logo seesp ap 22

 

BannerAssocie se

Administrator

Administrator

 

Pesquisa de consultoria de executivos feita para a Folha de S. Paulo revela que oito em cada dez profissionais receberam propostas de emprego e quase 40% disseram ter recebido aumento superior a 30% nos últimos três anos

        Matéria de Érica Fraga para a Folha de S. Paulo traz os resultados da pesquisa feita pela Asap, consultoria de recrutamento de executivos, para o jornal, e que ouviu 1.934 profissionais, com dados surpreendentes sobre o aquecimento do mercado de trabalho. Oito em cada dez profissionais com salário de R$ 6.000 a R$ 15 mil receberam proposta para mudar de emprego nos últimos 12 meses. E destes, apenas 24,5% dos profissionais aceitaram a oferta, devido à política agressiva de rentenção de talentos de seus empregadores.

        Segundo o jornal, quase quatro em cada dez entrevistados dizem ter recebido aumento salarial superior a 30% nos últimos três anos, contra uma inflação acumulada de 17%.

        As oportunidades não estão abertas apenas para os jovens. A relações-públicas Inês Hotte, depois de trabalhar por três anos em uma empresa, foi convidada para participar de processos de seleção de duas companhias, mudou de emprego e dobrou o salário, além dos benefícios. "Fiquei muito surpresa, até pela minha idade. Tenho 47 anos. Nunca esperamos que algo assim possa acontecer com a gente", diz.

        A maioria dos entrevistados pela Asap que rejeitaram proposta de novo emprego citou "salário abaixo da expectativa" para a recusa. Mas, segundo especialistas, boa remuneração nem sempre é o que mais pesa.

        A pesquisa revela que a chance de "crescimento e promoção" contou mais para quem trocou de emprego.

        De acordo com Ruy Shiozawa, presidente do Instituto Great Place to Work (Melhores Empresas para Trabalhar), os esforços das empresas para reter mão de obra se traduzem em melhores políticas de RH.

        Não perder funcionários para a concorrência. Essa meta ocupa o topo da lista de preocupações dos departamentos de recursos humanos das empresas. Retenção de talentos foi citada por 70,6% de 50 executivos de recursos humanos entrevistados pela consultoria de recrutamento Michael Page como um dos principais desafios que enfrentam hoje. Atração de talentos apareceu em um longínquo segundo lugar, mencionado por 38,2% dos que participaram da pesquisa."A bola da vez de RH é reter, não é atrair. Com o mercado de trabalho aquecido, está muito difícil contratar", diz Paulo Pontes, presidente da Michael Page no Brasil.

        Segundo Pontes, as estratégias das empresas têm incluído programas para formar sucessores para postos-chave, a criação de áreas para gerenciar apenas remuneração e "outros cuidados".
A Natura tem um projeto de formação de sucessores para posições "críticas", hoje com 90 cargos. "Quando não conseguimos identificar um sucessor adequado para determinado posto, ou treinamos alguém da empresa ou buscamos no mercado", afirma Alessandra da Costa, diretora de RH, que trocou a Johnson pela Natura há dois anos.

        A TAM criou há pouco mais de um ano uma área em RH para cuidar de remuneração e benefícios. Martinho Bartmeyer,diretor de Remuneração, Organização e Relações Sindicais do departamento de Recursos Humanos conta ter implantado uma política clara de cargos e salários.

        "Sozinha, a remuneração não motiva, mas, se estiver muito aquém do mercado, com certeza desmotiva", diz.

        A gerente de recompensa da International Paper América Latina, Muna Hammad, também enfatiza a importância do monitoramento constante dos salários. "Tenho o dever de olhar se o salário está competitivo. Se não tenho esse cuidado, perco o funcionário." Mas Hammad ""a exemplo de outros executivos e especialistas"" bate na tecla do "não é só salário que conta".Ela ressalta que a IP se preocupa com a qualidade de vida do funcionário.

 

(Fonte: Folha de S. Paulo)
www.fne.org.br

 

 

 

Encontro em Blumenau debateu perfil, formação oferecida pelos cursos no sul do país e atribuições do engenheiro florestal e, em especial, a Resolução 1010, que tramita no Confea

       O engenheiro Carlos Abraham, diretor financeiro e Flávio Brízida, diretor Operacional da FNE, participaram, junto com o vice-Presidente do Senge-SC, Wilson Floriani Jr, da abertura do I Fórum Sul-Brasileiro dos Cursos de Engenharia Florestal na Furb, realizado em Blumenau, SC, quinta e sexta-feira, 14 e 15 de julho.

 


Foto: professor Jorge Muller e Carlos Abraham.(fotógrafo: João Red)

 

        O evento teve o objetivo principal o debate sobre atribuições profissionais do engenheiro florestal, em especial a questão da Resolução 1.010, de 22 de agosto de 2005 do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CONFEA), bem como o perfil do profissional de engenharia florestal que está sendo formado pelos cursos do sul do país.

        Participaram professores do Rio Grande do Sul e do Paraná, além dos de Santa Catarina, vindos da maioria dos cursos de engenharia florestal da região Sul. O professor, engenheiro florestal Erwin Hugo Ressel Filho, coordenador do evento, enfatizou a importância deste tipo de discussão, pela grande indefinição da atual sistematização da resolução 1010, no que tange a matriz de conhecimentos, bem como das áreas de sombreamento com outras profissões.

 


Foto: professora Tatiele A. B. Fenilli e Wilson Floriani Jr. (fotógrafo: João Red)

 

        O engenheiro Flávio Brizida, da FNE, abordou a necessidade do associativismo para os profissionais, os problemas oriundos dos Conselhos Regionais no país e convidou os profissionais da área a participarem do projeto Cresce Brasil, desenvolvido pela FNE, além de auxiliarem nas questões classistas, especialmente no âmbito da discussão das atribuições profissionais, inclusive na formação dos quadros de conselheiros regionais internamente no Senge-SC.

 


Da esquerda para direita: engenheiro João de Oliveira, 1º secretário do Crea/SC);
professor Jackson Eleotério, chefe de departamento de engenharia florestal;
professor Dagoberto S. de Quadros, diretor do Centro de Ciências Tecnológicas da Furb;
e Flávio Brízida, diretor Operacional da FNE (fotógrafo: João Red)

 

        Na foto abaixo, presença na mesa do professor Antonio A. Chivanga Barros, pró-reitor de ensino da Furb, à direita (fotógrafo: João Red)

 

 

 

Fonte: Denise Christians, Texto Final Assessoria de Comunicação Ltda
Denise Christians
Texto Final Assessoria de Comunicação Ltda
Fones: 3324-0191 / 3324-0192
www.fne.org.br

 

 

Cerimônia no domingo (17), em Itaguaí, marcou o início da construção de quatro submarinos convencionais brasileiros (S-BR)

        Os submarinos que o Brasil começa a construir com tecnologia francesa são da classe Scórpene, e são um dos itens do acordo que o Brasil assinou com a França há 2 anos e meio. “A produção representa uma posição estratégica do Brasil diante do fortalecimento da sua indústria, da capacitação de nosso país, da nossa capacidade de construir alianças internacionais”, disse a presidenta Dilma durante cerimônia realizada domingo (17), em Itaguaí, região metropolitana do Rio de Janeiro .

        A Marinha estima que 36 mil itens usados na construção desses submersos serão produzidos por 30 empresas brasileiras. Os equipamentos nacionais vão desde quadros elétricos, válvulas de casco e bombas hidráulicas até sistemas de combate e de controle, motores elétricos e a diesel e baterias de grande porte.

        O documento bilateral deu origem ao Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub) da Marinha brasileira, que tem como um dos principais objetivos a produção de um outro tipo de submarino, movido a energia nuclear. Isso porque o mesmo método, técnicas e processos, e parte dos equipamentos desenvolvidos para a construção desses quatro submarinos convencionais, serão usados também na construção do submarino de propulsão nuclear brasileiro (SN-BR).

        “O grande mérito e objetivo dessa parceria é a transferência de tecnologia e a aliança estratégica. Nesse projeto, temos um objetivo fundamental, que é fortalecer e capacitar a Marinha em dois aspectos: na sua modernização, ao se tornar capaz de dominar a tecnologia de produção de submarinos de propulsão nuclear no quadro de defesa nacional, e jamais de ataque. E tornar a Marinha capaz de proteger nosso povo e garantir ambiente pacifico e segurança de nossas riquezas naturais”, disse a presidenta Dilma.

        O primeiro submarino deve estar concluído em 2016, mas só será entregue à Marinha no ano seguinte, depois dos testes de cais. Os outros três serão entregues no intervalo de um ano e meio. O SN-BR só fará parte da frota brasileira em 2023. Como o Brasil desenvolverá o reator nuclear, o país vai passar a integrar o grupo enxuto de nações que detêm esse tipo de tecnologia (China, Rússia, França, Estados Unidos e Reino Unido).

        Mas, antes do início da produção dos submarinos, serão construídos um estaleiro, uma base naval para abrigar essas embarcações e a Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas (Ufem). A previsão é que essas unidades, que serão construídas na Ilha da Madeira, no município de Itaguaí, sejam entregues até o final de 2014.

 

Fonte: Carolina Gonçalves, Agência Brasil
www.fne.org.br

 

 

 

        Peças de até 300 toneladas terão de vir pelo rio Xingu para um porto ainda inexistente. O atual vive do tráfego de pequenas embarcações para transporte de passageiros e serve para pouca coisa. Um ambiente de trabalho para 22 mil pessoas vai requerer um aeroporto de porte compatível e o de Altamira, feito apenas para aviões pequenos, dará lugar a outro em que pousem Boeings. Não é uma tarefa fácil. A Infraero chegou a lançar o edital para a reforma, mas com a dificuldade de abastecimento e de acesso à região, nenhuma empreiteira se candidatou.

        A péssima Transamazônica, a BR-320, que se torna ainda pior no Pará, onde será erguida a hidrelétrica, precisará de 700 km asfaltados para a construção da usina. Para movimentação de obras, homens e material, mais 400 km de estradas terão de ser abertas.

        Se esses desafios fossem pouco, a natureza coloca vários outros, alguns intransponíveis. Nos próximos meses começam a desembarcar unidades da série de 700 máquinas para as obras - de caminhões a retroescavadeiras, um total de R$ 4,5 bilhões em equipamentos - que virão principalmente pelo rio Xingu. A oscilação de vazão entre períodos de cheia e de baixa do rio é grande e muda o calendário dos trabalhos. "Quando se fala de janela hidrológica, não é brincadeira. Nessa região você trabalha seis, sete meses por ano. O resto do tempo é procurar um jeito de trabalhar", diz Luiz Fernando Rufato, diretor de construção do consórcio Norte Energia, responsável pelas obras.

        Canteiros pioneiros, com tendas e ar-condicionado, começaram a ser erguidos no meio da mata. Funcionários passarão seis meses nessas bases provisórias, para construir os três canteiros definitivos e quatro refeitórios que, juntos, produzirão até 70 mil refeições por dia. Neles, haverá quartos com camas individuais, casa lotérica, caixa bancário, templo religioso, centros de lazer, lan house e lanchonete para vender, inclusive, cerveja. Para reduzir a chance de conflitos, como os que ocorreram nas obras do rio Madeira, a contratação da mão de obra local terá prioridade. Treze mil trabalhadores já se inscreveram, e só 287 são forasteiros.

        Crises políticas são inimigas imprevisíveis de Belo Monte. A suspensão temporária das licitações feitas pelo Dnit, do Ministério dos Transportes, poderá afetar a pavimentação da Transamazônica.

        Bastaria camuflar máquinas e homens para que os primeiros movimentos que começam a se espalhar no entorno de Altamira (Pará) se confundissem com uma complexa operação do Exército. Não é nada disso. Mas o engenheiro Luiz Fernando Rufato prefere lançar mão de expedientes militares para definir o clima que passou a tomar conta das margens do rio Xingu. "Começamos uma campanha de guerra. Estamos longe de tudo e temos prazo para garantir o trânsito livre na região. Nosso desafio se chama logística, e nós começamos a enfrentá-lo", diz.

        Rufato é diretor de construção do consórcio Norte Energia, grupo de empresas responsável pela construção da hidrelétrica de Belo Monte. Há dez dias, as primeiras máquinas que abrirão caminho até os pontos onde serão instalados os canteiros de obra desembarcaram no município de Vitória do Xingu. São as primeiras ações práticas depois que o Ibama liberou a licença de instalação da obra e virou a página de 35 anos de alterações de projeto, protestos e críticas sem fim.

        Os primeiros funcionários já estão em treinamento, aprendendo em videogames como operar caminhões, retroescavadeiras. Hoje são algumas centenas de homens trabalhando em um pequeno centro de treinamento, em Altamira. Em três anos, haverá 22 mil pessoas distribuídas em três canteiros de obra, no meio da mata da Volta Grande do Xingu, a cerca de 80 quilômetros dali.Os canteiros pioneiros, montados com tendas e ar condicionado, começaram a ser erguidos no meio da mata. Funcionários passarão seis meses nessas bases provisórias, para construir os três canteiros definitivos e quatro refeitórios que, juntos, terão capacidade de produzir 70 mil refeições por dia.

        A complexidade logística de Belo Monte, empreendimento orçado em R$ 26 bilhões, vai exigir todo o tipo de obra viária para que, durante seus nove anos de construção, o empreendimento transcorra como planejado. Para tanto, o aeroporto de Altamira terá de ser ampliado e a rodovia Transamazônica, finalmente pavimentada. Outros 400 quilômetros de estrada serão abertos. No rio Xingu, o consórcio vai construir um novo porto, para apoiar a chegada de máquinas pesadas, parte delas vindas de outros países.

        Para reduzir dificuldades, o consórcio construtor tem priorizado a contratação de quem vive na região. Mais de 13 mil pessoas se cadastraram para trabalhar na obra. Dessas, só 287 não são da região. "O ideal seria contratar as 22 mil pessoas nos municípios próximos da obra, mas não será possível. Por isso, vamos treinar e contratar todos que conseguirmos", diz Rufato.

        Na cabeça dos gestores de Belo Monte está a preocupação de evitar os problemas que macularam as obras das usinas do Madeira, em Rondônia, além de dar uma resposta positiva à enxurrada de críticas que prevê o caos social, com a chegada de milhares de pessoas a uma região que é carente de todo o tipo de serviço básico. Nos canteiros, estão previstos quartos com camas individuais, e não beliche. Os locais terão casa lotérica, caixa bancário, templo religioso, centros de lazer, lan house e lanchonete vendendo de tudo, inclusive, cerveja. "E com álcool", completa Rufato. "Se você não consegue controlar algo, não adianta proibir. Mas quem quiser, vai ter de pagar um preço alto." 

 

(André Borges, Valor Econômico)
www.cntu.org.br

 

 

Manifestações dos trabalhadores agendadas para todas as regiões do Brasil reivindicam também fim do fator previdenciário e ratificação das Convenções 151 e 158 da OIT.

        Uma passeata com cerca de 10 mil trabalhadores, realizada em Brasília no dia 6 de julho, deu início ao calendário de mobilizações do movimento sindical. Com manifestações agendadas para todas as regiões do Brasil, a iniciativa que une as centrais sindicais e também entidades independentes, culminará com uma grande marcha marcada para 3 de agosto, na Avenida Paulista, em São Paulo.

        Na pauta, as reivindicações que deram a tônica da Conferência Nacional dos Trabalhadores, realizada em 2010, e das comemorações do 1º de Maio deste ano. A principal delas é a redução da jornada de 44 para 40 horas semanais, prevista na Proposta de Emenda à Constituição nº 231/95.

        Além disso, a pretensão é somar a essa outras reivindicações, como o fim do fator previdenciário, a questão das práticas antissindicais, a regulamentação da terceirização com garantia de direitos e a ratificação das convenções nº 151 e 158 da OIT (Organização Internacional do Trabalho), que dispõem respectivamente sobre o direito de negociação do funcionalismo público e a proibição da demissão imotivada.

        “A ideia é avançar no ano em torno de bandeiras históricas dos trabalhadores no Congresso Nacional. Isso se articula com a dinâmica de campanhas salariais e deve criar melhores condições para sustentar a valorização do mínimo”, analisa o cientista político João Guilherme Vargas Netto. Na sua concepção, ao se desenvolver de forma entrosada com grandes segmentos, tal ação fortalece a organização sindical também na batalha contra ala que queira lançar ofensiva que implique perdas à classe trabalhadora. “Essas lutas contínuas na linha do tempo do segundo semestre (manifestações unitárias pela pauta sindical no Congresso em Brasília e campanhas salariais motivadas pela conjuntura favorável) darão base para que o movimento unificado, aguerrido e vitorioso impeça que os rentistas, a banca e seus porta-vozes a aliados coloquem em questão o forte reajuste legal do salário mínimo previsto para janeiro de 2012, conforme uns e outros já andam murmurando”, ressaltou em artigo de sua autoria intitulado “Linha do tempo”, publicado no site da Força Sindical. “Queremos reafirmar que vamos lutar por aumentos reais de salário e que não compraremos a versão conservadora de que isso vai fazer a inflação disparar”, destaca Artur Henrique, presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores).

        Presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), Wagner Gomes lembra que algumas categorias importantes devem participar, como os petroleiros e metalúrgicos, bem como organizações sociais. “Isso provavelmente ajudará na mobilização”, acredita. O deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (PDT-SP), presidente da Força Sindical, enfatiza que promover essa aliança é a proposta. E indica: “Tivemos uma reunião com nossa bancada em São Paulo e estamos orientando todos os estados a se reunirem com parlamentares locais. Isso já está acontecendo. No Congresso Nacional, temos mantido pelo menos cem dirigentes toda semana, os quais farão panfletagem e visitas a lideranças até o recesso parlamentar.” 

 

(Soraya Misleh)
www.fne.org.br

 

 

        Uma passeata com cerca de 10 mil trabalhadores, realizada em Brasília no dia 6 de julho, deu início ao calendário de mobilizações do movimento sindical. Com manifestações agendadas para todas as regiões do Brasil, a iniciativa que une as centrais sindicais e também entidades independentes, culminará com uma grande marcha marcada para 3 de agosto, na Avenida Paulista, em São Paulo. Na pauta, as reivindicações que deram a tônica da Conferência Nacional dos Trabalhadores, realizada em 2010, e das comemorações do 1º de Maio deste ano. A principal delas é a redução da jornada de 44 para 40 horas semanais, prevista na Proposta de Emenda à Constituição nº 231/95.

        O objetivo é fazer com que o Congresso Nacional aprecie a proposição logo após o recesso parlamentar. Somam-se a essa a luta pelo fim do fator previdenciário, a regulamentação da terceirização com garantia de direitos e a ratificação das convenções nºs 151 e 158 da OIT (Organização Internacional do Trabalho), que dispõem respectivamente sobre o direito de negociação do funcionalismo público e a proibição da demissão imotivada.

        Já antigas, tais bandeiras constituem questões essenciais da luta dos trabalhadores e hoje articulam-se estrategicamente com as campanhas salariais das diversas categorias e também com a defesa da valorização do salário mínimo, fundamental e principal instrumento de distribuição de renda no País.

        A manutenção da pressão, que precisa estar visível nas ruas e ganhar a sociedade como um todo, é essencial para que haja avanços. O Brasil, apesar das dificuldades e riscos externos cada dia mais presentes, tem conseguido manter o fôlego rumo ao crescimento e segurar a inflação em níveis aceitáveis. Para que esse fenômeno torne-se desenvolvimento socioeconômico real é preciso que a maioria da população receba o quinhão a que tem direito. O progresso do País deve se traduzir em melhores condições de vida para todos e efetiva valorização do trabalho.

        Banda Larga – O aguardado PNBL (Plano Nacional da Banda Larga) foi anunciado pelo governo em 30 de junho último. Embora seja bastante positivo que haja uma iniciativa nesse sentido, o acordo fechado entre o Executivo e as operadoras de telecomunicações que foram integradas ao PNBL deixou bastante a desejar. Cabe agora aos movimentos sociais, e não apenas àqueles ligados diretamente ao setor, manter a mobilização para que haja avanços significativos no esforço de universalização do acesso à Internet de qualidade. Até porque, como aponta o professor Marcelo Zuffo em entrevista nesta edição, na sociedade do conhecimento, tal serviço é tão essencial quanto saneamento básico ou calçadas.

 

Eng. Murilo Celso de Campos Pinheiro
Presidente

 

 

Edílson Reis

 

        Os corredores de transporte coletivo têm papel fundamental e podem ser implantados de acordo com as especificidades de cada cidade. Como regra, busca-se na operação equilibrada entre linhas troncais e alimentadoras uma priorização ao modal sobre pneus. As diferentes soluções possíveis para que se dê prioridade ao coletivo surgem a partir da análise da situação da circulação dos ônibus e dos desejos de viagem.

        A cidade de São Paulo serve como excelente exemplo para entendimento do estudo das alternativas. É servida por cerca de 1.350 linhas regulares, entre as chamadas bases, retornos operacionais, atendimentos etc, e dispõe de 15.000 veículos para atendimento à demanda.

        As linhas distribuem-se ao longo de aproximadamente 4.500 km de ruas e avenidas, de um total de cerca e 17.000 km do viário urbano. No total, o sistema paulistano de transporte urbano sobre pneus contabiliza mais de 8 milhões de embarques por dia, enquanto o modo metroferroviário não atinge a metade desse valor.

        Ainda que o ideal para uma cidade desse porte seja contar com ampla e densa rede sobre trilhos, considerações de ordem prática e econômica determinam como ponto pacífico que o sistema de ônibus continuará como espinha dorsal do transporte público na localidade por muitos anos.

 

Ônibus X automóvel
        Apesar da sua relevância, o desempenho operacional do modal ônibus vem sendo mais e mais comprometido pelo adensamento crescente dos fluxos de tráfego e o consequente congestionamento das ruas e avenidas, compartilhadas nem sempre harmoniosamente com os carros particulares e demais veículos. Normalmente, os coletivos são os mais prejudicados no conflito pelo uso das vias, entre outras causas pela falta de agilidade em função de suas características dimensionais e principalmente por se caracterizar como um sistema parador.

        Juntamente com outros fatores, tanto conjunturais como estruturais, as crescentes dificuldades de circulação dos ônibus vêm sendo responsáveis pela gradativa e constante queda de qualidade do serviço prestado que se reflete em aumento dos tempos de viagem, ociosidade ou superlotação da frota, tempos de espera excessivos, desconforto e insegurança. Com o carro particular mais acessível a um número maior de famílias e a infraestrutura viária essencialmente a mesma, as perdas do transporte coletivo são agravadas nos congestionamentos e conflitos de trânsito.

        Apesar da importância para o deslocamento das pessoas em sua rotina diária, apenas uma pequena parte das vias utilizadas pelos ônibus, aproximadamente 120 km, oferece algum tipo de preferência. Desses, muito pouco é considerado como verdadeiro corredor, por segregar, a exemplo do metrô, efetivamente os veículos do tráfego geral. Exceção deve ser feita ao corredor Expresso Tiradentes, considerado uma ilha de excelência.

        A recomendação de preferência ao coletivo vem sendo indicada desde meados da década de 70, quando o Projeto Sistran (Sistema de Transporte Urbano de Passageiros), da Região Metropolitana de São Paulo, preconizou a criação de um sistema de média capacidade, que teria como função atender o vácuo de oferta de carregamento existente entre o Metrô e as linhas de ônibus. Como definição, esse seria constituído por determinado conjunto de linhas de grande capacidade circulando sobre uma rede de corredores. Ou seja, um subconjunto da rede arterial urbana onde se implementariam pistas ou faixas exclusivas com diferentes graus de prioridade aos ônibus. A implantação, ainda que isolada e incompleta, de alguns elementos da proposta do Sistran beneficia efetivamente o atendimento aos usuários do sistema coletivo, a exemplo do Corredor Santo Amaro.

        Contudo, mesmo na ausência dessa condição privilegiada, devemos induzir e incentivar uma divisão mais justa do espaço viário. Considerando que o modelo adotado concentra as viagens mais longas e demoradas no subsistema denominado estrutural e que essas linhas trafegam num viário selecionado, é razoável admitir a possibilidade de intervenção no leito carroçável para viabilizar um melhor desempenho operacional.

        No conceito do tratamento viário para a operação por meio de corredores em favor do transporte coletivo e a partir do crescente nível de investimento, podemos ter diversas soluções, entre elas: faixa prioritária junto à calçada; faixa exclusiva junto à calçada com separação por tachões; faixas segregadas à esquerda (com ou sem ultrapassagem); faixa exclusiva no contrafluxo; canaleta para transporte coletivo; e via exclusiva segregada.

        Como contribuição ao debate sobre a mobilidade urbana, o Sindicato dos Engenheiros publicou o documento “Cresce Brasil +Engenharia +Desenvolvimento”, no qual propõe uma série de diretrizes de transporte, plenamente exequíveis e capazes de trazer melhoria das condições de deslocamento da população com qualidade de vida.

 

Edílson Reis é diretor do SEESP e Coordenador do Comitê Temático “Cidade em Movimento” do Conselho Tecnológico da entidade

 

 

 

 

Soraya Misleh

 

        A importância dessa parceria entre academia e setor produtivo foi apontada durante encontro de tecnologia promovido pelo SEESP, com apoio do Isitec (Instituto Superior de Inovação e Tecnologia) e da VDI-Brasil (Associação de Engenheiros Brasil-Alemanha). Realizado em 29 de junho último, no auditório do sindicato, na Capital paulista, foi o terceiro evento da série e abordou o tema “Novos desafios da relação universidade-empresa”. Cerca de 200 pessoas prestigiaram a iniciativa.

        À abertura, Murilo Celso de Campos Pinheiro, presidente do SEESP, destacou o grande ganho de qualidade propiciado por encontros como esse. “Nessa fase em que tratamos da implantação do Isitec, são de suma importância”, complementou Antonio Octaviano, secretário executivo do CAD (Conselho de Administração) do instituto.

        Entre seus pilares, está a importância da relação universidade-empresa para se garantir inovação. Com esse mote, estão sendo buscadas parcerias para que o Isitec assegure educação superior de qualidade. “Firmamos um protocolo de entendimento nesse sentido”, ressaltou Edgar Horny, presidente da VDI-Brasil. O evento em questão trouxe subsídios para fortalecer essa iniciativa.

        Em sua apresentação, o vice-presidente da associação alemã, Robert Madersdorfer, executivo da multinacional Lanxess, destacou a importância de parceria com a USP (Universidade de São Paulo) para a implementação de unidade de cogeração de energia da empresa em Porto Feliz, no Estado de São Paulo. Segundo apontou ele, soluções inteligentes exigem tal integração e planejamento estratégico, de olho nas megatendências globais. Newton Gomes Pereira, consultor de tecnologia e inovação da Siemens, enfatizou ser crucial a parceria universidade-empresa, a qual tem sido firmada pela companhia, em todo o mundo, com diversas instituições. Falar sobre esse relacionamento está atrelado, ainda de acordo com sua preleção, à gestão da inovação, que demanda pensar a estratégia do negócio.

        Bruno Domenico Bragazza, gerente de inovação e tecnologia da Bosch do Brasil, apresentou como caso de sucesso mais evidente da companhia, resultante da integração academia-setor produtivo, o flex fuell. Tecnologia 100% brasileira que, de acordo com sua preleção, começou a ser desenvolvida em 1992, propicia abastecimento de veículos automotores por etanol ou gasolina. Atualmente, está em andamento outra inovação: o flex start, que torna mais eficiente a partida a frio de carros a etanol, pois possibilita o aquecimento do combustível. Dispensa, portanto, a necessidade de injeção de gasolina, hoje colocada em pequeno reservatório junto ao motor. Além disso, reduz a emissão de poluentes. O projeto, conforme contou Bragazza, tem sido feito em parceria com várias universidades, assim como outros em andamento.

 

Desafios
        Madersdorf relacionou entre os desafios para se consolidar essa relação reduzir a burocracia e assegurar mais e melhores engenheiros. O gerente da Bosch do Brasil atestou, dizendo ainda que incrementar a inovação requer formar recursos humanos para a pesquisa básica e aplicada. Em âmbito nacional, afirmou ele, “mais de 70% dos doutores e mestres encontram-se nas universidades, o inverso do que ocorre nos Estados Unidos, em que estão nas empresas. Daí a importância da educação em engenharia neste País com novas demandas (como pretende o Isitec)”. O que poderia repercutir no aumento de patentes brasileiras, atualmente no patamar ínfimo de 0,1% das registradas no mundo. Quanto a dar um salto na formação de profissionais da categoria, o executivo informou: “Entre os caminhos indicados pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), no longo prazo, certamente está aquele em que o SEESP vem trabalhando: ampliar a oferta via sistema educacional.”

        Para o professor Mario Neto Borges, presidente da Fapemig (Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais) e do Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa, as mudanças no ensino são importantes não só no que diz respeito à graduação de profissionais da categoria, mas como um todo, começando pela educação básica. “É preciso haver investimentos maciços, robustos e perenes nessa área.” Ao desenvolvimento sustentável, ele ponderou que o foco deve ser em engenharia. “Em 2001, formamos quase 18 mil no segmento, em 2009 mais que dobramos. Está melhorando, mas não é suficiente.” O País precisa avançar ainda, como destacou o professor, na formação de pesquisadores.

        A necessidade de se ampliar as inversões em C, T & I (ciência, tecnologia e inovação), cujo patamar ainda é baixo, não obstante tenha se elevado de 0,9% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2004 para 1,13% em 2008 foi outro ponto tocado por Borges. O que, conforme sua explanação, demanda sobretudo maior aplicação de recursos por parte das empresas. “Na Coréia, 2,1% desse investimento é feito pelo setor privado, ante 0,54% no Brasil.”

 

 

Rita Casaro

 

       Após idas e vindas e uma difícil negociação com as operadoras de telecomunicações, o governo federal lançou em 30 de junho último a terceira edição do PGMU (Plano Nacional de Metas de Universalização), integrando essas companhias ao PNBL (Plano Nacional de Banda Larga). De acordo com o Ministério das Comunicações, as empresas terão que oferecer, a partir de outubro, acesso à Internet com velocidade de 1 Mbps por R$ 35 mensais. Para fechar o acordo, abriu-se mão, ao menos temporariamente, da exigência de que seja entregue no mínimo 40% da velocidade contratada – hoje o compromisso não passa de 10%. Também foram esquecidas as metas mais rígidas em relação à qualidade do serviço, hoje sofrível, como apontou em entrevista ao Jornal do Engenheiro o professor da Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo) Marcelo Zuffo. Um dos principais especialistas brasileiros no assunto, ele defende o acesso à Internet gratuitamente, “a título de passeio público”. 

 

Qual a situação do Brasil no que diz respeito ao acesso à Internet?
       Há vários parâmetros de comparação. Por exemplo, o Brasil é a sétima economia do mundo, mas nós não estamos bem no que diz respeito ao IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), ocupamos o 73º lugar. Nossa posição no ranking mundial da Internet é próxima disso. O que eu tenho feito junto aos governos, nas esferas em que atuo, é argumentar que qualquer investimento em banda larga tem impacto direto no IDH. O exemplo que nós temos é a Costa Rica, que, na década de 80, ganhou do Brasil na corrida pela atração de indústrias de ponta. A Intel foi para lá. Com isso, houve um incremento significativo da banda larga no País, que subiu dezenas de pontos no ranking do IDH.

 

O que é preciso fazer para avançar nesse campo?
       O Estado deve ter um papel moderador e ser também um investidor, o que é difícil, porque o setor de banda larga é de forte atividade de inovação tecnológica e caracterizado por uma competição internacional muito grande. Nós não temos as condições de competitividade ideais no Brasil, porque tradicionalmente os provedores de banda larga são os mesmos de telefonia fixa, área em que não há esse ambiente. Do jeito que foi feita a privatização, a infraestrutura nacional está absolutamente obsoleta; faltam conexões transoceânicas, o nosso tronco para os Estados Unidos e a Europa, um backbone nacional conectando as capitais.

 

Há problemas no que diz respeito às regras do jogo?
       O problema também é a falta de legislação que defenda o consumidor de banda larga, que é muito mal tratado no Brasil. Isso faz com que a qualidade do serviço seja péssima. Outro é a alta incidência tributária, especificamente de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), que diz respeito à esfera estadual. É da ordem de magnitude das margens praticadas no mercado, então o governo é sócio. Sobretudo, falta articulação. Há o PNBL em nível nacional, mas há responsabilidades nas três esferas e isso não está bem orquestrado. Em vez de um plano, deveria haver uma Política Nacional de Banda Larga. Além disso, o Estado não tem função moderadora e fica refém das empresas privadas. Há tecnologias que já deveriam ter entrado no Brasil e não chegam por pressão delas. É o caso da Wimax de Wi-Fi, que é de longa distância. Outro é o PLC (Power Line Communication). As empresas de eletricidade estão atuando, mas com várias restrições, tanto tecnológicas quanto de legislação. As agências reguladoras teriam que ser independentes das empresas e do governo e não são. Não há participação da sociedade com a presença que deveria. Só quando há um clamor muito forte da opinião pública é que elas se mexem.

 

Qual a sua avaliação do PNBL?
       Eu acho que a grande vantagem são dois pilares. O investimento em infraestrutura nacional, o backbone, e a valorização do produto nacional. Isso porque com a privatização, acabou a indústria brasileira de fabricantes de equipamentos de telecomunicações. Se traçarmos um paralelo, países que não tinham nada na década de 80, como a Espanha, têm mais de 100 empresas. O Brasil que tinha inúmeras tem dez hoje. Isso tem que voltar, antes que acabe em definitivo. As poucas existentes são sobreviventes. E nesses países em que a indústria foi alavancada, foi usado o poder de compra do Estado para tanto. O ponto negativo é a ideia de criar uma grande estatal nacional na área, que, já sabemos, seria fadada ao fracasso.

 

Não seria bom recuperar a Telebrás?
       Talvez fosse bom, mas com a Telebrás voltada à infraestrutura satelital e ao backbone, mas ela não seria competitiva no varejo. Outro ponto importante é o papel do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) na criação de uma grande empresa de telecomunicações no Brasil. Nós sabemos que essas multinacionais, como a British Telecom e a própria Telefônica, tiveram ações de governo por trás.

 

A banda larga não poderia ser oferecida gratuitamente?
       Sim. Por exemplo, você mora numa cidade e usa a calçada. Quando está em outra, também usa e não paga por isso. É o mesmo com a Internet, a ideia é oferecê-la a título de passeio público, por exemplo até 256kbps. A China faz isso para até 1mbps. Aí, seria para realmente popularizar. Na sociedade da informação, Internet é tão importante quanto esgoto ou iluminação pública. Num país que está democratizado como o Brasil, você criaria atalhos para educação, trabalho, saúde. Agora, existem setores da sociedade que não querem isso. Um exemplo foi o projeto do laptop de US$ 100, que não prosperou. Desde que tenha na casa dele, em Alphaville, está tudo bem. E há também os setores mais a esquerda que dizem: “isso vai acabar com o modelo de telecentros”. Tem que acabar mesmo, as pessoas têm que ter em casa.

 

 

Lucélia Barbosa

 

         O Senado Federal aprovou em 6 de julho, a MP (Medida Provisória) nº 527/11, que institui o RDC (Regime Diferenciado de Contratações Públicas) para licitações e contratos necessários à realização da Copa das Confederações em 2013, à Copa do Mundo de 2014 e às Olimpíadas de 2016. Transformada no Projeto de Lei de Conversão 17/11, a matéria segue agora para sanção presidencial.

         Os senadores mantiveram o texto aprovado pela Câmara dos Deputados no dia 28 de junho, que cria também a Secretaria de Aviação Civil e inclui obras de infraestrutura para aeroportos das capitais brasileiras distantes até 350 quilômetros das cidades-sedes dos jogos mundiais. Além disso, excluiu a possibilidade de a Fifa (Federação Internacional de Futebol) e o COI (Comitê Olímpico Internacional) exigirem mudanças sem limites para aumento do orçamento.

         Segundo o deputado federal José Guimarães (PT/CE), relator da medida na Câmara, o objetivo é dar mais agilidade às contratações, buscar a melhor relação entre custo e benefício, incentivar a inovação tecnológica e assegurar tratamento isonômico aos licitantes.

         Entre as principais mudanças em relação à Lei nº 8.666/93, que atualmente regulamenta as licitações públicas no País, Guimarães destaca a contratação integrada de obras e serviços de engenharia. De acordo com a legislação hoje vigente, os projetos básico e executivo devem ser desenvolvidos por empresas diferentes. Já pelo RDC todas as etapas de uma obra podem ser realizadas por uma única empresa que fará os projetos, a construção e entregará o empreendimento pronto.

         A oposição tentou barrar esse item alegando ser uma imprudência permitir que uma única companhia tenha o poder de projetar, decidir quanto vai custar a obra e ter controle total sobre os recursos públicos. Guimarães justifica que o mecanismo já é utilizado pela Petrobras com base em seu regulamento simplificado (Decreto 2.745/98).

         Ainda conforme ele, a modalidade integrada proibirá a assinatura de aditivos, instrumentos pelos quais o objeto da licitação pode ser aumentado em 25% (obras, bens e serviços) ou em 50% (reforma de edifício ou equipamento). A exceção serão os casos fortuitos que provoquem desequilíbrio econômico-financeiro do contrato e as exigências adicionais necessárias à melhor adequação técnica.

         O coordenador técnico do projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, Carlos Monte, aprova a ideia, mas defende que, numa futura reforma da Lei 8.666, seja mantida a regra segundo a qual quem projeta não constrói. “Quem faz o projeto executivo tem acesso a vários detalhes e pode inclusive omitir algum em prejuízo dos concorrentes”, opinou.

 

Prêmio e sigilo
         Outra novidade é a possibilidade de o governo utilizar a remuneração variável em obras e serviços. Com esse dispositivo a empresa contratada poderá receber um prêmio por desempenho com base em metas, padrões de qualidade, critérios de sustentabilidade ambiental e prazo de entrega. O bônus será definido no edital e respeitará o limite orçamentário fixado pela administração pública.

         O sigilo de custos é outra mudança fixada pela MP que gerou polêmica durante a votação no plenário da Câmara. Após críticas da oposição ao mecanismo, que poderia dar margem a corrupção, foi acrescentada emenda que prevê acesso permanente dos órgãos de controle como CGU (Controladoria-Geral da União) e TCU (Tribunal de Contas da União) durante o processo de escolha.

         Apesar dos receios, o deputado federal Paulo Teixeira (PT/SP) defende a alteração. Segundo ele, atualmente o governo divulga o valor do investimento e as empresas tentam propor a cifra mais baixa e vencer a licitação. No novo regime, a administração pública dará algumas diretrizes orçamentárias e cada contratante fará sua oferta que ficará em segredo até o encerramento do processo. “Esse dispositivo é importante porque garantirá custos menores e dificultará combinação de valores entre as empresas”, afirmou. Para Monte, o sigilo serve também para responsabilizar os executantes caso não cumpram o estabelecido no contrato.

 

Trâmites
         De acordo com a MP, cada licitação será composta pelas fases preparatória, de publicação do instrumento convocatório, apresentação de propostas ou lances, julgamento, habilitação, recursal e encerramento. A habilitação (exigência de documentos e outras obrigações) ocorrerá depois do julgamento e será cobrada somente do vencedor.

         O processo deverá ser realizado preferencialmente sob a forma eletrônica. Será admitida uma única fase recursal, que se seguirá à habilitação do vencedor. Definido o resultado, a administração pública poderá negociar condições mais vantajosas com o primeiro colocado. Caso esse desista, a negociação poderá ser feita com os demais licitantes, segundo a ordem de classificação e desde que os valores não sejam superiores ao orçamento estimado para a contratação.

 

 

Receba o SEESP Notícias *

agenda