialização em Engenharia (PEE), que selecionará até 30 engenheiros recém-formados interessados em atuar na área de engenharia de desenvolvimento de produtos da empresa. Os interessados podem se inscrever até o dia 24 de setembro pelo embraer.com.br/PEE. O curso terá início em 19 de fevereiro de 2018 e tem duração de um ano e meio. Podem participar engenheiros com inglês avançado graduados entre 2015 e 2017 nas modalidades aeronáutica, civil, computação, eletrônica, materiais, mecânica, mecatrônica, naval, produção, química ou outras áreas relacionadas.
Em parceria com o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), o PEE é um programa corporativo que visa a capacitação de profissionais e oferece título de mestrado profissional em engenharia aeronáutica, reconhecido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), órgão ligado ao Ministério da Educação. Todos os cursos e atividades são ministradas em dependências da companhia por profissionais da Embraer e consultores contratados.
Sobre o curso
O Programa de Especialização em Engenharia combina a carga de especialização técnica com o desenvolvimento de conhecimento multidisciplinar. O programa está estruturado em três fases distintas com duração de cinco a seis meses cada (Fundamentos de Aeronáutica, Especialização e “Projeto Avião”). As aulas são ministradas de segunda a sexta-feira, em período integral das 7h30 às 17h, por professores do ITA, especialistas da Embraer e consultores de diversos países. Desde que o PEE foi criado, já foram formadas 24 turmas, com cerca de 1.400 engenheiros aptos a atuar em diferentes etapas da cadeia industrial da aviação.
* Empresa Brasileira de Aeronáutica
Comunicação SEESP*
Em 22 de agosto último, o Núcleo Jovem Engenheiro do SEESP ministrou a palestra "Engenharia: profissão e mercado de trabalho" para os acadêmicos da área da Universidade Paulista (Unip), na cidade de Bauru, interior de São Paulo. A atividade foi acompanhada pelos diretores da delegacia sindical local, Cezar José Sant´Anna, Luiz Antonio Battaglini e Carlos kirchner.
A instituição de ensino reuniu cerca de 590 estudantes interessados em participar e compreender os desafios da profissão, as responsabilidades e a implantação do Núcleo Jovem Engenheiro na região. A coordenadora do núcleo, Marcellie Dessimoni, ressaltou a importância de os futuros profissionais exercerem o seu papel como protagonistas, contribuindo para o desenvolvimento do Estado e do País. Ela falou também sobre legislação e as exigências do mercado de trabalho atual.
Foto: Jéssica Trindade Passos
Alunos de Engenharia Civil da Unip acompanham palestra do Núcleo Jovem do SEESP.
Sant´Anna discorreu sobre as lutas do sindicato em defesa dos profissionais da área tecnológica desde a sua criação, como pelo cumprimento do piso salarial (Lei 4.950/A-66) e a liderança da entidade no movimento de ciência e tecnologia no Congresso Constituinte, em 1988, cujo papel foi fundamental na inclusão dos artigos 218 e 219 na Carta Magna, que tratam do incentivo ao desenvolvimento científico e a capacitação tecnológica. O dirigente ainda falou sobre a reforma trabalhista transformada na Lei 13.476, sancionada em 13 de julho último, que significará grave retrocesso social.
Já Kirchner apresentou o Programa de Moradia Econômica (Promore), criado há 20 anos pela Delegacia Sindical do SEESP em Bauru com o propósito de facilitar a construção de casas para famílias com renda até cinco salários mínimos. O programa permite também aos recém-formados em Engenharia Civil obterem experiência na sua área de formação, já que são acompanhados de profissionais experientes para orientar os clientes no projeto e execução da obra.
O professor e coordenador do curso de Engenharia Elétrica, Luis Adriano Madalena, recebeu o grupo com grande entusiasmo e ressaltou a importância de iniciativas como essas, promovidas pelo SEESP, que dispõe de profissionais para levar o conhecimento aos estudantes de engenharia.
Para Dessimoni, a palestra foi uma grande oportunidade de apresentar o projeto “Cresce Brasil” e o movimento Engenharia Unida, da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE). “Acreditamos que a engenharia é a mola propulsora do desenvolvimento nacional, e a juventude é o presente e futuro desta nação; juntas, transformam e melhoram a vida das pessoas."
Formação do núcleo em Bauru
No dia seguinte (23), a coordenadora do núcleo e a estagiária Jéssica Trindade Passos se reuniram na regional com os diretores Cezar José Sant´Anna e Luiz Antonio Battaglini e os recém-formados Alison Tibúrcio, Sabrina, Thiago Cabestré e Vinicius Pinezi, para discussão e orientação sobre a formação do grupo na região abrangida pela delegacia em Bauru.
Foi apresentado aos profissionais o objetivo do núcleo, que é o de aproximar a juventude da entidade, da luta sindical e do debate sobre o desenvolvimento do País, garantindo ao segmento um espaço para discutir os desafios do ingresso no mercado de trabalho.
Segundo Dessimoni, ficou clara a importância da expansão do Núcleo Jovem Engenheiro para o fortalecimento da Engenharia Unida. "Acreditamos que esse movimento deve estar presente em todas as regiões do Brasil para integrar o jovem à ação pelos seus direitos e responsabilidades como profissionais e cidadãos."
* Com informações de Marcellie Dessimoni e Jéssica Trindade Passos
Rosângela Ribeiro Gil
Comunicação SEESP
A Delegacia Sindical do SEESP na Baixada Santista está participando ativamente da discussão sobre a implementação de políticas de desenvolvimento para geração de empregos na região. Um dos grandes impactos na economia local se deu quando a linha de produção de aço da Usiminas foi fechada, no polo industrial de Cubatão. À época, em 2016, foram demitidos mais de 4 mil trabalhadores, entre empregados diretos e terceirizados da siderúrgica, com reflexos em cascata em outras fábricas e serviços locais.
>> Encolhimento da Usiminas elimina milhares de empregos e afeta região
Naquele momento, lembrou o presidente da Delegacia Sindical do SEESP, Newton Guenaga Filho, criou-se o Fórum Cresce Baixada com sindicatos de trabalhadores, cujos representantes se reuniram com setores sociais, empresarial e prefeituras da região. Agora, informou o dirigente, viabilizou-se um canal direto de discussão com o Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana da Baixada Santista (Condesb) – órgão que abrange nove prefeituras, cujo presidente atual é o prefeito de Praia Grande, Alberto Mourão. Na terça-feira última (22), foi realizada reunião ampla, com a presença de quase 40 sindicatos de trabalhadores, em Cubatão, e a participação do prefeito. Foram debatidas diversas ações, entre essas a instalação de um estaleiro naval e de uma fábrica de material ferroviário.
A região, conforme dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho, já perdeu mais de 48 mil postos de trabalho de 2014 para cá. Uma situação, destacaram os participantes da reunião do dia 22, totalmente incompatível com o perfil da Baixada, que tem 23 indústrias de base, além do maior porto da América Latina. Entre as ações definidas também está a formação de um conselho com todos os segmentos – trabalhadores, universidades, empresários e prefeituras – para definir uma proposta de ação para reverter o quadro de estagnação econômica da Baixada Santista. Nova reunião ficou agendada para o dia 28 de agosto próximo.
>> Confira reportagem de TV local aqui
Luis Nassif*
O anúncio de venda da Eletrobras para fazer caixa é uma das iniciativas mais aberrantes do governo Temer. A ideia da “democratização do capital” e a comparação com a Vale e a Embraer é esdrúxula. Ambas estão na economia competitiva enquanto a Eletrobrás é uma concessionária de serviços públicos, estratégica para o país.
A avaliação de R$ 20 bilhões equivale a menos da metade de uma usina como Belo Monte. A Eletrobras tem 47 usinas hidroelétricas, 114 térmicas e 69 eólicas, com capacidade de 47.000MW, o que a faz provavelmente a maior geradora de energia elétrica do planeta. É uma empresa tão estratégica quanto a Petrobras.
A Eletrobras está sendo construída desde 1953 e exigiu investimentos calculados em R$ 400 bilhões do povo brasileiro. Além da capacidade geradora, que equivale a meia Itaipu, a Eletrobras controla linhas de transmissão, seis distribuidoras e a Eletronuclear, empresa estratégica que detém as únicas usinas nucleares brasileiras.
O modelo elétrico brasileiro é uma obra de engenharia fantástica, resultado do pensamento estratégico de especialistas como Octávio Marcondes Ferraz, Mário Thibau, Mário Bhering, um conjunto de técnicos da Cemig – que também corre risco idêntico.
No governo Fernando Henrique Cardoso, o desmonte irresponsável desse modelo promoveu um encarecimento brutal das tarifas, que acabou tirando a competitividade brasileira em vários setores eletrointensivos. Lá, como agora, moviam-se exclusivamente por visão ideológica, sem um pingo de preocupação com a lógica de um sistema integrado.
O comprador, com toda probabilidade, será um grupo chinês que por R$ 20 bilhões assumirá o provavelmente maior parque de geração hidroelétrica do planeta. É realmente inacreditável o nível de improvisação, cegueira estratégica, leviandade suspeita atrás desse tipo de decisão de quebra-galho financeiro.
Nos EUA, o parque hidroelétrico, que corresponde a 15% da matriz energética, é estatal federal, porque lá se acredita que energia elétrica, que recursos hídricos são de interesse nacional e não podem ser privados. Lá há muito cuidado com água, rios e represas e nunca se pensou em privatizar.
A ideia de privatizar estava óbvia quando a rainha das privatizações da era FHC, Elena Landau, foi colocada como presidente do Conselho da empresa. Há um mês pediu demissão para não ficar evidente demais sua presença com o anúncio da privatização, ligando a lembranças de sua atuação no governo tucano.
Para completar o pesadelo, o ministro de Minas e Energia é um rapaz de 33 anos, formado em administração de empresas pela Faap [Fundação Armando Álvares Penteado], sem qualquer especialização na área e representando o histórico Partido Socialista Brasileiro, de ilustres nomes como João Mangabeira, que deve estar se revirando na tumba com tal iniciativa por um “socialista” pernambucano.
* Jornalista. É editor do blog GGN
Do Diap*
Os sindicatos dos metalúrgicos de todo o País e de todas as centrais sindicais saem na frente e lançam campanha contra a reforma trabalhista, contextualizada na Lei 13.467/17, sancionada pelo presidente Michel Temer (PMDB) em 13 de julho, que entrará em vigor em novembro.
Vanguardista, a categoria cuja data-base é novembro se prepara para enfrentar a reforma trabalhista, que retira e mitiga direitos do trabalhadores e, ainda, enfraquece política e financeiramente a organização sindical.
Foto: Divulgação
Reunião de dirigentes metalúrgicos realizada terça (22), na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo (SP).
O movimento nacional “Brasil Metalúrgico” colocou informativo na rua, em que convoca os trabalhadores para, unidos, lutarem “contra as reformas”. O material explica, de forma simples e didática, o conteúdo destrutivo da Lei 13.467, que joga na lata do lixo a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e a substitui por uma lei que protege o capital em detrimento do trabalho e do trabalhador.
Contrato coletivo nacional
Os metalúrgicos vão além da negociação salarial deste ano. Propõem um “acordo coletivo nacional”, que garanta piso salarial e direitos mínimos a todos os metalúrgicos. Explicam, no informativo, que esse acordo já foi conquistado pelos petroleiros e bancários. E existe também na categoria dos trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT).
Dia nacional de luta e plenária nacional
No contexto da campanha nacional, a categoria vai fazer três grandes movimentos nos meses de agosto e setembro: nos dias 28 a 31 de agosto, mobilização nas fábricas e divulgação do informativo “Brasil Metalúrgico” e do Dia Nacional de Luta; no dia 14, protestos e greves contra a “redução de direitos e para fortalecer as campanhas salariais”; e no dia 29, realização de plenária nacional dos metalúrgicos, cujo objetivo é organizar a “mobilização em defesa dos direitos”.
Exemplo a ser seguido
Essa movimentação dos metalúrgicos é um bom exemplo a ser seguido pelas demais categorias profissionais de trabalhadores no Brasil. União nacional, com propostas e mobilização na base, contra a retirada de diretos.
Luta concreta e objetiva contra a reforma ilegítima, uma lei cujo objetivo é retirar direitos dos trabalhadores e fortalecer mais ainda o capital. O que desequilibra e ofende sobremodo o mundo do trabalho, como chamam a atenção o juiz Jorge Luiz Souto Maior e a juíza trabalhista Valdete Souto Severo.
* Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar
Do site Motorsport
O Motorsport Network lança uma nova plataforma global de recrutamento da indústria que visa conectar o melhor talento do setor automobilístico mundial com as melhores opções de carreira.
O Motorsportjobs.com não só permite que as empresas do esporte anunciem para encontrar os melhores candidatos para cargos, mas também fornece uma plataforma para o automobilismo mostrar suas habilidades e experiência para novas oportunidades.
O novo site também destacará as oportunidades globais - conectando profissionais talentosos com oportunidades de carreira em novos mercados, refletindo o alcance global do Motorsport Network, que oferece 28 edições, incluindo Motorsport.com, Autosport.com e Motor1.com, mais os canais de mídias sociais e revistas editadas por especialistas locais.
"É um site absolutamente focado no setor automobilístico. No momento, não existe nenhuma plataforma de recrutamento de última geração apenas para o nosso esporte", disse Rob Paterson, vice-presidente de divisão de classificados do Motorsport Network.
"Há muitos sites de trabalho que podem ser excelentes para trabalhos de vendas ou administração, mas não são realmente bons quando você quer encontrar um engenheiro especializado."
"Essa é também uma extensão do que fizemos na Autosport Magazine nos últimos 67 anos, em que a parte de recrutamento ainda é forte. Agora, temos a oportunidade de alcançar um público por meio do digital, para encontrar o candidato certo."
O Motorsport Network experimentou um rápido crescimento nos últimos dois anos para se tornar a maior plataforma digital independente do setor automobilístico e automotivo do mundo. Atualmente, a rede tem mais de 172 milhões de visualizações mensais, em 81 países, em 17 idiomas diferentes, fornecendo uma plataforma perfeita para o lançamento do Motorsportjobs.com.
Paulo Cannabrava Filho, nos Diálogos do Sul *
O chamamento a esse evento, "Emprego e desenvolvimento rumo ao Brasil 2022", me deu um susto e logo riso. Estarei vivo? Haverá Brasil em 2022? O assunto é sério e merece muita reflexão, mesmo porque 22 é emblemático: dever-se-ia comemorar 200 anos da Independência e 100 anos do movimento modernista. Nada a comemorar. Dois fracassos.
Longe dos sonhos dos patriarcas pela Independência, hoje voltamos ao tempo de D. João VI, prisioneiros da dívida, tutelados pelo império da vez, exportadores de produtos primários. Longe dos sonhos dos modernistas e das gerações que continuaram a pensar o País, estamos condenados a ser o país do atraso, incapazes de olhar crítica e criativamente a realidade.
A conjuntura atual impede qualquer projeção racional sobre trabalho, empregabilidade e mesmo desenvolvimento, seja de curto, médio ou longo prazo. Os dados e fatos da crise estão estampados nos jornais e na face desse nosso sofrido povo. Pior das crises, porque é econômica, política e moral, ou crise civilizatória, como diria o mestre Darcy Ribeiro.
A pergunta que se coloca é: como chegar a 2022?
Dizem que sou pessimista, mas o que sou é realista, pé no chão, depois de 60 anos a observar o andar do processo brasileiro e latino-americano. Se conduzido pela plutocracia que usurpou o poder, nos próximo cinco anos não haverá desenvolvimento, serão péssimas as condições de empregabilidade, e bem maior a exclusão social.
Em cinco anos o País será o maior exportador de grãos do mundo - terá ultrapassado os Estados Unidos -; será o maior exportador de minerais, como o ferro, cobalto, níquel, lítio, ouro, sem esquecer do petróleo.
A engenharia terá virado suco, literalmente, outro produto de exportação. O País já é exportador de cérebros. É o fim da picada, investem-se décadas na formação de um quadro e ele vai embora, usar seu conhecimento para o desenvolvimento de outros países. Éramos um país de imigrantes, por séculos, e agora são alguns milhões que estão lá fora e não entram na conta dos 14 milhões de desempregados.
Desconfiem dessa cifra, pois só computa os que estavam com carteira assinada. Não estão computados os milhões que não entraram no mercado formal de trabalho, os que saíram e viraram PJ ou criaram estratégias de sobrevivência. Somando tudo, deve dar uns 20 milhões, pelo menos. E os 40 milhões que diziam ter tirado da pobreza, em que conta entram?
Gente: não é só a ocupação predatória e genocida do território, é a capacidade produtiva do País que estão destruindo. E, o que é o mais grave, porque pouca gente está se dando conta disso, é a soberania do País que está sendo estuprada. Se não se recupera a soberania, nenhuma outra mudança será possível.
Será pior em 2022, a não ser que se mude esse modelo. Vejo tão enraizada essa ditadura do pensamento único imposta pelo capital financeiro, ou se preferem, a ditadura do capital financeiro imposta pelo pensamento único, que nada mudará a não ser com uma ruptura institucional. Nada mudará se não se libertar o País da pior das servidões, a servidão intelectual, fazer com que as escolas e as universidades voltem a pensar o País.
É muito bom o que vocês estão fazendo, chamando a inteligência a debater a realidade do País. Esse é o caminho. Esse é o caminho, mas não basta. Para chegar a algum lugar, é preciso acumular muita força. Isso só se consegue com intenso trabalho de ação cultural em cada sala de aula, em cada local de trabalho, principalmente nos bairros populares.
É preciso acumular forças em torno de uma ideia concreta de projeto nacional de desenvolvimento sustentável, inclusivo, democrático. Temos dito com insistência que já estamos fartos de diagnósticos e choramingas sobre os espaços perdidos. A hora é de prognósticos e de recuperação de espaços, de construção de novos espaços, de formulação de propostas.
Acredito que só uma grande campanha, como foi a das Diretas já nos anos 1980, chamando para uma grande frente de salvação nacional, pode recolocar o País nos trilhos. Salvação nacional porque é a soberania que está em jogo. Um enorme movimento que empolgue o País e culmine com uma Constituinte com soberania popular, que aprove um novo modelo de desenvolvimento, uma nova maneira de se fazer política, uma democracia a ser exercida pelo povo, diretamente.
Qualquer movimento que contrarie a plutocracia, os poderosos que saqueiam o País, será fortemente combatido pelos meios de comunicação, há tempos transformados em porta-vozes do pensamento único.
Não basta vituperar o Partido Mídia. É preciso denunciar, explicar ao povo que não existe futuro sob a ditadura do capital financeiro, e, mais que tudo, apoiar a mídia alternativa, os jornalistas que com sacrifício estão publicando o que a grande mídia esconde, estão instigando a crítica, abrindo janelas de reflexão.
Aproveito para pedir o apoio de todos vocês à Diálogos do Sul, revista virtual bilíngue, sucessora de Cadernos do Terceiro Mundo, projeto que busca dar voz aos que lutam pela independência, integração entre os povos, a diversidade, a multicultura.
Foto: Beatriz Arruda
* Jornalista e editor de Diálogos do Sul. Texto apresentado à 11ª Plenária do Conselho Consultivo da Confederação Nacional dos
Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados (CNTU), no dia 18 de agosto de 2017.