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Embora a escravidão tenha sido formalmente abolida no Brasil em 1888, ainda nos dias de hoje é possível encontrar, no País, trabalhadores submetidos a condições análogas a de escravos. De acordo com um balanço divulgado recentemente pelo Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTPS), somente em 2015, o problema foi detectado em 90 dos 257 estabelecimentos fiscalizados e um total de 1.010 pessoas foram retiradas de condições de emprego consideradas degradantes.

Na tentativa de compreender quais são os fatores que caracterizam o fenômeno da escravidão contemporânea, a historiadora e professora da University of Michigan Law School Rebecca Scott tem se dedicado a estudar documentos produzidos por funcionários do MTPS durante as ações de fiscalização.

O projeto vem sendo realizado em parceria com o juiz federal e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Carlos Henrique Borlido Haddad e com Leonardo Augusto de Andrade Barbosa, analista legislativo na Câmara dos Deputados, em Brasília.

Um escopo do trabalho foi apresentado por Scott no dia 29 de março, em Ann Arbor, em Michigan, Estados Unidos, durante a programação da FAPESP Week Michigan-Ohio. O evento, que termina hoje (1º/4) na cidade de Columbus, em Ohio, tem o objetivo de fomentar novas colaborações entre pesquisadores paulistas e norte-americanos.

"A campanha de erradicação do trabalho análogo ao escravo que vem sendo realizada no Brasil desde meados dos anos 1990 – e que se fortaleceu principalmente no início do século 21 – reúne diversas entidade governamentais e não governamentais e tem gerado o que os historiadores mais almejam: um vasto material documental. Não conheço outro país com um trabalho tão sistemático nesse campo", afirmou Scott em entrevista à Agência Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).

A análise dos processos gerados a partir da fiscalização do MTPS, disse Scott, permite aos pesquisadores irem além do campo especulativo e conferir quais são as condições reais que levam promotores e juízes a condenar pessoas por exploração de trabalho escravo. "Nos permite examinar conceitos legais, entender como os fiscais e os promotores fazem o diagnóstico da situação quando visitam os locais de trabalho e observar como esses conceitos legais estão evoluindo na sociedade", disse.

Na condição de historiadora, Scott disse estar interessada particularmente na definição do conceito de escravidão contemporânea. "O uso desse termo tem a intenção de fazer uma analogia com circunstâncias presentes no Brasil até o século 19. Mas como usar essa metáfora sem cometer um erro? Não podemos diminuir as características únicas do processo de escravização de africanos no século 19. Definir a linha entre escravidão e liberdade é algo crucial para que a campanha para erradicação do problema avance", avaliou Scott.

Segundo a pesquisadora, as análises têm mostrado que são consideradas "condições análogas à escravidão" aquelas em que as violações dos direitos trabalhistas ultrapassam um certo limite e passam a ferir a dignidade humana.

"Muitas vezes os empregadores percebem a vulnerabilidade de seus trabalhadores e atuam para multiplicar essa vulnerabilidade e, assim, diminuir o grau de autonomia que aquela pessoa tem para aceitar certas condições de trabalho. Outro componente são as condições de trabalho propriamente ditas. Há décadas pesquisas têm mostrado que a escravidão tende a colocar seres humanos em condições similares a de animais, como dormir ao relento, por exemplo", explicou.

 

 

Fonte: Karina Toledo, de Michigan | Agência Fapesp

 

 

 

 

 

 

Em momentos como o que vive a nacionalidade brasileira avolumam-se análises apressadas, enviesadas e emotivas sobre a situação e também sobre os protagonistas, sejam indivíduos, instituições, partidos e movimentos.

As redes sociais funcionam como aceleradores dessa tendência e, no fim das contas, a algaravia aumenta. Corremos o risco de virarmos bárbaros, no sentido etimológico da palavra grega, “os que grunhem”.

Um dos antídotos é, se possível, o estudo comparado das iniciativas de diferentes atores.

Quero analisar os movimentos de três profissões clássicas: os médicos, os advogados e os engenheiros.

Os médicos, que vêm perdendo a aura que os cercava, são cada vez mais acossados pela realidade mercantilista de sua profissão e cobrados pelas exigências da população. Manifestam-se ferozmente, como categoria e por suas instituições representativas, pelo impedimento presidencial e dão vazão a manifestações individuais claramente antissociais. Em um país assolado por doenças endêmicas despreocupam-se disto e se colocam na vanguarda da despolitização.

Os advogados, que acumularam na luta pela democracia um ativo impressionante de prestígio social, dividiram-se em campos hostis, seguindo linhas diferentes de doutrinas jurídicas e de práticas processuais. Com a avalanche moralista desencadeada pela operação Lava-Jato, a mais importante de suas instituições, desprezando a divisão da categoria, optou por se associar à defesa do impedimento presidencial e o fez com estardalhaço, oportunismo e intempestividade, aumentando a divisão.

Os engenheiros, que têm um peso enorme na estrutura econômica, atravessaram fases difíceis, chegando a “virar suco”, recuperaram seu orgulho profissional (basta ver a procura por vagas de engenharia nos vestibulares) e defrontam-se hoje com as dificuldades decorrentes da recessão. Embora apreensivos como o conjunto da população, procuram afirmar uma plataforma realista de enfrentamento da crise a partir do destravamento da economia, sem paixões. Com apoio maciço de suas entidades representativas (sindicatos, escolas, associações, sistema profissional e empresas) procuram organizar o movimento Engenharia Unida que, associado ao Compromisso pelo Desenvolvimento, propõe soluções democráticas, unitárias, imediatas e factíveis para a economia e a sociedade brasileiras, construindo o protagonismo dos engenheiros na superação da crise.

 

* João Guilherme Vargas Netto, consultor sindical

 

 

 

 

 

 

 

O governo federal começou o ano de 2016 anunciando uma reforma na Previdência Social que propõe a unificação de todos os regimes de aposentadoria a partir de uma idade mínima, com elevação de 60 para 65 anos no caso das mulheres. Além disso, advoga-se a desvinculação dos benefícios do salário mínimo. A proposta vem sob a justificativa de haver um envelhecimento da população e de que há um déficit explosivo nas contas de seguridade social. Tais argumentos, contudo, não se sustentam. Quem afirma é a economista Denise Lobato Gentil, professora de Macroeconomia e Economia do Setor Público do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).  “A Previdência é superavitária e não o contrário”, afirmou ela em entrevista ao Engenheiro.



Foto: Thiago Júnior
 Gentil ThiagoJunior editada
Denise Lobato Gentil: "A Previdência é superavitária e não o contrário."
 

Existe ou não déficit na Previdência Social?
Denise Lobato Gentil –
O déficit da Previdência é um falso discurso. É baseado numa contabilidade que não tem nenhum respaldo legal, completamente alheio à Constituição Federal. E está sendo usado para alardear a população que se trata de um sistema quebrado, que é um déficit explosivo e que, portanto, é necessária uma reforma, que implica corte de gastos e, por sua vez, corte de benefícios. Repare que há todo um discurso ideologicamente montado para que a população chegue à conclusão que não pode contar com uma renda futura, digna, pelo sistema público brasileiro de previdência e, por isso, é levada a fazer um plano de previdência privada. A minha hipótese é que se trata de um processo de financeirização de um serviço que é público.

Mas qual a situação hoje então?
Gentil –
Existem outras receitas previstas para o sistema de seguridade social público, nos artigos 194 e 195 da Constituição. São cinco receitas que apresentam grande capacidade de arrecadação: a contribuição previdenciária ao INSS, a Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL), a Contribuição Para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), o PIS/Pasep, ou seja, o Programa de Integração Social e o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público, e receita de loterias esportivas. Somando todas essas receitas e descontando todos os gastos do governo com o Sistema Único de Saúde (SUS), Bolsa Família e demais programas sociais do País, incluindo a máquina pública e o pagamento dos 27 milhões de benefícios pela Previdência, entre aposentadoria, pensões, auxílio-doença, auxílio-acidente, seguro-desemprego, ainda assim sobra um montante de recursos. Ou seja, esse déficit não existe. Em 2015, mesmo com recessão, com a queda do PIB em 4%, teve um superávit de R$ 16 bilhões. Nos anos anteriores sempre teve superávit. O auge do superávit foi em 2012, com R$ 78 bilhões.

Como o discurso da aposentadoria pública inviável se sustenta?
Gentil –
A população não se mobiliza e isso para mim é resultado de uma desinformação muito grande. Ficamos brigando pelas migalhas, para não acontecer uma redução maior dos benefícios. Na verdade, deveríamos brigar por uma outra postura de Estado com relação a tudo. Temos um orçamento público completamente financeirizado, a maior despesa do nosso orçamento é com os juros da dívida. Isso é impensável num país como o Brasil quando vivemos um momento de crise mundial. Destinamos no último ano R$ 501 bilhões para pagamento de juros. É um escândalo. Somos o país que mais paga juros. E nosso segundo maior gasto, no mesmo período, foi da Previdência, com R$ 380 bilhões. Só que o primeiro atende a menos de 100 mil pessoas, de renda alta, que são praticamente rentistas, que possuem aplicações em instituições financeiras, enquanto o segundo destinou-se a pagar 27 milhões de benefícios. A mídia tem uma enorme influência nisso. Mas quem libera os dados para a mídia é o próprio governo.

E para onde vão esses recursos?
Gentil –
Desde a década de 1990, o governo federal, de Fernando Henrique Cardoso, vem retirando sistematicamente recursos do orçamento da seguridade social para o orçamento fiscal. Quando o orçamento da seguridade dá superávit, que sempre dá, ele destina aos gastos do orçamento fiscal, que é onde se pagam os juros da dívida pública, e aos aposentados do serviço público. São gastos que não tem nada a ver com a seguridade. Quer dizer, a Previdência está dentro de uma lógica de benefício ao sistema financeiro. Tanto pelo lado que você tem que cortar os gastos da Previdência para poder sobrar para pagar juros, quanto pelo lado que você tem que precarizar um serviço público para que as pessoas tenham que buscar um serviço privado em um banco. Então o discurso do desastre demográfico, o catastrofismo é muito útil ao sistema financeiro.

Mas de fato existe uma preocupação sobre o envelhecimento da população?
Gentil –
Essa pressão demográfica está acontecendo e será mais forte no futuro. Mas isso não quer dizer que no futuro tenhamos um grande problema pela frente. Eu advogo uma ideia totalmente diferente desse catastrofismo. Quando o governo repassa essas aposentadorias, elas só passam pelas mãos dos idosos, já que se destinam à compra de alimentos, medicamentos, energia, transporte. Tem uma proposta de visão muito mais ampla de perceber que esse gasto é dinamizador da economia, que ele gera crescimento e assim gera mais arrecadação.

O aumento do superávit da Previdência também está relacionado com o crescimento do País?
Gentil –
Sim, essa relação existiu até o ano de 2014. Daí para a frente não mais. Quando o País estava crescendo, e cresceu muito entre 2003 e 2010, o número de pessoas que passaram a fazer parte do sistema aumentou muito. E esse aumento se deve efetivamente ao crescimento econômico. Quanto mais aumenta o volume de pessoas formalizadas, mais contribuições vão existir. O que prejudicou o superávit da seguridade social nos últimos três anos, que fez diminuir, não gerar déficit, foi a política de desoneração tributária do governo Dilma, que atingiu as receitas da seguridade social. A ideia do governo era reduzir carga tributária para estimular os investimentos, o que foi um tremendo fracasso.


 

* Por Deborah Moreira. Entrevista publicada, originalmente, no jornal Engenheiro, nº 167, de abril de 2016, da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE)









O curso “Como fazer quase qualquer coisa” do professor Neil Gershenfeld, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, atravessou fronteiras e foi além da produção pessoal. O conceito maker do curso, que gerou mais de 600 laboratórios de fabricação pelo mundo segundo a ONG internacional Fab Foundation, inspira também projetos públicos. É o caso do Fab Lab Livre SP, desenvolvido pela Secretaria de Serviços da Prefeitura Municipal de São Paulo com o Instituto de Tecnologia Social (ITS Brasil). São dez laboratórios inaugurados desde dezembro de 2015, distribuídos pela cidade em sua maioria em bairros periféricos. “Estamos adaptando o modelo existente a um fab lab popular e queremos nos integrar à rede mundial”, conta Juliana Pessoa, coordenadora do projeto.


Fotos: Beatriz Arruda
FabLab 1 editada 
Nos espaços existem cursos para ensinar a usar o maquinário à fabricação digital, como a impressora 3D 


Os laboratórios são abertos ao público todos os dias, e as oficinas são gratuitas. Segundo Pessoa, os cursos, que podem durar até seis meses, vão de como usar o maquinário à fabricação digital. Quem tiver um projeto pode levar ao lab e desenvolvê-lo. Caio Cardoso Lucena, dono de uma startup que produz vídeos em 360 graus, usou a impressora 3D do Fab Lab Livre SP, na Galeria Olido, para fazer um protótipo de um suporte de câmeras para drone. “Fiquei sabendo pelas redes sociais e eu tinha o projeto, vim pedir ajuda e acabei aprendendo a fazê-lo”, conta Lucena. Além disso, o lab tem programações especiais, como a oficina realizada no Dia Internacional da Mulher, que convidou coletivos de mulheres da área digital para darem aulas ao público feminino.

Líder do Fab Lab Cidade Tiradentes, o design de produtos Isaac Pereira Loureiro, do ITS Brasil, acredita que a missão do programa é apresentar a fabricação digital e suas possibilidades à população. Segundo Loureiro, as pessoas que mais frequentam os labs são de comunidades e isso valoriza o projeto. “Apesar de o pessoal não saber o que é (o Fab Lab), quando descobre, surge a possibilidade de fazer algo. É um empoderamento muito legal, você abre uma porta de oportunidades na vida deles”, salienta o design.

Loureiro conta que professores procuraram o fab lab para fazer mapas para aulas de geografia. Juntamente com seus alunos, eles foram convidados a fazer parte do desenvolvimento do projeto. O resultado foi um laboratório repleto de crianças do terceiro ano do ensino fundamental envolvidas na execução da tarefa. “Mostramos no mapa onde elas moravam, estudavam, e elas acharam muito legal. Colocar essa gotinha de ‘faça com as próprias mãos’ nas crianças é muito positivo, você acaba criando pessoas que enxergam diferentes perspectivas”, diz Loureiro. O Fab Lab Livre SP Cidade Tiradentes recebe, em média, 20 pessoas por dia, de todas as idades. Todos os projetos realizados ficam disponíveis para download.

Fab Social
Um Fab Lab dirigido a crianças e adolescentes, com foco educacional por meio da tecnologia. Essa é a ideia do projeto Fab Social, iniciado no mestrado em Arquitetura de Alex Garcia e abraçado pela Prefeitura Municipal de Guarulhos, na Grande São Paulo. Diferentemente dos outros modelos, o Fab Social não tem um local fixo, mas passa pelos Centros de Educação Unificados (CEUs) da cidade. “Eu levava uma impressora 3D, uma cortadora de papel e uma router, e as oficinas aconteceram em sete CEUs, duas semanas em cada”, conta Garcia, sobre o início do projeto em 2013, que teve mais de 150 participantes.


FabLab 3 edditadaOs laboratórios mundiais abrem os seus espaços, uma vez por semana, à comunidade
 

Em 2015, o fab lab desenvolveu um kit pedagógico para ensinar conceitos de robótica e matemática a crianças. Segundo Garcia, todo o material utilizado foi de baixo custo. “Com uma pequena cortadora de vinil, fizemos peças em papel que se encaixavam para construir mecanismos como alavancas e polias. E as crianças tinham uma rápida compreensão, pois participaram de todas as etapas do projeto”, explica. O Fab Social é ligado à rede latino-americana de fab labs, a FabLat Kids, que desenvolve projetos abertos voltados ao desenvolvimento e aprendizado infantil. Para Garcia, inserir a ideia de transformação na criança é o que muda o mundo. “Com essa tecnologia você pode criar duas coisas: um novo consumidor ou um maker, um estudante. Esse é o nosso foco.”

Rede mundial
O Brasil tem hoje 16 laboratórios conectados à rede mundial de fab labs, geridas pela Fab Foundation, como o Fab Lab Belém, o Fab Lab Recife, o Poalab, em Porto Alegre (RS), entre outros. “O grande potencial desses espaços é transformar a realidade das pessoas”, afirma o professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP), Paulo Eduardo Fonseca de Campos, que é do Departamento de Projetos no Fab Lab SP, o primeiro laboratório brasileiro a se integrar à rede mundial. O lab SP, que surgiu como uma disciplina de pós-graduação do curso de Arquitetura e Urbanismo, recebeu a primeira cortadora a laser em 2011 e foi oficialmente inaugurado. “Nós passamos a ter contato com centenas de laboratórios espalhados pelo mundo e, a partir daí, houve a troca e o aprendizado acelerado”, relata Campos.

Um dia por semana o espaço é aberto à comunidade, assim como os demais laboratórios do mundo. É um padrão entre os fab labs, além de ter uma agenda de associados, pessoas que pagam regularmente pela utilização das máquinas. Impressoras 3D e cortadoras a laser fazem parte do hardware que o lab pode ter, mas, para Campos, o importante é o software, como ele classifica o conhecimento. “O laboratório não é o ator principal nesse processo, e sim os movimentos sociais e tudo aquilo que as comunidades podem criar em conjunto. As máquinas ficam obsoletas, o conhecimento não”, diz.

Confira aqui o Fab Lab mais próximo de você: https://goo.gl/VTNjTN.

Para ver mais fotos dessa reportagem clique aqui.

 

 

* Por Jéssica Silva. Matéria publicada, originalmente, no Jornal Engenheiro, nº 167, de abril de 2016, da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE)

 

 

 

 

 

 

Bruno Ipea EngXXI 490 editadaEm fevereiro último, o pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Bruno César Pino Oliveira de Araújo, apresentou tese de doutorado à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) sobre as trajetórias ocupacionais de 9.041 jovens engenheiros brasileiros com carteira assinada, entre 2003 e 2012 (leia o trabalho na íntegra em http://goo.gl/WU7LeH). A faixa etária analisada foi entre 23 e 25 anos. Essas trajetórias foram comparadas às de uma geração anterior, tanto em seu período-base (1995-2002) como entre 2003-2012.

Os principais resultados mostram que as ocupações ligadas à gestão (em áreas correlatas à engenharia ou não) são as que oferecem remuneração mais alta em todos os períodos analisados; nos anos 2000, o terceiro padrão mais atrativo para os jovens daquela geração foi permanecer como engenheiro típico, caminho perseguido por praticamente metade deles, o que não se verificou na década anterior; o salário inicial subiu 24% em termos reais entre 1995 e 2003. De acordo com a pesquisa, explica Araújo, o engenheiro define sua trajetória profissional mais ou menos três anos depois de ingressar no mercado de trabalho. “Isso quer dizer que é muito difícil haver uma mudança muito brusca de ocupação.”

Esses resultados, prossegue ele, indicam que se, por um lado, houve uma revalorização dos profissionais da categoria na última década, por outro, esse quadro não trouxe engenheiros anteriormente formados a carreiras típicas. “Tal constatação, aliada à baixa demanda pelos cursos da área durante os anos 1980 e 1990, corrobora a hipótese de um hiato geracional entre os engenheiros, cobrado por volta de 2010, com o início de grandes obras de infraestrutura com o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).” O cenário aquecido, salienta, levou em 2009 ao fenômeno de a engenharia bater, pela primeira vez, o curso de Direito em termos de número de calouros. O gap geracional na área, aponta Araújo, ocorre por conta de períodos de baixa expansão econômica. “Quando o crescimento é retomado, não se tem o número de profissionais necessários, porque não teremos uma camada com dez ou 15 anos de mercado para tocar grandes obras”, analisa. Nessas condições, ressalta, surgem situações extremas: “Temos o profissional muito antigo, o sênior, que pode ser até o dono da empresa, ou aquele que está saindo da faculdade.”

O pesquisador observa que uma característica singular do Brasil frente ao mundo e até, em certa medida, aos países latino-americanos é a volatilidade estrutural muito grande, que cria um ambiente econômico incerto que impacta diretamente a engenharia nacional. “Ou seja, crescemos muito num momento e depois vamos a zero.” Ele exemplifica: “Uma pessoa, em 2009, viu que o País estava em alta com várias obras, por isso optou por engenharia; quando ela se formou, em 2015, o cenário já era outro.”

 

 

Rosângela Ribeiro Gil
Imprensa SEESP
Texto publicado, originalmente, na seção Engenheiro XXI do Jornal do Engenheiro, nº 490, de abril de 2016

 

 

 

 

 

 

 

A cerimônia de posse da diretoria da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), realizada em 28 de março, na Assembleia Legislativa de São Paulo, marcou a renovação do compromisso da entidade com a defesa da categoria, a valorização da profissão e o desenvolvimento nacional. Essa agenda, que tem guiado a atuação da FNE, foi traduzida em ideias, propostas e discussão por meio do “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, lançado há dez anos. Tal debate segue ativo e atual, pois mantemos nossa convicção sobre a necessidade e a possibilidade de o País alcançar um patamar socioeconômico que permita oferecer a toda a sua população condições de vida digna.


Foto: Beatriz Arruda
Murilo 28MAR2016 editada 
Murilo Pinheiro no discurso de posse da diretoria da FNE, no dia 28 de março,
na Assembleia Legislativa de São Paulo

 

Os desafios que se colocam à nossa frente, contudo, ganharam ainda maior magnitude. Além de continuarmos com demandas essenciais por cumprir, como superar as deficiências da infraestrutura nacional e implementar uma política industrial efetiva, que assegure ganhos de produtividade e inovação tecnológica, deparamo-nos hoje com uma grave recessão. A tornar o cenário ainda mais complexo, arrasta-se uma crise política que dificulta encontrar saídas aos nós econômicos.

E é diante dessa situação preocupante que se insere o segundo compromisso assumido pela FNE: a disposição de atuar de forma coesa com o conjunto dos profissionais e entidades representativas da área tecnológica para que o País retome os rumos do crescimento econômico. Lançamos, portanto, o movimento “Engenharia Unida”, numa articulação nacional pelo desenvolvimento.

A “Engenharia Unida” já congrega um conjunto de forças fundamentais que se fizeram representar na cerimônia do dia 28 e na plenária que ocorreu no dia seguinte, na sede do SEESP. Dirigentes de Conselhos Regionais de Engenharia e Agronomia (Creas), associações, instituições acadêmicas, empresariais e sindicatos da base da FNE e de fora dela debateram, ao longo da manhã do dia 29, o papel reservado à engenharia neste momento que o País atravessa e como colocar essa tarefa em prática.

Dessa dupla jornada da “Engenharia Unida” realizada em São Paulo, fica clara a disposição de ação coletiva dessas forças que constroem o Brasil. Se são grandes as dificuldades, maior é a capacidade de luta e trabalho de quem acredita que podemos alcançar o País que queremos e que o nosso povo merece.

Estamos certos de que esse foi o primeiro – e fundamental – passo na organização da “Engenharia Unida” que muito contribuirá com o Brasil. Vamos juntos defender as nossas categorias e profissão e, ao fazê-lo, estaremos atuando pelo bem do País. Apresentaremos propostas de saídas a essa crise e nos mobilizaremos para que sejam implementadas. A hora é de agir com coragem, determinação, seriedade e generosidade.

 

Eng. Murilo Celso de Campos Pinheiro
Presidente do SEESP

 

 

 

 

 

 

 

Na edição desta semana do programa Revista TST, o quadro #queropost é sobre a lei que amplia a licença-paternidade de cinco para 20 dias. A dúvida de um telespectador é se todo trabalhador tem direito ao benefício.

O programa também mostra uma decisão da Subseção 1 Especializada em Dissídios Individuais (SDI-1) do TST na qual os ministros entenderam que o direito de um trabalhador ao pagamento de diferenças salariais decorrentes de alteração contratual estava prescrito.

Na Subseção 2 Especializada em Dissídios Individuais (SDI-2), foi mantida sentença que condenou a Mercedes Benz a indenizar trabalhador que desenvolveu doença ocupacional.

O Revista TST é exibido pela TV Justiça às sextas-feiras, ao meio dia, com reprises aos sábados, às 5h, terça às 9h e quarta às 22h. Todas as edições também podem ser assistidas pelo canal do TST no Youtube: www.youtube.com/tst.

 

 

 

 

Fonte: Notícias do TST

 

 

 

 

 

 

 

O presidente da Associação de Engenheiros e Arquitetos de São José dos Campos, Carlos Eduardo de Vilhena, foi recebido, na manhã desta quarta-feira (30/03), pela diretoria do SEESP, na sede do sindicato, na Capital paulista. Na segunda-feira última, ele participou da solenidade de posse da nova diretoria da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE) e aprovou o projeto “Engenharia Unida”. “Hoje temos vários segmentos de representação dentro da área. Precisamos unir todas essas forças em torno do mesmo objetivo, que é o de construir um novo Brasil”, destacou.


Fotos: Jéssica Silva
FNE SJCampos 
Paiva (à dir.) apoia o movimento que busca unir a engenharia nacional
em prol do desenvolvimento do País e da valorização profissional

 

O projeto, segundo o presidente do SEESP e da FNE, Murilo Celso de Campos Pinheiro, é grande e mostra que os profissionais têm condição de serem protagonistas na questão da saída da crise por que passa o País. “Precisamos de todas as forças nessa proposta”, salientou Pinheiro, que convidou a associação a participar do movimento, já que ela representa uma cidade pujante e da tecnologia. Nesse sentido, Paiva informou que o município tem o maior índice de engenheiros por habitante do Hemisfério Sul, sendo superado apenas pelo Vale do Silício, na Califórnia, nos Estados Unidos. “Só na Embraer (Empresa Brasileira de Aeronáutica S.A) são mais de cinco mil engenheiros”, disse Paiva.



Engenharia Unida 30MAR2016Dirigentes engenheiros em reunião que discutiu a unidade nacional da categoria
 

Pinheiro realçou que o momento é de discutir questões relevantes e sérias, como a valorização profissional e o desenvolvimento nacional, tendo como esteio os valores democráticos do debate e da participação sem qualquer tipo de constrangimento. “Temos compromisso com a sociedade brasileira. Ou melhor, temos uma missão de ajudarmos o País a enfrentar qualquer tipo de dificuldade ou problema”, defendeu. E completou: “Juntos vamos fazer a diferença, onde todos podemos crescer com justiça e seriedade.”

Vilhena se colocou à disposição para o debate e disse que qualquer diferença que exista deve ser colocada de lado para se pensar na engenharia brasileira. “Os nossos profissionais merecem essa responsabilidade”, disse. O dirigente ainda preside a União das Associações de Engenheiros e Arquitetos da Região Metropolitana do Vale do Paraíba, Litoral Norte e Serra da Mantiqueira, que congrega 39 municípios, 13 associações e mais de 100 mil profissionais da área tecnológica. “A engenharia unida é uma bandeira importante que a federação está levantando e que as entidades de classe devem se engajar”, finalizou.

 

 

Rosângela Ribeiro Gil
Imprensa SEESP








A cidade de São Bernardo do Campo, no Grande ABC, construirá mais um trecho de corredor de ônibus. De acordo com o diretor operacional da Empresa de Transporte Coletivo da Prefeitura local, Alécio Batista, no trecho já operam nove linhas municipais, que atendem 1,2 milhão de usuários por mês e representam em torno de 21% da demanda total do sistema de transporte coletivo municipal. “É um importante viário, que vai privilegiar o transporte coletivo, mas que também beneficiará o tráfego de veículos particulares, já que haverá menos conflito no trânsito com os coletivos correndo por via exclusiva”, explicou.


Foto: PMSBC
Corredor SBC 
No trecho, segundo prefeitura local, já operam nove linhas
municipais, que atendem 1,2 milhão de usuários por mês
 

Faz parte do projeto do corredor de ônibus, além da construção da faixa única para os ônibus, a restauração do pavimento, instalação de pontos de parada, ciclovia e nova sinalização. Os pedestres também serão beneficiados já que haverá obras para a adequação das calçadas, piso, rampas, gradis, faixas de travessia com iluminação e semáforos. O corredor vai passar pela Avenida João Firmino e Rua Frei Gaspar no sentido Bairro/Centro e Avenida João Firmino e Rua Joaquim Nabuco no sentido Centro/Bairro.

Segundo Batista, o trajeto é a principal ligação entre o Grande Alvarenga, região com grande porcentagem de usuários de transporte coletivo, e o Bairro Assunção e o Centro. “Além disso, em toda a sua extensão há diversos equipamentos de educação, cultura, segurança pública e comércio”, observou o diretor.

No total, São Bernardo terá 12 corredores municipais. Em obras, o Leste-Oeste é o maior, com 13 quilômetros de extensão. Outro em obras é o corredor Alvarenga, que terá 3,6 quilômetros de extensão.


 

Com informações da Prefeitura Municipal de São Bernardo do Campo







A Prefeitura de Diadema informa que, a partir deste mês de março, serão iniciadas obras de infraestrutura urbana e saneamento ambiental na cidade, cujos recursos totalizam mais de R$105 milhões. O programa “Diadema de Cara Nova” prevê a revitalização de 26 núcleos habitacionais e a reforma de três centros comerciais, praças, pontos de táxi e ônibus, além do asfaltamento de 184 km de vias. As obras, segundo a administração municipal, serão executadas em até 12 meses.


Foto: Prefeitura de Diadema
Diadema caranova 
Programa prevê revitalização de conjuntos habitacionais e asfaltamento de vias
 

A revitalização também chegará aos centros comerciais Serraria, Piraporinha e Centro. O pacote para recuperação de vias e galerias começa na Vila São José com a Praça Miosótis, seguido pelo Jardim ABC com recuperação do pavimento.

Quinze mil famílias dos núcleos e vielas serão beneficiadas com as obras de infraestrutura como impermeabilização de asfalto, corrimão de escadarias, obras de drenagem e acessibilidade. O Núcleo Habitacional 18 de Agosto, no bairro Taboão, será o primeiro a receber intervenção. Também estão previstas obras nos núcleos Núcleo Itália, Inglaterra, Vila Olinda, Vila Oriental, Amuade, Santa Cândida, Parque Real, Inamar, Imbauva, Cidade de Deus, Cidade do Alto Irapuru, Maria Teresa, Dom João VI, Nações, Berlim, Vila Odete, Vila Alice, Bosque Real, Santa Luzia, Santo Ivo e Portinari.


 

Com informações da Prefeitura Municipal de Diadema








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