João Guilherme Vargas Netto*
De todas as tarefas impostas ao movimento sindical e que têm sido desempenhadas com forte espírito unitário desde o 1º de Maio virtual, a defesa das condições de sobrevivência da massa dos trabalhadores e das trabalhadoras é hoje a tarefa número um, com abrangência muito mais ampla do que as próprias bases organizadas dos sindicatos.
É fácil compreender que o caos social não se instalou ainda porque milhões de brasileiros e brasileiras receberam os auxílios emergenciais votados pelo Congresso Nacional, mesmo que muitos outros milhões não tenham conseguido ainda acesso a eles (incluindo os pequenos e médios empresários).
A prorrogação de tais auxílios é uma necessidade que se justifica pelo avanço da doença (com a consequente manutenção da necessidade de isolamento social) e pela situação de completo descontrole nas relações do trabalho, com demissões, fechamentos de empresas e falta de pagamentos.
O governo anunciou que aceita tal prorrogação por curto prazo, com redução forte dos valores.
Essa dupla proposição – prazos curtos e corte de valores – é inadmissível e deveria merecer desde já o protesto veemente dos partidos de oposição e de uma ampla frente de instituições e personalidades que se preocupem com a angustiante situação do povo.
As centrais sindicais em manifesto publicado hoje, no jornal Agora São Paulo, afirmam a necessidade da ampliação dos prazos de tais auxílios e da manutenção de seus valores.
A centralidade dessa luta – que tem repercussão nas forças políticas e no conjunto da população – pode ser expressa em uma palavra de ordem sintética: “Nenhum real a menos, que ninguém fique sem receber.”
Essa é hoje a forma principal de combater a doença e de impedir o caos social.
* consultor sindical