Ricardo Noblat*
A formação de um engenheiro constitui-se numa árdua tarefa, que se inicia por um processo de sedução pela profissão, dirigido aos jovens do ensino médio. Por isso, vejo com alguma preocupação o processo de crescimento dos nossos cursos, em que muitas das estruturas curriculares estão bem distantes daquilo que se espera para um profissional qualificado e com as ferramentas necessárias ao enfrentamento dos desafios trazidos pelos continuos avanços da tecnologia. Uma das causas dessas dificuldades vem da qualidade insuficiente do ensino médio.
Também é preciso ter em mente que, nos tempos atuais, o intervalo de tempo decorrido entre uma descoberta nas bancadas dos laboratórios, ou uma inovação, e a sua inevitável obsolescência está sendo cada vez menor.
A educação do engenheiro moderno compreende a geração das culturas da educação continuada, da inovação e do empreendedorismo. As estruturas curriculares devem assegurar inúmeras habilidades, como a argumentação e síntese associada à expressão em língua portuguesa, a assimilação e aplicação de novos conhecimentos, o raciocínio espacial lógico e matemático, o raciocínio crítico, observação, interpretação e análise de dados e informações, a leitura e interpretação de textos técnicos. Todas elas são decisivas para o exercício profissional na sociedade do conhecimento.
Como a inovação depende do ambiente social, das tecnologias em uso num dado momento e do conhecimento cientifico disponível, esta formação necessita ser abrangente e multidisciplinar, garantindo uma sólida preparação nas disciplinas que irão se constituir na base do exercício profissional, como matemática, física e química, e habilitando os novos profissionais a ocupações nas suas áreas, ou mesmo em outras áreas, já que as profissões se transformam e, em alguns casos, desaparecem.
É importante também fazer com que a formação do engenheiro brasileiro se realize por meio de uma forte articulação da universidade com a empresa inovadora, seja pelo estímulo à criação de incubadoras e parques tecnológicos, seja pela realização de projetos conjuntos. Estágios supervisionados são indispensáveis do processo de formação.
Além disso, é igualmente importante atrair talentos de outros países e reconhecidos pela sua capacidade inovadora.
Temos hoje cerca de 600 mil estudantes matriculados em nossos 3 mil cursos de graduação de engenharia, com baixíssimo percentual de conclusão, pois andamos por volta dos 50 mil diplomados anualmente (a Rússia forma mais de 400 mil e o México 115 mil).
O número de matriculados corresponde a menos de 10% do total de estudantes no ensino superior. Outro dado ruim é que apenas 42% trabalham em sua área de formação e desses, só 50% estão na indústria.
A recuperação da economia exige muitas medidas simultâneas aos ajustes econômicos e financeiros, entre elas a formação de quadros técnicos, a capacitação daqueles que já estão no mercado e o aumento da oferta de novos postos de trabalho. Por isso, priorizar os conteúdos locais (proporção dos investimentos nacionais aplicados em bens ou serviços e que representam a parcela de participação da indústria nacional na sua produção) e apoiar efetivamente às micro e pequenas empresas, que certamente permitirão o aumento da demanda por engenheiros e técnicos, reformular os currículos, e incrementar as relações universidade-empresa, são algumas das ações necessárias.
A crise atual, que todos os brasileiros esperam estar sendo superada, não pode e não deve servir de justificativa para o descumprimento dessas tarefas.
Ricardo Noblat, jornalista. Texto publicado, originalmente, no seu blog no jornal "O Globo", de 13/06/2017
João Guilherme Vargas Netto*
Do folclore medieval português, recontado por António José da Silva, nos vem essa figura diabólica, que se esmera em “armar laços em que caem os fracos e ignorantes”.
O Diabinho está solto no Brasil de hoje. Sua especialidade tem sido a de dar ideias que se revelam desastrosas para os que as põem em prática.
Elio Gaspari, em sua nota de domingo, listou algumas dessas situações: a tentativa de deslocamento do ex-ministro Osmar Serraglio, o desmentido no voo do jatinho de Joesley Baptista e a convocação das Forças Armadas para participar da repressão à Marcha de Brasília das centrais sindicais. Estes três exemplos mostram o Diabinho dando ideias estapafúrdias ao presidente Temer, que as tentou canhestramente pôr em execução, com resultados desastrosos.
Um outro exemplo que me vem à memória pode ser o do Diabinho sugerindo ao chefe do Exército Nacional a realização de uma reunião com generais da reserva, o que o levará urgentemente a vestir o pijama.
Mas, o exemplo que quero reter e que diz respeito diretamente às preocupações sindicais, é o do Diabinho dando a ideia para um dirigente sindical de que ele incluísse em seu artigo publicado na Folha (que, em geral, é correto e demonstra uma preocupação pertinente) a venenosa frase de que é possível tornar as propostas de deformas oferecidas pelo governo ao Congresso aceitáveis para o povo.
O Diabinho da Mão Furada deve ter ficado satisfeitíssimo com seu malfeito, já que esta frase invalida o contexto em que ela foi inserida, viola a regra do “nenhum direito a menos” e tem forte cheiro do enxofre da traição.
Neste último caso, mas em todos os outros citados, o exorcismo consiste em manter nossa unidade de ação, em persistir na resistência e, sobretudo, em continuar atentos aos detalhes, porque neles mora o Diabo.
João Guilherme Vargas Netto, consultor sindical
Quais as tendências mundiais para a mobilidade urbana? Esta a questão que estará em debate no seminário organizado pela União Internacional de Transportes Públicos (UITP), seção América Latina, presidida pelo engenheiro Jurandir Fernandes, também coordenador do Conselho Assessor de Transportes e Mobilidade Urbana do SEESP. O evento acontece nesta terça-feira (13/06), das 14h30 às 17h30, na sede do sindicato, na capital paulista (Rua Genebra, 25, Bela Vista). Inscrições gratuitas em https://goo.gl/yrcXQC ou (11) 3113-2641. Mais informações pelo e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..
Na atividade, que conta com o apoio do SEESP, será possível conhecer os projetos brasileiros finalistas no UITP Global Public Transport Summit 2017, evento realizado em maio último em Montreal, Canadá, com a participação de 2.700 delegados de 84 países. A edição atual teve como tema “Liderando a transição”, onde se discutiu a importância que o setor de transporte tem em assumir um papel de liderança na transformação das cidades, frente às inúmeras mudanças e desafios impostos pela digitalização, pelos avanços em relação à energia verde e a inserção de novos atores no mercado da mobilidade. Também serviu para destacar a grande quantidade de inovação no setor, desde o gerenciamento de dados (big data) até os pioneiros veículos autônomos.
Confira, a seguir, a programação do seminário desta terça-feira:
14h30 Abertura
15h Tendências mundiais
* Jurandir Fernandes, presidente da União Internacional de Transportes Públicos (UITP) América Latina
Garagens verdes em Nova York e Toronto – VLT e ônibus
* Eleonora Pazos, diretora da UITP América Latina
15h30 Sessão América Latina
Financiamento e promoção do transporte
Moderadora: Valeska Peres Pinto, coordenadora do Programa UITP
* Cecília Guedes, chefe do Departamento de Relacionamento com o Usuário – OPR, Metrô de São Paulo
* Flavio Chevis, CEO da Addax
* Harald Zwetkoff, vice-presidente da UITP e presidente da ViaQuatro
* Julian Monteiro e Marcio Cabral, diretores da Scipopulis
* Roberto Sganzerla, assessor de comunicação & marketing da Autopass
17h Debate
Moderador: Jurandir Fernandes, presidente da UITP América Latina
* Harald Zwetkoff, vice-presidente da UITP e presidente da ViaQuatro
* Joaquim Lopes, presidente da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU/SP)
* Murilo Pinheiro, presidente do SEESP
* Saulo Krichanã Rodrigues, diretor-geral do Instituto Superior de Inovação e Tecnologia (Isitec)
Publicado por Rosângela Ribeiro Gil
Comunicação SEESP
A Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado começa a discussão da reforma trabalhista-sindical (PLC 38/17) nesta terça-feira (13/06). Vai ser pauta única, como foi na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) na semana passada. E não será apenas isto que vai assemelhar-se com o que ocorreu na CAE. A votação vai ser na próxima terça (20).
O relator, senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES), ofereceu parecer sem reparos ao texto aprovado na Câmara. Ele chancela a proposta aprovada pelos deputados e apenas faz recomendações de vetos ao presidente da República. A base do governo na Casa não quer alterar o projeto, embora tenha divergências com a matéria, para evitar que volte ao exame na Casa de origem.
O debate também não será diferente. Será duro o embate, a oposição vai apresentar votos em separado para rejeitar o projeto do mercado e dos patrões, como fez na CAE.
Diferente vai ser a correlação de forças na Comissão. Na CAE, os trabalhadores perderam por apenas três votos (14 a 11). Na CAS, dos 21 membros do colegiado, os trabalhadores só poderão contar com sete votos contra o projeto que retira direitos adquiridos e liquida com o Direito do Trabalho.
Publicado por Rosângela Ribeiro Gil
Comunicação SEESP
Raciocínio analítico, familiaridade com números e planilhas, capacidade de planejamento e pensamento a longo prazo. Talvez seja este o perfil clássico de um engenheiro, mas engana-se quem vê este profissional somente dentro de um arquétipo clássico: capacete, em meio a cálculos e envolto em obras da construção civil ou mergulhado em uma planta industrial. A profissão de engenheiro vem incorporando novas tecnologias o que abre um espectro novo e desafiador. Tanto para os recém-formados quanto para os profissionais que buscam novos caminhos.
E é na área de saúde que duas especialidades se apresentam como as mais promissoras nos próximos anos. As duas podem ser incluídas dentro do segmento da Engenharia Biomédica. Estamos falando do Engenheiro Hospitalar e do Engenheiro Clínico. Embora muito semelhantes e dentro de, praticamente, a mesma área de atuação, mostram-se atrativas no que diz respeito a oportunidades e boa remuneração.
Mas o que vêm a ser cada uma destas novas e promissoras especialidades?
O que faz um engenheiro hospitalar
A principal função de um engenheiro hospitalar é reunir e aplicar todas as tecnologias consideradas adequadas na busca por soluções para problemas hospitalares, seja na construção de uma nova unidade de saúde, seja na reforma e ampliação de espaços já construídos.
O fato é que uma construção hospitalar apresenta particularidades bem complexas quando comparada com o planejamento e edificação de casas ou edifícios comerciais.
Plantas hospitalares são verdadeiros quebra-cabeça com a exigência de equipamentos específicos, normas sanitárias rígidas e a construção de sistemas elétricos que assegurem confiabilidade e um sistema a ser acionado imediatamente em casos de emergência.
Para se ter uma ideia, a Engenharia Hospitalar exige que o profissional tenha conhecimento de normas técnicas específicas e regulamentadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Entre as quais podemos destacar:
A NBR 13534 – Instalações elétricas em estabelecimentos de saúde – Requisitos para segurança e, a NBR 7256 – Tratamento de ar em estabelecimentos assistenciais de saúde – Requisitos para projeto e execução das instalações.
Engenharia hospitalar exige projetos humanizados
Além do domínio dos cálculos e das normas técnicas e da legislação sanitária, ao engenheiro hospitalar também se exige um olhar humanizado. Ou seja, a capacidade de pensar e planejar espaços adequados para a convivência, principalmente em ambientes em que as pessoas – pacientes e acompanhantes – se encontram tão fragilizados quanto em um hospital.
O planejamento adequado de áreas verdes, salas e andares com baixo nível de ruído, espaços de privacidade, locais de deslocamento com segurança para todos os envolvidos, além de um cuidado especial nas áreas de entrada e de saída, principalmente em situações de emergência quando o fator tempo é importantíssimo.
O que faz um Engenheiro Clínico
O engenheiro clínico é o responsável por cuidar das tecnologias e equipamentos ligados diretamente à assistência ao paciente. Como é cada vez maior o uso de sofisticados equipamentos – tomografia computadorizada, ressonância magnética e avançados Centros de Tratamento Intensivo (CTIs) -, sua escolha na hora da aquisição, bem como a manutenção e eventuais atualizações fica sob responsabilidade deste profissional.
Além do acompanhamento e definição das especificações técnicas no período de aquisição de novos equipamentos, o engenheiro clínico também é o responsável pela manutenção. As máquinas devem funcionar em sua capacidade plena e estarem disponíveis, já que podem lidar com situações emergenciais das quais depende a vida humana.
Profissional é responsável pelo treinamento
Outra responsabilidade do engenheiro clínico é o treinamento. Equipamentos sofisticados e de alta complexidade tecnológica exigem capacitação por parte de médicos, enfermeiros e pessoal técnico. O treinamento deve ser constante devido ao surgimento, em intervalos cada vez mais curtos, de novidades e atualizações de software.
E no que diz respeito ao treinamento é importante ressaltar que alguns procedimentos são feitos em situações limites, nos quais tempo, agilidade e tomada rápida de decisões também influem no salvamento de uma vida.
O engenheiro clínico também deve ter conhecimento da planta e do ambiente hospitalar como um todo. Em uma definição mais simples, adquirir um equipamento de última geração não significa apenas comprar, retirar da embalagem e ligar na tomada. Ou seja, é necessário adequar a estrutura física de acordo com a altura e peso do maquinário; capacidade da rede elétrica; elaboração de um sistema de no breaks em caso de queda de energia; ergonomia para pacientes e operadores, entre outros. São aspectos que fazem parte do escopo de atuação do profissional especializado em Engenharia Clínica.
Novas capacitações exigem aprendizado contínuo
As duas especialidades não significam um “engenheiro de jaleco”, mas vão exigir muito estudo e leitura, cursos de aperfeiçoamento e estar antenado com as novas tecnologias. Mas são áreas promissoras, uma vez que os avanços da medicina estão aumentando, a cada ano, as estatísticas de qualidade de vida e longevidade.
Comunicação SEESP
Reprodução de notícia da VDI Brasil
O presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), reafirmou, nesta quinta-feira (8/06), que a reforma trabalhista (PLC 38/17) será votada, mas sem pressa. Ele defendeu um amplo debate sobre a proposta. As informações são da Agência Senado.
“À medida que eu distribuí a matéria para ir a três comissões, é natural que eu defenda que passem nas três comissões. Eu acho que o debate e o posicionamento de cada senador e de cada partido são naturais nesse processo. Não há açodamento para essa matéria. O Congresso vai funcionar, pelo menos, até o dia 14 de julho. Nós temos prazo até lá. Essa matéria tem que tramitar, tem que ser debatida, discutida”, afirmou o parlamentar.
O presidente do Senado falou ainda que a proposta será pautada para o plenário tão logo seja aprovada nas comissões. O projeto já foi aprovado pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). Agora está em discussão na Comissão de Assuntos Sociais (CAS); na sequência será discutida na de Constituição e Justiça (CCJ).
Principal preocupação do momento
O senador Paulo Paim (PT-RS) pretende levar senadores para ver de perto condições de trabalhadores brasileiros antes que a reforma trabalhista chegue ao Plenário da Casa. O parlamentar gaúcho lidera a resistência na Casa contra a reforma trabalhista-sindical.
Publicado por Rosângela Ribeiro Gil
Comunicação SEESP
Reprodução de notícia do site do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap)
Clemente Ganz Lúcio*
O projeto de reforma trabalhista que vem tramitando no Congresso Nacional não permite o debate sobre o sistema de relações de trabalho no Brasil. Existe um entendimento geral de que é preciso adequar o sistema às mudanças do mundo do trabalho, mas a proposta atropela qualquer chance de diálogo e negociação e, longe de trazer equilíbrio, provoca ainda mais prejuízos ao trabalhador, criando condições para a retirada de direitos e legalização de práticas que precarizam o trabalho. Mas seria possível construir convergência para outra propositura, a fim de configurar um novo sistema de relações de trabalho centrado na negociação coletiva, com transição pactuada.
Um sistema de relações de trabalho e de direito laboral normatiza e regula a relação entre trabalhador e empregador, trata conflitos, define direitos trabalhistas, tem impacto decisivo sobre a produtividade, além de determinar a partilha dos resultados da produção. Assim, pode alavancar processos civilizatórios, cujos impactos influenciarão o papel do Estado, a economia e a sociedade como um todo. Trata-se de uma construção social e histórica que, ao organizar as relações de trabalho, é responsável, em grande medida, pela coesão da sociedade.
Transformar um sistema de relações de trabalho exige um compromisso coletivo sobre os objetivos e resultados esperados com a mudança, bem como com o processo de transição para o novo. A avaliação dos múltiplos impactos sociais e trabalhistas é fundamental. O consenso gerado pelo diálogo também deve prever monitoramento de resultado e correção de desvios.
Um sistema de relações de trabalho organizado a partir da negociação coletiva requer sujeitos coletivos que efetivamente representem os interesses das partes. No centro da concepção desse sistema estão a criação e a manutenção desses sujeitos e instituições, que atuarão sobre um conflito permanente pela repartição da renda e da riqueza geradas pela produção e pelo trabalho, e darão soluções, sempre parciais e provisórias, comuns a todo regime democrático.
No Estado Democrático de Direito, o sujeito coletivo que representa os trabalhadores são os Sindicatos, que precisam ter os instrumentos adequados para conduzir a negociação em condições de equilíbrio de forças com o poder econômico. Estrutura, organização, financiamento, acesso à informação, incentivo ao diálogo, mecanismos de solução voluntária e ágil de conflitos, instrumentos de pactuação do acordado, bem como garantia do cumprimento do acordo são algumas das condições que favorecem o sistema de relações de trabalho baseado na negociação.
A abrangência dos acordos, ou seja, quais trabalhadores serão beneficiados pela negociação, é uma escolha fundamental, pois terá repercussão sobre a organização e o financiamento sindical. Um sistema baseado na negociação coletiva deve garantir processos negociais do local de trabalho até o nível nacional (empresa, categoria, setor).
A relação complementar e harmônica entre a legislação trabalhista e o negociado e o papel da Justiça do Trabalho para mediação, arbitragem e solução de conflito também são partes essenciais do novo sistema.
No caso brasileiro, o sistema deve ainda considerar as profundas desigualdades de condições entre trabalhadores e empresas, o que tem impactos sobre as condições de trabalho e a capacidade real para gerar proteção laboral. A informalidade é a situação limite que expressa essa desigualdade e precisa ser enfrentada e superada.
O combate às práticas de precarização das condições de trabalho, de jornadas excessivas, de atitudes antissindicais, entre outros aspectos, devem fazer parte do desenho de um sistema de relações de trabalho que valorize a negociação.
O sistema deve também gerar compromissos com o desenvolvimento econômico das empresas e a repartição de resultados. Desenvolvimento é sinônimo de incremento/repartição da produtividade, que é fruto da complexa combinação entre o investimento na qualificação do trabalhador, a qualidade das condições dos postos de trabalho, a tecnologia empregada no processo de produção, entre outros fatores internos e externos à empresa ou organização. Para que seja efetivo, é preciso que haja instrumentos que atuem na perspectiva da pactuação de longos processos de mudança produtiva e de distribuição equitativa dos resultados.
Essas são algumas questões a serem consideradas no desenho das mudanças do sistema de relações de trabalho. Tudo isso evidencia a complexidade e repercussão econômica, política, social e cultural que as alterações podem e devem provocar. Por isso mesmo, o desenho normativo do novo sistema deve ser resultado de cuidadoso processo de reflexão e diálogo social.
Uma reforma deve buscar construir uma nova cultura política nas relações laborais e, por isso mesmo, ser construída no espaço indelegável do diálogo social e de ampla negociação que inclua todos os agentes econômicos e políticos. Essa construção deve garantir compromissos com o novo modelo, capazes de conduzir a transição e gerar confiança para enfrentar as incertezas geradas pela mudança.
O sucesso de todo esse processo dependerá, em grande parte, da estratégia de transição, que precisa incentivar a adesão e a experimentação, promovendo e divulgando as boas práticas.
Efetivamente, todos esses elementos de conteúdo e processo não estão presentes no projeto de reforma trabalhista apressadamente aprovado pela Câmara e agora em análise no Senado. Ao contrário, o processo de mudança em curso cria derrotados, promove intencionalmente desequilíbrios na representação, inibe e impede a ação dos Sindicatos, subtrai direitos e desvirtua o acesso à Justiça do Trabalho. Construído fora do espaço do diálogo social, o sistema que emerge dessa reforma acirrará os conflitos, aumentará a desconfiança, fragilizará compromissos e trará mais insegurança. Esse é um projeto de um País que está andando para trás.
Clemente Ganz Lúcio, sociólogo e diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese)
A instabilidade econômica afetou em cheio o bolso dos executivos. É o que revela recente levantamento realizado pela Michael Page, empresa de recrutamento especializado de profissionais de média e alta gerência, que faz parte do PageGroup. De acordo com o Estudo de Remuneração 2017 da companhia, oito em cada dez cargos analisados apresentaram remuneração estável ou em queda em relação ao mesmo estudo feito em 2015.
"O cenário para o executivo de média e alta gerência é um pouco diferente daquele verificado há dois anos, quando os funcionários ainda conseguiam negociar melhores ganhos. Com a crise, as empresas foram afetadas e muita gente acabou perdendo emprego. Para se recolocar, estão tendo que negociar mais e, em muitos casos, com salários 10 a 20% inferiores à última ocupação. Quem ficou, não está conseguindo ter ganhos reais", revela Ricardo Basaglia, diretor executivo da Michael Page.
13 de 15 setores estão com remunerações estáveis ou em queda
De acordo com o trabalho, a maioria dos setores pesquisados apresentaram mais cargos com manutenção ou perda da média salarial quando comparado com o levantamento anterior. Também foi feita a análise dos cargos por setor para entender o percentual de profissões atingidas pela remuneração estável ou a queda: Supply, Engenharia, Petróleo e Gás, Propriedade e Construção - 100%; Vendas, TI - 97%; Saúde - 92%; Marketing - 82%; Jurídico - 78%; Varejo - 73%; Seguros - 75%; RH - 64%; e Financeiro - 57%.
Engenharia e manufaturas
A área de engenharia é técnica e vem passando por diversas e importantes transformações. O mercado atual continua com uma carência de engenheiros especializados e com uma formação sólida para preencher posições no mercado de trabalho.
Os profissionais, em melhoria contínua, que são sempre desafiados a otimizar processos e trazer retornos, acabam ganhando destaque no cenário de crise brasileira. Com isso, notamos que profissionais com conhecimento técnico, especialização e certificações acabam levando vantagem na hora de arrumar um emprego no mercado atual.
"Ainda assim, com a formação analítica e ágil na linha de raciocínio, os engenheiros são requisitados para atender a posições relativas a vendas e planejamento estratégico, áreas que continuarão em alta para o ano que vem", diz Ricardo Basaglia.
Nessa área não foi registrado nenhum aumento na média salarial. Dos cargos que apresentaram queda, destaque para gerente de qualidade com atuação no setor químico e petroquímico em empresa de grande porte. Os vencimentos médios desse profissional recuaram 9%, saindo de R$ 17,5 mil em 2015 para R$ 16 mil neste ano.
Publicado por Rosângela Ribeiro Gil
Comunicação SEESP
Reprodução de informação da assessoria de imprensa da Michael Page
Estudantes da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) terão oportunidade de assistir, a partir do próximo dia 12 de junho, a um ciclo de palestras com executivos (politécnicos) de empresas como Embraer e 99Taxis.
O evento PoliTalks Week, organizado pelo Grêmio Politécnico, será realizado na USP (Prédio do Biênio), com início às 11h desta segunda-feira. Para o presidente do Grêmio Politécnico, Luca Artiolli, durante a graduação os alunos recebem uma considerável bagagem técnica e, ao entrarem no mercado de trabalho, encontram um ambiente totalmente diferente e desafiador. “É muito importante conhecer a trajetória e experiência de profissionais que já passaram pela Poli, pois somente assim os alunos podem ter uma noção de como é o mundo corporativo”, afirma Artiolli.
O evento termina na quarta-feira (14) e contará com a participação de empresas dos segmentos de engenharia, setor público e social, cultura e entretenimento e startups. As demais empresas participantes são: Addor & Associados, Geribello Engenharia, Rumo, CAOS Focado, Porto São Sebastião, VrMonkey, Galápagos, Nexxto e LivUp.
Comunicação SEESP
Reprodução de notícia da assessoria de imprensa do evento