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      Ao propor a discussão sobre as regiões metropolitanas, a FNE (Federação Nacional dos Engenheiros) e os seus sindicatos filiados entraram num debate hoje fundamental: a vida nas grandes cidades e o seu futuro. Em São Paulo, o SEESP realizou em março um seminário sobre o tema, abordando problemas e soluções para questões como transporte, saneamento, habitação e economia.
      O documento gerado a partir desse esforço tem sido agora apresentado aos candidatos a prefeito da Capital e se constitui em excelente ferramenta para quem pretende elaborar um programa de trabalho para sua administração. Integrando o projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, em linhas gerais, o manifesto “Por uma metrópole desenvolvida e boa de viver” propõe crescimento com democracia, distribuição de renda, respeito à natureza e reorganização urbana.
      Na mesma sintonia de onda, em sua edição de 5 de agosto, o jornal O Estado de S. Paulo trouxe uma grande reportagem, em formato de revista, sobre as megacidades. Um mapa de como essas se distribuem no mundo aponta a Grande São Paulo como a quinta maior em população, posição que já ocupava em 1975 e que continuará a ter em 2025, quando deve chegar a 21,428 milhões de habitantes. Ficará atrás de Tóquio (36,400 milhões), Mumbai (26,385 milhões), Nova Délhi (22,498 milhões) e Daca (22,015 milhões). A questão que se coloca é como organizar todo esse contingente de pessoas, garantindo-lhes emprego, renda, qualidade de vida e, muito importante, preservando o ambiente.
      Para além da RMSP (Região Metropolitana de São Paulo), a publicação traz notícias da macrometrópole, formada a partir do crescimento da mancha urbana entre São Paulo e Campinas, que uniu 65 municípios e abriga 12% da população brasileira ou 22 milhões de pessoas. Nos 11.698km2, concentram-se 65,3% do PIB (Produto Interno Bruto) do Estado. No complexo rodoviário mais movimentado de São Paulo, Anhangüera e a Bandeirantes, circulam 300 mil veículos todos os dias, com gente ou mercadorias que vão e vêm. O fenômeno, que tende a se estender à Baixada Santista, exige providências quanto a, por exemplo, ferrovias que possam atender a essa gigantesca demanda.
      Num artigo que integra o suplemento de O Estado, o governador José Serra toca num ponto fundamental à melhoria das condições de vida na região metropolitana e que foi tratado pelo seminário promovido pelo SEESP, fazendo parte de suas propostas. Trata-se da necessidade da existência de uma autoridade metropolitana efetiva, que tenha autonomia em relação ao Estado e aos municípios individualmente. Esse será o caminho para que problemas que atravessam parte ou a totalidade das 39 localidades que formam a Grande São Paulo possam ser enfrentados de fato.
      O governador aponta ainda questões extremamente relevantes, como a subrepresentação política diante da grande concentração populacional e má distribuição dos recursos oriundos do Fundo de Participação dos Municípios, que não considera o número de habitantes acima de 160 mil.

Eng. Murilo Celso de Campos Pinheiro
Presidente do SEESP

 

 

Cid Barbosa Lima Junior

       Em julho último, alguns milhares de pessoas sofreram com o caos provocado pelos atrasos dos vôos da Aerolíneas Argentinas. Busquemos na história as questões maiores que se somaram ao overbooking. A empresa, que foi privatizada por Carlos Menem no auge do movimento neoliberal em 1991, era moderna, respeitada e lucrativa e foi arrematada em leilão pela espanhola Ibéria. Posteriormente, em 1994, o controle acionário passou à Marsans, da área de turismo, que a assumiu pelo preço simbólico de um euro.
      Desde então, a Aerolíneas sofreu um processo de desmonte e de endividamento. Diante da crise, a presidente Cristina Kirchner foi obrigada a reestatizá-la, juntamente com a Austral, uma companhia regional, que também havia sido vendida pelo governo no passado.
      Em verdade, esse movimento de reestatização se dá em vários segmentos da economia argentina, devido ao butim das privatarias, como gosta de chamá-las o colunista Elio Gaspari. Menem foi – de longe – o mandatário latino-americano que seguiu de forma mais aprofundada o receituário neoliberal, ditado pelo Consenso de Washington. Não há, no entanto, novidade nessa ida e vinda. Lá, como aqui, segue uma lógica escabrosa e tenebrosa. O Estado entra com o capital e o empresário entra com a sede do lucro sem riscos.

Déjà vu
     
No Brasil, na área da aviação, o exemplo mais recente é o caso da Vasp. Fundada em 1933, tornou-se em 1935 uma empresa de economia mista, com capital do Governo do Estado de São Paulo. Referência de sucesso, tornou-se uma companhia moderna e confiável. Em 1988, possuía 32 aeronaves e 7.200 funcionários. Por imposição do Governo Collor, foi transferida, em leilão viciado, ao Consórcio Voe – Canhedo, que arrematou 60% das ações ordinárias da empresa. Acabou sucateada e faliu.
      As ferrovias brasileiras que eram privadas tiveram que ser estatizadas no início do século XX. Após a injeção de muito capital pelo Estado brasileiro, as ferrovias são novamente privatizadas. Hoje, as empresas estão sucateando boa parte da pequena rede ferroviária brasileira. Teremos que reestatizar o que sobrar do sistema? Teremos que concordar que os acontecimentos históricos ocorrem como tragédia e depois se repetem como farsa?
      Estaremos nós, nações subdesenvolvidas ou em vias de desenvolvimento ou, mais modernamente, as emergentes condenadas a viver uma grande farsa?


Cid Barbosa Lima Junior é diretor do SEESP

 

     Além da numerologia – ao abrir o evento, que vai até dia 24, em 8 de agosto de 2008, às 8h08 –, os chineses fizeram inúmeros outros cálculos mais complexos, visando apresentar ao mundo estádios olímpicos que são verdadeiras obras de arte. Mais do que isso: evidenciar o uso de tecnologias “verdes”, com construções projetadas levando-se em conta a preocupação com o meio ambiente, num esforço para combater a imagem negativa do país quanto à poluição atmosférica. No total, foram investidos aproximadamente US$ 42 bilhões, sendo US$ 1,9 bilhão na reforma e construção dos estádios esportivos.
      De um total de 37, os dois principais ficam lado a lado, no Parque Olímpico de Beijing, no nordeste da cidade: um é chamado de Ninho de Pássaro, por sua arquitetura peculiar, que dá jus ao apelido recebido. O outro – o Centro Aquático Nacional – é denominado Cubo d´Água, também numa referência ao seu formato, que à noite ganha brilho especial e a aparência de instalação coberta com bolhas iluminadas. Assemelha-se a uma caixa retangular azul gigantesca, mas internamente tem estrutura tridimensional. Foi inspirado, segundo consta do site da Embaixada da China no Brasil, no formato natural da bolha de sabão. Em sua estrutura desenhada por profissionais locais, foram utilizadas técnicas inovadoras que permitiram aliar as estruturas de aço a membranas de revestimento feitas com um tipo de plástico muito resistente (o ETFE, etileno tetrafluoretileno). De acordo com a informação oficial, a cobrir todo o local, foram usados 100 mil metros quadrados do material, o qual facilita a entrada de calor solar. Assim, além da economia de energia em cerca de 30%, mantém-se sistema de calefação eficiente nas piscinas. Não é a primeira vez que esse material, tido como solução ecologicamente correta, é empregado a serviço do esporte: recentemente serviu como cobertura ao Estádio de Hannover, preparado para a Copa do Mundo na Alemanha, em 2006, para permitir a passagem de 95% de luz natural.
       A tecnologia pensada para o Cubo D´Água – que começou a ser construído em 2003 e foi entregue no início deste ano – possibilita ainda que o prédio filtre e reutilize a água das piscinas, ao contar com sistema de reciclagem do recurso hídrico. Feito para abrigar 17 mil espectadores, torna-se a esses um show à parte, em meio ao espetáculo olímpico.
       O Ninho de Pássaro, último estádio a ser entregue, em abril último, não fica atrás. Com capacidade para receber 91 mil pessoas a acompanhar diversas modalidades, como atletismo e futebol, ocupa área de 20,4 hectares. Segundo divulgado no site da Embaixada da China no Brasil, o projeto suíço-chinês tinha como idéia inicial simular um ninho de dragão – ao que a iluminação que dá o tom vermelho à noite serviria perfeitamente. A cor se manteve, mas o formato adequou-se ao berço e morada de outra espécie animal. Nessa obra de arte, foram necessárias 45 toneladas de aço. As vigas formam ondulante estrutura metálica que se entrelaça e dá a idéia de um ninho de pássaro, tanto quando vista de fora, quanto internamente. Conforme informação oficial, também está equipado com sistemas de energia solar, no teto da bilheteria, e ventilação natural. Além de coletor que possibilita o processamento de 58 mil toneladas de água de chuva anualmente, para irrigação e limpeza. Para melhor aproveitamento dos recursos naturais, também se recorreu ao ETFE. Em ambas as edificações, a resistência a abalos sísmicos foi outra preocupação dos engenheiros.

Um mundo, um sonho
      Os equipamentos culturais e a infra-estrutura em Beijing foram renovados e ganharam novos contornos, preparando a cidade para receber não apenas os atletas dos 205 países participantes, mas principalmente o público visitante. Foi, inclusive, construída linha de metrô especialmente para facilitar o acesso aos jogos. O ramal olímpico, como é chamado, tem 4,5 quilômetros e custou ao governo chinês US$ 195 milhões, como divulgado pela sua Embaixada no Brasil. E para circular somente pela via entre a parte urbana de Beijing e seção na Grande Muralha, quatro trens de alta velocidade foram fabricados.
      Em notícia publicada no site da Embaixada, o integrador-chefe de tecnologia dos Jogos Olímpicos de Beijing, Hore Jeremy, destacou: “Antes de vir à China, muitas pessoas supõem que Beijing é uma cidade cheia de edifícios como o Templo do Céu e o Templo do Lama. Mas descobrirão que a capital tem também arquiteturas modernas tão fantásticas como o Ninho de Pássaro e o Cubo d´Água.” E concluiu: “A Olimpíada do povo, da alta tecnologia, verde, esses conceitos ajudam a cidade a melhorar; e o tema ‘Um mundo, um sonho’ deixará a todo o globo um legado real de que o mundo deve trabalhar junto, como uma equipe.”


Soraya Misleh

 

 

     Entre as principais causas da alta mundial no preço dos alimentos – que ficaram 68% mais caros entre janeiro de 2006 e março deste ano, segundo estudo divulgado neste mês de agosto pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) – está a especulação. “Muitos fundos financeiros e agentes, particularmente nos países desenvolvidos, migraram de áreas como a imobiliária, por exemplo, para alimentos, porque ficou muito claro que o desequilíbrio entre oferta e demanda ocorreria”, explicitou o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, agraciado com o prêmio Personalidade da Tecnologia em Agronomia pelo SEESP em 1998.
      Atualmente à frente do Conselho Superior do Agronegócio da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e na coordenação do Centro de Agronegócio da FGV (Fundação Getúlio Vargas), ele explica que esse desequilíbrio ocorreu porque a demanda explodiu nos países em desenvolvimento, em que a renda per capita está crescendo 3,5 vezes mais do que nos desenvolvidos. Na sua ótica, o protecionismo agrícola praticado pelos países ricos, inibindo o crescimento nos pobres, contribuiu para reduzir a oferta. Os estoques mundiais despencaram e, como reação, os alimentos ficaram mais caros. “E a especulação, quando o mercado é demandante, joga os preços para cima.”
       O economista Luiz Gonzaga Belluzzo destaca que o fenômeno internacional da inflação decorre do choque de commodities, devido a uma “seqüência de erros cometidos na política energética e agrícola no mundo inteiro que o modelo neoliberal só agravou”. Para ele, abandonou-se o planejamento, deixado por conta do mercado, inepto para questões de longo prazo. “Não existem no Brasil, como no resto do mundo, estoques reguladores. Só temos de arroz, acabamos com essas intervenções que são fundamentais.” Belluzzo acrescenta que, nesse modelo, pouco interessa o produto em si, objeto da especulação. “Basta que haja oportunidade, como a defasagem entre oferta e demanda, para operações de vendas futuras.”
      Pesquisadora do Núcleo de Agronegócios da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing) e professora de MBA em Agronegócios da FGV, a economista Maria Flávia Tavares aponta: “Os fundos vão atrás do que está dando maior rendimento. Com a crise do subprime (espécie de crédito de segunda linha à habitação) nos Estados Unidos, partiram para commodities agrícolas, como soja, trigo, milho, suco de laranja, café.” No curto prazo, conforme sua explicação, a oscilação nos preços é determinada nas bolsas, sob os fundamentos da oferta e demanda.

Insumos e biocombustíveis
        Além da situação de desequilíbrio e da especulação, Rodrigues inclui entre os responsáveis pelos alimentos terem ficado mais caros o fato de o milho estadunidense, em sua quarta parte, ter virado álcool em vez de comida. E a elevação nos custos agrícolas, dada a alta do petróleo, fertilizantes, aço, nos últimos dois ou três anos. Na opinião de Eliseu Roberto de Andrade Alves, assessor da Presidência da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), a elevação nos preços do petróleo, cotado a mais de US$ 100 o barril, é o principal motivo. “Encareceu muito a produção.” Quanto aos outros insumos, como fertilizantes – como destacou o presidente da Comissão de Agricultura do Senado Federal, Neuto de Conto (PMDB-SC), na abertura do 7º Congresso Brasileiro de Agribusiness, realizado em São Paulo pela Abag (Associação Brasileira de Agribusiness), em 11 e 12 de agosto –, seria preciso que o País, hoje fundamentalmente importador, ampliasse sua produção interna. Como resposta, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes, afirmou na oportunidade: “A Petrobras vai construir mais duas outras grandes unidades de nitrogenados. Queremos resolver um problema na agricultura, nos tornar menos dependentes e vulneráveis tanto quanto a preço, quanto a fornecimento.”
       O etanol brasileiro, apontado como principal vilão nesse cenário de preços altos, diferentemente do estadunidense, proveniente de cultura essencialmente alimentar, não está por trás da inflação acelerada. Para a Abag, o argumento de que o aumento da área plantada de cana-de-açúcar em território nacional teria como conseqüência redução da oferta global para atender a demanda por alimentos é falacioso. Neuto de Conto elucidou: “Para sua produção, usamos somente 2% do nosso solo agricultável, sendo 1% para açúcar.” Além disso, conforme garante Luiz Carlos Corrêa Carvalho, presidente do Comitê de Agroenergia da Abag, cerca de 88% da expansão da cana se dá em áreas de pastagens degradadas. O ministro completou: “Temos todas as condições de ser produtores de alimentos e energia, há inteira compatibilidade.”
       O quadro nebuloso deve começar a desanuviar a partir da resposta dos produtores para atender a demanda, acredita Rodrigues. “No limite, em três anos, a oferta alcançará a procura e os preços voltarão a patamares históricos. E a especulação tenderá a diminuir na medida em que o equilíbrio for sendo retomado.” Para se tornar menos sujeito a crises cíclicas, o agronegócio brasileiro precisa de compensações, as quais, conforme o projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento” – lançado pela Federação Nacional dos Engenheiros em 2006 e que propugna por uma plataforma nacional de desenvolvimento sustentável com inclusão social –, podem se dar de várias formas. Além de investimentos em ciência e tecnologia para elevar a produtividade, um mecanismo de seguro rural inclui-se entre as propostas. Política agrícola adequada, mais recursos para pesquisa e regulação no mercado são urgentes. Caso nada seja feito, o abismo entre os que têm acesso aos alimentos e os que não comem deve se aprofundar.


Soraya Misleh

     Em palestra aos engenheiros, em 5 de agosto, a candidata à Prefeitura de São Paulo pela coligação PT-PCdoB-PSB-PDT-PRB-PTN, Marta Suplicy, defendeu políticas para dinamizar a economia da Capital, adaptando-a aos desafios da globalização. “São Paulo vive um momento de crise, um turning point, ou avançamos ou recuamos.
      Devemos ter a visão de que a Capital é uma locomotiva, mas que pode deixar de ser. Temos que pensar no século XXI e os engenheiros, que sempre se interessaram pelo desenvolvimento e pela modernização, terão uma participação muito grande nisso”, afirmou. O evento, que aconteceu no auditório do SEESP, abriu o ciclo de debates “A engenharia e a cidade”, promovido por esse sindicato desde 1996, com a participação de todos os concorrentes à administração da Capital.
      A candidata petista criticou a atual gestão que não fez, segundo ela, os investimentos necessários em corredores de ônibus e no Metrô, embora o orçamento tenha saltado para R$ 25 bilhões. “Isso é dez vezes o que era o meu. A Prefeitura arrecada muito graças à economia que cresceu no Governo Lula. O ruim é que aumentou o recolhimento, mas, como não acreditaram que o Brasil iria bombar, não se prepararam para o que viria.” Além disso, afirmou ela, há também “falta de planejamento em todas as áreas”. “São Paulo não pode ficar quatro anos sem investimentos estruturais, muito menos num momento de crescimento”, completou. Na sua opinião, apesar da crise, a cidade “tem tudo para dar o salto necessário, mas tem que planejar”.

Cresce Brasil
       Resultado do seminário realizado em março último pelo SEESP, o manifesto “Por uma metrópole desenvolvida e boa de viver”, que consta da publicação “Cresce Brasil – Região Metropolitana de São Paulo”, também serviu de guia para a exposição da candidata. “Eu fiquei muito feliz ao ver o projeto ‘Cresce Brasil’, no qual acredito muito.” Assim, ela discorreu sobre as quatro premissas do documento, que propõe crescimento com democracia, distribuição de renda, respeito à natureza e reorganização urbana. Nesse contexto, defendeu propostas como a criação de um conselho de representantes da cidade que possa dar conta das ações das subprefeituras, assim como um conselho gestor para que haja controle social. Para combater a pobreza, Marta prometeu implementar programas de inclusão social, também para a chamada nova classe média formada pela população que teve aumento de poder aquisitivo. “Esses precisam se qualificar para que se mantenham onde estão e não voltem à pobreza”, salientou. Com relação à gestão metropolitana, defendida pelos engenheiros, ela propôs a criação de um fundo que garanta autonomia e independência do governo estadual. “A Região Metropolitana é uma das minhas questões preferidas, são vários temas comuns, como saúde, lixo e água.”

Algumas propostas
Saúde
• Implantar uma rede de policlínicas para acabar com o atraso nos exames e
no tratamento das doenças mais graves
• Construir os hospitais de Brasilândia, de Jaçanã e de Parelheiros
• Aperfeiçoar as AMAs

Educação
• Criar a Rede CEU, beneficiando toda a cidade
• Criar centros de qualificação profissional nos CEUs
• Criar um Centro de Aperfeiçoamento de Professores
• Implementar o ensino fundamental de nove anos
• Aumentar o número de vagas nas creches
• Trabalhar pela erradicação do analfabetismo

Trânsito
• Ampliar as linhas do Metrô
• Construir mais corredores de ônibus
• Recuperar e ampliar os benefícios do Bilhete Único
• Abrir ciclovias
• Melhorar a operação e a fiscalização do trânsito

Segurança
• Recriar a Secretaria Municipal de Segurança Urbana
• Recuperar as Bases Comunitárias de Segurança
• Reestruturar a Guarda Civil Metropolitana
• Implantar o Observatório de Segurança com sistema de acompanhamento das áreas mais violentas da cidade
• Ampliar a participação de São Paulo no Pronasci (Programa Nacional de Segurança Pública e Cidadania)

Habitação
• Retomar e ampliar programas de regularização fundiária e urbanização de assentamentos de baixa renda
• Rever o Plano Municipal de Habitação e retomar o Programa “Plantas Online”
• Promover a participação da Prefeitura no Crédito Solidário
• Criar o Fundo de Aval, com a finalidade de dar garantia ao crédito para famílias sem condições de atender exigências formais de empréstimo
• Ativar a Carta de Crédito – expedida pela Cohab (Companhia Metropolitana de Habitação), com recursos do Fundo Municipal de Habitação
• Projetar e executar novas operações urbanas, com o objetivo de adensar aqueles espaços centrais que possuem muita infra-estrutura e pouca ocupação

Trabalho e inclusão social
• Transferência tecnológica para pequenas empresas e empreendimentos emergentes
• Redução dos entraves da burocracia para agilizar a formalização de atividades econômicas
• Desoneração fiscal para facilitar a formação e impulsionar o crescimento de pequenos negócios e para desonerar empresas ou setores que funcionem como porta de entrada da juventude no mercado de trabalho
• Qualificação profissional regionalmente orientada para reverter a concentração do emprego nas áreas centrais
• Retomar programas como o Renda Mínima e o Bolsa Trabalho, Operação Trabalho, Começar de Novo, Oportunidade Solidária o São Paulo Confia

Fonte: http://www.marta13.can.br

Agenda
No dia 25 de agosto, a partir das 16h30, acontece no auditório do SEESP o segundo evento do ciclo “A engenharia e a cidade”, com a participação do prefeito Gilberto Kassab, que concorre à reeleição pela coligação DEM-PMDB-PR-PRP-PSC-PV.


Rita Casaro

 

 

04/12/2009

CANTEIRO

Aberta exposição em Lins
       Levada a Lins por iniciativa da Delegacia do SEESP na localidade, a mostra “Engenheiro: Profissão Energia – Uma viagem fotográfica através de obras de engenharia” foi inaugurada no dia 4 de agosto, na Biblioteca da Fundação Paulista de Tecnologia e Educação. A exposição ficará no local até 4 de setembro. A partir do dia 8 até 22 desse mês, poderá ser vista no piso superior da Agência Lins do Banco do Brasil, e de 25 de setembro a 9 de outubro, na Sabesp.

Parabéns à Associação dos Engenheiros de São José dos Campos
      Em homenagem aos 50 anos de fundação da AEA/SJC (Associação de Engenheiros e Arquitetos de São José dos Campos), a Câmara Municipal concedeu a essa organização, em solenidade no dia 11 de agosto, a medalha “Cassiano Ricardo”. A entrega foi feita pelos vereadores Walter Hayashi (PSB) e Wagner Balieiro (PT) ao presidente da entidade, Roberto Simão. Na mesma data, ele tomou posse, juntamente com a nova diretoria da AEA/SJC, para o biênio 2008-2010. Um dos fundadores dessa associação, Rosendo Mourão, esteve presente à cerimônia e fez narrativa breve sobre o início desse trabalho. O SEESP felicita a entidade pelos seus 50 anos de atuação em prol do desenvolvimento da cidade e pela homenagem recebida.

Curso no SEESP
      Com aulas de 26 a 29 de agosto, das 19h às 22h, na sede desse sindicato, na Capital paulista, será realizado o curso “Liderança orientada a projetos”, que integra o Programa Engenheiro Completo, organizado pelo setor de Oportunidades e Desenvolvimento Profissional do SEESP. O objetivo é trabalhar habilidades comportamentais e técnicas de liderança, com metodologia vivencial que favorece o aprendizado cognitivo. O curso será ministrado pela psicóloga Débora Lopes, sócia-diretora da Solstício Consultoria de Desenvolvimento Humano, profissional com atuação voltada a gerenciamento de projetos de mudanças comportamentais, culturais e tecnológicas em empresas e organizações. Mais informações no site www.seesp.org.br. Inscrições pelo telefone (11) 3113-2669 ou e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. .

“Cresce Brasil” é pauta da Pesquisa Fapesp
        Um dos diagnósticos apresentados no projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento” – lançado em 2006 pela FNE (Federação Nacional dos Engenheiros) com a adesão dos sindicatos a ela filiados – recheia as páginas da revista Pesquisa Fapesp de julho de 2008 (nº 149), publicação da instituição que lhe empresta o nome. O de que é necessário formar o dobro de engenheiros no Brasil nos próximos dez anos, caso a opção seja por continuar a crescer a taxas entre 5% e 6%, como aconteceu em 2007. E trilhar a rota do desenvolvimento sustentável com inclusão social, plataforma defendida pelo “Cresce Brasil”. Sob o título “Procuram-se engenheiros”, a reportagem aponta que já se pode observar gargalos, sobretudo nas áreas de petroquímica e mineração, e mesmo em outras tradicionais, como civil. No texto, o presidente do SEESP e da FNE, Murilo Celso de Campos Pinheiro, não deixa dúvidas: “Começam a faltar engenheiros em certas especialidades e isso vai se tornar mais grave se o País mantiver esse ritmo de crescimento.”

      O “Cresce Brasil” indica que, em comparação com outros países, o Brasil tem desempenho desfavorável quando o tema é disponibilidade desses profissionais. “Na Coréia do Sul, são 20 engenheiros em cada 100 formandos nas universidades; na França, essa relação é de 15 para 100; e no Brasil é de oito para 100. Formamos 20 mil engenheiros por ano, contra 300 mil na China, 200 mil na Índia e 80 mil na Coréia.” Em Pesquisa Fapesp, Allen Habert, coordenador do Conselho Tecnológico da federação, traz a premência de se aumentar o número de vagas e garantir formação de qualidade.

1ª Semana de Engenharia de São Carlos
       Será realizada de 17 a 20 de setembro a 1ª Semana Integrada de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de São Carlos, na sede da Aeasc (Associação dos Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos de São Carlos), entidade organizadora, juntamente com a UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) e EESC-USP (Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo). No primeiro dia do evento, será ministrada pelo presidente do SEESP, Murilo Celso de Campos Pinheiro, palestra de apresentação do Conselho Tecnológico Regional e sua implantação oficial na localidade. Tais fóruns vêm sendo instalados no Interior do Estado com o objetivo de descentralizar as discussões sobre desenvolvimento sustentável, de modo a garantir que as especificidades de cada região sejam consideradas. A tentativa é de regionalizar o “Cresce Brasil”, projeto da Federação Nacional dos Engenheiros que conta com a adesão dos sindicatos a ela filiados, como SEESP.

Araçatuba debate a engenharia e a cidade
       Desde 6 de agosto, a Delegacia Sindical do SEESP no município vem promovendo ciclo de palestras com o objetivo de debater os problemas e soluções para Araçatuba com os candidatos a prefeito da cidade. Os encontros acontecem no salão de eventos de sua sede, na Rua Antônio Pavan, 75, sempre às 19h. O primeiro a participar foi David Silas Lopes Prado (PTN), seguido por Cido Sério (PT), esse em 13 de agosto. Os próximos a comparecer são Antônio Edwaldo Dunga Costa (PMDB) e Dilador Borges Damasceno (PSDB), respectivamente nos dias 19 e 27. Inscrições podem ser feitas pelo telefone (18) 3622-8766.

I Fórum de Direito Ambiental em Presidente Prudente
       Em 22 de agosto, das 8h30 às 22h, acontece na cidade, no Centro Cultural Matarazzo (Rua Quintino Bocaiúva, 749, Vila Marcondes), o I Fórum de Direito Ambiental do Pontal do Paranapanema. O evento é realização da Prefeitura do município, Governo de São Paulo, Secretaria de Saneamento e Energia do Estado, Associação Paulista do Ministério Público, Ordem dos Advogados do Brasil – Subseção de Presidente Prudente e Sabesp e tem como tema central “Biodiversidade e uso sustentável da propriedade”. Mais informações pelo telefone (18) 3221-0641 e e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. .

 

 

      O SEESP tem como missão precípua a luta em defesa dos interesses dos engenheiros, categoria que representa no âmbito das negociações coletivas. Nesse sentido, vem lutando por ganhos salariais, mais e melhores empregos, boas condições de trabalho e atualização profissional. Numa outra vertente de sua atuação, desenvolveu um programa de benefícios voltado aos associados e seus dependentes, que oferece inúmeros convênios, incluindo planos de saúde, seguros, assistência jurídica e previdenciária e descontos em vários serviços e produtos. Tem ainda a estrutura voltada ao bom atendimento do filiado que recorre ao sindicato.
      Para além dessa linha de ação, o SEESP vem também firmando sua posição em prol do desenvolvimento nacional, esforço que ganhou corpo com o projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, que já se espalhou não só pelo Estado, mas por todo o País, levado pela FNE (Federação Nacional dos Engenheiros). Graças ao trabalho sério, a entidade já é referência quando a discussão diz respeito à expansão econômica e à infra-estrutura nacional e à ciência e tecnologia.
      Para orgulho dos engenheiros, o SEESP vem também se tornando uma referência no que diz respeito ao debate democrático. São inúmeras as discussões realizadas, que colocam em pauta questões de grande relevância não só para a categoria, mas para a sociedade como um todo. Um exemplo é o ciclo de debates “A engenharia e a cidade”, que já recebeu os candidatos à Prefeitura de São Paulo Marta Suplicy e Gilberto Kassab e ainda contará com a presença de outros que pleiteiam o cargo. Já uma tradição do SEESP, esses encontros tiveram início na Capital e depois difundiram-se também pelo Interior, graças ao esforço das delegacias sindicais, que perceberam a necessidade de travar esse diálogo em cada cidade. Fator essencial do sucesso da iniciativa é tratar em igualdade de condições todos os candidatos, concedendo-lhes a mesma oportunidade de falar à categoria, expor suas propostas e ouvir sugestões para seus programas de governo.
       Além dos eventos que promove, o SEESP abriga diversos outros, realizados por diferentes associações, sindicatos, partidos e correntes políticas e movimentos sociais, que têm na casa dos engenheiros um espaço para o debate, a organização e articulação política. Questões como meio ambiente, igualdade racial, trabalho, comunicação, saúde, moradia, transporte, educação etc. estão, portanto, freqüentemente em pauta no auditório do sindicato.
       Com isso, o SEESP tem a convicção de estar cumprindo um papel que também lhe é essencial, já que uma de suas bandeiras mais caras diz respeito exatamente à luta contínua por democracia política e justiça social.

Eng. Murilo Celso de Campos Pinheiro
Presidente

Carlos Alberto Guimarães Garcez

      A teoria clássica ou orgânica sobre a origem do petróleo está baseada no consenso de que ele é formado por uma combinação de matéria orgânica, pressão e calor, passando por um processo de cozimento que dura milhões de anos. Seria, portanto, um combustível fóssil.
      Pelo processo de sua formação e pelo tempo que leva para tudo isso ocorrer, acredita-se que o petróleo um dia acabará. Dessa idéia discorda outra corrente científica, conhecida por defender a origem inorgânica do petróleo, que afirma ser o óleo subproduto de reações físico-químicas da própria terra.
      Um dos primeiros estudos sobre tal teoria aconteceu no final do século XIX, mais precisamente em 1860, quando os químicos Marcellin Berthelot, francês, e o russo Dmitri Mendeleiev (o criador da primeira versão da conhecida Tabela Periódica dos Elementos Químicos) propuseram a idéia de que é comum a ocorrência do metano no interior da terra, sendo então possível a formação de hidrocarbonetos em grandes profundidades, sustentando dessa forma que o petróleo é formado nas profundezas da terra por processos não-biológicos.
      O geólogo russo Nikolai Alexandrovitch Kudryavtsev, no início dos anos 50, com as pesquisas que realizou nas areias de Athabasca, em Alberta, no Canadá, teve a oportunidade de analisar a geologia dos arenitos daquele local, concluindo que nenhuma rocha poderia formar o grande volume de hidrocarbonetos lá presentes. Apresentou como resultado de seus estudos a moderna teoria do petróleo abiótico, que tem origem nas grandes profundidades da terra, deslocando-se à superfície através de falhas profundas.
      Mais recentemente, em 1992, a revista oficial da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos publicou o artigo “The deep hot biosphere”, de autoria do físico austríaco Thomas Gold, causando grande agitação nos meios acadêmicos. O trabalho sugere que os depósitos de petróleo e gás (hidrocarbonetos) e também de carvão são originários de fluxos de gás alimentados por bactérias viventes em grandes profundidades abaixo da superfície terrestre. O artigo enfatiza a existência de materiais primordiais como o metano, que chegam até os reservatórios ou mesmo até a superfície através de grandes feições tectônicas e nesse trajeto são contaminados por uma biosfera profunda. Isso demonstra não haver combustíveis fósseis, mas uma contaminação dos materiais primordiais durante esse deslocamento. É possível conhecer a teoria mais detalhadamente no livro de Gold, “A biosfera profunda e quente – O mito dos combustíveis fósseis”, editado em português pela Via Óptima.
      Sabe-se que o petróleo é uma mistura de hidrocarbonetos primordiais de grande estabilidade termodinâmica, formado a altas pressões e temperaturas nas profundezas da terra. Também é do conhecimento dos estudiosos sobre o assunto que praticamente a totalidade desses hidrocarbonetos é gerada por processos inorgânicos. Os gases primordiais, como o metano, hélio e nitrogênio, conduzem lentamente essa mistura de hidrocarbonetos (petróleo) para níveis mais rasos. Essa mistura se aloja em espaços porosos, em rochas sedimentares, formando os reservatórios de petróleo e gás natural.
       Outra obra bem conceituada foi lançada nos Estados Unidos em 2005. Trata-se de “Black gold stranglehold: the myth of scarcity and the politics of oil”, de Jerome R. Corsi e Craig R. Smith, que também confirmam a origem inorgânica do óleo. O livro visa desmistificar a idéia de que o petróleo é finito e foi formado por fósseis animais ou vegetais que se acumularam durante milhões de anos nas profundezas da terra, revelando que se trata de um bioproduto de contínuas reações bioquímicas sob a superfície da terra, influenciadas pela força centrífuga proveniente da rotação do planeta.
      O debate certamente continua, mas, com o avanço científico, chegaremos a uma conclusão acerca da real origem do petróleo.


Carlos Alberto Guimarães Garcez é vice-presidente do SEESP,
engenheiro civil e de Segurança do Trabalho, mestre em ciências ambientais, professor e
coordenador de pós-graduação da Unitau (Universidade de Taubaté) e
engenheiro da Comgás (Companhia de Gás de São Paulo)

       Inaugurada em 19 de agosto pelo MC&T (Ministério da Ciência e Tecnologia), a MetroSampa (Rede Metropolitana de São Paulo) propiciará troca de grande volume de dados entre instituições de ensino e pesquisa e aplicações avançadas, como telemedicina e ensino a distância. Com sua implantação, além de ampliação da capacidade de rede de Internet inicialmente da ordem de um gigabyte, não é mais necessária às integrantes a contratação de banda larga.
      “Além de uma comunicação em velocidade muito mais alta, há economia substancial às instituições, que deixam de pagar por suas conexões às operadoras”, atesta Victor Francisco Mammana de Barros, presidente do Comitê Gestor da MetroSampa e diretor de Divisão na Coordenadoria de Tecnologia da Informação da USP (Universidade de São Paulo). No caso das escolas públicas, a rede é custeada pelo MC&T, que financia programa denominado Redecomep (Redes Comunitárias de Educação e Pesquisa), concebido visando cobertura nacional por esse tipo de infra-estrutura. Segundo o coordenador nacional dessa iniciativa, José Luiz Ribeiro Filho, os recursos são operados pela Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) e repassados para execução através da RNP (Rede Nacional de Ensino e Pesquisa) – o backbone (espinha dorsal da comunicação entre redes) acadêmico de Internet, que interliga todos os estados do País através de PoPs (pontos de presença). A partir desses, cria-se o desenho de cada rede local. Em São Paulo, o ponto fica na USP.
       Utilizando infra-estrutura arrendada da AES Eletropaulo, como descreve Ribeiro, a MetroSampa é a sétima no País instalada pelo programa, antecedida pelas de Belém, Manaus, Vitória, Brasília, Florianópolis e Natal. “É a maior de todas: uma rede de fibra óptica de 145km de extensão, interligando as instituições, o que faz com que estudantes, pesquisadores, funcionários possam utilizar Internet gratuitamente, com altíssima velocidade, para todas as aplicações possíveis”, destacou o ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, quando da inauguração. Fruto de investimento de R$ 3,2 milhões, a maior parte oriunda da Finep, tem como participantes, além da USP, o Cefet-SP (Centro Federal de Educação Tecnológica de São Paulo); Incor (Instituto do Coração), do Hospital das Clínicas; Unesp (Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”); Unifesp (Universidade Federal de São Paulo); UFABC – Santo André (Universidade Federal do ABC); e Nic.br (Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto br) – o qual custeou 49km de rede. Além dessas, divulga Barros, devem se agregar Mackenzie e PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica), essa última já em vias de assinar o contrato. Ele salienta que, como são escolas particulares, terão que pagar a própria fibra até chegar a um ponto da rede.

Aplicações
      O coordenador nacional da Redecomep garante que “várias aplicações que hoje demandam qualidade e capacidade de infra-estrutura de rede para uso de pesquisa e ensino na comunidade acadêmica vão se beneficiar”, inicialmente via interligação dentro da própria região metropolitana. “E a partir da conexão com o ponto de presença da RNP, essas instituições vão poder usar o backbone que, por exemplo entre Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Brasília, já opera com dez gigabytes.” Na sua concepção, isso vai permitir projetos de cooperação de ensino a distância, telemedicina e uma série de outras aplicações. Além da interconexão em âmbito nacional, outra possibilidade é interiorizar o modelo, a exemplo do que vem ocorrendo no Pará. Lá, conta Ribeiro, mediante parceria com a distribuidora de energia Eletronorte, o Governo do Estado está expandindo a rede da região de Belém para outros 13 municípios do Interior.
       Entre as soluções viabilizadas, a chamada computação em grade, em que, explicita ele, “tem-se um conjunto grande de computadores distribuídos através das instituições que participam e processando paralelamente uma única aplicação de previsão climática, por exemplo”. Para se ter uma idéia da importância de redes com maior capacidade, Ribeiro destaca que experimentos de física de alta energia e aceleradores de partículas feitos na Europa não seriam possíveis de outra forma. “Infelizmente, ainda estamos fora desse clube restrito de pesquisas do gênero e tudo isso visa inserir as instituições de cada cidade e o País, de forma geral, na comunidade científica internacional, numa posição de maior destaque, principalmente em relação à América Latina.”
       Christiane Marie Schweitzer, integrante do Comitê Gestor da MetroSampa representando a UFABC – na qual é professora adjunta do Centro de Matemática, Computação e Cognição e coordenadora geral do Núcleo de Tecnologia da Informação –, ressalta que o potencial de pesquisa aumenta. Os projetos de cada universidade participante devem ser beneficiados. No caso dessa instituição, diz ela, englobam áreas como física e físico-química, redes de alta velocidade, bioinformática e saúde. Ribeiro cita ainda entre os segmentos os de bioenergia e petróleo. “Esses subgrupos já estão identificados, já conhecemos a necessidade da maioria, e estamos formulando junto ao MC&T a integração e a melhoria da infra-estrutura, a exemplo do que está sendo feito em telemedicina.”
       Nessa área, também no dia 19 foram inaugurados quatro núcleos de sua própria rede, em que foram investidos cerca de R$ 1 milhão. “O objetivo é dotar os hospitais universitários de infra-estrutura de telecomunicações que permita a realização de videoconferências, diagnóstico remoto. Uma série de atividades importantes na área médica vai poder contar com a comunicação de dados para se tornar mais efetiva e aumentar a integração em escala nacional”, diz o coordenador da Redecomep. Segundo ele, mediante parceria com o Ministério da Saúde, “o Programa de Saúde da Família está desenvolvendo um piloto junto conosco em que os hospitais universitários vão se interligar aos diversos postos de saúde e atuar como centros de referência de uma segunda opinião”. Isso, como continua Ribeiro, deverá evitar o deslocamento desnecessário de pacientes das cidades do Interior ou da periferia metropolitana para hospitais universitários. Como demonstração dessa interconexão, na instalação da MetroSampa, contou Rezende, “estávamos na reitoria da USP em videoconferência com o Incor, Hospital Universitário e Unifesp”. Ribeiro vaticinou: “É o início de um processo novo de atendimento à população que vai ser fortemente baseado em tecnologias como essas que estamos começando a implantar.” Segundo o ministro, até junho de 2009, essa rede estará instalada em 20 cidades.
      Além disso e do reflexo a longo prazo de pesquisas que antes não podiam ser feitas por requerer rede de alta velocidade, o coordenador da Redecomep observa que o cidadão comum deve se beneficiar com a evolução tecnológica para implantá-la e utilizá-la. “Isso deve capacitar o País e as operadoras de telecomunicações a que, no momento seguinte, possam oferecer esse tipo de infra-estrutura também para as empresas e a população em geral.”


Soraya Misleh

       O prefeito da Capital, Gilberto Kassab, candidato à reeleição pela coligação DEM-PMDB-PR-PRP-PSC-PV, participou em 25 de agosto do ciclo de debates “A engenharia e a cidade”, promovido pelo SEESP.
      Na palestra aos engenheiros, falou das ações de sua gestão, às quais pretende dar continuidade num eventual segundo mandato, que têm como foco “a preocupação com as pessoas”. “É o que distingue a nossa administração das anteriores; de nada adianta construir a infra-estrutura para o futuro se não pensarmos em quem vive na cidade hoje, especialmente a população mais carente”, afirmou.
       Com esse norte, asseverou, foi dada prioridade à educação e à saúde, serviços que atendem respectivamente 2,2 milhões de alunos (nas escolas públicas estaduais e municipais) e 7,5 milhões de usuários. “Se perguntar a essas pessoas: ‘o que você espera do prefeito de São Paulo?’, pelo menos nove em cada dez vão dizer: ‘eu gostaria que desse ensino e saúde de qualidade’.” Para atender a tal demanda, disse Kassab, foram eliminadas as famigeradas escolas de lata e construídas 218 novas unidades, sendo 25 CEUs (Centros Unificados Educacionais). Além disso, garantiu, houve a “valorização do servidor da educação”.
       O prefeito ressaltou também o projeto “Cidade Limpa”, cujo objetivo é acabar com a poluição visual na Capital e, segundo ele, serviu como incentivo a medidas de caráter ambiental. “Disso, passamos à inspeção veicular e ao plantio de novos parques”, afirmou. Outra preocupação nesse campo, alertou, é a água, já escassa em São Paulo. “Ou recuperamos a qualidade ou teremos um grande problema.” Kassab informou estar recuperando os mananciais, comprometidos pelas ocupações irregulares. “Estamos transferindo as famílias desses locais para outros em que podem viver com dignidade, construindo moradias populares e urbanizando áreas de favelas.” Segundo ele, tais obras, que somam R$ 1,2 bilhão, oriundos da Prefeitura, do Estado e da União, beneficiarão cerca de 200 mil famílias.

 

Transportes
      Outro grande trunfo de sua administração, na avaliação de Kassab, é a destinação de R$ 1 bilhão para o metrô. “Na próxima gestão, colocaremos pelo menos mais R$ 1 bilhão”, prometeu. “Com isso, podemos cobrar do Estado e do Governo Federal e, se mantivermos o nível de investimento, teremos 300km de linhas em dez anos”, previu. Outra idéia nesse campo são os corredores exclusivos de ônibus: “Mas precisam ser de verdade e para isso não pode ter cruzamento, precisa ter ultrapassagem no ponto de parada, como é o Expresso Tiradentes e o Celso Garcia, que faremos.”
       Kassab descartou como solução para o trânsito o pedágio urbano na região central. “Isso é injusto socialmente. Não há transporte público de qualidade e apenas os ricos poderão vir de carro.”

 

Algumas propostas
• Prioridade para saúde e educação, com aplicação de 50% do orçamento nesses setores.
• Avançar no atendimento criando mais AMAs (Assistência Médica Ambulatorial) de especialidades.
• Fazer com que todas as crianças fiquem seis horas na escola.
• Investir R$ 1 bilhão no metrô, buscando solução ao problema do trânsito por meio do transporte coletivo de qualidade.
• Construção de pelo menos 40km de corredores de ônibus.
• Investimentos no rodoanel.


Rita Casaro

 

 

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