Ao comparar a variedade de soja transgênica mais cultivada no Brasil com um equivalente natural, pesquisadores do Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) observaram que as sementes geneticamente modificadas apresentam teores mais elevados e mais biodisponíveis dos micronutrientes cobre e ferro.
As análises também indicaram diferença na concentração de proteínas e nos níveis de enzimas antioxidantes, como catalase, superóxido dismutase, ascorbato peroxidase e glutationa redutase. Os resultados foram apresentados em dezembro, na sede da FAPESP, durante o Workshop on Interdisciplinary Plant Science.
“Os dados sugerem que a transgenia induz na planta um estado de estresse oxidativo. Ela então passa a produzir mais enzimas antioxidantes na tentativa de encontrar um novo equilíbrio e isso parece acelerar todo o seu metabolismo”, contou Marco Aurelio Zezzi Arruda, professor do Instituto de Química da Unicamp, coordenador do estudo apoiado pela FAPESP e pesquisador do projeto temático "Estresse oxidativo induzido por metais: novas abordagens", coordenado por Ricardo Antunes de Azevedo, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP).
Zezzi ressalta que os impactos dessas alterações para o ambiente e para a saúde de quem se alimenta da soja transgênica não foram objeto da pesquisa e ainda precisam ser mais bem estudados. Mas, no que se refere ao desenvolvimento da planta, o estresse oxidativo e a cascata de efeitos bioquímicos que ele desencadeia parecem ser benéficos.
“A soja transgênica tem uma taxa de sucesso mais alta na germinação, desenvolve maior teor de matéria orgânica e cresce mais rapidamente. A planta responde de forma mais exacerbada a qualquer estímulo externo que é dado, como elevação na temperatura ou na quantidade de água. Se há alguma resposta negativa também aumentada, ainda não sabemos”, afirmou Zezzi.
Os pesquisadores compararam sementes do cultivar natural MSOY 7501 com a variedade geneticamente modificada MSOY 7575 RR, conhecida como Roundup Ready (RR) e desenvolvida pela Monsanto em meados dos anos 1980.
Essa variedade transgênica foi liberada para o cultivo pela primeira vez nos Estados Unidos, em 1994. No Brasil, a liberação ocorreu em 2003 e, atualmente, ela corresponde a mais de 90% dos grãos produzidos no país.
A modificação genética envolvida no presente estudo teve o objetivo de tornar a planta resistente a herbicidas à base de glifosato – os mais vendidos em todo o mundo por serem de fácil manejo e oferecerem vantagens econômicas ao produtor. Para isso, foi inserido no DNA original o gene cp4EPSPS, extraído de uma agrobactéria.
Na soja natural, o glifosato bloqueia a produção da enzima EPSPS e, com isso, bloqueia toda a produção de aminoácidos aromáticos, como a fenilalanina, a tirosina e o triptofano – essenciais à sobrevivência da planta. Por meio da transgenia, a soja passa a produzir uma enzima ligeiramente modificada sobre a qual o glifosato não tem efeito.
“De alguma forma que ainda precisa ser esclarecida, a inserção do gene altera mecanismos bioquímicos secundários relacionados à produção de aminoácidos aromáticos e isso induz uma maior produção de espécies reativas de oxigênio, como radical superóxido, peróxido de hidrogênio, radical hidroxila e oxigênio singlete. Quando há excesso dessas substâncias, ocorre o que chamamos de estresse oxidativo. A planta então passa a produzir em maior quantidade enzimas antioxidantes”, explicou.
As análises por espectrofotometria (que permitem identificar substâncias pela absorção ou transmissão de luz) mostraram que nas sementes transgênicas os níveis de enzimas antioxidantes chegaram a ser até 35% maior em comparação à variedade natural. Ao analisar as folhas da planta transgênica, a diferença chegou a 70%.
Também no caso da análise proteômica – cujo objetivo é identificar todo o conjunto de proteínas da planta – a diferença foi bem maior nas folhas após o cultivo do que nas sementes.
Ao todo, o grupo identificou dezenas de proteínas diferentes nas sementes ou folhas das duas variedades de soja. Com auxílio de um software específico, os cientistas buscaram as chamadas “proteínas diferenciais”, cuja abundância diferia em pelo menos 90% para mais ou para menos de uma variedade para outra.
“Ao comparar as sementes, encontramos apenas quatro proteínas diferenciais. Depois que cultivamos essas sementes e analisamos as folhas, o número saltou para 77. O estresse oxidativo também foi maior nas folhas após o cultivo do que nas sementes. Agora, pretendemos estudar as próximas gerações da planta para ver se essa escalada de alterações bioquímicas continua crescendo e, em algum momento, torna-se prejudicial à planta ou se ela se interrompe”, disse Zezzi.
O metabolismo acelerado também faz com que a planta capte maior quantidade de nutrientes do solo. As análises nutricionais indicaram que as sementes transgênicas tinham 39% mais cobalto, 40% mais cobre e 20% mais ferro do que as sementes naturais. A variedade natural ganhou apenas no nível de estrôncio, 34% maior que o da transgênica.
“Simulamos em laboratório, com auxílio de reagentes químicos, um processo de digestão gástrica e outro de digestão intestinal e verificamos que esses micronutrientes estão mais biodisponíveis na soja transgênica. Na variedade natural esses metais costumam estar ligados a diferentes compostos, o que torna sua absorção mais difícil”, explicou Zezzi.
De acordo com o pesquisador, todas as análises foram feitas com plantas cultivadas nas mesmas condições de solo, temperatura e irrigação.
Fonte: Agência Fapesp
Foto da home: Revista Plantar
Segunda empresa do mundo em número de clientes em um mesmo país, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) só perde para a chinesa Beijing Enterprises Water Group.
A empresa, que fornece água para 363 municípios do estado de São Paulo, num total de 27,9 milhões de pessoas, começou em 2009 uma mudança no campo tecnológico. No ano seguinte foi criada a Superintendência de Pesquisa, Desenvolvimento Tecnológico e Inovação com o objetivo de gerar e prospectar tecnologia tanto para a própria companhia como para todo o setor de saneamento.
“Existe uma carência específica para saneamento. Hoje muitas das tecnologias são apenas adaptadas para essa área”, diz a engenheira civil Cristina Zuffo, gerente do Departamento de Prospecção Tecnológica e Propriedade Intelectual da Sabesp.
“A nossa ideia é desenvolver novas tecnologias e induzir os fornecedores a atenderem o setor de saneamento com os produtos gerados nesse processo”, afirma Cristina. Até 2009, a empresa tinha projetos de pesquisa e desenvolvimento (P&D) de forma tímida, sem estrutura no âmbito corporativo para esse fim. As iniciativas eram descentralizadas e pontuais.
O processo de criação do núcleo na Sabesp teve a assessoria do Departamento de Política Científica e Tecnológica do Instituto de Geociências da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) num projeto coordenado pelo professor Sérgio Salles. Também foi realizado um estudo de prospecção tecnológica sobre saneamento em revistas especializadas e em bancos de artigos científicos, além de saber o que as empresas no Brasil e no mundo estão fazendo nesta área.
Antes mesmo que o núcleo de tecnologia da empresa estivesse pronto a Sabesp fez um acordo de cooperação com a FAPESP para apoiar projetos de pesquisa para a área de saneamento por meio do Programa de Apoio à Pesquisa em Parceria para Inovação Tecnológica (Pite). O valor da primeira chamada que convidou os pesquisadores de instituições de pesquisa paulistas a apresentarem projetos foi de R$ 10 milhões, sendo R$ 5 milhões da Sabesp e R$ 5 milhões da Fundação.
Das 49 propostas, 9 foram selecionadas dentro de temas escolhidos pela empresa como economia no saneamento, eficiência energética, tratamento de esgotos, entre outros. Uma segunda chamada deve ter os projetos escolhidos anunciados nos próximos meses também no valor total de R$ 10 milhões.
Um dos temas previstos para os projetos é destinado a colaborar com um dos grandes desafios da empresa, a diminuição da perda de água, principalmente devido a rachaduras nas tubulações da rede de distribuição. A Sabesp em 2012 deixou de ganhar 25,7% a mais no faturamento com esse problema. Em 2013, até novembro, deixaram de ser contabilizados 31,4% de água, índice apurado na diferença entre os macromedidores, geralmente instalados na entrada de grandes reservatórios de distribuição, e os micromedidores, que são os hidrômetros residenciais ou comerciais.
A companhia estima que 66% das perdas foram principalmente de vazamentos e os 34% restantes relativos a fraudes, falhas em medidores, usos sociais que consistem no fornecimento para favelas, dentre outros. O índice de desperdício atingiu 29,5% em 2007 e a previsão da empresa é de chegar a 13% em 2019, dentro dos padrões internacionais. Diminuir o desperdício é uma forma também de contribuir para o abastecimento em períodos de falta de chuva, como aconteceu em janeiro deste ano na Região Metropolitana de São Paulo.
A detecção das perdas por vazamento pode ser mais bem diagnosticada para, além de melhorar o faturamento, contribuir para evitar a chamada escassez hídrica. Para a Região Metropolitana de São Paulo não sofrer desse problema, a empresa começará neste ano uma obra que vai trazer água da represa Cachoeira do França, no município de Ibiúna, a 70 quilômetros da capital.
Tradicionalmente, em todo o mundo, quando há suspeitas de vazamento, notado, por exemplo, com as diferenças de volume de água apurado nos reservatórios setoriais e o volume recebido pelos clientes, um funcionário vai até o local onde existe a suspeita de vazamento munido de um geofone. O equipamento é formado por um sensor que, apoiado no chão, capta as vibrações do solo e depois envia para um amplificador e para um fone de ouvido. Um técnico treinado para usar esse equipamento ouve os sons captados sob o piso de um quintal ou de uma rua, por exemplo, e se houver um ruído que indique ruptura ou vazamento, uma equipe da companhia de saneamento vai até o local abrir o terreno e fazer o reparo.
“Se a água aflora à superfície, é mais fácil identificar o local, mas se for no interior do solo a água vai para o lençol freático. Com o geofone, a localização do vazamento depende da habilidade do operador, que deve ter em volta menos barulho possível. Por isso grande parte desses testes são feitos à noite”, diz Cristina.
Mas como avançar nessa tarefa e dar maior precisão tanto ao trabalho de busca de vazamentos como na garantia da necessidade do serviço de reparo? O professor Linilson Padovese, do Departamento de Engenharia Mecânica da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), apresentou como proposta a criação de um software que pudesse ajudar os técnicos e a empresa nessa área.
Para isso, seria necessário ter um banco de sinais característicos dos problemas apresentados na rede de distribuição e que são conhecidos dos operadores do geofone. “Como não havia esse banco de sinais gravados porque os equipamentos disponíveis são analógicos, nós mudamos o foco no projeto para desenvolver primeiro um equipamento de coleta e gravação digital de sinais”, diz Padovese, que já tinha experiência anterior em sensoriamento vibroacústico em máquinas industriais e na aplicação de métodos de processamento de sinais para detecção de defeitos.
“Decidimos criar um equipamento que permitisse digitalizar, gravar e georreferenciar os sons escutados pelos técnicos. Dessa forma, a empresa poderá montar um banco de dados com os sinais digitais, todos marcados com a localização com GPS. Além disso, com a finalidade de baratear o equipamento e tornar a tecnologia mais simples e de fácil utilização, decidiu-se utilizar smartphones como plataforma de base do geofone.”
Fonte: Agência Fapesp
Para entender como o processo de urbanização das regiões tropicais do planeta afetará os ecossistemas locais e o clima global, cerca de 100 pesquisadores do Brasil e dos Estados Unidos que integram o projeto Green Ocean Amazon (GOAmazon) transformaram a região de Manaus, no Amazonas, em um laboratório modelo.
Diversas pesquisas serão realizadas ao longo de 2014 e de 2015, em quatro diferentes locais, em um raio de 150 quilômetros da capital amazonense, com o objetivo de compreender, por exemplo, como se dá a interação entre as partículas de poluição, os compostos naturalmente emitidos pela floresta tropical e as nuvens. Também é uma das metas do projeto desvendar como ocorrem os processos que produzem chuvas nos trópicos.
A apresentação oficial do GOAmazon foi realizada nesta terça-feira (18/02), no Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa), um dos parceiros, em Manaus.
“Esse programa trata de um problema mundial. É preciso, portanto, compartilhar esforços, competências e investimentos para fazer frente a desafios como os que norteiam o GOAmazon. São desafios que, a rigor, não têm fronteiras e as consequências das mudanças climáticas afetam a todos”, disse, durante a mesa de abertura, Odenildo Teixeira Sena, secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação do Amazonas.
“A Amazônia é um tema prioritário para nós, do DoE, e sabemos que o desafio não será alcançado sem esse tipo de parceria”, disse Sharlene Weatherwax, diretora associada do Escritório de Pesquisa Biológica e Ambiental do DoE.
Reynaldo Victoria, membro da coordenação do Programa FAPESP de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG), representou a fundação paulista no evento e destacou a satisfação da entidade com a parceria. “Temos muita vontade de ampliar esse tipo de colaboração, pois só conseguiremos algo melhor para o país e para a ciência se unirmos esforços”, afirmou.
A presidente da Fapeam, Maria Olívia Simão, ressaltou a importância do projeto para a meta de internacionalização da pesquisa no Estado do Amazonas e para a formação de jovens pesquisadores. Afirmou ainda que os trabalhos iniciais do GOAmazon darão origem a um banco de dados extremamente rico, que poderá ser a base para diversos projetos no futuro.
A campanha científica é financiada pelo Departamento de Energia dos Estados Unidos (DoE, na sigla em inglês), pela Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp) e pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam). Também são parceiros a National Science Foundation (NSF), dos Estados Unidos, a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), o Instituto Max Planck de Química, da Alemanha, além de diversas universidades e institutos de pesquisa brasileiros e americanos.
Fonte: Agência Fapesp
O maior programa de investimentos em infraestrutura do sistema viário, inédito na história de Presidente Prudente, será lançado nesta sexta-feira (21/02). O projeto receberá investimentos da ordem de R$ 31,5 milhões do governo federal, além de R$ 3,5 milhões da prefeitura local. Ele consiste num conjunto de medidas que prometem promover melhorias no trânsito com vias de acesso em diferentes pontos da cidade. Os investimentos irão transformar a cidade com a construção de novas Avenidas, Recapeamento de Vias importantes, Calçadas com Acessibilidade, Ciclovias, Terminais Urbanos, Abrigos de Ônibus.
Em relação à abertura de novas avenidas em diversos pontos da cidade em plena expansão que receberão mais de 14 quilômetros em novas avenidas. O programa conta ainda com mais de 25 quilômetros de recapeamento de vias importantes. Serão mais de 28 quilômetros de calçadas com acessibilidade; 15 quilômetros de ciclovias, além de quatro Terminais Urbanos e 270 abrigos de ônibus.
Com informação da Prefeitura Municipal de Presidente Prudente.
A Advocacia-Geral da União (AGU), o Banco Central e a Caixa Econômica Federal decidiram combater no Supremo Tribunal Federal (STF) a ação em o que partido Solidariedade pede o reajuste dos valores depositados nas contas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
A avaliação é que a ação foi proposta num momento econômico adverso, às vésperas de o STF julgar os planos econômicos, e com o intuito de obter ganhos políticos em ano eleitoral, como o apoio de correntistas ao partido presidido pelo deputado federal Paulinho da Força (SP).
O Solidariedade quer a substituição da Taxa Referencial na correção dos saldos do FGTS por um índice mais eficaz na reposição das perdas inflacionárias, como o INPC ou o IPCA. O Instituto FGTS Fácil, uma ONG que acompanha o fundo, estimou que o reajuste de todos os saldos, desde 2002, por um desses índices levaria ao pagamento de R$ 160 bilhões.
Essa estimativa, aliada à retomada, no dia 26, do julgamento sobre a correção das poupanças nos planos econômicos das décadas de 1980 e 1990, levou a repercussões negativas no mercado financeiro. Segundo o Valor apurou, o ingresso do pedido do Solidariedade no tribunal foi um dos fatores que geraram impacto negativo sobre a taxa de câmbio.
Preocupadas com o assunto, a Caixa e o BC fizeram estudos sobre todas as ações que tramitam na Justiça em que correntistas cobram correções em seus saldos. A Caixa verificou que, das 46.246 ações individuais que já sofreu sobre o assunto, foram proferidas 22.798 sentenças. Dessas, a Caixa foi vitoriosa em 22.697 (99,55%). Houve apenas 57 decisões desfavoráveis à instituição. Já o BC sofreu 203 ações contra a correção do FGTS pela TR, a imensa maioria (186 processos) no Rio Grande do Sul. Houve sentença em cem ações e o BC ganhou a causa em todas.
Esses dados serão apresentados aos ministros do STF na tentativa de brecar a proliferação de ações que teve início a partir de maio de 2013, quando a maioria dos integrantes da Corte concluiu que os precatórios devem ser corrigidos por um índice que reflita melhor as perdas inflacionárias. Foi a partir dessa decisão tomada no julgamento dos precatórios que escritórios de advocacia e sindicatos começaram a ingressar com milhares de ações pedindo que os índices que repõem as perdas da inflação sejam aplicados também ao FGTS.
"O que está acontecendo nada mais é do que uma tentativa de ressuscitar a cultura das ações de massa em tempos de estabilidade monetária", afirmou ao Valor uma autoridade do alto escalão da advocacia pública federal. "Estamos bem seguros que o STF manterá a TR para a remuneração do FGTS, já que a Corte é guardiã da efetividade de direitos fundamentais, como habitação e saneamento, e compreenderá a necessária vinculação das regras jurídicas de remuneração do fundo às políticas de realização desses direitos."
Nos documentos que estão sendo preparados para serem encaminhados ao STF, integrantes da cúpula da advocacia do governo alegam que o saldo do FGTS não é uma poupança e, por isso, tem sistemática de correção diversa, para a qual não pode ser aplicado o IPCA ou o INPC. Segundo eles, o FGTS não pode ter a mesma maneira de reajuste da poupança, já que é um saldo a que o trabalhador tem direito se for demitido sem justa causa. "A TR não é um índice de correção monetária, mas um índice alternativo de remuneração, concebido para viabilizar a desindexação da economia brasileira."
Autoridades jurídicas do governo alegam que o uso da TR não é arbitrário, mas definido em lei. O BC define o percentual da TR de acordo com a metodologia do Conselho Monetário Nacional, mas é a Lei 8.036, de 1990, que fixou a TR como forma de reajustar os saldos do FGTS. Eles também vão argumentar que a TR é utilizada para corrigir os contratos de mutuários que adquirem imóveis com os saldos de FGTS. Logo, eles não poderiam ter os saldos corrigidos pelo INPC enquanto pagam prestações atualizadas pela TR.
Por fim, em estudos prévios sobre o assunto, autoridades do alto escalão jurídico do governo identificaram uma decisão do ministro Luiz Fux a favor do uso da TR. Ela foi concedida em 2009, quando Fux atuava como ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Na ocasião, o ministro foi contrário a ações de empresários que não recolhiam FGTS. A Fazenda Pública quis utilizar a Selic para corrigir os débitos, mas Fux concluiu a favor da TR. O relator do processo no STF é o ministro Luís Roberto Barroso.
Fonte: Valor – 18 de fevereiro de 2014
A entrevista do programa do SEESP na televisão, o Jornal do Engenheiro (JE), que vai ao ar a partir da próxima segunda-feira (17/02), traz o engenheiro e coordenador dos cursos de educação continuada do Instituto Superior de Inovação e Tecnologia (Isitec), Antonio Dall Fabbro, abordando a crescente demanda por ensino de engenharia no país. Segundo ele, o aumento está relacionado diretamente ao momento por que passa o Brasil, com ênfase em grandes obras de infraestrutura, como hidrelétricas, portos e estradas.
Paralelo ao aquecimento da profissão de engenheiro, Dall Fabbro defende uma formação com mais qualidade e a sintonia, nessa qualificação, entre faculdades e empresas que utilizam essa mão de obra. Ele observa, ainda, que uma boa parcela desses formandos ainda é cooptada para trabalhar fora da área, principalmente nas instituições financeiras. “O pioneiro nessa questão foi o banco Itaú, na década de 1960”, informa.
Dall Fabbro acredita que tal situação tende a mudar cada vez mais com os investimentos oficiais na área e também com um roteiro novo e criativo no ensino, criando conhecimento já a partir do primeiro dia de aula.
A reportagem do JE na TV mostra como foi o ato unificado em homenagem aos sindicalistas e trabalhadores perseguidos pelo golpe militar de 1964, no Brasil. Tudo isso e muito mais você confere no JE na TV que é exibido às segundas-feiras, às 19h30, na capital paulista, nos canais 9 (NET), 72 (TVA) e 186 (TVA Digital) ou pela internet (neste link) no mesmo dia e horário. O programa é transmitido para mais 40 municípios paulistas e de outros estados conforme grade variada, confira aqui.
Rosângela Ribeiro Gil
Imprensa – SEESP
Diante dos problemas apresentados logo nos primeiros dias do ciclo de escoamento da safra agrícola de 2014, está claro que as medidas paliativas adotadas pela Secretaria Especial de Portos (SEP), Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) pouco adiantarão para evitar o caos no trânsito em direção ao Porto de Santos. E que, se os prejuízos acumulados em seis meses de 2013 pelo Polo Industrial de Cubatão chegaram a R$ 1,5 milhão de custo de horas-extras e perdas de escoamento de produtos e recebimento de matérias-primas, neste ano a previsão tem números ainda mais assustadores.
Até porque a expectativa oficial é que haverá um crescimento de 10% na safra deste ano, em relação ao total colhido em 2013. Isso significa a provável repetição do pesadelo vivido pela região no ano passado, quando operários e executivos ficaram retidos até quatro horas dentro de ônibus e automóveis que os transportam para o local de trabalho ou para suas casas, sujeitos a acidentes em locais de difícil acesso. E, principalmente, expostos a assaltos, os chamados “arrastões”. Sem contar as crianças que deixaram de ir às escolas e as ambulâncias que ficaram impedidas de circular.
Foto: José Mário Alves Silva
Caminhões isolaram cidades da Baixada Santista, na manhã desta terça-feira (18/02)
Os prejuízos não se limitam ao Polo Industrial de Cubatão, sem dúvida, o mais afetado, já que o município é cortado pelas duas rodovias que interligam o Planalto paulista ao Porto de Santos. Há prejuízos incalculáveis para as demais empresas – transportadoras e comissárias de despachos e seus clientes, que têm sua existência umbilicalmente ligada à atividade portuária. No ano passado, a média foi de 10 mil caminhões por dia em direção ao porto, 300 a mais do que em 2012.
Obviamente, ninguém se opõe ao crescimento da safra agrícola, que tem sido responsável pelo superávit que a balança comercial ainda apresenta. O que se questiona é que um setor, no caso o agrícola, continue a prejudicar os demais segmentos ligados ao comércio exterior, em razão de uma infraestrutura defasada e deficiente.
Na verdade, as autoridades se limitam a anunciar projetos que poderão aliviar o escoamento da safra, mas que incluem apenas obras de ampliação da malha rodoviária, em direção ao porto de Santos, como a duplicação do trecho da Rodovia Cônego Domênico Rangoni entre a Via Anchieta e a Usiminas, que deverá estar concluída em outubro. Ou a remodelação da entrada da cidade de Santos ou a construção da Via Arterial Porto-Indústria, margeando a via férrea do antigo ramal da Santos-Jundiaí, que ainda está só no papel.
Ora, essa opção radical pelo modal rodoviário não vai dar certo. É preciso ampliar também a oferta do modal ferroviário. E mais importante: criar condições para que a safra agrícola do Centro-Oeste seja escoada por outros portos, especialmente do Norte e Nordeste. Sem deixar de construir silos para armazenagem dos grãos próximos ao centro de produção. Caso contrário, os caminhões continuarão a cumprir o papel de silos dos produtores.
Enquanto isso, as autoridades insistem em apostar que a ameaça de multas pesadas para caminhoneiros e terminais que desobedecerem ao agendamento da descarga será suficiente para disciplinar o tráfego. Será?
* por Mauro Lourenço Dias, engenheiro eletrônico, é vice-presidente da Fiorde Logística Internacional, de São Paulo-SP, e professor de pós-graduação em Transportes e Logística no Departamento de Engenharia Civil da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)
Até a próxima sexta-feira (21/02), o Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (PPGEP-S) do Campus Sorocaba da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) está com inscrições abertas no processo seletivo para a formação de nova turma do curso de mestrado acadêmico. O Programa possui a área de concentração "Gestão de Operações", e oferece as linhas de pesquisa "Gestão de Sistemas de Produção" e "Desenvolvimento de Produtos, Processos e Organizações".
Entre os principais objetivos do curso está formar pesquisadores que possam atuar em linhas de pesquisas associadas ao planejamento, implementação, controle e aperfeiçoamento de sistemas produtivos; promover o aprofundamento teórico em temas referentes à gestão e tecnologia de produção; e capacitar seus alunos através de conceitos e técnicas de gestão que estimulem a sustentabilidade.
O processo seletivo é dividido em duas etapas: a primeira é a prova de conhecimentos gerais, com base na bibliografia indicada no edital, prevista para o dia 10 de março; e a segunda fase consiste da arguição de projeto, entrevista e análise de currículo do candidato. As inscrições podem ser feitas pessoalmente, mediante a apresentação da ficha de inscrição preenchida junto aos outros documentos solicitados, na Secretaria do PPGEP-S, localizada na sala AT14 do edifício da Biblioteca do Campus Sorocaba, das 13 às 16 horas. Os documentos também podem ser enviados por Sedex, respeitando as mesmas exigências e prazos.
A Carta de Recomendação do candidato deve ser assinada, preferencialmente, por profissional do meio acadêmico, ficando a critério deste o modelo. É importante que o candidato consulte periodicamente o site do Programa (www.ppgeps.ufscar.br), onde serão divulgadas eventuais alterações e, sobretudo, os resultados do processo seletivo.
Mais informações podem ser obtidas também pelo email Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. e pelo telefone (15) 3229-5990. O Campus Sorocaba da UFSCar fica no km 110 da rodovia João Leme dos Santos (SP-264), estrada que liga Sorocaba à Salto de Pirapora.
Fonte: UFSCar
Registro, com atraso, o sucesso do ato unitário do movimento sindical para homenagear as vítimas da ditadura, realizado em São Bernardo, em 1º de fevereiro.
Não pude comparecer para me emocionar com as homenagens, mas comprovei, pelas fotos e reportagens, a grandiosidade do evento.
A faixa “Unidos, Jamais Vencidos” levava a assinatura, pela ordem, da CGTB, CSB,CSP,CTB,CUT,FS, Intersindical I, Intersindical II, NCST e UGT; a sopa de letras é o registro da unanimidade das lideranças sindicais.
A dra. Rosa Cardoso, da Comissão Nacional da Verdade e coordenadora do GT 13 enfatizou a história sofrida do povo brasileiro e de nossa democracia, agredidos desde sempre por “civis e militares que não queriam o povo na política”.
Destaco o trabalho sério e persistente dela, como comissária, para obter informações novas e pertinentes, para garantir a agregação aos trabalhos da CNV dos múltiplos trabalhos de outras comissões da verdade e organizar a participação dos trabalhadores acolhendo suas manifestações. Por todos esses esforços (pelos quais foi homenageada pela CNTU) e pelo seu empenho acolhedor ao movimento sindical, a dra. Rosa granjeou a simpatia de todos, transformando-se numa verdadeira unanimidade para o movimento sindical que é avaro em unanimidades. Na minha vida conheci apenas duas e que estavam, por coincidência, presentes no ato do dia 1º: Walter Barelli e a dra. Rosa Cardoso.
Os trabalhos já realizados pela CNV e os desenvolvidos pelo movimento sindical justificam sua existência. Os dirigentes sindicais, interessados em passar a limpo a história para não deixar que os erros se repitam os endossam.
* por João Guilherme Vargas Netto, consultor sindical
Os índices de desemprego no Brasil e na Argentina alcançaram patamares elevados no final dos anos 1990 e início da década de 2000, superando aqui os 12% e chegando lá a mais de 20%, em 2002. Na época, no entanto, a reação a esse quadro social foi bem diferente nas duas nações, de acordo com um estudo publicado em livro.
Enquanto os desempregados argentinos se organizaram em escala nacional, realizando piquetes que paralisaram estradas, pontes e avenidas e tornando-se um dos principais protagonistas da onda de protestos que sacudiu o país, os desempregados brasileiros responderam à situação de forma menos enfática, aponta o livro Sindicalismo e desempregados: um estudo comparativo das centrais sindicais do Brasil e Argentina (1990-2002), de Davisson Cangussu de Souza, publicado recentemente com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp).
Segundo Souza, também foi bastante diferenciado o comportamento das principais centrais sindicais dos dois países: a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Força Sindical, no Brasil, e a Confederación General del Trabajo de la República Argentina (CGT) e a Central de Trabajadores de la Argentina (CTA), na Argentina, todas objetos de sua pesquisa.
Professor do curso de graduação e do programa de pós-graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), no campus de Guarulhos, Souza realizou o estudo que resultou no livro durante seu doutorado, orientado por Heloisa Helena Teixeira de Souza Martins, atualmente professora aposentada da Universidade de São Paulo (USP).
“A tese foi uma continuidade do estudo que havia feito no mestrado, quando analisei a ação de um sindicato específico, o dos metalúrgicos de Campinas e região, diante das demissões em massa”, disse Souza.
“Percebi, no primeiro estudo, que o desempregado é um sujeito político diferente do demitido, sob o ponto de vista da ação sindical. O demitido guarda um vínculo com a categoria profissional de origem e sua situação suscita a resposta do sindicato dessa categoria. Já o desempregado fica, por assim dizer, desvinculado”, afirmou.
Segundo Souza, a situação de “desemprego” pode designar alguém que tenha sido demitido há algum tempo, que já tenha transitado por várias categorias ou até mesmo alguém que nunca tenha trabalhado, como é o caso de jovens aspirantes ao mercado de trabalho.
“No doutorado, resolvi me aprofundar no estudo dos desempregados. E me dei conta de que, pelo fato de o desempregado não estar vinculado a nenhuma categoria, eu não poderia enfocar um sindicato específico, mas deveria estudar a ação de uma entidade que pudesse organizar a luta do conjunto dos trabalhadores. Quem cumpre esse papel são as centrais sindicais”, explicou.
A comparação com a Argentina tornou-se uma escolha bastante evidente diante do vulto assumido pelas manifestações dos desempregados naquele país no começo dos anos 2000. “Como não podiam fazer greve, porque já não estavam inseridos na atividade produtiva, os desempregados faziam piquetes, não nas portas das fábricas, mas nas rodovias, avenidas, pontes, dificultando a circulação das mercadorias”, informou Souza.
O pesquisador buscou comparar, então, a reação das centrais sindicais diante dos desempregados, estudando as duas principais centrais sindicais de cada país, “que tinham políticas muito diferentes em relação a esse segmento”.
Fonte: Agência Fapesp