logo seesp ap 22

 

BannerAssocie se

×

Atenção

JUser: :_load: Não foi possível carregar usuário com ID: 69

Em menos de um ano, acontece um novo incêndio de grandes proporções em terminais de armazenamento no Porto de Santos (litoral de São Paulo). Dessa vez foi na margem esquerda do maior complexo portuário da América Latina, na cidade de Guarujá. Em 14 de janeiro último, o fogo atingiu mais de 50 contêineres com produtos químicos os mais diversos no terminal Localfrio. Em abril de 2015, o fogo destruiu seis tanques de armazenamento de álcool anidro e gasolina da empresa Ultracargo.

A situação exige atenção redobrada e um debate aprofundado sobre as atividades no porto e o resguardo da população da região, analisa o presidente da Delegacia Sindical do SEESP na Baixada Santista, Newton Guenaga Filho. Para ele, não são apenas esses dois acidentes que devem chamar a atenção. E explica: “Devemos ampliar a nossa visão e considerar, em termos de incêndio, os ocorridos nos armazéns de açúcar. Alguma coisa está acontecendo no maior porto da América Latina. A segurança é um dos fatores a serem considerados.”


Foto: Beatriz Arruda/SEESP
Guenaga foto Bia editada 
A prevenção é a melhor forma de se evitar acidentes como os que
estão ocorrendo no Porto de Santos, defende Guenaga 


Guenaga ressalta que a medida mais correta é sempre a prevenção, que, segundo ele, começa com o projeto de instalação, a devida execução, depois a fiscalização, manutenção e aprimoramento das medidas mitigadoras preventivas, porque a prevenção sempre evolui com a tecnologia. “E nada disso dispensa o plano de emergência.”

Diante de tantas ocorrências, Guenaga defende a formação de uma “força-tarefa” envolvendo órgãos federais, estaduais, municipais para fiscalização e eventual intervenção em cada armazenamento existente no porto, “mas para que isso aconteça precisa existir vontade política para mexer nesse vespeiro”.

O dirigente observa que quando a engenharia de segurança está presente e é aplicada em todas as fases do empreendimento (projeto, execução, ampliação, operação, manutenção e fiscalização) os riscos de acidentes são afastados cada vez mais. “A palavra-chave é se antecipar aos riscos e corrigi-los no seu nascedouro, na sua origem”, ensina.


 

Rosângela Ribeiro Gil
Imprensa SEESP









O diretor-presidente da Caixa de Assistência dos Profissionais do Crea-SP (Mútua), Paulo Roberto de Queiroz Guimarães, foi recebido pela diretoria do SEESP, em 18 de janeiro último, na sede da Capital paulista. Entre outros assuntos, foram apresentadas as atividades do Instituto Superior de Inovação e Tecnologia (Isitec), mantido pelo sindicato. Guimarães, acompanhado de outros diretores e equipe técnica da entidade, também conheceu as instalações da instituição de ensino do SEESP, em São Paulo.


Foto: Deborah Moreira/SEESP
Mutua 18JAN2016 editada 
Diretorias do SEESP e da Mútua se reúnem na sede do sindicato, na Capital paulista,
entre outros assuntos, a proposta do Isitec para o ensino da engenharia no País 


 


Rosângela Ribeiro Gil
Imprensa SEESP

 

 

 

 

 

 

 

 

O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) firmou convênio com o Instituto de Biociências de Botucatu (IBB) que trata da criação de um Centro de Ciência, Tecnologia e Inovação para Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional como espaço de Interlocução de Instituição de Pesquisa com a sociedade.


Foto: Portal do Agronegócio
Seguranca alimentar 
Imagem ilustrativa
 

Maria Rita Marques de Oliveira, professora do IBB e diretora técnica do Programa de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional da União das Nações Sul-Americanas (Unasul), diz que a parceria dará continuidade a ações de extensão, apoiando o MCTI nas atividades voltadas à soberania e segurança alimentar e nutricional na América Latina, África e vários estados brasileiros. “O centro envolverá também a pesquisa e o ensino com a participação de docentes de toda a da Unesp [Universidade Estadual Paulista]", informa.

 

Edição Rosângela Ribeiro Gil
Com informação da Unesp Agência de Notícias (UnAN)








O Aquífero Guarani é um reservatório de águas doces subterrâneas que ocupa parte dos territórios do Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Entre 2002 e 2010, foram realizadas negociações com esses países para a assinatura do acordo que regula a utilização dessas águas, que originaram a dissertação de mestrado “Atuação do Brasil na negociação do acordo sobre o Aquífero Guarani”, apresentada em 14 de dezembro de 2015 ao Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (IEE-USP), pela jornalista Cinthia Leone Silva dos Santos.

 

Após a descoberta do Aquífero Guarani, em 1996, era necessário regulamentar o uso das águas. Porém, existiam poucas informações técnicas a respeito. Entre 2002 e 2009, foi realizado, com recursos do Banco Mundial, um projeto de pesquisa sobre o aquífero. “Havia um grande temor de que a realização de alguma obra para a utilização das águas no território brasileiro pudesse causar repercussão negativa para os outros países”, informa a pesquisadora, lembrando que as pesquisas mostraram que essa interferência não existe.

 

Segundo a jornalista, outra preocupação, principalmente do governo uruguaio, era de que a Organização das Nações Unidas (ONU) considerasse as águas do aquífero como internacionais, abrindo assim a possibilidade de exploração por outros países além de Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.

 

A primeira proposta para o acordo foi em 2004, mas não houve consenso devido à existência de divergências. Segundo Cinthia, foram feitas cinco versões do mesmo acordo até a assinatura, em 2010.

 

Caminho pacífico embasado pela ciência

“O acordo sobre o Aquífero Guarani se tornou o primeiro sobre águas transfronteiriças [cujos limites vão para além das fronteiras dos países] a ser assinado de modo pacífico. Isso é algo novo na diplomacia”, diz a pesquisadora. Outro ponto positivo foi que o documento assinado teve como embasamento as pesquisas científicas realizadas durante o projeto do Banco Mundial. “Isso mostra a influência daquilo que estava sendo produzido no campo científico”, destaca. Sobre a gestão do aquífero, ela é realizada de modo independente pelos quatro países, sem que um interfira nas decisões do outro.

 

A pesquisadora lembra que Argentina e Uruguai já ratificaram o acordo, ao contrário do Brasil e do Paraguai. “Com a não ratificação, os países deixam de criar alguns órgãos propostos no acordo”, explica. No caso do Paraguai, a proposta é a criação de uma escola de formação para capacitação técnica. No Brasil, é a existência de um órgão técnico para monitoramento dos poços que utilizam as águas do aquífero.

 

Para o Uruguai, a criação de um órgão de análise das características físico-químicas da água, pensando nos corredores termais existentes naquele país. Para a Argentina, não havia especificações, mas o país forneceria dados sobre a utilização dessas águas.

 

Outros aquíferos

Ao ser descoberto, o Aquífero Guarani foi considerado como a maior reserva de água doce subterrânea do mundo. “Posteriormente, foram descobertos dois outros aquíferos: o Alter do Chão, que abrange os estados do Pará, Amazonas e Amapá, no Brasil; e a Grande Bacia Artesiana, na Austrália. Ambos desbancaram o Guarani e hoje são os maiores do mundo”, esclarece a pesquisadora.

 

A maior parte do Aquífero Guarani está localizada em território brasileiro, sob os Estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. “Mais de 90% de toda a água retirada do aquífero é usada pelo Brasil. Encontrei dados na literatura apontando que de 70 a 80% dessa retirada de água é feita pelo Estado de São Paulo. E a maior cidade abastecida exclusivamente pelo Guarani é Ribeirão Preto, com mais de 600 mil habitantes”, finaliza.


 

 

Fonte: Agência USP de Notícias









Mais do que uma opção, fazer um curso de graduação, pós-graduação, especialização, MBA, de ensino a distância, de tecnologia ou profissionalizante é a garantia de desenvolver habilidades e ter uma carreira profissional de sucesso. Os convênios firmados com o SEESP colocam ao alcance dos associados e dependentes universidades e faculdades na Capital paulista e no Interior do Estado, com descontos nas mensalidades.

 

Confira alguns desses convênios e respectivos descontos: Complexo Educacional das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU), de 10% a 20%; Instituto Mauá de Tecnologia, de 10% e 32%; Universidade Anhembi Morumbi, 20%; Faculdade Cantareira, 10% e em consulta na pós-graduação; Universidade Ibirapuera, 50% e 40%; Universidade Nove de Julho (Uninove), 10% e 15%; Centro Universitário de Lins (Unilins), preços promocionais; Faculdade São Bernardo (Fasb), 10% e 15%. A relação das faculdades e mais informações sobre os convênios em http://goo.gl/hsyoQ6.

 

 

Lourdes Silva
Imprensa SEESP










O Núcleo Jovem Engenheiro do SEESP realiza a sua primeira reunião do ano de 2016 no próximo dia 30 (sábado), das 8h30 às 12h, na sede do sindicato, na Capital paulista (Rua Genebra, 25, Bela Vista). De acordo com a coordenadora do núcleo, Marcellie Dessimoni, várias ações já foram definidas, entre elas, buscar nas universidades e na sociedade estudantes para participação em massa na luta pela categoria e filiação dos estudantes de engenharia e jovens engenheiros ao sindicato e mostrar a importância da ação sindical para a engenharia.

Ainda está dentro do horizonte do trabalho criar um espaço para que o jovem engenheiro possa vir buscar conhecimento e interação no sindicato. “Queremos criar uma forma de aproximação e realizar encontros com os diretores dentro desse espaço”, observa Dessimoni.

A atividade do dia 30 é aberta à participação de todos os estudantes e recém-formados na área. “Quanto mais gente melhor”, destaca.


 

Rosângela Ribeiro Gil
Imprensa SEESP









Uma das constantes do movimento sindical unido é a luta pela baixa dos juros Selic.

Criado em 1980, o Sistema Especial de Liquidação e Custódia, sob responsabilidade do Banco Central (Copom) e da Associação Nacional das Instituições dos Mercados Abertos (Andima), é um grande sistema computadorizado ao qual têm acesso apenas as instituições credenciadas do mercado financeiro e através dele os negócios com títulos públicos têm liquidação imediata; daí a taxa Selic.

A elevação da taxa de juros Selic é utilizada pelo BC para combater a inflação, mas tem funcionado como um tiro de canhão para matar tico-tico.

Isso porque, em uma situação de paralisia econômica, de desemprego, de flutuação cambial abrupta, de desequilíbrio fiscal e de sobrevivência de vários preços administrados e indexados, a elevação da taxa Selic perde seu papel antagonista da inflação, mas agrava a recessão.

Embora seja uma heresia do ponto de vista dos rentistas, esta posição tem sido defendida publicamente até por economistas ortodoxos e “analistas do mercado” que defendem os interesses da bancolândia, mas estão atentos ao travamento geral dos negócios e aos interesses mais amplos dos capitalistas.

A elevação da taxa Selic produz o aumento das despesas do Estado. Cálculos variados dizem que um ponto percentual a mais na taxa acrescenta 13 bilhões de reais (Márcio Pochmann), 14 bilhões (Clemens Nunes) ou até 15 bilhões (José Serra) na dívida interna.

Por estas e outras é que o movimento sindical tem persistido em combater a alta.

E, como testemunho de justiça, devo destacar o papel da Força Sindical nesta luta, desde as sardinhadas malcheirosas de Brasília até os atos multicoloridos na sede paulista do Banco Central quando o COPOM se reúne.

A luta pela queda da taxa Selic soma-se hoje à luta contra o desemprego e a recessão e pela retomada do desenvolvimento.

 

 

* por João Guilherme Vargas Netto, consultor sindical

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Milton Lourenco 2016 editadaQuase um ano depois do incêndio que atingiu os tanques do terminal da Ultracargo, na margem direita do porto de Santos, e em meio aos transtornos provocados pelo recente incêndio no terminal alfandegado da Localfrio, na margem esquerda, em Guarujá, ainda não se tem uma definição quanto a um novo acesso viário ao complexo marítimo. Como se sabe, o incêndio, ocorrido entre 2 e 10 de abril de 2015, provocou a interrupção das atividades em outros terminais e do tráfego de caminhões, além de problemas ao tráfego urbano e às demais operações portuárias bem como prejuízos ambientais incalculáveis com a contaminação das águas e a morte de milhares de peixes, afetando a vida de mais de 200 famílias que viviam da pesca artesanal.

Mal projetado, o Distrito Industrial da Alemoa continua a ser servido apenas pelo Viaduto da Alemoa e pela Avenida Augusto Barata, também conhecida como Retão da Alemoa, que constituem o único acesso rodoviário da margem direita. Ou seja, se vier a ocorrer sinistro semelhante ou mesmo em proporções menores naquela área, esse acesso ficará bloqueado, causando incalculáveis prejuízos a todas as operações portuárias.
Em outras palavras: se algum efeito positivo aquele desastre gerou foi o de deixar clara a necessidade urgente de se construir uma rota de fuga, que seria usada em caso de acidentes em terminais especializados em operações com granéis líquidos ou desastres naturais.

O incêndio também deixou à mostra como o Brasil está despreparado para enfrentar desastres não só naturais como aqueles causados pela incompetência humana, como ficou claro com o recente vazamento na barragem da Samarco, em Mariana-MG. Por ocasião do incêndio da Ultracargo, todo líquido gerador de espuma utilizado para combater as chamas, estocado no País, esgotou-se, o que significa que, se por aqueles dias outro incêndio tivesse ocorrido, não haveria produto para atender às necessidades.

Seja como for, algumas reuniões entre empresas e autoridades têm sido realizadas e sugestões apresentadas, como a instalação de hidrantes públicos no Distrito Industrial da Alemoa para facilitar o combate inicial ao fogo e um projeto para garantir o abastecimento de tanques com água do mar. Mas, a se levar em conta os primeiros desdobramentos do recente incêndio na Localfrio, a população da Baixada Santista tem razões de sobra para viver dias de desassossego.

O que se espera é que as autoridades não se limitem a criar apenas um comitê permanente de crise, que funciona mais como uma tentativa de apresentar satisfações à imprensa e à população, mas passem a adotar medidas mais concretas para garantir a segurança dos terminais e de seus funcionários e daqueles moram na Baixada Santista.

 

* por Milton Lourenço, presidente da Fiorde Logística Internacional e diretor do Sindicato dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística do Estado de São Paulo (Sindicomis) e da Associação Nacional dos Comissários de Despachos, Agentes de Cargas e Logística (ACTC)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Representantes sindicais, associações e membros do Poder Público discutirão o grave cenário de demissões e redução de atividades no Polo Industrial de Cubatão, além de seus reflexos em toda a região. A situação atinge todas as categorias de trabalhadores e está num momento decisivo. Apesar dos últimos esforços, a empresa Usiminas caminha para demitir um número expressivo do seu quadro funcional. O que ainda pode ser feito é o tema principal da reunião que o Fórum Cresce Baixada realiza nesta quinta-feira (21/1), às 9h30, na sede do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil (Sintracomos) - Rua Júlio Conceição nº 102, Vila Mathias, Santos.

 

Foto: Marcos Senhorães/Sistimmmec
Usiminas 04NOV2015 2 editada 
A primeira grande reunião realizada, no Sintracomos, no dia 4 de novembro último,
discute demissões na Usiminas

 

“A categoria foi duramente atingida e não apenas na Usiminas. Esta é uma das razões pelas quais o nosso sindicato, representando os trabalhadores de grande número de empresas da área de terceirizadas, é um dos principais participantes do Fórum Cresce Baixada", afirma Luiz Carlos Andrade, vice-presidente do Sintracomos.

Para o encontro desta quinta-feira, estão sendo convidados representantes do Executivo e Legislativo de toda a Região Metropolitana da Baixada Santista. E também os dois deputados estaduais e três federais eleitos pela região. Estão na lista de convidados ainda as associações comerciais, sindicatos patronais e de trabalhadores, universidades e o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp).

Para Newton Guenaga Filho, presidente da Delegacia Sindical do SEESP na Baixada Santista, "temos a necessidade de buscar alternativas de emprego para região, pois serão 1800 demissões de empregados diretos da Usiminas que causa um efeito dominó, provocando demissões em outras empresas também". E alerta: "Cria-se um movimento negativo que derruba a economia da região.”

Como tem sido divulgado, a Usiminas, principalmente, não apresentou nenhuma proposta que pudesse assegurar os empregos, conforme reivindicações dos trabalhadores.

 

 

Imprensa SEESP

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A “financeirização” da vida cotidiana, por meio do acesso ao crédito, tornou-se um dos componentes mais dinâmicos do capitalismo contemporâneo. E fator de reconfiguração das periferias de metrópoles de países emergentes. Este foi o fio condutor da pesquisa Urbanização e fenômeno financeiro em Buenos Aires e São Paulo no período da globalização, apoiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) no âmbito de acordo de cooperação com o Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas de la República Argentina (Conicet) .

O estudo foi conduzido pelos professores Fabio Betioli Contel, do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP), e María Laura Silveira, do Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas de la República Argentina (Conicet). E contou com a participação de Marina Regitz Montenegro, orientanda de Contel em pós-doutorado também apoiado pela Fapesp.

“O projeto contribuiu para a aproximação e o intercâmbio de pesquisadores entre a USP e diversas universidades argentinas, mas principalmente com a Universidade de Buenos Aires (UBA)”, disse Contel à Agência Fapesp.

Mencionando por enquanto apenas os dados levantados no Brasil, e ressalvando que tal levantamento se encerrou antes que a crise conjuntural atualmente vislumbrada pudesse aparecer nas estatísticas, o pesquisador afirmou que o valor das operações de crédito contratadas por pessoas físicas cresceu quase cem vezes entre 1995 e 2013, passando de R$ 12,9 bilhões a R$ 1,251 trilhão (dados não deflacionados). Desse total, 58% foram movimentados por famílias com renda per capita entre R$ 320 e R$ 1.120.

“Por meio de mecanismos como o cartão de crédito, o crediário nas grandes redes de comércio varejista, o financiamento para aquisição de imóveis, automóveis e outros, a ‘financeirização’ passou a fazer parte da vida cotidiana da população mais pobre. E a forte expansão do consumo que ocorreu durante o período estudado só pôde se viabilizar por causa dela. O número de cartões de crédito cresceu 590% entre 2000 e 2012, aumentando principalmente entre a população de menor renda.”

Coerção da compra
Um fenômeno importante investigado pelos pesquisadores foi que o protagonismo no processo de “financeirização” deixou de se limitar à ação dos bancos e instituições especificamente financeiras e passou a ser exercido também por grandes redes de comércio varejista. “Essas empresas obtêm, muitas vezes, maior lucratividade com a venda de produtos financeiros, como o crédito ao consumidor, do que com a venda das mercadorias que fabricam ou comercializam. Os juros incorporados às prestações excedem significativamente o valor real dos eletrodomésticos ou eletroeletrônicos vendidos”, destacou Contel.

A facilidade do crédito proporciona ao consumidor acesso imediato a um bem que sua renda não permitiria ter. Trata-se, como disse o pesquisador, daquilo que na sociologia foi denominado “coerção da compra”, no contexto da “sociedade do consumo”. “Essa ‘imediaticidade’ é a grande sedução do crédito. Se a pessoa economizasse durante alguns meses, poderia, no final do período, comprar o produto pelo preço à vista. O crédito lhe permite obter o produto imediatamente. Mas ao preço de pagar, muitas vezes, o dobro do valor.”

É preciso considerar que o impulso da compra atende, em vários casos, a uma demanda legítima, reprimida durante anos. O comprador pode ter necessidade real de determinado produto ou ser motivado pelo valor simbólico que atribui à posse dele. Se o seu padrão de renda aumenta, há uma tendência muito forte de responder a essa demanda.

“Um dos problemas é que o consumidor com menor grau de instrução raramente faz o cálculo de quanto terá pago pelo produto após quitar todas as parcelas. Sua preocupação é saber se o valor de cada prestação cabe no orçamento mensal..” As consequências disso podem ser o endividamento, a inadimplência e até mesmo a insolvência. No segmento das famílias com renda familiar até 10 salários mínimos, 63,9% estavam endividadas e 23% inadimplentes em 2013”, informou o pesquisador.

A principal forma de endividamento detectada pela pesquisa foi o uso do cartão de crédito, correspondente a 75,2% dos casos. Um mecanismo conhecido, confirmado pelo estudo, é o fato de o cartão ser, muitas vezes, usado para rolar dívida. “É claro que o acesso ao consumo gerou um aumento do conforto na vida das pessoas. Seria um contrassenso negar ou subestimar esse fato. Mas o que uma análise aprofundada evidencia é que esse fenômeno mais cria consumidores do que cidadãos”, argumentou Contel.

Financeirização do território
A pesquisa demonstra ainda que, concomitantemente à “financeirização” da economia, ocorre também a “financeirização” do território. E este foi um fenômeno bastante enfatizado pelo estudo, que se desenvolveu, afinal, no âmbito da geografia.

“Constatamos a crescente presença, nas periferias de São Paulo, de agências bancárias, instituições financeiras de crédito pessoal, filiais das grandes redes de varejo e serviços (dedicadas à venda de vestuário, eletrodomésticos, eletroeletrônicos, fast food ou entretenimento), supermercados, hipermercados e shopping centers. Áreas que, na década de 1990, não eram sequer atendidas por serviços de entrega em domicílio passaram a dispor desses fixos geográficos. E, devido à concentração de estabelecimentos, muitas localidades das periferias tornaram-se pontos de referência para o consumo de moradores de outras áreas”, discorreu o pesquisador.

“Do ponto de vista do fluxo da renda, essa difusão e capilarização dos bancos, instituições financeiras e redes de comércio varejista nas periferias, acentua, por meio do custo dos produtos financeiros, a transferência de recursos dos segmentos de menor renda para o circuito superior da economia urbana, constituído pelos grandes grupos empresariais. Do ponto de vista das economias locais, promove a reconfiguração do espaço, contrapondo aos estabelecimentos dedicados aos pequenos negócios – o chamado circuito inferior da economia urbana – uma concorrência altamente capitalizada, favorecida pela publicidade, pelo status simbólico das marcas e pela oferta de crédito a prazo”, prosseguiu.

Como explicou o pesquisador, a “financeirização” é um dado estrutural do capitalismo contemporâneo. Os nexos financeiros comandam todas as atividades econômicas, incluindo a indústria, o comércio e os serviços. E, ou bem a empresa é diretamente controlada por um banco, ou bem acaba desenvolvendo um braço financeiro, que eventualmente suplanta em importância sua própria atividade-fim (industrial, comercial ou de serviços). A novidade, se é possível denominá-la assim, foi a extrema intensificação do processo graças ao recente aumento do poder dos atores financeiros, dado sua maior capilaridade no território e sua onipresença nos circuitos da economia urbana.

“Um aspecto muito relevante da ‘financeirização’ é a ‘ bancarização’. Antes, a interface dos bancos com os correntistas eram as agências bancárias. Hoje, além das agências, a nova topologia bancária permite a prestação de serviços por meio dos caixas eletrônicos, dos correspondentes bancários (que são postos disponibilizados, principalmente, em agências do correio e casas lotéricas), de terminais de cartão de crédito e débito e de computadores e smartphones. Até camelôs de rua utilizam atualmente terminais de cartão de crédito e débito para facilitar a venda de seus produtos. Trata-se de um processo de desmaterialização da moeda em escala planetária. Existe, e se desenvolve cada vez mais, uma nova base técnica que coloca os bancos, literalmente, em todos os lugares”, concluiu Contel. 

 

 

Fonte: Agência Fapesp/Por José Tadeu Arantes

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Receba o SEESP Notícias *

agenda