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A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) promove, nesta terça-feira (30/9), leilão da frequência de 700 mega-hertz (MHz), que será usada para ampliar a tecnologia de quarta geração de banda larga móvel (4G).

As operadoras inscritas no pregão - TIM, Claro, Telefônica (Vivo) e Algar Telecom - disputam quatro lotes nacionais de 10 MHz cada e dois regionais. O preço mínimo da outorga de cada lote nacional foi estipulado em R$ 1,92 bilhão. Os demais lotes terão preço mínimo de R$ 1,89 bilhão, R$ 29,5 milhões e R$ 5,28 milhões.

A faixa de 700 MHz vai complementar a de 2,5 giga-hertz (GHz), leiloada em junho de 2012, também para a tecnologia 4G. Enquanto a frequência de 2,5 GHz tem mais capacidade e raio de cobertura menor, a de 700 MHz tem abrangência maior e necessita de menos antenas, além de ser usada por diversos países, como os Estados Unidos e a Argentina. Segundo a Anatel, com a utilização da faixa de 700 MHz, será possível levar telefonia móvel de quarta geração e internet em banda larga de alta capacidade inclusive às áreas rurais, a um custo operacional mais baixo, uma vez que essa faixa é ideal para a cobertura de grandes distâncias.

A expectativa da Anatel é arrecadar até R$ 8,2 bilhões com a venda dos lotes.



Fonte: Agência Brasil

 

 

 

 

 

 

 

Segundo especialista da ONG TNC, é preciso fazer um esforço como o do combate à inflação, e “perguntar ao Governo por que ele não toma outras medidas” para sanar a crise no abastecimento.

“É muito crítico” o estado em que as reservas do Sistema Cantareira se encontram, segundo o especialista em água da ONG internacional The Nature Conservancy (TNC), Samuel Barreto. “Se nada for feito, restam menos de 40 dias; diria 38 dias” de abastecimento de água para São Paulo e região.

O Sistema Cantareira, responsável pelo abastecimento de 14 milhões de pessoas da grande São Paulo e de 62 cidades do interior, opera, neste momento, com 7,4% de sua capacidade total. É o menor índice da história. Mais baixo até do que em 15 de maio deste ano, quando o Cantareira operava com 8,2% de suas capacidades e o chamado ‘volume morto’ passou a ser captado.

Na época, além do acesso ao volume morto, o Governo do Estado passou a dar descontos na conta de água para quem economizasse. Mas esse bônus não foi o suficiente para sanar o problema. “Precisamos fazer um esforço como o que é feito no combate à inflação”, diz Barreto. Ainda dá pra economizar muito mais. Mas só o processo voluntário não é o suficiente. É preciso perguntar ao Governo por que ele não toma outras medidas”, diz.

Hoje, um segundo volume morto ainda pode ser acessado. Mas essa segunda alternativa não representa, necessariamente, a salvação. “Esse segundo volume morto representaria 90 bilhões de metros cúbicos de água a mais. Mas o ponto é discutir as regras para operar esse volume”, diz Barreto, que explica que, usando essa alternativa e se a estiagem permanecer, no ano que vem não haverá reserva alguma para socorrer a crise do abastecimento. “Acessando esse segundo andar do volume morto, você torna mais vulnerável o sistema para o ano que vem”, diz.

Segundo Barreto, a obra para explorar essa nova reserva já foi autorizada, mas o acesso a ela ainda não foi permitido. E um dos órgãos responsáveis por autorizar esse acesso é a Agência Nacional de Água (ANA), órgão controlado pelo Governo federal e que, na sexta-feira passada, anunciou a sua saída do Grupo de Técnico de Assessoramento para a Gestão do Sistema Cantareira (GTAG), por discordar da postura da Secretaria Estadual de Recursos Hídricos sobre os limites adotados para a captação de água e abastecimento. Criado em fevereiro deste ano, o Grupo tinha como função assessorar a administração do armazenamento de água do Cantareira.

Nesta semana, a TNC enviou um comunicado à imprensa pedindo o retorno da ANA ao Grupo. “A TNC vê com extrema preocupação o anúncio publicado pela ANA sobre a sua retirada do Gtac. Apelamos para o retorno imediato da ANA o Grupo”, dizia a nota. “A ANA tem um papel muito importante na definição das regras operativas, inclusive no Cantareira”, diz Samuel Barreto.

“Para voltarmos ao GTAG, só com o secretário [Mauro Arce, da Secretaria de Recursos Hídricos] assumindo os compromissos ou esclarecendo publicamente porque não tem condições de cumpri-los”, disse o presidente da ANA, Vicente Andreu.

Embora o governo não assuma, há meses diversos bairros da capital e cidades inteiras do interior estão vivendo na pele um racionamento silencioso de água: não há informe oficial, apenas as torneiras secas durante horas – e às vezes dias – a fio.

Nessa semana, pela primeira vez, o secretário de Recursos Hídricos de São Paulo, Mario Arce, admitiu: “Não estamos escondendo nada de ninguém. Não preciso decretar que está tendo um racionamento, tá na cara que existe um problema”, disse, na terça-feira, em um evento no Parque Ibirapuera. Nesta quinta-feira, Arce voltou a falar e disse que a água do primeiro volume morto duraria até o dia 21 de novembro.

Enquanto se discute se temos 38 ou 57 dias, a Câmara dos Vereadores de São Paulo convocou, pela segunda vez, a presidenta do órgão, Dilma Pena, para depor na CPI da Sabesp, criada em agosto. A segunda convocação a qual ela se fez ausente ocorreu nesta quarta-feira, quando Pena enviou um atestado médico para justificar a ausência.

São Paulo não tem um período de chuva acima da média desde o ano passado. À estiagem se junta a falta de uma atitude mais enérgica por parte do Governo do Estado. Em 2001, o Brasil viveu algo parecido, mas com a energia elétrica. A falta de investimentos na geração e distribuição de energia, aliada à ausência de chuva – quase toda a energia do Brasil é produzida por usinas hidrelétricas – fez com que a população sofresse uma sequência de pequenos apagões energéticos, que culminou em um esforço nacional - e obrigatório – de racionamento de energia. O último ano do governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) acabou marcado negativamente pela “crise do apagão”.

Segundo Barreto, para que a crise hídrica começasse a ser resolvida seria preciso que um esforço como o que aconteceu, involuntariamente, em 2001, ocorresse novamente. “É preciso estabelecer uma meta de redução e ir além do ato voluntário”.


 

Fonte: A reportagem é de Marina Rossi, publicada por El País, em 26/09/2014








No dia 3 de setembro deste ano, o Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou o julgamento de Recurso Extraordinário, com Agravo (ARE) 664335, do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) contra decisão da Primeira Turma Recursal da Seção Judiciária de Santa Catarina, que manteve o entendimento que o fornecimento de equipamento de proteção individual (EPI) para trabalhadores expostos ao ruído, não retira destes trabalhadores o direito a contagem de tempo de serviço especial.

Caso prevaleça o entendimento do ministro relator Luiz Fux de que o "Equipamento de Proteção Individual é capaz de reduzir a níveis aceitáveis os efeitos nocivos de uma agente insalubre" e de que o risco potencial não pode ser fator de concessão de benefício, justificado pelo simples fornecimento ou do uso do EPI, milhares de trabalhadores de diversos ramos econômicos serão prejudicados em seus direitos já devidamente garantidos pela súmula 9 da Turma Nacional de Unificação – TNU, das Jurisprudências Pacificadas dos Diversos Tribunais Regionais Federais e dos próprios Juizados Especiais Federais, que dizem: "O uso de Equipamento de Proteção individual – EPI, ainda que elimine a insalubridade, no caso de exposição a ruído, não descaracteriza o tempo de serviço especial prestado" se a decisão se consumar será um retrocesso no estimulo as medidas de proteção coletiva como está previsto na norma regulamentadora NR6 da portaria 3.214/78 e preconizada pela convenção 148 da Organização Internacional do Trabalho, bem como, contraria todos os esforços que vem sendo feito na construção de uma Política Nacional de Saúde e Segurança no Trabalho através do tripartismo como prevê as convenções 155 e 187 da OIT.

O uso do EPI para o caso do ruído é apenas um atenuante que não resolve o problema na fonte. O fato do uso do EPI pelo trabalhador é a prova cabal de que todos os trabalhadores estão expostos ao referido fator de risco, entre outros, portanto só passível de resolvê-los na fonte através de medidas coletivas.

Diante do exposto, as centrais sindicais conclamam aos ministros do STF Federal a participar do esforço de criar uma cultura prevencionista no Brasil que garanta maior proteção a saúde dos trabalhadores e trabalhadoras nos locais de trabalho, não aceitando nenhum retrocesso na legislação que venha prejudicar os direitos da classe trabalhadora. Assinam a nota: Central Única dos Trabalhadores – CUT; Força sindical – FS; União Geral dos Trabalhadores – UGT; Central Geral de Trabalhadores do Brasil – CGTB; Nova Central Sindical dos Trabalhadores – NCST.


 

Fonte: Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap)








A Faculdade de Engenharia Mecânica da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) está com inscrições abertas, até o dia 7 de novembro, para dois concursos que visam preencher duas vagas de professor doutor.

Uma das vagas é para a área de Materiais e Processos de Fabricação, que inclui as disciplinas Materiais de Engenharia, Laboratório de Ensaios de Materiais, Conformação Plástica e Tecnologia de Ligas Metálicas, do Departamento de Engenharia de Manufatura e Materiais.

É desejável que o candidato tenha a graduação ou seja pós-graduado em Engenharia Mecânica, Engenharia de Materiais, Engenharia Metalúrgica ou áreas afins.

A segunda vaga é para a área de Projeto Mecânico, cujas disciplinas são Modelagem de Dispositivos Eletromecânicos, Laboratório de Sistemas Pneumáticos e Hidráulicos e Automação Industrial – no Departamento de Sistemas Integrados.

Neste caso, prefere-se que o candidato seja graduado em Engenharia Mecânica, Engenharia de Controle e Automação ou Engenharia Elétrica.

O regime preferencial de contratação é o de dedicação integral à docência e à pesquisa (RDIDP), com salário inicial de R$ 9.185,10.

As inscrições podem ser feitas pelo candidato ou por um procurador na secretaria da Faculdade de Engenharia Mecânica, na Rua Mendeleyeve, 200, na Cidade Universitária Zeferino Vaz, em Barão Geraldo, Campinas.

Os editais podem ser lidos em aqui.


 

Fonte: Agência Fapesp







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A Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, inaugurada em 1914, foi fator crucial para a ocupação econômica de regiões de fronteira agrícola dos Estados de São Paulo e Mato Grosso e para o escoamento da produção do café paulista e da erva-mate mato-grossense até o porto de Santos, na Primeira República.

Em Bauru – km 0 da ferrovia que se estendia por 1.622 quilômetros ao longo do rio Tietê, cruzava o rio Paraná e margeava o Pantanal até Corumbá, em Mato Grosso –, a estrada deixou um legado particularmente importante para a compreensão do processo de urbanização do interior de São Paulo: um complexo de estações, oficinas, escritórios e vilas de funcionários, além de móveis, vagões, locomotivas, documentos, fotos, mapas e projetos.

“Algumas dessas construções estão entre as mais importantes do país, por suas dimensões, linguagem arquitetônica e tecnologia”, afirma Nilson Ghirardello, da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação (FAAC) da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Bauru, coordenador do projeto “Estrada de Ferro Noroeste do Brasil/Bauru Km 0”, apoiado pela FAPESP no âmbito de um convênio com o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat).

Esse patrimônio arquitetônico e urbanístico começou a se formar no início da construção da estrada, em 1905. A ferrovia partia de uma região com pouco mais de 7 mil habitantes – a mais de 300 quilômetros da capital paulista – e avançava pelo sertão, até então povoado por índios caigangues, abrindo novas frentes para o avanço da produção cafeeira no oeste do Estado. Em torno da estrada de ferro formaram-se cidades como Avaí, Presidente Alves, Cafelândia, Lins, Promissão, Araçatuba, entre outras.

Em 1917, a ferrovia, até então privada – e pouco rentável –, foi estatizada e a administração central transferida do Rio de Janeiro para Bauru. “Para a cidade foi um marco. Toda a infraestrutura da ferrovia foi reconstruída, as curvas retificadas e as estações reformadas. Isso exigiu a edificação de grandes oficinas para a construção de vagões, envolvendo metalurgia, fundição, carpintaria e estofamento. A estrada deixa de ter uma função exclusivamente de transporte de pessoas e carga para constituir também indústrias”, conta Ghirardello.

Em 1996, no âmbito do processo de privatização da Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima (RFFSA), a Noroeste foi arrematada pela Novoeste S.A. e fundida com a Ferronorte e a Ferroban por meio do consórcio Brasil Ferrovias S.A. Atualmente, depois de mais uma cisão e fusão de empresas, a malha da velha Noroeste integra a rede da América Latina Logística.

Desde a privatização, os trens de passageiros foram substituídos por vagões de cargas e as estações e oficinas foram abandonadas. “Há espaço que pode ser utilizado para iniciativas culturais e de entretenimento, mas ainda está sem uso efetivo”, diz o pesquisador.

O destino dessas áreas da ferrovia foi um dos temas do projeto Bauru Km 0. O principal objetivo foi estudar esse conjunto arquitetônico, inventariar os bens importantes para a memória ferroviária e auxiliar no seu processo de tombamento, trazer à luz material iconográfico e documental sobre esses edifícios e sua história e analisar a organização administrativa do trabalho.

Desenvolvido entre 2011 e 2014, o projeto envolveu seis pesquisadores, dois alunos de mestrado e 22 de iniciação científica, cuja contribuição foi fundamental na coleta de dados no Centro de Memória Regional RFFSA/Unesp, no Museu Ferroviário Regional de Bauru, na inventariança da RFFSA e em seu antigo arquivo operacional, que guardava plantas, fotos, mapas, relatórios, entre outros. “Muitos desses documentos não tinham sido estudados”, sublinha Ghirardello.

A pesquisa constatou, por exemplo, que o primeiro projeto da estação central era o de uma obra “eclética” e relativamente pequena, desenhada com o intuito de trazer a civilização à “boca do sertão”.

O segundo já tinha traços da arquitetura nacional – com pinceladas neocoloniais e racionalistas, porém mais suntuoso, com uma grande cúpula no corpo central do edifício. E os últimos foram concebidos utilizando linguagem art déco.

Quando inaugurada, em 1939, a estação em Bauru possuía uma escala monumental – mais de 10 mil metros quadrados distribuídos em três andares –, arquitetura clara e simples, utilizando a linguagem “oficial” que já expressava a normatização da arquitetura pelo governo central.

As grandes oficinas eram formadas por uma rotunda semicircular e por diversos galpões onde estavam instaladas a metalurgia, calderaria, solda, usinagem, etc. “Esse complexo tinha a função não apenas de manter os vagões e locomotivas em funcionamento, mas também montá-los sobre os trucks [bases dos vagões] comprados nos Estados Unidos e Europa”, conta Ghirardello.

O projeto incluiu o estudo da arquitetura residencial das casas dos engenheiros e de quatro vilas dos funcionários, uma delas localizada em Lins, no quilômetro 151 da ferrovia, além de estudos sobre a organização administrativa do trabalho nos escritórios da ferrovia.


 

Fonte: Por Claudia Izique/Agência Fapesp








O Projeto de Lei 7206/14, em análise na Câmara dos Deputados, permite a participação de sindicatos na escolha dos membros das Comissões Internas de Prevenção de Acidentes (Cipa). O autor da proposta é o deputado Assis Melo (PCdoB-RS).

A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) exige que as empresas mantenham a Cipa, com representantes da empresa e dos empregados. Os representantes dos empregados são eleitos em votação secreta, cuja participação é exclusivamente de empregados interessados, sem a participação de sindicatos no processo.

A Cipa tem como atribuição identificar os riscos do processo de trabalho; preparar planos de ação preventiva para problemas de segurança e saúde no trabalho; participar da implementação e do controle da qualidade das medidas de prevenção necessárias; entre outras.

Para o deputado Melo, a participação dos sindicatos na escolha dos membros da Cipa, vai possibilitar a construção de uma política interna de prevenção de acidentes mais democrática, “em que todos devem ser ouvidos para adoção de medidas eficazes de higiene, de saúde e de segurança do trabalho”.

* Leia aqui o projeto


 

Fonte: Agência Câmara de Notícias







Ante o aumento da demanda da população por alimentos, o conhecimento sobre o vasto e ainda pouco explorado universo dos microrganismos que habitam o solo e as plantas pode ajudar a incrementar a produção agrícola de forma sustentável. É o que afirma Fernando Dini Andreote, pesquisador da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq/USP) e ganhador da edição deste ano do Prêmio Fundação Bunge na categoria Juventude.

Andreote esteve na FAPESP na terça-feira (23/09) para participar do Seminário Produtividade Agrícola Sustentável, realizado em parceria com a Fundação Bunge com o objetivo de envolver pesquisadores do setor em discussões sobre o tema. Para ele, o microbioma do solo e das plantas pode guardar importantes respostas para os desafios do setor agrícola.

“No solo e nas plantas há a maior fonte de biodiversidade genética e metabólica do planeta: cerca de 1 bilhão de células vivas para cada grama de solo; são 30 mil espécies diferentes. A capacidade metabólica desses organismos precisa ser investigada para entendermos cada vez mais sobre como utilizá-la em benefício da produção sustentável”, disse ele à Agência FAPESP.

Andreote esteve à frente da pesquisa Diversidade microbiana em solos com cultivo de cana-de-açúcar no estado de São Paulo: um enfoque biogeográfico, apoiada pela FAPESP, que identificou grupos de microrganismos e os correlacionou a fatores como o tipo de manejo da cultura, a natureza do solo e aspectos climáticos, como umidade e temperatura.

O trabalho constatou que há importantes diferenciações entre grupos de microrganismos em áreas distintas, ainda que com cultivos semelhantes. “São diferenciações importantes, mais expressivas em fungos do que em bactérias, e nosso trabalho é entender se esses grupos, ainda que diferentes, têm as mesmas funcionalidades”, disse.

A indução do crescimento de determinados microrganismos possibilitada pelo conhecimento sobre a microbiologia do solo pode facilitar a nutrição e o crescimento das plantas com recursos naturais da área, uma solução sustentável.

Andreote destacou no seminário que é preciso considerar também a ação integrada desses organismos. “[É necessário] buscar conhecer funções do conjunto deles, não só de forma isolada, enxergar o grupo microbiano como um tecido que interage com o hospedeiro e encontrar funções que, quando se olha para cada componente, não são identificadas.”

Nesse sentido, Andreote estuda também consórcios microbianos envolvidos na degradação do material presente nos resíduos biológicos agrícolas, especificamente restos da cultura de cana-de-açúcar e de milho.

Na pesquisa Microbial consortia for biowaste management: life cycle analysis of novel strategies of bioconversion (Microwaste), realizada por Andreote em parceria com pesquisadores da Netherlands Organisation for Scientific Research (NWO), a proposta é identificar os efeitos da incorporação dos resíduos agrícolas nos processos biogeoquímicos do solo.

“Buscamos entender como funciona a incorporação de resíduos de cana e milho no solo não pela ação de um organismo em específico, mas pela atividade conjunta da microbiota. A ideia é identificar grupos que têm atividades em conjunto e, por essa atuação complementar, aceleram o processo de incorporação”, explicou.

Biodiversidade
De acordo com Andreote, a diversidade de microrganismos envolvidos nos processos metabólicos das plantas está relacionada à biodiversidade do ambiente em que a vegetação está inserida, o que evidencia ainda mais a importância que se deve ter com a sua preservação.

“A planta seleciona os microrganismos que vão se associar a ela. Se a biodiversidade do ambiente é alta, a seleção é mais eficiente. Se essa diversidade é reduzida, aumentam as chances de colonização por organismos oportunistas, os patógenos, o que explica a maior ocorrência de doenças em raízes em áreas de monocultura, pois a biodiversidade é restrita”, disse.

Por isso, acredita o pesquisador, é preciso encontrar alternativas à tendência corrente de homogeneização dos sistemas. “Se você troca uma área de vegetação nativa pelo cultivo de cana-de-açúcar, está homogeneizando o ambiente, ainda que não seja essa a sua intenção, e o levando a uma restrição, por meio de seleção natural, da biodiversidade que coloniza aquele ambiente”, explicou, citando a rotação da cultura e o plantio direto como alternativas para manter a biodiversidade microbiana ativa no solo.

Para Hiroshi Noda, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) contemplado pelo Prêmio Fundação Bunge na categoria Vida e Obra, algumas lições podem vir dos procedimentos agroecológicos adotados pelos agricultores tradicionais no manejo das plantas.

“O desafio é aumentar os níveis de sustentabilidade agrícola face ao processo gradual de deterioração ambiental e desacelerar e estancar o processo de perda da agrobiodiversidade”, disse no seminário.

Em parceria com a Universidade Federal do Amazonas (Ufam), o Inpa utiliza estratégias de melhoramento genético e conservação in situ – que preserva a variabilidade genética das plantas cultivadas nas propriedades agrícolas em que são manejadas – de espécies hortícolas como abóbora, cubiu, ariá, feijão-macuco e feijão-de-asa na região amazônica.

Todas as ações de pesquisas levam em conta as práticas tradicionais locais, como o rodízio de áreas em produção e em pousio – a interrupção da cultura para um período de descanso. Na capoeira, área destinada a esse descanso, são introduzidas espécies selvagens em associação com o arranjo espacial das plantas.

“Essas estratégias tradicionais têm garantido a autossuficiência alimentar, a sustentabilidade no processo produtivo e a manutenção dos valores culturais dessas populações humanas”, disse Noda.

O cientista destacou ainda características das formas de produção tradicionais que favorecem a conservação in situ. “Nas áreas comunitárias onde ocorre o processo de conservação ou onde as espécies conservadas são compartilhadas pelas comunidades, com manejo e colheita comunitárias, há elevado nível de variabilidade genética mantida nos cultivos.”

Os propágulos – sementes e mudas – compartilhados são incorporados e mantidos pelos agricultores. “Esse compartilhamento dos recursos da agrobiodiversidade, por meio de uma rede sociocultural, reforça os mecanismos de manutenção da variabilidade genética e garante a segurança alimentar nas comunidades”, explicou.

Diálogos
Para Noda, a interação entre pesquisadores e agricultores vem estabelecendo novos diálogos entre a ciência e o saber tradicional. “O conhecimento derivado dessa relação tem produzido importantes subsídios para o entendimento da dinâmica evolutiva na domesticação das espécies cultivadas.”

O presidente da Fundação Bunge, Jacques Marcovitch, que coordenou as apresentações do seminário, destacou a importância da ampliação do diálogo a toda a comunidade científica do setor.

“Essas discussões apresentam, de um lado, a necessidade de aumento da eficiência e da produção e, de outro, a urgência da conservação e da proteção do meio ambiente, uma problemática de interesse global e que demanda o engajamento de todos”, disse.

Para Marcovitch, a premiação de Andreote e Noda está conectada à realidade da produção agrícola nacional e dos seus desafios. “Não conseguiremos alcançar nossos objetivos de produção sustentável para uma população crescente sem uma política agrícola consistente, sem conhecimento e sensibilidade para os eventos climáticos extremos e sem medidas que assegurem uma produtividade capaz de ampliar o plantio e a colheita, sempre associada a iniciativas de mitigação e adaptação recomendadas pela ciência e pelos nossos laureados”, disse.

O presidente da FAPESP, Celso Lafer, que acompanhou as palestras, disse que o seminário evidencia a preocupação das entidades em fazer com que o Prêmio Fundação Bunge não se restrinja às homenagens.

“Nosso objetivo é também oferecer oportunidades de discussão substanciais sobre os temas, e os pesquisadores premiados contribuem de forma significativa para o envolvimento da comunidade científica na busca de soluções sustentáveis para nossa agricultura”, disse.

Mais informações sobre os laureados pela 59ª edição do Prêmio Fundação Bunge em www.fundacaobunge.org.br/projetos/premio-fundacao-bunge.


 

Fonte: Agência Fapesp/Diego Freire







A World Federation of Science Journalists divulgou comunicado em que chama a atenção para a importância do trabalho integrado de jornalistas de ciência, cientistas e comunidades para uma comunicação responsável sobre a epidemia de ebola no oeste da África.

A entidade alerta que “a má comunicação (da epidemia) tem claramente aumentado a apreensão entre o público enquanto vem semeando confusão entre cientistas e jornalistas que cobrem o surto”.

De acordo com o comunicado, há conflitos entre a comunicação das medidas de vigilância epidemiológica implementadas pelos governos dos países do oeste africano e as informações geradas e divulgadas entre as comunidades locais rurais e urbanas. “Infelizmente, essa desinformação está se espalhando e aumentando o risco de propagação da doença em toda a África ocidental.”

Para a entidade, a difusão de informações equivocadas sobre a doença e a epidemia é agravada pelo imediatismo das mídias sociais e da comunicação on-line, o que torna a necessidade do trabalho de jornalistas científicos ainda mais crítica. “Temos a profundidade de conhecimento e a amplitude de ferramentas necessárias para cortar o fluxo de rumor e alarmismo e fornecer informações verdadeiras, confiáveis e eficazes”, defende.

O comunicado é assinado por outras 13 entidades de jornalismo científico da África: African Federation of Science Journalists, Association Congolaise des Journalistes Scientifiques, Association des Journalistes et Communicateurs Scientifiques du Bénin, Association des Journalistes et Communicateurs Scientifiques du Burkina Faso, Cameroon Science For Life, Collectif des Journalistes Scientifique de Côte d'Ivoire, Kenya Environment and Science Journalists Association, Media for Environment, Science, Health and Agriculture, Nigeria Association of Science Journalists, Science Journalists and Communicators of Togo, South African Science Journalists Association, The Uganda Science Journalists Association e Zimbabwe Environment and Science Journalists Association.

Juntas, as entidades conclamam governos e organizações internacionais e regionais a reconhecer o valor dos jornalistas de ciência e seu papel crítico na saúde pública.

“O jornalista científico é o profissional que combina as competências de investigação, compreensão do método científico e história da ciência com seu faro para a verdade. Para benefício da sociedade como um todo, precisamos ter uma comunidade de jornalismo científico forte, capaz de criticar e interpretar a informação de modo que possa ser útil na formulação de políticas e na vida diária.”

As entidades solicitam, ainda, o apoio do poder público e da sociedade à formação e ao fortalecimento dos profissionais de jornalismo científico, “de modo que, quando surjam questões como a do ebola, haja comunicadores qualificados e capazes de interpretar as informações relacionadas para o público e gestores públicos”.

A World Federation of Science Journalists iniciou nas redes sociais uma campanha de conscientização para o papel do jornalismo científico na difusão de informações sobre o ebola. O conteúdo relacionado está sendo publicado no Twitter com as hashtags #EbolaResponse, #journalismmatters e #sciencejournalism.


 

Fonte: Agência Fapesp

 

 

 

 

 

 

 

Após a entrada em vigor da chamada “lei seca”, em 2008 — modificada em 2012 (tolerância zero) —, houve redução em 45% na prevalência de consumo abusivo de álcool (acima de 4 doses para as mulheres e 5 para homens). Os dados resultam de um estudo publicado na última edição da Revista de Saúde Pública (vol.48, no.4, 2014) da USP. O levantamento foi realizado entre os anos de 2007 a 2013 e reuniu dados de 54 mil adultos residentes nas 27 capitais brasileiras.

Segundo os pesquisadores Regina Tomie Ivata Berna, do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens), da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, e Rafael Moreira Claro, do Nupens/FSP e do Departamento de Nutrição da Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), as maiores mudanças no comportamento dos brasileiros foi identificada nos dois primeiros anos do levantamento.

Para a realização do estudo foram utilizados dados do sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), que é um programa de busca telefônica por amostragem populacional mantido pelo Ministério da Saúde. O período do estudo engloba a aprovação de duas leis federais que proíbem o consumo de álcool e direção, a Lei 11.705, aprovada em 2008, e que determinou o limite de 0,6 decigramas por litro (dg/l) e a Lei 12.760, ou a chamada Nova Lei Seca (2012), que proíbe o consumo de álcool.

Mudanças de hábitos
O estudo analisou dados referentes ao consumo abusivo e direção, indicador presente no Vigitel desde 2007, o que permitiu comparar as mudanças de hábitos nos condutores. Em 2011, o Vigitel introduziu um indicador específico sobre o consumo de qualquer quantidade de álcool combinado à direção. Em 2013, 5,2% da população adulta declarou dirigir após ingestão de qualquer quantidade de álcool. Entretanto, não existe série histórica anterior sobre esse indicador que possibilite o monitoramento prévio à lei.

Os dados revelam que 16,4% dos adultos que dirigiram após o consumo de álcool consumiram álcool de modo excessivo em um curto período, hábito considerado de maior risco para acidentes e violências. O destaque foi para homens jovens de 18 a 34 anos.

Os autores da pesquisa enfatizam que o comportamento de dirigir alcoolizado, conhecido também como alcoolemia, produz alterações neuromotoras, com intensidade dependente da concentração alcoólica. Mesmo sob baixo consumo (0,3 dg/l, ou uma dose), há diminuição na atenção e falsa percepção de velocidade, além de euforia e dificuldade de discernir distintas luminosidades.

“São importantes para a redução dos acidentes de trânsito as políticas e medidas legais de restrição do consumo de álcool e direção veicular”, enfatizam os pesquisadores, lembrando ainda “que o controle de propaganda de bebidas alcoólicas, proibição de vendas a menores de idade e leis que normatizam o funcionamento de postos de venda de bebidas alcoólicas, também são essenciais”.

Além dos professores Regina Tomie Ivata Berna e Rafael Moreira Claro, assinam o artigo Deborah Carvalho Malta, da UFMG, e Marta Maria Alves da Silva, Jarbas Barbosa da Silva Júnior e Ademar Arthur Chioro dos Reis, estes três do Ministério da Saúde.

 


Fonte: Agência USP de Notícias








O resultado de um plebiscito sobre a convocação de uma Assembleia Constituinte exclusiva para tratar da reforma política, realizado durante a Semana da Pátria (de 1º a 7 de setembro), foi divulgado nesta quarta-feira (24) em São Paulo. Foram mais de 7,75 milhões de votos – 6,01 milhões em urnas físicas e 1,74 milhão pela internet –, sendo cerca de 7,52 milhões (97,5%) a favor da Constituinte.

O processo de votação envolveu 477 entidades, entre movimentos sociais, sindicais e organizações políticas, e 40 mil urnas abertas em cerca de 2 mil comitês municipais pelo País.

A pergunta feita foi “Você é a favor de uma Constituinte exclusiva e soberana sobre o sistema político?”. O objetivo, segundo as entidades, é “mudar as regras do jogo”, usando como base “a voz dos milhões que foram às ruas em 2013”.

Para o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, a votação foi um sucesso e é preciso continuar a pressão popular pela reforma “para que nosso intuito seja conseguido, que é realizar no Brasil uma Constituinte específica e soberana para a construção de uma reforma política”.

A proposta de uma constituinte exclusiva para reforma política chegou a ser sugerida pela presidente Dilma Rousseff após as manifestações de junho de 2013, mas o assunto não prosperou no Congresso.

Entrega ao Congresso
A entrega oficial do resultado do plebiscito ao Congresso será feita em 15 de outubro. Um acampamento com defensores da Constituinte exclusiva será montado na Esplanada dos Ministérios, segundo a organização do evento.

Juntamente com os resultados, deve ser protocolada uma proposta formal de plebiscito, a ser realizado pelo governo, que terá de ser assinada por, no mínimo, 171 deputados e 27 senadores, na forma de um projeto de decreto legislativo.

Projeto de lei
Ao mesmo tempo, já foram coletadas 500 mil assinaturas de apoio a um projeto de lei de reforma política. Os eixos da proposta são afastar das eleições o financiamento de empresas, melhorar o sistema eleitoral, promover a inclusão política das mulheres e de grupos sub-representados e aperfeiçoar a democracia direta.

Outras propostas de iniciativa popular são apoiadas por entidades da sociedade civil e devem ser levadas adiante nos próximos anos. Entre elas, a implementação do Fundo Nacional de Combate do Racismo e propostas de democratização das comunicações e da Justiça.

Os movimentos reúnem mais de cem organizações, presentes em todos os estados brasileiros, entre elas a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral, que foram responsáveis pela divulgação do projeto da Lei da Ficha Limpa (Lei Complementar 135/10).

 

 

Fonte: Agência Câmara de Notícias

 

 

 

 

 

 

 

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