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Quando o governo federal resolveu encomendar helicópteros, aviões de caça e cargueiros, investir em radares e veículos não tripulados como parte do plano de estratégia nacional de defesa, criado em 2008, a indústria aeroespacial e de defesa do país passou a desengavetar os planos de contratação.

A estimativa do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é que esse setor cresça entre 10% e 20% nos próximos três anos. Até 2020, serão criados 48.000 novos postos de trabalho nesse mercado, que atualmente emprega 30.000 profissionais nas 180 empresas filiadas à Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança (Abimde).

Pelos cálculos da associação, até 2030 serão gerados 60.000 empregos. No entanto, o plano do governo de fomentar esse mercado corre o sério risco de não decolar. As 14 empresas e especialistas ouvidos para essa reportagem foram unânimes em relatar a dificuldade de encontrar profissionais qualificados.

Algumas estão importando mão de obra temporária. Se o país não quiser perder essa chance, vai ter de investir em formação e capacitação. “Mais do que aumentar o número de graduados é preciso mudar a mentalidade das instituições para formar gente com capacidade de inovar”, diz Fernando Catalano, professor de aeronáutica da Universidade de São Paulo (USP) de São Carlos.

No Brasil, são poucas as instituições que oferecem cursos na área aeroespacial, como o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), a Universidade do Vale do Paraíba (Univap) e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). A Universidade de Brasília (UnB) começou a oferecer um em 2012.

“O problema em abrir mais cursos é que não há professores suficientes”, diz Catalano. A USP está com uma vaga aberta há sete anos porque não encontra um professor de aviônica — toda a parte eletrônica a bordo dos aviões — e está abrindo edital de vaga no exterior para tentar preencher a posição. A universidade forma cerca de 50 engenheiros aeronáuticos por ano — desses, 70% vão trabalhar na indústria para a qual foram formados.

No ITA, dos 120 formados por ano, apenas 60% vão trabalhar no setor. Os demais vão para consultorias e mercado financeiro, atraídos por salários mais altos. Para diminuir essa diferença, o ITA vai, em sete anos, passar a formar o dobro.

“Hoje, não temos condições de suprir essas projeções de geração de emprego na área, mas tem uma série de medidas que, se levadas adiante, vão ampliar a oferta de profissionais”, diz o professor Cláudio Jorge, chefe da divisão de infraestrutura e engenharia civil do ITA. O próprio instituto estuda como interagir com outras universidades federais do Pará, do Ceará, de Brasília e de Santa Catarina para a troca de experiências.

Fonte: Exame.com




O governo federal recebeu, no dia 24 último, documento assinado por 14 entidades, entre sindicais, industriais e acadêmicas, com 21 propostas da cadeia ao poder público com ações em defesa das empresas nacionais de autopeças. O principal apelo é para que o governo fiscalize e barre a invasão de autopeças importadas, que só no ano passado trouxe um déficit comercial de US$ 5,7 bilhões ao Brasil.

"As empresas nacionais da cadeia automotiva, em particular as da base da pirâmide não tem participado da evolução do setor, vêm se desestruturando e perdendo participação no fornecimento", informa o documento para justificar a criação do Inovar-Peças, já que o Inovar-Auto prevê o aumento do índice de nacionalização de veículos atrelado à desoneração tributária do setor.

Entre as propostas apresentadas, a "Carta do Grande ABC em Prol do Inovar-Peças" cobra a garantia da efetivação dos índices de nacionalização de peças por meio de um sistema de rastreabilidade e que sejam tornadas públicas as despesas das montadoras com as peças que irão gerar o crédito no Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) dos veículos. O documento pede também que seja criado um sistema, no Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio (MDIC), para que empresas sejam denunciadas pelo uso de autopeças importadas e "maquiadas" para se "transformarem em nacionais".

Confira a íntegra da Carta

Nesta data, em São Bernardo do Campo, Região do Grande ABC Paulista, realizou-se o Seminário "INOVAR-AUTO: DESAFIOS E OPORTUNIDADES PARA A REGIÃO DO Grande ABC", que reuniu representantes dos trabalhadores, dos empresários, do poder público (esferas municipal, estadual e federal) e das instituições de ensino e pesquisa de nível superior e técnico, com vistas a debater os desafios para a cadeia automotiva da região e do Brasil, com a entrada em vigor do novo Regime Automotivo, o "Inovar-Auto".

A partir das discussões do seminário e do Arranjo Produtivo Local (APL) de Autopeças da Região do Grande ABC, ora em formação, nós, membros dos diversos segmentos da cadeia produtiva, concluímos que o Inovar-Auto representa um avanço na política industrial. Pela primeira vez no setor, a política automotiva condiciona os incentivos a contrapartidas em termos de inovação, pesquisa e desenvolvimento tecnológico no país.

Contudo, queremos alertar que, apesar do mercado de veículos no Brasil ter crescido continuamente nos últimos dez anos, tornando-se o quarto maior mercado mundial, as empresas nacionais da cadeia automotiva, em particular as da base da pirâmide, não têm participado desta evolução. Ao contrário: elas vêm ano a ano se desestruturando e perdendo participação no fornecimento de peças, componentes, máquinas e ferramentas na produção brasileira de veículos. Um dos resultados é o crescimento do déficit comercial no setor, que, em 2012, atingiu US$ 5,7 bilhões.

Dentre as causas dessa desestruturação de importantes elos da cadeia automotiva, destacamos:

A gradativa redução da participação de peças, componentes, máquinas e ferramentas nacionais nos projetos de veículos das montadoras;

A perda da competitividade do setor nacional de autopeças e seus fornecedores, bem como a diminuição significativa de sua capacidade de investimento e modernização;

A falta de eficácia dos atuais programas de inovação tecnológica, bem como os de qualificação profissional, no apoio às empresas da base da pirâmide da cadeia automotiva;

A dificuldade do efetivo acesso ao crédito para investimento e capital de giro, especialmente no caso das empresas de pequeno e médio porte pertencentes à base da pirâmide.

Assim, neste momento de regulamentação do Inovar-Auto, nós, integrantes da cadeia automotiva da Região do Grande ABC, que é o mais importante polo produtivo do setor no país, apresentamos as seguintes propostas ao Governo Federal e aos demais representantes da cadeia automotiva, visando constituir O "INOVAR-PEÇAS" no âmbito do INOVAR-AUTO:

I - NACIONALIZAÇÃO, INOVAÇÃO E QUALIFICAÇÃO

1. Garantir a efetivação dos índices de nacionalização de peças e componentes criados pelo Inovar-Auto, por meio de um sistema transparente de rastreabilidade.

2. Subtrair as despesas com componentes e peças importadas utilizadas, tanto nos veículos como nos subconjuntos, dos gastos que geram crédito tributário no Inovar-Auto.

3. Tornar públicas, por meio de mecanismos apropriados, as despesas das montadoras que geram crédito de IPI.

4. Criar sistema de denúncia formal e documentada ao MDIC referente à "maquilação" da produção nacional de veículos.

5. Desenvolver, por meio de incentivos tributários e de crédito, o adensamento da cadeia automotiva no Brasil.

6. Apoiar, por meio de incentivos tributários e de crédito, a diversificação da produção da cadeia automotiva para setores correlatos, que projetam elevados investimentos para os próximos anos, tais como, ferroviário, naval, defesa, aeroespacial, petróleo e gás, tratamento de superfícies, beneficiamento de materiais, entre outros.

7. Apoiar a estruturação de APLs regionais para setores ligados à cadeia automotiva.

8. Promover, por meio de incentivos tributários e de crédito, parcerias nacionais e internacionais no setor de autopeças (fusões, joint ventures entre outros).

9. Desonerar os bens de produção produzidos no Brasil para as empresas de autopeças e as montadoras de veículos.

10. Viabilizar estudos da cadeia automotiva que identifiquem as necessidades das empresas do setor.

11. Apoiar a criação de um Observatório Regional voltado à identificação das necessidades de qualificação de trabalhadores para a cadeia automotiva, e atendê-las por meio do Pronatec.

12. Constituir um banco de informações de recursos humanos qualificados e aptos a exercer as funções na indústria de autopeças.

II- ACESSO AO CRÉDITO 

13. Implantação de um plano de renegociação de dívidas para micro, pequenas e médias empresas, a fim de resolver o problema da emissão de Certidão Negativa de Débito (CND).

14. Construir linhas alternativas de crédito direcionadas à base da pirâmide da cadeia automotiva, por meio do BNDES e de intermediários financeiros não públicos que assumam o risco do financiamento, tendo como garantia os pedidos das montadoras e sistemistas.

15. Garantir a participação das Centrais Sindicais nas decisões de investimentos dos bancos oficiais, de formar a assegurar as contrapartidas em termos de geração de empregos e de qualificação continuada dos trabalhadores (as) que atuam na indústria de autopeças, em especial os da base da pirâmide.

III - INOVAÇÃO

16. Desenvolver política específica de apoio à inovação tecnológica para a cadeia automotiva, em especial as empresas produtoras de autopeças e ferramental.

17. Regulamentar o gasto obrigatório das montadoras em inovação, engenharia, tecnologia básica e desenvolvimento de fornecedores, de modo que parte desses recursos sejam gastos "fora" das montadoras.

18. Estabelecer em regulamento a obrigatoriedade de que as montadoras despendam localmente os gastos exigidos pelo Inovar-Auto em centros de engenharia independentes, universidades, parques tecnológicos e projetos de qualificação profissional, com vistas à modernização das empresas da base da pirâmide alocadas nas regiões em que estão instaladas as montadoras.

IV - TRIBUTOS

19. Alterar a regulamentação da desoneração da folha de pagamento do setor de autopeças, permitindo que a mesma atinja a totalidade da empresa, de modo a viabilizar as estratégias de diversificação da produção.

20. Envolver as Centrais Sindicais e os sindicatos de trabalhadores metalúrgicos nas negociações de desoneração fiscal ora em curso no âmbito dos governos federal e estaduais, que tenham como objetivo incentivar a indústria de autopeças.

21. Postergar o prazo do pagamento dos tributos em relação ao fato gerador como forma de liberar capital de giro para as empresas do setor.

 

Fonte: Repórter Diário




A cidade de Marília realizou importante debate sobre a segurança no trabalho na construção civil, no dia 19 de abril último, cujo objetivo foi o de apresentar e esclarecer dúvidas sobre a aplicação de várias normas regulamentadoras (NRs), entre elas as de números 7 (Programas de Controle Médico de Saúde Ocupacional), 9 (Programas de Prevenção de Riscos Ambientais), 10 (Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade) e, principalmente, 18 (Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção), na sede da Associação dos Engenheiros Arquitetos e Agrônomos da Alta Paulista.

Ao longo do evento, com a previsão de revisão geral da NR-18 para este ano, fez-se um comparativo do texto atual com as principais mudanças propostas. Foi mostrado, também, os principais riscos e medidas de controle administrativas, coletivas e individuais e a definição das responsabilidades dos envolvidos. Aspectos como uso adequado dos elevadores de obras, andaimes tubulares, instalações elétricas provisórias e medidas de proteção coletiva, como redes do tipo força, etc, também foram abordados na palestra. Estiveram em pauta, ainda, questionamentos sobre terceirização, uso de protetor solar e desvio de função nos serviços de limpeza.

A palestra teve na organização: Ministério do Trabalho e Emprego, Delegacia Sindical de Marília do SEESP, Sindicon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil de Pequenas Estruturas do Estado de São Paulo), Associação dos Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos da Alta Paulista, Crea-SP,  Sindicato dos Contabilistas de Marília e Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil - Região de Marília.

 

Imprensa – SEESP




O diretor de Relações Institucionais da GM (General Motors), Luiz Carlos Moan, anunciou a possibilidade de São José dos Campos ser escolhido, entre as plantas no Brasil, para produzir o novo modelo de veículo da empresa. Isso pode representar investimentos de cerca de R$ 2,5 bilhões para a requalificação da planta de São José, o que vai favorecer a modernização da unidade, a geração de empregos e possibilitar também a chance de investimentos para todo o complexo industrial. A decisão deve ser tomada ainda neste mês.

São José dos Campos concorre com unidades automobilísticas de outros dois países. Segundo Moan, a cidade tem a melhor localização estratégica em termos de logística de produção e distribuição de veículos e conta também com o interesse da matriz pelo crescente mercado brasileiro.

Em janeiro, durante participação da Prefeitura na negociação entre a empresa e o Sindicato dos Metalúrgicos para a manutenção da unidade de São José dos Campos, a GM já havia anunciado recursos de R$ 500 milhões no setor de motores e transmissões da fábrica até 2017 e o compromisso de que a planta joseense seria considerada para a produção de novos modelos.

Fonte: Prefeitura Municipal de São José dos Campos e Secretaria de Desenvolvimento Econômico e da Ciência e Tecnologia




O procurador-Geral do Trabalho, Luís Camargo, assinou no dia 26 último, a portaria 281/13 que proíbe a aquisição e o uso, no âmbito do MPT (Ministério Público do Trabalho), de amianto e de produtos que contenham estas fibras minerais. Utilizada frequentemente na produção de telhas, a substância é considerada cancerígena pela OMS (Organização Mundial de Saúde) e pode causar cânceres como a asbestose, fibrose pulmonar que tira paulatinamente a capacidade respiratória.

Segundo a assessoria do MPT, a assinatura da portaria está entre as medidas adotadas pelo MPT e pela Coodemat (Coordenadoria de Defesa do Meio Ambiente de Trabalho), em menção ao dia 28 de abril, Dia Internacional em Memória às Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho. "Essa medida demonstra uma atuação eficiente do MPT e a disposição proativa da instituição em combater internamente o tema", afirmou o coordenador nacional de Defesa do Meio Ambiente do Trabalho, Philippe Gomes Jardim.

O MPT também tem atuado junto à sociedade e a outros entes públicos, participando ativamente das discussões sobre a abolição do produto no país.

Veja, a seguir, a Portaria nº 281, de 26 de abril de 2013, na íntegra:

Dispõe sobre a vedação ao Ministério Público do Trabalho de utilização de qualquer tipo de asbesto/amianto e dá outras providências.

O PROCURADOR-GERAL DO TRABALHO, no uso de suas atribuições legais, considerando o disposto no art. 91, inciso XXI, da Lei Complementar nº 75/1993, RESOLVE:

Art. 1º É vedada, no âmbito do Ministério Público do Trabalho, a utilização de qualquer tipo de asbesto/amianto e dos produtos que contenham estas fibras, especialmente:

I - na aquisição de quaisquer bens que utilizem na sua composição a substância supramencionada; e

II - na realização de obras públicas.

Art. 2º Para efeito desta Portaria, define-se como asbesto / amianto a forma fibrosa dos silicatos minerais pertencentes aos grupos de rochas metamórficas das serpentinas, isto é, a crisotila (asbesto branco), e dos anfibólios, isto é, a actinolita, a amosita (asbesto marrom), a antofilita, a cricidolita (asbesto azul), a tremolita ou qualquer mistura que contenha um ou vários destes minerais.

Art. 3º Esta Portaria entrará em vigor na data de sua publicação.

Art. 4º Ficam revogadas as disposições em contrário.

LUÍS ANTÔNIO CAMARGO DE MELO

 

Imprensa – SEESP
Fonte: Site Migalhas




Em “Dengue no Brasil: abordagem geográfica na escala nacional”, Rafael de Castro Catão discute as recorrentes epidemias de dengue no Brasil (e no mundo) sob a ótica da geografia da saúde. Segundo ele, a doença - que havia sido erradicada em vários países, incluindo o Brasil, entre as décadas de 1950 e 1970 - teve seu caráter modificado com a expansão e consolidação desigual dos espaços urbanos.

No território brasileiro tal expansão foi acompanhada do aumento exponencial do número e do tamanho das cidades, do crescimento do fluxo de pessoas e materiais e, aliada a esses fatores, da degradação da saúde pública.

O mosquito Aedes aegypti, vetor da dengue, adaptou-se facilmente ao novo contexto e passou a se reproduzir e contaminar pessoas até com mais facilidade, inclusive disseminando em grande escala a versão mais letal da moléstia, a dengue hemorrágica.

Para o pesquisador, só é possível compreender essa mudança qualitativa e quantitativa da doença em todo o mundo e, sobretudo, compreender sua dinâmica particularmente no Brasil, levando-se em conta as mudanças que ocorreram na sociedade e no espaço geográfico nesse período. Isto é, aliás, segundo ele, condição sine qua non para a erradicação definitiva da dengue no país.

O livro integra a Coleção Propg Digital, parceria entre a Editora Unesp e a pró-reitoria de Pós-graduação da Unesp e sai com o selo Cultura Acadêmica, braço editorial da Universidade.

* Download gratuito do livro
http://www.culturaacademica.com.br/catalogo-detalhe.asp?ctl_id=304

* Ouça entrevista com o autor
http://podcast.unesp.br/perfil-12042013-rafael-de-castro-catao-entrevista-1714

 

Imprensa – SEESP
Fonte: Unesp Imprensa




Há exatos 127 anos, em 1º de maio de 1886, trabalhadores americanos da cidade de Chicago organizavam uma greve geral contra as condições desumanas de trabalho. Mas o conflito com a polícia durante quatro dias deixou dezenas de mortos e feridos. A data passou a ser considerada um marco da luta de trabalhadores e foi adotada em todo o mundo como o Dia do Trabalho. Vários títulos da EdUFSCar (Editora da Universidade Federal de São Carlos) abordam as condições de trabalho no Brasil e no mundo.

Inspirado nos últimos seminários de Michel Foucault, da década de 1970, e nas teorias de Gilles Deleuze e Félix Guattari, o filósofo italiano Maurizio Lazzarato busca em “O governo das desigualdades: crítica da insegurança neoliberal” (93 páginas, R$ 25,00) acompanhar os novos mecanismos de poder vigentes no contexto neoliberal. Mas não o faz apenas teoricamente. Parte da luta concreta dos trabalhadores intermitentes no setor de espetáculos, que até então gozavam de proteção social condizente com o caráter descontínuo de sua atividade. A partir do estudo dessa categoria aparentemente secundária, revela uma tendência crescente do próprio trabalho no capitalismo atual: a não distinção entre tempo de trabalho e tempo de lazer, a alternância entre trabalho e não trabalho, a precarização do emprego, o lugar da invenção e da criatividade, dentre outros aspectos.

Em “Operários sem patrão” (171 páginas, R$ 21,25), a socióloga Lorena Holzmann relata a transferência de comando de uma empresa capitalista para o cooperativismo. O objeto de estudo é a indústria Wallig, do Rio Grande do Sul, que vivenciou um declínio nos anos de 1981 a 1983. Para evitar o fechamento, os trabalhadores formaram duas cooperativas, uma de fundição e outra de mecânica, e alugaram as instalações da massa falida para prosseguir as operações da antiga empresa. A apresentação do livro foi escrita por Paul Singer.

Organizada por José Roberto Novares e Francisco Alves, a obra “Migrantes: trabalho e trabalhadores no Complexo Agroindustrial canavieiro” (314 páginas, R$ 35,00) traz uma pluralidade de abordagens sem a pretensão de apresentar um esquema explicativo único e fechado. Este livro tem uma unidade: o entendimento de que o trabalho e o debate acerca de suas condições atuais e perspectivas futuras continuam tendo centralidade para a compreensão de toda a dinâmica social neste século que se inicia.

Já “Velhos trabalhos, novos dias: modos atuais de inserções de antigas atividades laboriais” (402 páginas, R$ 30,00), organizado por Izabel Cristina Ferreira Borsoi e Rosemeire Aparecida Sopinho, aborda o Brasil pelo trabalho a partir dos contrates e diversidades presentes no cotidiano dos trabalhadores brasileiros. Potencializados através de pesquisadores com as mais diversas formações e seus comprometimentos com suas realidades locais e regionais, esta obra também traz em seus capítulos as formas de assalariamento e a construção de relações autogestionárias, que também fazem o leitor pensar sobre as possibilidades e os limites de levarmos em conta, efetivamente, as pessoas no trabalho.

Publicada originalmente na Finlândia, “Índice de capacidade para o trabalho” (59 páginas, R$ 16,00), de autoria de Kaija Toumi, Juhani Ilmarinen, Antii Jahkola, Lea Katajarinne e Arto Tulkko, se configura como um instrumento utilizado em Serviços de Saúde Ocupacional e áreas afins. Pode ser utilizado, junto com exames clínicos de saúde, como um dos métodos de avaliação do próprio trabalhador ou trabalhadora sobre sua capacidade para o trabalho. Podendo ser aplicado desde o ingresso na força de trabalho, o ICT tem prognosticado, de forma confiável, mudanças na capacidade para o trabalho em diferentes grupos ocupacionais. Mostrou-se significativo para o Brasil em razão do acelerado envelhecimento da população e das consequências negativas observadas tanto na inserção quanto na manutenção e nas condições de saúde dos brasileiros com mais de 30 anos.


Imprensa – SEESP
Fonte: UFSCar




A organização das comemorações do 1º de maio neste ano incluiu um tema de grande importância: a celebração dos 70 anos da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), criada por um decreto-lei de Getúlio Vargas, em 1943, e hoje o mais importante instrumento de defesa dos direitos trabalhistas no Brasil. Embora tenha surgido em pleno Estado Novo, a CLT efetivamente trouxe avanços aos trabalhadores, que passaram a contar com uma sistematização de valor legal para assegurar os seus interesses. Não é por acaso que foi o alvo prioritário daqueles que, no auge do neoliberalismo nos anos 1990, defendiam a “flexibilização” das normas trabalhistas. O eufemismo buscava esconder o objetivo de acabar com garantias conquistadas ao longo de um século de lutas e mobilizações e que passaram a ser vistas como estorvo por uma lógica que despreza o valor da mão de obra e tem horror a ver a riqueza minimamente distribuída.

Essa tônica dominante foi derrotada pelo fracasso das fórmulas que pregavam o Estado mínimo, traduzido em privatização de bens e serviços públicos e ausência de regulamentação da atividade econômico-financeira, mas as ameaças aos trabalhadores permanecem. Dessa forma, ao esforço por avanços como a redução da jornada para 40 horas semanais e o fim da demissão imotivada, é preciso unir a atuação firme em defesa do que já existe, em que se destaca a CLT. Se os adversários dos trabalhadores não conseguiram emplacar uma reforma que tenha merecido esse nome, foram hábeis em lograr diversas mudanças que, ao fim e ao cabo, significaram retrocessos.

Nesse contexto, foi extremamente acertada a escolha do mote para o 1º de maio unificado das centrais sindicais em 2013: “garantir direitos e avançar nas conquistas”.  É com esse norte que o movimento sindical precisa atuar e mobilizar suas bases. Porém, para além desse contingente, é necessário que a sociedade como um todo, formada na sua maioria por trabalhadores, compreenda e se engaje nessa batalha. O avanço nesse setor significa a melhoria das condições de vida da população em geral. Ampliar a remuneração e, portanto, o poder aquisitivo, e aprimorar constantemente as condições de labor, é agenda a ser cumprida como condição imprescindível para se atingir o desenvolvimento socioeconômico que almejamos.

Discreta e lentamente, vem crescendo a participação dos salários na renda nacional, o que demonstra uma tendência alvissareira, embora ainda longe de se chegar aos níveis desejados. Que a passagem do 1º de maio possa ajudar a conscientizar os cidadãos brasileiros para a importância da valorização do trabalho como forma de se buscar prosperidade, democracia e justiça social.
 

Eng. Murilo Celso de Campos Pinheiro
Presidente do SEESP




O programa Jornal do Engenheiro (JE) na TV desta semana traz importante entrevista com o professor da Escola de Comunicação da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Marcos Dantas, autor de vários livros, como “Trabalho com Informação: valor, acumulação, apropriação nas redes do capital”. O tema é a televisão digital que, de acordo com o planejamento do governo federal, deverá ser implantada no País até o ano de 2016, com o fechamento do sinal analógico. Para Dantas, a meta é quase impossível de ser alcançada em dois anos, levando em conta recente pesquisa da Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão) onde revela que apenas 16,6% dos aparelhos do País têm tecnologia de recepção digital.

O professor observa, ainda, que o novo sistema permite muitas outras funções, além de melhorar a imagem apenas. Mas o grande problema, segundo Dantas, não reside na questão técnica. “Estamos implantando a TV digital com uma legislação completamente defasada, para dizer o mínimo”, critica. E prossegue o seu alerta informando que a lei de radiodifusão brasileira é de 1962, “precisamos atualizá-la radicalmente à Constituição de 1988, o que nunca foi feito”. Esses e outros assuntos relacionados à TV digital e à democratização da comunicação estão na entrevista que você vê no programa do SEESP.

Formação
Na reportagem especial você saberá como foi o primeiro curso de formação sindical da CNTU (Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados), realizado em março, em Brasília. O evento reuniu profissionais de todo o Brasil que acompanharam técnicos e especialistas abordando desde a conjuntura sindical, política e econômica nacional, os desafios do movimento sindical da confederação e sua inserção nos grandes temas nacionais até o papel da imprensa sindical.

A comunicação é também o tema do recado do presidente do SEESP, Murilo Celso de Campos Pinheiro, no quadro “No Ponto”, lembrando que há um ano, no dia 30 de abril de 2012, o sindicato lançava o JE na TV. “Um passo que consolidou a importância que os engenheiros dão à comunicação. Com a nossa atuação também na televisão, mostramos nossas ações sindicais específicas, mas também nossa participação nos grandes temas brasileiros, do desenvolvimento sustentável do País às melhores condições de vida e de trabalho da sociedade brasileira.”

O JE na TV é exibido em dias e horários diferenciados nas cidades paulistas e também de outros estados. Na capital paulista, o programa, que tem meia hora de duração, vai ao ar toda terça-feira, às 19h, pelos canais 9 (NET), 72 (TVA) e 186 (TVA Digital), e nas demais localidades há uma grade ampla, que pode ser conferida aqui. Quem quiser assistir pela internet pode fazê-lo sempre às terças-feiras, a partir das 19h, por este link.
 

Rosângela Ribeiro Gil
Imprensa – SEESP




A citricultura brasileira poderá ser palco de uma importante transformação nos próximos anos, com a incorporação de conhecimentos avançados em melhoramento genético e genômica. As pesquisas estão bastante adiantadas, disponibilizando novas variedades, mais resistentes às doenças e à seca.

O sistema produtivo, no entanto, ainda reage com lentidão às novidades, de acordo com Marcos Antonio Machado, coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Genômica para o Melhoramento de Citros (INCT-Citros), apoiado pela Fapesp (Fundo de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).

“Nossos produtores atendem prioritariamente à indústria de sucos e a indústria está mais interessada em quantidade de fruta do que em qualidade”, disse o pesquisador do Centro de Citricultura Sylvio Moreira do Instituto Agronômico, ligado à Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.

“O Consórcio Internacional do Genoma de Citros, do qual participamos, já obteve o genoma completo da clementina (Citros clementina), utilizado como genoma de referência para comparação com os genomas de outras espécies de citros, entre elas, a laranja-pera, a mais importante variedade de laranja brasileira, a tangerina ponkan e o limão-cravo, também utilizado como porta-enxerto. O INCT-Citros detém atualmente uma das mais importantes bases de dados sobre o genoma de citros”, disse.

No estudo dos patógenos das doenças que afetam os citros, os avanços não têm sido menores. Depois dos sequenciamentos históricos dos genomas das bactérias Xylella fastidiosa (responsável pela clorose variegada dos citros) e Xanthomonas citri subsp. citri (responsável pelo cancro cítrico), concluídos no início dos anos 2000 com apoio da Fapesp, outros patógenos de citros estão sendo sequenciados, como os fungos causadores da pinta preta, da mancha marrom de alternaria e da queda prematura dos frutos, além do oomiceto causador da gomose.

“Nesses casos, graças aos avanços ocorridos na genômica, estamos não somente montando esses genomas, mas também avaliando a função de genes envolvidos na interação com as plantas hospedeiras”, disse Machado, um dos pesquisadores do programa Genoma-Fapesp.

Segundo o pesquisador, essas e outras aquisições criaram uma massa crítica de conhecimentos capaz de favorecer tanto a cisgenia (transformação com genes de espécies próximas) como o melhoramento tradicional.

“A produção de citros transgênicos já é científica e tecnologicamente viável, mas depende de regulamentação. Ao mesmo tempo, os mapas genéticos que levantamos permitem identificar genes marcadores com os quais podemos calibrar a seleção genética tradicional, de forma que os genótipos selecionados correspondam precisamente aos fenótipos de interesse”, disse.

Nivelamento por baixo
Machado explica que novas potenciais variedades de copas e porta-enxertos com alta tolerância à seca e a doenças como clorose variegada dos citros, gomose, cancro cítrico e pinta preta já estão disponíveis. Mas, por uma característica do setor, o processo de incorporação tecnológica pelos produtores se dá muito lentamente. “Daqui a algum tempo, todos correrão atrás dessas variedades melhoradas, assim como hoje recorrem maciçamente a espécies selecionadas décadas atrás.”

Maior produtor de laranja e exportador de suco, responsável por atender 53% do consumo mundial, o Brasil ainda não possui, na opinião dos especialistas, uma citricultura satisfatória. O rendimento das plantações é considerado muito baixo, com produtividade média de apenas duas caixas de 40,8 kg por árvore ao ano.

Os grandes gargalos são, pela ordem, a alta incidência de pragas e doenças, a produção em áreas não irrigadas e a estreita base genética utilizada. “Estima-se que mais de 60% dos custos de produção sejam direcionados para o controle de pragas e doenças”, disse Machado.

Entre as principais doenças, destacam-se a clorose variegada dos citros, a leprose, a pinta preta, a mancha marrom de alternaria, a morte súbita, o cancro cítrico, a gomose, a tristeza e, mais recentemente, o huanglongbing, ou greening.

“A maior parte dos modelos de manejo desses patógenos e de alguns vetores, incluindo o controle químico por meio de defensivos, falhou, devido aos altos impactos econômicos e ambientais”, afirmou o pesquisador, enfatizando que isso faz aumentar ainda mais a importância de estudos sobre melhoramento genético tradicional e cisgenia, como estratégias poderosas e duradouras para o controle de doenças.

Por isso, o INCT-Citros se organizou em três plataformas diferentes, mas complementares: a plataforma voltada à geração de informações genômicas (genomas completos, transcriptomas e proteomas); a plataforma voltada à aplicação de parte dessas informações genômicas no melhor entendimento da relação entre os citros e seus patógenos; e a plataforma voltada à aplicação dessas informações genômicas no melhoramento tradicional.

Diferentemente da citricultura europeia, que se dedica à produção de frutos de alta qualidade para o consumo in natura, em um mercado exigente, a citricultura brasileira ocupa-se majoritariamente do fornecimento de matérias-primas para a indústria de sucos.

Essa destinação dos produtos, que, por si só, nivela a qualidade por baixo, associa-se à pulverização da produção – só no Estado de São Paulo, líder do setor, existem de 8 mil a 9 mil produtores. E esses dois fatores explicam a lentidão do processo de incorporação tecnológica.

“Não basta ter bons materiais. É preciso trabalhar também por sua difusão e adoção, o que pode ser favorecido por políticas governamentais de informação e convencimento”, disse Machado.

 

Imprensa – SEESP
Fonte: Agência Fapesp de Notícias




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