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Ocupação das margens dos rios por casas contribuiu para enchentes, diz especialista que visitou área atingida

        As cidades alagoanas devastadas pelas chuvas devem demorar cerca de dez anos para serem reconstruídas e voltarem a ser como eram antes da enchente, e as verbas anunciadas para a região são suficientes apenas para o início da recuperação. A previsão é do professor de Engenharia da Universidade Federal de Alagoas Valmir de Albuquerque Pedrosa, que esteve esta semana na região: — Foram casas, hospitais, escolas, a rede elétrica, a rede de esgoto, a rede viária, tudo destruído.
       Isso não é fácil de construir, mesmo com dinheiro.
       Ele lembra que a área do Rio Mundaú já sofreu grandes enchentes. Segundo Pedrosa, no fim da década de 1980, o governo estadual pediu verba à União para a construção de barragens.

— A verba não saiu. As cidades foram crescendo, ocupando as margens. Não há zoneamento urbano proibindo que casas se instalem na beira do rio. A solução desse problema passa por mais obras de disciplinamento do espaço urbano.
       A reconstrução das cidades destruídas pelas cheias deve ser feita longe da margem dos rios, alertou o professor de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp) José Xaides de Sampaio Alves. Ele trabalha na recuperação de São Luiz do Paraitinga, município paulista com dezenas de prédios históricos destruídos por temporais e pela cheia do Rio Paraitinga em 1ode janeiro.

— Em São Luiz, a recuperação foi no mesmo local, por causa do patrimônio — ressalvou.
       Volume de água foi igual ao do São Francisco Uma estimativa preliminar feita pelo professor da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) Abelardo Montenegro mostra que as chuvas produziram um volume de água equivalente ao do Rio São Francisco.
       Segundo ele, se apenas 30% das duas bacias entre Alagoas e Pernambuco foram atingidos pelas chuvas, a vazão da água chegou a cerca de mil metros cúbicos por segundo. No São Francisco, ela é de 1,8 mil.

— É apenas um cálculo inicial, pois tudo indica que as chuvas atingiram mais de 30% das bacias. Foi um volume de água muito grande, que correu sobre a superfície sem proteção vegetal — afirmou Montenegro.
       O professor explicou que a ausência de obras de infraestrutura, com a construção de novas barragens, e os fenômenos climáticos também contribuíram para a destruição. A coordenadora do Laboratório de Meteorologia de Pernambuco, Francis Lacerda, contou que, em algumas cidades, o volume de chuvas em três dias foi superior à média de todo o mês.

 

Marcelle Ribeiro e Fábio Vasconcellos O Globo - 26/06/2010
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       A Federação Nacional dos Engenheiros (FNE) produz texto defendendo utilização da mão de obra nacional e se colocando contra a contratação de estrangeiros. Na nota, a FNE também anuncia a criação de um instituto de ensino superior voltado para a "engenharia da inovação", em parceria com a Associação Brasil-Alemanha. O centro deve funcionar em São Paulo a partir do ano que vem.

Leia abaixo o comunicado:
       Engajada na luta pelo aproveitamento da mão de obra nacional, a Federação Nacional dos Engenheiros (FNE) não só alertou a sociedade com relação à falta de profissionais na área de engenharia, mas tomou providências para gerar mais mão de obra especializada. A entidade acredita que uma forte estrutura de ensino aliada à um incentivo para resgatar profissionais que migraram para outras áreas pode saciar a necessidade de profissionais no mercado brasileiro.
       No início do ano letivo, a Federação produziu o vídeo "Mais engenheiros para construir o Brasil" com o objetivo de distribuir nas escolas secundaristas de todo o território nacional o material elucidativo da profissão de engenharia. Com o intuito de estimular os estudantes a optarem pelo curso, que tem um leque enorme de opções e especializações, o material aborda todas as áreas da profissão: Civil, Elétrica, Química, Ambiental, Mecânica e Agronômica.
       A ideia surgiu diante da iminente falta de profissionais com a aceleração acentuada do desenvolvimento que o país terá que enfrentar nesses próximos anos, diante da Copa de 2014, Olimpíadas de 2016 e com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
       Dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa Educacionais (Inep) apontam que no ano de 2008 apenas 22% do total de ingressos nos cursos de engenharia chegaram a se formar. Ou seja, dos 134 mil alunos que ingressam na faculdade, apenas 30 mil se formam. "Precisamos estimular a demanda de alunos que se interessam pela área e dobrar o número de formandos. Dessa forma, não precisaremos importar mão de obra", explica Fernando Palmezan, coordenador do projeto Cresce Brasil, da FNE.
       Ainda de acordo com dados do Inep, existem hoje no país 1.406 cursos de engenharia, sendo 40% em instituições públicas e 60% nas privadas. A análise também destaca que entre os cursos mais procurados estão a Engenharia Elétrica e a Civil, com 12% e 11% de procura efetiva.
       Segundo José Roberto Cardoso, Professor de Engenharia Elétrica da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), a grande procura no mercado, no momento, é por engenheiros civis. Porém, ele ressalta que temos deficiência em todas as áreas de engenharia no Brasil.
       "Nos países desenvolvidos da Europa e dos Estados Unidos o cenário é positivo. Na Ásia estão sendo formados quase um milhão de engenheiros todos os anos e não há expectativa de desemprego. Precisamos estimular a procura do curso de engenharia pelos jovens brasileiros, pois o mercado tem demanda suficiente para suprir o dobro de formandos na área por ano", explana o professor.
      Fernando Palmezan destaca ainda a importância de estimular em todo o território nacional uma formação básica de qualidade e mais direcionada às matérias exatas. Palmezan acredita que com uma formação consistente os jovens teriam mais facilidade para concluir o curso que é bastante árduo e exigente de tempo e dedicação, com muitos cálculos e trabalhos.
       Além de recrutar jovens a aderirem à profissão, a FNE sabe que também existe uma grande parcela de profissionais da engenharia que acabaram se rendendo a outras áreas. Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostram que apenas dois em cada sete engenheiros trabalham na área.
      "Há a necessidade de gerar menor migração ocupacional de engenheiros e tentar recrutar os que deixaram a área atrás de outras oportunidades no mercado de trabalho", diz Palmezan.
      Diante de todo esse cenário, a FNE e o Sindicato dos Engenheiros de São Paulo (Seesp) fizeram uma parceria com a Associação Brasil-Alemanha (VDI) para a criação de uma instituição de ensino superior voltada para a "engenharia de inovação", aproveitando o intercâmbio tecnológico com a Alemanha.
       "Como a engenharia exige que o profissional esteja sempre se reciclando e conhecendo as novas tecnologias, pensamos em juntar tudo isso numa instituição que ofereça graduação, pós-graduação, pós-doutorado e especializações", esclarece Fernando Palmezan. A implementação do centro de excelência no ensino da engenharia tem a inauguração prevista para o ano que vem, com sede no Seesp.

 

Assessora de Comunicação da FNE
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Ao anunciar a prorrogação da redução do IPI para carros com motor flex e a álcool, ministro divulgou a criação de um grupo para discutir tecnologias para o setor

       Ministro da Fazenda, Guido Mantega, anuncia criação de grupo de trabalho conjunto com ministérios da Ciência e Tecnologia (MCT), do Meio Ambiente (MMA) e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic)
       Ao anunciar a prorrogação da redução de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros com motor flex e a álcool, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, divulgou a criação de um grupo de trabalho para discutir o desenvolvimento de novas tecnologias para o setor automotivo.
       O grupo será formado por representantes da Fazenda, do MMA, do MCT e do Mdic. Segundo Mantega, o grupo trabalhará em conjunto com fabricantes para estimular a introdução de tecnologias que poupem combustível.
       O ministro disse que uma das metas é estimular a adoção de carros híbridos (movidos a combustível e energia elétrica), além de incentivar o uso de energias renováveis, como biocombustíveis. De acordo com ele, o grupo trabalhará pelo estabelecimento de uma estratégia de longo prazo, que estimule a fabricação de veículos ambientalmente corretos após o fim das reduções de impostos.
       "As desonerações, de fato, são medidas de curto prazo, mas o grupo de trabalho dará tempo para que o setor automobilístico desenvolva tecnologias no médio e longo prazo", afirmou o ministro. Para ele, as medidas são importantes para que o Brasil mantenha a posição privilegiada no desenvolvimento de tecnologias que respeitem o meio ambiente.
       "O Brasil é um dos pioneiros na preocupação ambiental. Fomos o primeiro país a desenvolver etanol e o motor flex. A questão ambiental sempre foi um elemento chave no país", observou Mantega.

Wellton Máximo, da Agência Brasil
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       Os salários estão subindo, mas a produtividade na indústria cresceu muito mais. Nos 12 meses encerrados em abril, a indústria de transformação ampliou sua produtividade em 4,7%, enquanto o custo salarial médio por trabalhador aumentou 1,9% no mesmo período. Na avaliação de economistas ouvidos pelo Valor, o crescimento mais intenso da produtividade em relação ao custo da folha de pagamentos cria uma folga para que a indústria acomode reajustes sem pressionar a inflação.
       No primeiro semestre, algumas categorias importantes já negociaram acordos salariais com reajuste real superior a 2%, como os 2,4% dos trabalhadores da construção civil de São Paulo e os 3,2% dos operários da mesma categoria no Rio. Outros sindicatos menos representativos, como os trabalhadores nas indústrias de suco, negociaram ganhos reais de 2,5% para o piso salarial e 1,6% para os demais empregados.
       Os sindicatos de trabalhadores já começaram as negociações para garantir aos salários uma parte do aumento da produtividade obtida pela indústria e outros setores desde a recuperação da economia. Segundo levantamento do Valor, alguns sindicatos com data-base nesse primeiro semestre já conquistaram acordos reais superiores aos 2% médios de 2009.
       O setor de construção civil, principal eixo motor da recuperação econômica desde 2009, surge com acordos importantes. Em São Paulo, os 370 mil trabalhadores em canteiros, pintura e hidráulica receberam aumento de 2,4% acima da inflação. No Rio de Janeiro, os trabalhadores do setor negociaram índices reais maiores - 3,2% para a categoria e 5,5% para o piso. O movimento de alta, no entanto, não é restrito a esse setor.
       Os cerca de 12 mil trabalhadores em padarias de sete cidades do ABC paulista atingiram ganho real de 3,2%, além do abono de R$ 120, no acordo selado em maio. Com data-base no mesmo mês, os mais de quatro mil trabalhadores da indústria do suco em São Paulo ampliaram os pisos salariais em 2,5% além da inflação - para o restante da categoria, o aumento real foi de 1,6%. Em março, os cerca de 30 mil funcionários de tecnologia da informação em São Paulo atingiram aumento real de 1,9% e 8,4% para os piso, além da redução da jornada de trabalho, de 44 para 40 horas semanais a partir de 2011.
       O sindicato dos trabalhadores na indústria de calçados de Franca, no interior de São Paulo, conquistou reajuste real de 2%, que será repassado aos cerca de 30 mil operários da região. Os 16 mil trabalhadores na indústria de plásticos de Joinville (SC) tiveram aumento real de apenas 0,7%. O valor, por outro lado, foi superior aos 0,3% de 2009. Para Isaias Silva, diretor do sindicato, "a melhora da economia ajudou muito nas negociações".
       No segundo semestre concentram-se as negociações de categorias mais fortes e organizadas, como os metalúrgicos de montadoras e autopeças, químicos, papeleiros, petroleiros e bancários, entre outros.
       O Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) aponta que 79,9% dos acordos coletivos realizados no ano passado registraram aumento real de renda, com reajuste médio de 2% acima da inflação. O Dieese avalia que o número de categorias com ganhos reais será maior nesse ano.
       Os sindicalistas usam duas bandeiras no momento de sentar para negociar. O crescimento da economia - no primeiro trimestre o Produto Interno Bruto (PIB) atingiu crescimento anualizado de 11% - e os ganhos de produtividade.
       Nos dados calculados pelo Valor, com base no cruzamento da Pesquisa Industrial Mensal e na de Emprego Industrial, ambas do IBGE, o aumento da produtividade do trabalhador na indústria foi de 4,7% nos 12 meses encerrados em abril em relação aos 12 meses anteriores, percentual 60% superior ao aumento de 1,9% na folha de pagamentos (na mesma comparação).
       Para José Silvestre Prado de Oliveira, coordenador de relações sindicais do Dieese, os sindicatos têm muita margem de manobra. "Os ganhos de produtividade são muito superiores ao que é efetivamente repassado aos trabalhadores, o que, aliado ao forte ritmo da economia e ao fato de que é a indústria quem está puxando o PIB dão aos sindicatos força para pedir mais", raciocina Oliveira.
       A movimentação no meio sindical é de unir-se para fortalecer as demandas. O presidente em exercício da Força Sindical, Miguel Torres, que também preside o sindicato dos metalúrgicos de São Paulo, propôs na terça-feira às outras cinco centrais reconhecidas pelo Ministério do Trabalho - CUT, UGT, CTB, NCST e CGTB - que os sindicatos pertencentes às entidades cuja data-base ocorre entre julho e dezembro atuem em conjunto nas negociações. "Já que as centrais estão unidas em torno de bandeiras consensuais, como redução de jornada, por que não unirmos os sindicatos para conseguirmos acordos mais relevantes e reajustes maiores?", diz Torres.
       Os metalúrgicos de São José dos Campos e Campinas definem uma pauta conjunta de acordos na semana que vem. No ano passado, os sindicatos conquistaram, respectivamente, reajustes reais de 3,7% e 5,3%. Segundo Antônio Ferreira de Barros, o Marabá, operário da GM e diretor do sindicato de São José, "os trabalhadores estão atentos ao crescimento econômico, principalmente o da indústria automobilística. Então, vamos negociar um acordo maior que o de 2009".
       Algumas categorias não fecharam bons acordos. Wagner Gomes, presidente do sindicato dos metroviários de São Paulo, avalia que o acordo fechado no mês passado - que prevê apenas recomposição da inflação - deixa os trabalhadores "descontentes". "Todo mundo está vendo a economia crescer e o desemprego cair, mas não têm jeito. A negociação no Estado não ultrapassa inflação", diz.
       O espaço dado pela produtividade, dizem os economistas, indica que os salários podem ser corrigidos sem pressionar a inflação. Para Alcides Leite, professor de economia da Trevisan Escola de Negócios, a indústria está sofrendo com falta de mão de obra qualificada na medida que precisa dela para continuar investindo e ampliando sua produtividade. "Isso quer dizer que a tendência é os salários aumentarem, principalmente naquelas categorias representadas por sindicatos fortes".
       Para ele, no entanto, os salários não estão por trás do aumento inflacionário. "São muitas variáveis em jogo, como a taxa de câmbio, as oscilações nos preços das commodities e os preços administrados. Uma das coisas são os salários, mas sozinho ele não é capaz de gerar inflação no país, não é isso o que está ocorrendo".
       Rogério Cesar de Souza, economista do Iedi, refuta a ideia de que a correção dos salários esteja pressionando a inflação. "Todos viram que foram fatores sazonais que pressionaram os preços no começo do ano, tanto que agora já estão caindo forte", diz ele, em referência a queda do IPCA verificada em maio e junho.

 

João Villaverde, Valor Econômico
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Chegou a hora em que o engenheiro passa a ser a chave do crescimento e qualificação da mão de obra. Para FNE, três etapas podem ser empreendidas

Artigo de João Guilherme Vargas Netto (*)

       Com o crescimento acelerado da economia aparecem, aqui e ali, obstáculos e entraves. A própria dinâmica virtuosa ao explicitar as falhas, aponta a direção para seu enfrentamento com êxito.
       Os jornais têm repercutido a falta de engenheiros em alguns setores dinâmicos da economia; às vezes essa falta pode se transformar em verdadeiro gargalo que precisa ser superado.
       Durante os anos de pasmaceira econômica em que o rentismo dava as cartas e deformava todo o processo de crescimento (basta citar o famigerado “PIB potencial” cujo aumento não podia ultrapassar 3,5% ou o cruel “desemprego que não causa inflação” que não podia ser menor que 10%) as falhas estruturais na formação, qualificação, aproveitamento e remuneração dos engenheiros eram disfarçadas: aposentadorias precoces e injustas, “financeirização” de currículos e carreiras, desmanche das equipes técnicas, desrespeito ao piso profissional legal, etc.
       Agora, chegou a hora da verdade, em que o engenheiro passa a ser a chave do crescimento e qualificação da mão de obra.
       A Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), que é a direção sindical da categoria vem desenvolvendo o projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento” com grande repercussão entre os profissionais e na sociedade. No documento aprovado em setembro de 2006 está escrito com todas as letras: “suprir essa escassez e ganhar qualidade na formação dos engenheiros são grandes desafios. Estima-se que se precise formar, na graduação, o dobro de engenheiros no Brasil e que sejam eles profissionais aptos a operar o sistema empresarial e de inovação”.
       Três etapas podem ser empreendidas.
       A curto prazo trata-se de “desempoçar” o contingente de engenheiros, trazendo de volta à ativa grande número de aposentados, recompondo equipes técnicas e “retomando” das funções financeiras e burocráticas milhares de profissionais. A médio prazo trata-se de melhorar os currículos das escolas (públicas, em primeiro lugar, mas também as particulares) e garantir base teórica nos cursos médios. E a longo prazo, reforçar a base da pirâmide educacional injetando com força o saber técnico, o saber da matemática. Em todas as etapas, como exigência fundamental, deve-se aumentar a remuneração dos profissionais que são estratégicos para o desenvolvimento. Se agora faltam engenheiros o trabalho deles tem que valer mais.

(*) Consultor da FNE e de várias entidades sindicais

 

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       Durante a abertura da Conferência Internacional sobre a aplicação de Nanotecnologia na Alimentação e Agricultura, que vai até sexta-feira, dia 25, no hotel Colina Verde, em São Pedro (SP), o chefe do Setor de Ética, Ciência e Tecnologia da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), John Crowley, apontou cinco desafios nos quais os cientistas deverão se debruçar ao desenvolver pesquisas envolvendo a nanotecnologia.
       O primeiro deles é a preocupação com os efeitos tóxicos da aplicação da nanotecnologia tanto em seres humanos quanto no meio ambiente. Outra questão levantada por Crowley é a escala, ou seja, o tamanho, em que são desenvolvidas as pesquisas, o que dificultaria a criação de equipamentos para realização de testes.
       O terceiro desafio é relativo aos fenômenos físicos. De acordo com Crowley, esses fenômenos que ocorrem em pesquisas desenvolvidas à base de nanotecnologia são diferentes do que acontecem em outras áreas. Os dois últimos desafios levantados por Crowley, a militarização da ciência e a polarização do conhecimento são questões, no mínimo perturbadoras.
       O chefe da Unesco afirmou que há uma grande preocupação quanto ao uso da nanotecnologia na fabricação de armas militares e que dificilmente se conseguiria identificar os efeitos ambientais dessa aplicação. Quanto à polarização, o receio é parte do mundo deter o conhecimento para desenvolver tecnologias à base de nanotecnologia em detrimento de outros, o que poderia agravar as condições dos países menos desenvolvidos.
       Além de Crowley, participaram da abertura da conferência a oficial de Nutrição da Divisão de Nutrição e de Defesa do Consumidor da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), Renata Clarke; o coordenador de Nanotecnologia do Ministério da Ciência e Tecnologia, Alfredo Mendes; o diretor do Departamento de Inovações Tecnológicas do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, João Batista Lanari Bó; o diretor Científico da Comissão Científica e Fórum Consultivo de Segurança Alimentar da Europa, David Carlander; o representante do Canadá, Rickey Y. Yada; o pesquisador do Instituto de Investigação de Política Alimentar (IFPRI) Clare Narrod; o professor Sérgio Mascarenhas, do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo em São Carlos; e o chefe geral da Embrapa Instrumentação Agropecuária, Álvaro Macedo da Silva.
       Renata Clarke disse acreditar no potencial das pesquisas desenvolvidas à base de nanotecnologia para ajudar a resolver problemas, como a fome que assola o planeta, com mais de um bilhão de pessoas famintas. Porém, afirmou que todos devem se preocupar com a melhoria do alimento seguro, com a transferência de tecnologia para os menos favorecidos. "Todos devemos trabalhar para melhorar o amanhã", concluiu.
       Esta é a primeira vez que especialistas de diversas partes do mundo estão discutindo os impactos da nanotecnologia em produtos envolvendo alimentos e agricultura. Cerca de 200 pessoas, entre especialistas no assunto do Brasil e do exterior, pesquisadores e estudantes de pós-graduação participaram da abertura da conferência.
       A FAO vai promover debates durante o evento com representantes de instituições internacionais, como Organização das Nações Unidas (ONU), Organização Mundial da Saúde (OMS), Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Grupo Consultivo para a Pesquisa Agrícola Internacional (CGIAR), entre outras. As discussões auxiliarão nas diretrizes futuras destes órgãos, seja no incentivo a atividades de pesquisa e desenvolvimento, como na orientação de normas, regulamentos e protocolos para avaliação da segurança do uso de Nanotecnologias nestas áreas.
       O evento é promovido pela Embrapa Instrumentação Agropecuária, São Carlos (SP), Institutos de Estudos Avançados (IEA) da USP São Carlos e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), a convite da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO).

 

Mais informações, http://www.nanoagri2010.com 
(Assessoria de Comunicação da Embrapa Instrumentação Agropecuária)
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      A plenária da 4ª Conferência das Cidades votou ontem (22) as primeiras propostas definidas pelos segmentos. Os delegados aprovaram a criação e implementação de conselhos das cidades, planos, fundos e seus conselhos gestores nos níveis federal, estadual, municipal e no Distrito Federal.
       A proposta indica a realização de audiências públicas promovidas pelo Conselho Nacional das Cidades, com representação que contemple todos os segmentos, para o processo de criação dos conselhos locais.
       Compõe a proposta a garantia do Sistema Nacional de Desenvolvimento Urbano (SNDU) para recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Urbano, considerando a realidade dos municípios com menos de 20 mil habitantes, para a elaboração dos planos setoriais de habitação de interesse social, de saneamento ambiental, de regularização fundiária, de trânsito, transporte, mobilidade e acessibilidade, e planos diretores participativos.
       A votação continua nesta quarta-feira (23), quando também será eleito o novo Conselho das Cidades (ConCidades), presidido pelo ministro Marcio Fortes e que tem outros 23 representantes de entidades e movimentos populares.
       Eixos temáticos Com o fim de propor diretrizes gerais para a formulação e implementação da Política Nacional de Desenvolvimento Urbano (PNDU), este ano o ConCidades apontou quatro eixos temáticos que refletem os principais desafios para as políticas públicas nesse setor. São eles: “Criação e implementação de Conselhos das Cidades, Planos, Fundos e seus Conselhos Gestores nas esferas federal, estadual, municipal e no Distrito Federal”; “Aplicação do Estatuto da Cidade, dos planos diretores e a efetivação da função social da propriedade do solo urbano”; “A integração da política urbana no território: política fundiária, mobilidade e acessibilidade urbana, habitação e saneamento”; e” Relação entre os programas governamentais – como o PAC e o Minha Casa, Minha Vida – e a política de desenvolvimento urbano”.
       Do quarto eixo, o programa Minha Casa, Minha Vida foi o que contou com a maior participação dos delegados nos debates. Nesse contexto, foram discutidas, também, propostas sobre como inserir servidores públicos de baixa renda em programas habitacionais e priorizar municípios com menos de 20 mil habitantes. Quer-se avaliar, também, possibilidades para incluir o poder público no estímulo, fortalecimento e criação de novos empreendimentos econômico-solidários, como associações, cooperativas e empresas de autogestão, para construir casas para as famílias com renda de até três salários mínimos.
       Evento – Esta 4ª edição da Conferência Nacional das Cidades (CNC) é realizada, desde o último dia 19, no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade, em Brasília (DF). O evento reúne cerca de três mil pessoas para debater os caminhos para melhoria das políticas públicas para habitação, saneamento, infraestrutura e mobilidade urbana.

Clique aqui para acessar as fotos do evento.

Fonte: Assessoria de Comunicações do Ministério das Cidades
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       Estudo do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional do Ministério da Saúde constatou que a taxa de desnutrição caiu cerca de 62% em crianças menores de cinco anos no Brasil entre 2003 e 2008. Com isso, a taxa passou de 12,5% (2003) para 4,8% (2008). O mesmo estudo constatou que o déficit de altura por idade também baixou de 20% para 14%.

       Os indicadores de desnutrição infantil referem-se aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) e foram divulgados no Seminário Nacional de Alimentação e Nutrição que vai até esta quinta-feira (24), em Brasília.

       O seminário tem como um dos principais pontos a discussão e revisão da Política Nacional de Alimentação e Nutrição (Pnan), com a participação do governo e especialistas.

Distribuição de baixo peso por idade entre crianças menores de 5 anos acompanhadas pelo Sisvan:
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Distribuição de baixa estatura por idade entre crianças menores de 5 anos acompanhadas pelo Sisvan:
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       A Pnan completa uma década em 2010. Segundo o Ministério da Saúde, uma das principais ações é o monitoramento nutricional de crianças com até dez anos. Atualmente, 4,5 milhões de crianças são acompanhadas pelos profissionais de saúde do SUS.
       É a partir da antropometria (avaliação de peso e altura) que se verifica como está o consumo de alimentos entre as crianças e quais são as principais carências nutricionais.
       Para combater a desnutrição, o Ministério da Saúde, entre outras ações, disponibiliza anualmente pelo SUS 1,6 milhão de frascos de xarope de sulfato ferroso e 191 milhões de comprimidos de sulfato ferroso, 131 milhões de comprimidos de ácido fólico e mais de 3,9 milhões de cápsulas de vitamina A. Todos esses suplementos alimentares podem ser obtidos gratuitamente pela população.
       "Esses produtos garantem o nível adequado de nutrientes às pessoas, mantendo o peso das crianças dentro de padrões recomendados pela Organização Mundial da Saúde", explica a coordenadora de Alimentação e Nutrição do MS, Ana Beatriz Vasconcelos.
       Ela destaca que a Pnan promove efetivamente maiores cuidados com a alimentação do brasileiro já na atenção básica - por meio das equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF) ou nos postos de saúde.

Maiores reduções
       Nestes 10 anos da Pnan as regiões Norte e Nordeste apresentaram os índices mais expressivos na redução da desnutrição infantil, o que demonstra a efetividade do Pacto pela Redução da Mortalidade Infantil (PRMI). Apesar destas regiões ainda apresentarem os maiores percentuais, as diferenças regionais diminuíram.
       Em relação ao baixo peso infantil, em 2003 o Norte tinha um índice maior que 14% e o Nordeste entre 11% e 14%. Em 2008, ambas regiões tinham índices entre 5% e 8%. Já os índices relativos à baixa estatura eram maiores que 34,5% no Norte e entre 26% e 34,5% no Nordeste, em 2003. Esses números passaram para 18,5% a 26% no Norte e de 11% a 18,5% no Nordeste, em 2008.
       A medição das crianças do Norte continuará durante a campanha de vacinação deste ano nos municípios do PRMI, no dia 12 de junho. Também na região Norte e no semi-árido o chamado é no dia 14 de agosto, para crianças com menos de 5 anos.

Atenção Básica
       Um dos principais motivos da diminuição da desnutrição infantil é a ampliação da cobertura do Programa Saúde da Família, responsável pela atenção básica da população. As equipes que acompanhavam 31,30% dos habitantes da região Norte (4,2 milhões de pessoas), em 2003, hoje acompanham 50,8%, ou 7,7 milhões de cidadãos.
       No Nordeste a cobertura era de 50,5% em 2003 e passou para 71,6% em 2010. Isso representa um aumento do atendimento de 24,6 milhões para 38 milhões entre 2003 e 2010.
       Atualmente, mais de 20 mil unidades básicas de saúde acompanham as condições alimentares dos brasileiros. São atendidas 6,7 milhões de famílias em situação de vulnerabilidade socioeconômica. O monitoramento nutricional e o fornecimento gratuito de suplementos, garantidos pelo Ministério da Saúde, vão ao encontro dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU).
       "O combate à desnutrição de crianças é imprescindível tanto para erradicar a fome quanto para diminuir a mortalidade infantil", avalia Ana Beatriz Vasconcelos. Por isso, esses dois ODMs devem ser alcançados antes do prazo estipulado pela ONU.

Seminário
       O Seminário Nacional de Alimentação e Nutricão, promovido pelo Ministério da Saúde, discutiu temas como segurança alimentar, financiamento, regulação e controle da qualidade dos alimentos. Também foram abordadas a nutrição na atenção primária, os efeitos da publicidade e a perspectiva de garantia de direitos humanos à saúde e ao bem-estar.
       "É uma importante iniciativa porque incute a visão humanista nos profissionais de saúde. Afinal, falaremos de qualidade de vida por meio de alimentação saudável", enfatiza a coordenadora de Alimentação e Nutrição do MS.
       Para revisar a Pnan, o governo conta com as contribuições regionais. Os 300 conselheiros estaduais e municipais de saúde, entidades da sociedade civil, de trabalhadores em saúde, sindicatos, colaboradores em saúde, gestores e especialistas levaram e defenderam propostas elaboradas localmente.
       As sugestões foram sistematizadas e discutidas em mesas redondas, grupos de trabalho e depois votadas na plenária final do seminário. A etapa seguinte será uma consulta pública para colher novas sugestões para a revisão da política.
       Foi lançado durante o evento o caderno "Dialogando sobre o Direito Humano à alimentação adequada no contexto do SUS" com orientações aos profissionais de saúde, contribuindo para o aperfeiçoamento do sistema. O objetivo da publicação é compartilhar e difundir conhecimentos sobre os direitos humanos à saúde e à alimentação adequada e debater as experiências.

 

Fonte: Blog do Planalto
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A agenda incluiu Curso de Negociações Coletivas de Trabalho, realizado em parceria com o sindicato, com o objetivo de ampliar a qualificação das lideranças

       A FNE realizou sua reunião de diretoria, na quinta-feira (17), em Porto Alegre, como parte das atividades programadas para o 68º aniversário do SENGE. A agenda incluiu também, em parceria com o Sindicato, a realização do Curso de Negociações Coletivas de Trabalho - Realidade atual, estratégias e representação, com o objetivo de ampliar a qualificação das lideranças.
       O evento contou com palestras de sindicalistas como João Guilherme Vargas Neto, consultor de diversas entidades sindicais, o ex-ministro Antônio Rogério Magri, e o advogado paranaense Iraci Borges.
       As atividades da Federação em Porto Alegre incluíram também uma visita técnica ao Estádio Beira-Rio do Sport Club Internacional, onde conheceram o projeto do clube para sediar jogos da Copa do Mundo de 2014.
       O 68º aniversário do Sindicato dos Engenheiros foi celebrado também com evento técnico que reuniu cerca de 120 profissionais em torno do tema “Licitações de Obras, Produtos e Serviços de Engenharia”.
       O painel, conduzido pela jornalista Daniela Sallet contou com a participação dos engenheiros Miguel Palaoro e Cloraldino Severo, e do advogado Gladimir Chiele.
       Na abertura dos trabalhos, o presidente do SENGE José Luiz Azambuja destacou que o objetivo do Sindicato ao propor a abordagem sobre licitações foi o de oferecer à categoria e à sociedade um debate de interesse recíproco, “na busca de processos licitatórios transparentes, que resultem em obras, produtos e serviços com qualidade, economicidade e prazos adequados”.
       O engenheiro civil Miguel Jorge Palaoro foi o primeiro painelista da tarde. Com o tema “Autonomia e Independência Técnica - Qualidade x Preço x Prazo”, Palaoro salientou as questões que envolvem a corrupção nos processos e a preocupação com os prazos.
       Para o engenheiro, que também é presidente do Conselho Técnico Consultivo do SENGE, o atraso na entrega de uma obra, também pode ser visto como um tipo de corrupção. Ele defendeu a importância de trabalhar sem sigilo, de forma aberta e transparente, o que possibilita a todos os interessados e aos próprios colegas exercer também uma forma de controle, o que diminuiria as imprudências e a vulnerabilidade dos profissionais envolvidos.
       Miguel Palaoro acredita que é possível fazer um trabalho envolvendo toda a comunidade profissional e que já ficou para trás a época de tomar decisões individuais relacionadas às obras.
       Na seqüência, o engenheiro Cloraldino Soares Severo, abordou “A Defesa do Interesse Público”. Auto-intitulado como provocador, o ex-ministro dos transportes propôs que todos pensassem sobre o desafio do engenheiro na retomada do desenvolvimento. Focando nas licitações, questionou se a administração pública vem seguindo os pontos principais determinados pela própria Constituição.
       Defendeu que não é possível se omitir de tudo o que acontece e afirmou que os próximos cinco ou dez anos serão decisivos para confirmar, ou não, as expectativas que temos. Finalizou deixando a provocação “Que nós possamos dar continuidade a um esforço permanente de fiscalização da sociedade. Não tem outra solução, pois a corrupção é atacada onde a população se faz presente”, finalizou.
       O advogado e consultor da FAMURS, Gladimir Chiele, último dos painelistas, tratou do tema “Responsabilidades Civis, Penais e Administrativas dos Profissionais”. Inicialmente fez uma comparação entre sua visão de advogado e os pontos-de-vista dos engenheiros, dando ênfase a questão de que na sua profissão os assuntos são analisados de forma mais interpretativa.
       Concordando com Cloraldino Severo, disse que o combate à corrupção se determina com a facilidade de acesso à informação. Garantiu que hoje em dia ocorre uma fiscalização muito mais rígida e uma legislação maior, desde a reforma do Estado brasileiro.
       O evento encerrou com a palestra do jornalista Lasier Martins que tratou sobre as perspectivas de crescimento do Rio Grande do Sul, os cenários políticos e os reflexos para as áreas de engenharia, arquitetura e agronomia.
       Lasier destacou que vivemos um momento muito bom para os engenheiros, inédito em nosso país, porém, ressaltou a carência de profissionais com a qual ressente-se toda a cadeia produtiva.

 

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Valor é estimativa dos prejuízos com falhas nos projetos de obras públicas, segundo dados apresentados por engenheiros reunidos em Curitiba, na última semana

       A baixa qualidade do ensino médio, sobretudo em disciplinas como física, química e matemática, tornou-se obstáculo para a formação de engenheiros no Brasil. Essa falha, agravada pela alta demanda gerada com o crescimento do país, tem custo - e não é pequeno.
       Cálculos de entidades de engenharia mostram que o país perde US$ 15 bilhões (R$ 26,5 bilhões) por ano com falhas nos projetos das obras públicas. A cifra, equivalente a 1% do PIB, foi apresentada em encontro nacional de engenheiros, em Curitiba, na semana passada.
       A reunião levou à capital do Paraná 850 engenheiros de todo o país com o único propósito: buscar meios de frear a crise sem precedentes da engenharia nacional.

Guerra
       A CNI (Confederação Nacional da Indústria) calcula que 150 mil vagas de engenheiros não terão como ser preenchidas até 2012. Tamanha demanda diante da falta de profissionais criou uma guerra por engenheiros.
       Em 2003, a formação de um engenheiro custava US$ 25 mil. Hoje, US$ 40 mil, diz a IBM, uma das empresas que mais contrataram engenheiros e técnicos de computação desde quando o Brasil tornou-se base mundial para oferta de serviços.
        Essa escassez já atinge a competitividade brasileira. "Em 2009, exportamos US$ 1,5 bilhão em serviços. Só a IBM respondeu por US$ 500 milhões. A Índia exportou US$ 25 bilhões", disse Paulo Portela, vice-presidente de Serviços da IBM, em seminário promovido pela Amcham, em São Paulo.
       "Essa disputa [por engenheiros] não ajuda. Vamos perder se entrarmos numa guerra e ampliar a inflação dos custos da mão de obra." O salário inicial, de R$ 1.500 em 2006, já atinge R$ 4.500.

Evasão
      
O diagnóstico da realidade nos 1.374 cursos no país mostra que a evasão nos cursos de engenharia é de 80%; dos 150 mil que ingressam no primeiro ano, 30 mil se formam.
        "Só um 1 em cada 4 possui formação adequada. O Brasil forma menos de 10 mil engenheiros com competência e esses são disputados pelas empresas", diz José Roberto Cardoso, diretor da Escola Politécnica da USP, uma das mais importantes faculdades de engenharia do país.
       A Amcham (Câmara Americana de Comércio) quer o tema na campanha eleitoral. O documento com o diagnóstico e as propostas compiladas por Jacques Marcovitch, professor da USP e conselheiro do Fórum Econômico Mundial, será entregue ao governo e aos candidatos.
       É certo que ficará para o próximo governo a busca da resposta para a pergunta: "Por que o jovem quer ser médico e advogado e não quer ser engenheiro e professor de matemática?".
       Exemplo de baixa procura pela área ocorreu em concurso para professor de física em São Paulo. De 931 vagas, só 304 foram preenchidas.

Sem oferta, indústria "caça" engenheiro
       Pesquisa do Ibope encomendada pela Amcham aponta que 76% das empresas no Brasil possuem programas de treinamento e formação de mão de obra.
       Boa parte desses gastos assegura o futuro engenheiro na companhia. A mineradora Vale, que só em 2010 prevê investimento total de US$ 12,9 bilhões, deu escala a esse modelo.
        A mineradora criou cursos de pós-graduação para atrair engenheiros com até três anos de formado. Cada um recebe bolsa de R$ 3.000 para especialização em engenharia de mina, ferrovia, porto e agora pelotização (transformação de finas partículas de minério em pelotas).
        Marcelo Brandão, engenheiro ambiental, e Fabio Witaker, engenheiro mecânico, são exemplos recentes. Foram contratados em fevereiro depois de curso intensivo de engenharia ferroviária.
        Aproximar-se da academia tem sido a solução. A montadora General Motors é uma das empresas mais agressivas nesse campo. Com a instalação no Brasil de 1 dos 5 centros mundiais de desenvolvimento de produto, a montadora teve de ampliar de 600 para 1.300 o número de engenheiros.

Acordo
       Um acordo com a Escola Politécnica da USP, um dos principais centros de formação de engenheiros no Brasil, deu à GM uma vantagem. Os estudantes de engenharia da Poli aprendem a desenhar carros no sistema GM de projetar veículos.
       "Quando esses estudantes saírem da universidade, estarão prontos, com parte do treinamento executado", diz Pedro Manuchakian, vice-presidente de Engenharia de Produtos da General Motors na América do Sul.
       Com planos para criar centros de pesquisa no Brasil, General Electric e IBM correm para atrair profissionais. A IBM vai repatriar 50 cientistas brasileiros.
       O novo laboratório anunciado há duas semanas exigirá cem cientistas, alguns dos quais engenheiros.
        "É uma operação de guerra", disse Paulo Portela, vice-presidente de Serviços da IBM. De 3.800 funcionários em 2003, a IBM expandiu para 21 mil. A empresa já treinou 60 mil pessoas, das quais contratou 10 mil.

Conteúdo nacional
       A GE também tem planos igualmente fortes no país, sobretudo para ampliar o conteúdo nacional de componentes usados em seus equipamentos. A empresa também anunciou um centro de pesquisa no país, onde contratará 150 engenheiros.
       Segundo Alexandre Alfredo, diretor de relações institucionais, a companhia foi buscar profissionais em quatro universidades: as paulistas USP e Unicamp e as federais do Rio e de Minas Gerais.

Governo quer reduzir evasão nos cursos
        A principal meta do governo nos próximos três anos é elevar de 30 mil para 40 mil o número de graduados em engenharia no Brasil. A tarefa foi entregue à Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior). A instituição criou uma comissão para cumprir esse objetivo.
        Segundo o coordenador da Capes, Jorge Almeida Guimarães, há dois problemas centrais na crise da engenharia brasileira.
        A primeira é a precária formação no ensino fundamental e médio, com grandes deficiências em disciplinas básicas das chamadas ciências duras, como física, química e matemática.
        A segunda é consequência da anterior. A falta de boa formação no ensino médio tem provocado evasão maciça nos cursos de engenharia. "A primeira missão será garantir que o aluno fique no curso", disse Guimarães.
        A Capes vai pedir auxílio à Petrobras para alcançar essa meta. A estatal, responsável por grande parte da demanda brasileira por engenheiros, é uma das empresas mais interessadas em ampliar a formação desses profissionais. Só assim conseguirá pôr em marcha planos de investimentos de US$ 200 bilhões nos próximos cinco anos.
        A comissão da Capes estuda repetir iniciativa hoje já usada por grandes corporações e bancar a permanência dos alunos nos cursos.
        A ampliação em 10 mil engenheiros em três anos é uma meta modesta para as necessidades nacionais.
       Os países que fazem concorrência com o Brasil no mercado internacional formam contingentes muito maiores de engenheiros. Por ano, a China forma 400 mil engenheiros, a Índia, 250 mil, e a Coreia do Sul, 80 mil.

Iniciativas
       Jacques Marcovitch, professor da USP, listou iniciativas com o objetivo de modernizar a engenharia nacional em documento a ser entregue pela Amcham (Câmara Americana de Comércio) aos presidenciáveis.
       O desafio de todas é inverter a avaliação atual do diretor da Poli, José Roberto Cardoso: "Engenheiros de menos. Escolas de mais".

 

Agnaldo Brito, Folha de SP, 21 de Junho

Assista também ao vídeo da FNE: Mais Engenheiros para Construir o Brasil, estimulando ampliação e melhoria da formação de novos profissionais

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