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Na pauta, rodovias, aeroportos e ferrovias, a exemplo de um sistema de concessão para alguns dos principais aeroportos do estado. Alckmim disse que, a médio prazo, vê a necessidade de um novo aeroporto urbano em São Paulo

         Brasília – A presidenta Dilma Rousseff e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), se reuniram hoje (16) para tratar de temas ligados à infraestrutura como rodovias, ferrovias e aeroportos.

        Alckmin informou que a licitação para o trecho norte do Rodoanel, obra que será feita em parceria entre os governos estadual e federal, está prevista para junho. O trecho tem custo estimado em R$ 4,5 bilhões. “Com esse trecho vamos ligar o maior aeroporto que é o de Cumbica com o maior porto que é o de Santos”, disse o governador.

        Alckmin afirmou que o governo de São Paulo estuda um sistema de concessão para alguns dos principais aeroportos do estado. Ele citou como exemplo o aeroporto de Ribeirão Preto. Alckmim disse ainda que, a médio prazo, vê a necessidade de um novo aeroporto urbano em São Paulo.

         Integrante de um partido de oposição, o PSDB, Geraldo Alckmin foi questionado por jornalistas sobre a avaliação que faz do governo de Dilma Rousseff. Ele respondeu que torce pelo trabalho da presidenta. "Torcemos por seu trabalho. Ela tem conhecimento da questões de estado e de gestão. Então, São Paulo será parceiro desse trabalho."

 

(Yara Aquino, Agência Brasil)
www.fne.org.br

 

 

        Desde 2006, o SEESP e a FNE (Federação Nacional dos Engenheiros) vêm alertando para a necessidade de se garantir a oferta adequada de mão de obra qualificada, apta a operar o sistema de desenvolvimento. À época, quando da primeira edição do projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, o manifesto defendia que se dobrasse o número de formandos em engenharia, então reduzidos a 30 mil por ano.

        Com a retomada do crescimento, as empresas passaram a acusar a escassez de profissionais em setores como construção civil, que teve forte reaquecimento nos últimos anos, naval, revivido mais re­centemente, e petróleo e gás, no qual as perspectivas são muito otimistas. Mais que um problema, esse cenário cons­titui-se em oportunidade fundamental de, juntamente com a expansão econômica, assegurar a colocação e a recolocação no mercado de trabalho dos engenheiros que saem das faculdades – contingente que em 2009 alcançou a marca dos 55 mil – e daqueles que, du­rante o período da estagnação, migra­ram para outras atividades.

        Como vimos defendendo, é preciso que todos os interessados no tema, setor produtivo, governo, entidades de classe e academia empenhem esforços para garantir que os recursos humanos disponíveis no Brasil sejam aproveitados. O crescimento econômico deve cumprir o papel primordial de trazer melhores condições de vida à população do País, o que inclui empregar seus trabalhadores. Entre todas as soluções para sanar eventual dificuldade de preencher uma vaga, a pior e que deve ser descartada é a importação de mão de obra.

        Tal medida em nada serve aos interesses do Brasil e do seu povo e representa mais saída pontual ao desemprego enfrentado na Europa, sobretudo pelos trabalhadores qualificados. Só na Espanha, segundo matéria do jornal El País, em 2010 havia 893 mil desempregados detentores de um ou mais diplomas. Diante de uma crise que não tem dado trégua desde 2008 e com 200 mil graduados todos os anos, a situação mostra-se preocupante. Con­forme divulgado na mesma publicação, os serviços especializados em colocação de mão de obra já listam entre os conselhos para se conseguir um posto emigrar e tentar a sorte no exterior. Desse ponto de vista, as oportunidades que se abrem no Brasil podem parecer bastante atraentes. Esse movimento, no entanto, não contempla as necessidades dos profis­sionais aqui existentes.

 

Eng. Murilo Celso de Campos Pinheiro
Presidente

 

 

Mohamed Habib

        É bem provável que a socie­dade brasileira imagine que os árabes sejam governados por tiranos e dita­dores por serem ignorantes e selva­gens, sem o mínimo preparo à democracia. Em parte, pode até ser verdade. Após séculos de glória, esses povos caíram em desgraça, sob domínio sucessivo de impérios diversos. Primeiro foi o turco-otomano, em especial na sua fase final. Em seguida, vieram os britânicos. E, agora, vivem sob o jugo norte-americano.

        A fase mais crítica na história teve início na iminência da Primeira Guerra Mundial, quando os ingleses prometeram independência em troca de apoio contra os turco-otomanos. Os aliados conseguiram tal respaldo e venceram, mas não honraram o acordo. Em vez disso, o mundo árabe foi ocupado militarmente por ingleses e franceses. Havia três fortes motivos para a colonização: a localização geográfica, incluindo a do Canal de Suez, como via marítima importantíssima para os navios mercantis e de guerra navegarem entre o Ocidente e o Oriente; o petróleo, essencial para sustentar toda a era tecnológica e industrial dos países centrais; e o projeto de criação do Estado de Israel na Palestina, aceito pelos ingleses a partir da Declaração Balfour em 1917.

        Essa agenda estratégica para os países centrais foi trabalhada com bastante eficácia por meio de departamentos e órgãos criados especificamente para tal. Por exemplo, em 1956 o Egito foi invadido como resposta à nacionalização do Canal de Suez pelo então presidente Gamal Abdel Nasser, após 98 anos de exclusiva exploração binacional inglesa e francesa. Vale ainda lembrar o mapa dos países do Golfo, criado pelos aliados e aprovado pela Liga das Nações, a invasão do Iraque em 2003 e a presença das bases militares dos Estados Unidos na região até a presente data, atos motivados pelo interesse em controlar as reservas de petróleo da região. Por fim, a criação de Israel foi possível a partir da aprovação pela Liga das Nações da colonização da Palestina pelos ingleses até 1948, quando esses se retiraram deixando a população local à mercê do processo de expulsão e massacres pelas forças armadas do país recém-criado.

        As forças imperialistas sempre entenderam que os seus interesses no Oriente Médio só poderiam ser assegurados a partir de regimes tiranos e não democráticos. Com o apoio dos serviços de inteligência de todos os países interessados, dentro e fora do mundo árabe, o ditador Hosni Mubarak, por exemplo, foi capaz de ocupar o poder no Egito por 30 anos, até que foi obrigado a renunciar em 11 de fevereiro último. Muammar Gaddafi mantém-se na Líbia há 42 anos. Na Tunísia, Ben Ali per­maneceu por 24 anos. Ali Abdullah Saleh governa o Iêmen há 32 anos e ainda luta para continuar no cargo.

        A situação atual e as perspectivas no Oriente Médio, o significado para o Oci­dente e como esses dois blocos devem inte­ragir no presente e no futuro serão analisados num próximo artigo.

 

Mohamed Habib é engenheiro agrônomo, vice-presidente do Instituto da Cultura Árabe e
pró-reitor de Extensão e Assuntos Comunitários da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas)

 

 

Lucélia Barbosa

        Com o objetivo de fomentar o desenvolvimento científico e tecnológico para aproveitamento da energia solar no País, em especial a heliotérmica, que usa concentradores solares para acionar turbinas e gerar eletricidade, os ministérios da Ciência e Tecnologia (MCT) e de Minas e Energia firmaram em dezembro último um acordo de cooperação técnica.

        A iniciativa prevê o acompanhamento de um conjunto de atividades, compartilhamento de informações, fomento para a elaboração de plataforma de pesquisas e demonstrações, capa­citação técnica, parcerias nacionais e interna­cionais e a criação de um comitê gestor. “A ideia é reunir a comunidade acadêmica, centros de pesquisas e empresas para partici­parem do desenvolvimento da tecnologia solar nacional”, afirmou Eduardo Soriano, coordena­dor de Tecnologia e Inovação em Energia do MCT.

        Segundo ele, o primeiro projeto alavancado pelo acordo será a implementação da planta piloto de geração heliotérmica no semiárido de Pernambuco, com capacidade de 1MW (megawatt), suficiente para atender 10 mil pessoas. “O princípio de funcionamento desse tipo de usina é similar ao de uma termelétrica, a diferença é que o calor que alimenta as turbinas é gerado pela luz do sol”, explicou. Com aporte inicial de R$ 23 milhões, investidos pelo CT-Energ (Fundo Setorial de Energia) e pela Sectma (Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente), a previsão é que seja concluída em três anos.

        A usina conta com vários parceiros, como o Cepel (Centro de Pesquisas de Energia Elétrica), a Chesf (Companhia Hidroelétrica do São Francisco), a UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) e o Cetene (Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste).

Ainda muito caro
        No Brasil, o uso desse tipo de fonte limita-se frequentemente aos aquecedores, que, através de placas coletoras, absorvem a radiação e transferem o calor do sol para a água que circula no interior de suas tubulações, chegando a um reservatório térmico que armazena o líquido aquecido para consumo posterior. O próprio governo federal incentiva a adoção dessa tecnologia no programa habitacional “Minha casa, minha vida”, que prevê a construção de 1 milhão de novas moradias. Já a aplicação elétrica – que pode ser feita através do efeito fotovoltaico, no qual a luz do sol incide sobre os painéis que, por meio de um processo físico, geram eletricidade ou através de lentes e espelhos que concentram a energia solar num pequeno feixe e alimentam turbinas a vapor – é praticamente inexistente no País. “As tecnologias disponíveis no mercado são novas e caras e não con­seguem competir com as fontes tradicionais. O custo por quilowatt gerado numa usina solar é muito mais alto que qualquer outra fonte, cerca de US$ 4 mil, na melhor das hipóteses. Já na produção eólica esse valor gira em torno de US$ 2 mil e na hidráulica é em média US$ 1.500”, compara Sérgio Colle, coordenador do Lepten (Labo­ratório de Engenharia de Processos de Conversão e Tecnologia de Energia) da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina).

        Além do preço, outro impasse é que a produção de energia elétrica solar exige grandes áreas. “As primeiras experiências do processo fotovoltaico estão acontecendo em locais sem ocupação, como é o caso dos desertos da Califórnia”, menciona Carlos Monte, coordenador técnico e consultor do projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, iniciativa da FNE (Federação Nacional dos Engenheiros).

        Para Rafael Kelman, diretor da PSR, consultoria especializada na área de energia, a capacidade é outro aspecto que deve ser levado em consideração. Conforme relata, exce­tuando-se a experiência californiana de mais de 350MW, hoje os maiores projetos do mundo são menores que 100MW, com produção equivalente à de uma pequena central hidrelétrica com 30MW.

        Marcelo Cavalcanti, coordenador do curso de Engenharia Elétrica da UFPE, acredita que é fundamental o governo incentivar o uso da energia solar através de subsídios para que a tecnologia possa se difundir e baratear o custo, como tem sido feito na Alemanha e na Espanha, que estão investindo pesado na massificação. Já Monte pondera que o ideal é acompanhar as pesquisas e esperar os resultados, que só virão no longo prazo. “É uma tecnologia de futuro que será implantada gradualmente”, diz.

        Um aspecto positivo, conforme Kelman, é a sazonalidade no Brasil. “Como somos um país tropical, a diferença de insolação entre o verão e o inverno é pequena. Estudei a radiação no Rio de Janeiro e concluí que a geração solar fotovoltaica é somente 20% menor no mês com menos produção. Essa diferença seria facilmente aplainada com as usinas hidre­lé­tricas”, observa o especialista.

 

 

Lucélia Barbosa

      A precariedade do transporte público, a crise de mobilidade e o excesso de veículos que geram congestionamentos de mais de 200km e fazem parte da rotina da Capital foram objeto do debate promovido em 1º de março, na sede do SEESP, pela Rede Nossa São Paulo. Intitulado “Os desafios dos sistemas de transporte de passageiros de alta e média capacidade na cidade de São Paulo”, o seminário reuniu especialistas, representantes do governo e da sociedade civil.

      O evento é fruto de uma sequência de encontros que começaram no início do ano passado, em parceria com a Comissão de Transportes da Câmara Municipal. “Apre­sen­tamos um conjunto de propostas, e os verea­dores aprovaram, em dezembro último, uma emenda ao orçamento de 2011 de R$ 15 milhões para que a Prefeitura realize os estudos necessários à elaboração do plano”, informou Maurício Broinizi, coordenador da Secretaria Executiva da Rede. Segundo ele, o projeto deve contemplar principalmente o sistema sobre trilhos, considerado insuficiente. “Esse modal ocupa apenas 1,05% do sistema viário de São Paulo”, destacou.

      A posição foi endossada por Marcos Kiyoto, arquiteto e consultor da organização TC Urbes, que comparou a expansão do Metrô de São Paulo com o de Xangai. O paulista cresceu apenas 26km entre 2002 e 2011, enquanto na cidade chinesa foram acrescidos 315km entre 2001 e 2010. “A única forma de dar mobilidade é criar uma rede metropolitana de transporte de alta capacidade, ou seja, metrôs e trens suburbanos”, enfatizou. O assessor da Presi­dência do Metrô, Marcos Kassab, rebateu as críticas, afirmando que a rede não cresce por falta de recursos e não por ausência de planejamento e vontade política.

 

Monotrilho em debate
      Também foi questionado durante o seminário o projeto do governo paulista que prevê a implantação de várias linhas de monotrilho. Segundo Manuel Xavier Lemos Filho, diretor da Fenametro (Federação Nacional dos Metroviários), a tecnologia está em desuso no mundo e não é recomendada para locais onde se exige transporte de alta capacidade. “O planejamento é ineficiente, a exemplo do projeto previsto para ligar a Cidade Tiradentes à Vila Prudente. Os milhares de usuários da nova linha não vão conseguir entrar no sistema da Vila Prudente, já que esse estará operando em sua capacidade máxima”, alertou.

      Na avaliação de Kiyoto, o modal não é o ideal para a cidade, pois é considerado um sistema de média capacidade, atendendo de 15 mil a 25 mil passageiros por hora em cada sentido. A afirmação foi contestada por Kassab, segundo quem a futura linha Vila Prudente-Cidade Tiradentes terá capacidade de transportar até 48 mil pessoas, superando a demanda de 40 mil.

      O projeto teve também a defesa de Epaminondas Duarte Junior, da Diretoria de Planejamento e Expansão dos Transportes Metropolitanos do Metrô. “O monotrilho tem a mesma qualidade de serviço do metrô convencional, requer número menor de desapropriações, não ocupa o leito viário, produz baixa emissão de poluentes e ruí­dos e atende adequadamente a deman­da prevista”, resumiu.

 

Planejamento e qualidade
      Na opinião de Ailton Brasiliense Pires, assessor da Diretoria de Planejamento da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metro­politanos) e presidente da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos), além da ampliação do transporte público, é fun­damental pensar no planejamento da cidade. “A região central possui hoje cerca de 400 mil imóveis vazios e continuamos a colocar as pessoas nas periferias. Precisamos não só de trilhos, pneus e sistemas integrados, mas também de planos de adensamento da população”, sugeriu.

      Na sua visão, há uma descontinuidade de ações e mudanças constantes nos planos de expansão do transporte coletivo. “Nos últimos anos, tivemos muitos prefeitos e governadores, mas raros estadistas. Poucos enxergaram além do seu mandato”, criticou.

      Já o diretor do SEESP e membro do Grupo de Transporte e Trânsito da entidade, Edilson Reis, lembrou a necessidade de assegurar qualidade ao transporte coletivo para torná-lo competitivo e atrativo e desestimular a opção pelo automóvel.

 

 

Rita Casaro 

        Um mundo de turbulência internacional e risco inflacionário interno, que exige cálculo e não deixa, margem à imprecisão. A partir dessa leitura do cenário atual, a presidente Dilma Rousseff teria tomado as decisões impopulares do início de mandato, como a insistência no salário mínimo de R$ 545,00 e os anunciados cortes orçamentários de R$ 50 bilhões. A avaliação é do sociólogo Luiz Werneck Vianna, segundo quem haverá um esforço de racionalização que deixará menor o espaço da política.

        Nesse contexto, o movimento sindical, cujo maior risco é a perda da unidade construída, terá de agir mais fora do Estado, onde deve ter um espaço menor que no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, avalia o professor e pesquisador do Departamento de Sociologia e Política da PUC-RJ (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro). Em entrevista ao JE, ele defendeu ainda a urgência de se realizar um reforma política.

 

Que avaliação o senhor faz dos rumos do atual governo?
        Os elementos de continuidade são muito presentes, mas mudaram o operador do sistema e as circunstâncias, do ponto de vista do contexto internacional, com as crises e o levante no mundo árabe e muçulmano, que interferem fortemente sobre o nosso mundo. As possibilidades de reavivamento da crise econômica posta desde 2008 não estão afastadas, o que cria um mundo muito calculado. Uma imprecisão qualquer pode provocar a volta da inflação, e isso é o fim do PT no governo. Então, as medidas que a Dilma tem tomado vão nessa direção. Além de estilos e naturezas pessoais não serem transferíveis. O Lula é um político carismático; a Dilma é uma administradora, uma gestora.

 

Medidas como a insistência em manter o salário mínimo em R$ 545,00 e cortes orçamentários eram necessárias?
        Essa foi a leitura que ela fez e a partir da qual agiu.Uma outra leitura implicaria outro tipo de ação. O fato é que há convencimento por parte do governo de que essas medidas eram absolutamente necessárias, que elas defluiriam da natureza das coisas. Quem analisa de outra ótica evidentemente as contesta, acha que são favoráveis ao setor financeiro, que é uma volta ao neoliberalismo, reedita práticas de Fernando Henrique Cardoso e por aí vai.

 

E se pode esperar a manutenção dessa política?
        Acho que vamos ter de forma crescente um esforço no sentido de racionalizar a administração e a economia. Isso quer dizer que o mundo da política terá menos peso que no governo Lula, no qual maximizar poder, influência era a sua preocupação principal. Com Dilma, há de fato outra opção, inclusive por formação pessoal. Ela age como técnica, como uma pessoa da administração.

 

Então há uma mudança radical de estilo de governo?
        De estilo, sim, de linha, não necessariamente. Ao bolsa família, por exemplo, ela vai dar mais dinheiro.

 

Como fica o movimento sindical nesse novo contexto?
        Essa questão vai pesar. O céu de brigadeiro que o Lula encontrou a partir do seu segundo mandato não vai se repetir. Já temos aí o anúncio de que deve haver alguma turbulência. Além disso, a unidade das centrais está ameaçada. CUT (Central Única dos Trabalhadores) e Força Sindical estão vivendo pequenas escaramuças que poderão se converter mais à frente numa ruptura. A CUT ameaça abrir mão do imposto sindical, que foi o elemento que tornou possível e materializou a unidade entre as centrais. Essa questão vai ferver, assim como a da unicidade, já que a tendência histórica da CUT é ser favorável ao pluralismo. Isso pode fazer com que os litígios que eram controlados e vividos no interior do Estado na fase Lula sejam deslocados para o Parlamento e para as ruas. Esse cenário pode ser muito positivo, porque significa autonomia dos movimentos sociais. Essa é uma possibilidade. A outra é perderem força e substância.

 

O senhor tem defendido a reforma política para que haja avanço na democracia brasileira. O que é preciso mudar?
        É preciso tornar o sistema político mais racional e mais democrático, aproximar representante do representado; fazer com que a representação seja mais genuína, tenha mais raiz na vontade popular. Essa multidão de partidos e o sistema anárquico do voto não ajudam. Há muitas possibilidades, e não se tira uma legislação da cabeça ou dos livros, isso é feito na política, na disputa. Tem que ter uma linha e, no confronto com outras alternativas, chegar a uma solução. Mas é preciso que o primeiro passo seja dado, que se tenha vontade de procurar uma solução para essa questão que é decisiva. Se o governo não animar esse movimento, ele não vai ocorrer. Porém, vai depender dos partidos, especialmente do PT. Pessoalmente, sou favorável ao voto distrital misto. Há ainda pequenas coisas que podem ser feitas, como dar fim às coalizões nas eleições proporcionais. Não basta, mas, se for isso, já serve. Eu vejo como um elemento de saúde, para o País avançar politicamente.

 

 

15/03/2011

CANTEIRO

Na Capital, 5 mil vão às ruas por direitos das mulheres
        Realizada neste ano em 12 de março – já que a data oficial (8) caiu na terça-feira de Carnaval –, a tradi­cional marcha para celebrar o Dia Internacional da Mulher reuniu na Capital cerca de 5 mil pessoas, se­gundo anunciou a organização durante o ato. Em 2011, a iniciativa foi unificada, englobando mais de cem entidades da sociedade civil. Com passeata pelas ruas do centro, de acordo com Miriam Nobre, da Marcha Mundial das Mulheres, a manifestação focou demandas paulistas de olho no mundo. Entre as reivin­dicações, a implantação de políticas de combate à violência sexista, a valorização profissional, a descriminalização e legalização do aborto e a defesa da autodetermi­nação dos povos e da autonomia das mulheres, numa demonstração de solidarieda­de àquelas que lutam em todo o mundo.
        Chamar a atenção da população para os principais problemas enfren­tados por elas foi ainda o objetivo, conforme a organização. Nessa lista, a tentativa, por parte do STF (Supre­mo Tribunal Federal), de su­pressão de medidas jurídicas criadas com a Lei Maria da Penha, que pune a violência do­méstica; a falta de investi­mento por parte do governo estadual na am­pliação das dele­gacias da mulher e abrigos; o déficit de vagas em creches e na educação infantil de São Paulo; o crescimento da intolerância e do conser­vado­rismo, com manifes­ta­ções de violência contra lésbicas, ho­mossexuais e transexuais na cidade; o desrespeito a direitos tra­balhistas das mulheres; o descaso do poder público com a reforma urbana e agrária; e a mercantilização do corpo feminino nos meios de co­mu­nicação, entre outros.

 

Sobre o 8 de março
        Em 1910, a alemã Clara Zetkin propôs, na 2ª Conferência Interna­cional das Mulheres Socialistas, a criação do Dia Internacional da Mulher, celebrado inicialmente em datas diferentes, de acordo com o calendário de lutas de cada país. A ação das operárias russas em 8 de março de 1917 é a razão mais pro­vável para a fixação dessa data. Com a revolução, muitos direitos foram conquistados, como o voto, a ele­gibilidade feminina e o direito ao aborto. Em 1922, a celebração inter­nacional foi oficializada, e o 8 de março se transformou na data sím­bolo da participação das mulheres para transformarem sua condição e a sociedade como um todo.

 

EcoSP será no Anhembi este ano
        Já começaram os prepa­rativos para o V EcoSP (Encontro Ambien­tal de São Paulo). A se rea­lizar neste ano de 7 a 9 de novem­bro, a atividade se expandiu e agora terá lugar no Complexo Parque Anhembi. As plenárias técnicas ocorrerão no Auditório Elis Regina e a feira ambiental, no Salão de Expo­sições (Hall Nobre 3).
Promovida pelo SEESP e FNE (Federação Nacional dos Engenhei­ros), a iniciativa integra o projeto “Cresce Brasil + Enge­nharia + De­senvolvi­mento”, que propugna pelo desenvolvimento sustentável do Brasil com inclusão social. Mais in­formações no site www.ecosp.org.br.

 

Posse da diretoria da CNTU 
       Acontece em Brasília, no Memo­rial JK (Eixo Monu­mental, Lado Oeste, na Praça do Cruzeiro), no dia 23 de março, às 19h30, a posse da diretoria da CNTU (Confe­de­ração Nacional dos Trabalha­dores Liberais Universitários Regulamen­tados). A entidade – que con­grega as federa­ções nacionais dos engenheiros, dos médicos, dos econo­mis­tas, dos farmacêuticos e a interestadual dos odontolo­gistas – será presidida pelo engenheiro Murilo Celso de Campos Pinheiro, reeleito para a gestão 2011-2014.

 

Campanha salarial
        Está programada para 21 de março assembleia de abertura da campanha salarial 2011 dos enge­nheiros da SPTrans, na sede do SEESP. A data-base é 1º de maio.

 

Oportunidades
        Segundo levantamento feito até dia 14 de março, a área de Oportu­nidades & Desenvol­vimento Profis­sional do SEESP dispõe de 49 vagas, sendo 47 para engenheiros das diver­sas modalidades, uma para estudante e uma, trainee. Para se candidatar, clique aqui. Mais informações pelos telefones (11) 3113-2669/74.

 

 

Para as instalações de Angra 1 e 2, o projeto levou em conta o maior terremoto que poderia ocorrer na região e foi feito para suportar até a queda de um avião.

        A segurança de usinas nucleares em todo o mundo voltou a ser questionada depois dos últimos acontecimentos no Japão. De acordo com a Eletronuclear, os sistemas de angra 1 e 2 incluem barreiras de concreto e de aço no prédio onde fica o reator nuclear. Após qualquer abalo, sistemas de segurança garantiriam o desligamento das usinas. O Brasil se situa em área de baixa atividade sísmica, e no Atlântico Sul não há condições necessárias para gerar tsunamis.

        O maior terremoto já registrado no Sudeste ocorreu em abril de 2008 e atingiu magnitude 5,2. O epicentro foi no oceano Atlântico a 215 km de São Vicente, no litoral paulista, e a 315 km da central. Nos cálculos da estatal, o impacto foi equivalente a 2% do previsto no projeto de segurança.

        Na central nuclear, uma estação sismográfica monitora e analisa tremores locais e regionais desde 2002. Cada usina tem equipamentos próprios para monitorar ocorrências. Se o impacto ultrapassar 10% do previsto no projeto de segurança, um alarme deve ser disparado na sala de controle para que a intensidade do tremor seja identificada. Se chegar a 50% do valor previsto, a usina deve passar por inspeção para verificar se existem danos.

        Cada vez que ocorre uma falha em uma das usinas (mesmo em áreas sem interferência com sistemas radioativos), elas são desconectadas do Sistema Interligado Nacional. Há ainda um plano de emergência que abrange um raio de 15 km da central. Ele envolve a Eletronuclear, o Exército, os bombeiros e a Defesa Civil. Entre as medidas previstas em caso de acidente nuclear está a retirada da população que vive em áreas próximas.

         Para Aquilino Senra, professor de Energia Nuclear da Coppe/UFRJ, o acidente no Japão deve afetar as discussões sobre a retomada do Programa Nuclear no Brasil. Atualmente está em construção a usina de Angra 3, no Rio de Janeiro, e o governo ainda não anunciou a decisão sobre o local em que será instalada uma quarta usina nuclear no País.

 

(Folha de São Paulo)
www.fne.org.br

 

 

 

 

Vemos novos números a cada vez que ligamos a TV,...É bem claro que as usinas de energia nuclear em Fukushima estão fora do controle... Tristemente o terremoto nos fez pensar em como nós devíamos viver a vida. Um relato de Yoko Akimoto, Attac Japão 

        Infelizmente, a medida em que o tempo passa, vamos acordando para a realidade. Vemos novos números a cada vez que ligamos a TV, e eu sinto que deve ser assim com nossos amigos no Paquistão ou no Haiti, que continuam sofrendo devido aos desastres naturais.

         Ontem, o governador de Miyagi anunciou que o total de corpos poderia somar mais de 10 mil. E hoje o Reator Nuclear 3 de Fukushima explodiu e agora (2 da madrugada do dia 15 no Japão) o núcleo do Reator 2 está derretendo. É bem claro que as usinas de energia nuclear em Fukushima estão fora do controle.

         40 anos atras, nossos ativistas mais velhos lutaram contra a construção da usinas, prevendo o risco neste país propenso a terremotos. Infelizmente, acaba de tornar-se realidade!! Naquele tempo, o governo expropriou os direitos dos pescadores da cooperativa de pesca ou da comunidade para construir as fábricas de energia atômica.

         O governo destruiu violentamente a vida de pescadores e as condições para a pesca, para construir aquelas usinas, garantindo que eram seguras. Agora o governo e a TEPCO, Tokyo Eletric Power, responsável pelo acidente, disse que um terremoto muito maior do que se esperava atingiu a parte norte do Japão. No entanto, o professor do Instituto de Pesquisa sobre Reatores, Kyoto Hiroaki Koide, disse: "Como o Japão é um pais onde terremotos ocorrem mais frenquentemente no mundo, terremotos inesperados nunca devem acontecer se o governo empulsionar a geração de energia nuclear". Muitos japoneses podem estar convencidos de quem é a culpa pelo acidente.

         A TEPCO começou a interromper o fornecimento em Tóquio e outras cidade, o que continuará até o final de abril, explicando que o acidente nuclear provocou escassez de energia elétrica. Metade ou menos dos trens regulares funcionou ontem.

         A TEPCO começou interrupção planejada em Tóquio e algumas outras prefeituras ontem, que continuará até o final de abril, explicando que o acidente nuclear causado escassez de eletricidade.Com isso, somente a metade ou menos do de comboios regulares funcionou ontem.

         Lojas e supermercados na área metropolitana não tem comida suficiente para os consumidores. Leite, água, peixe, pão ou mesmo arroz estão ficando escassos. Algumas prateleiras estão vazias. Algumas estradas estão bloqueadas. O transporte de carga para Tokyo está parado em estradas e ruas.

         Stores or supermarkets in the metropolitan area don’t have enough food to Moradores da área metropolitana vinham desfrutando das conveniências há muito tempo. Nós podíamos facilmente obter, comprar ou comer qualquer alimento, mesmo sem saber que estes eram expostos depóis de longas viagens de centenas ou mais kilómetros. Nós não tínhamos que saber que os produziu, uma vez que tudo estava OK para nós aqui em Toquio. Tristemente, o maior terremoto e o derretimento do núcleo da usina nos fez lembrar dessa distribuição atualmente mantida de modo muito frágil e nos fez pensar em como nos devíamos viver a vida.

         O excesso de produção, consumo, conveniências e o over-damping produzem inevitavelmente rachaduras no planeta, com emissão excessiva e desnecessária de carbono e com a destruição da Mãe Terra. O modo de vida, ou como devemos viver sem destruir o ambiente poderia ser nossa grande tarefa a ser considerada.

         Bem, quatro dias se passaram desde que a tragédia ocorreu. Informações de catastrofes chegam, uma após outra. Não não sabemos ainda se alguns dos nossos membros (Attac) nas áreas afetadas estão salvos. A contaminação por radiação está se espalhando. Há informação de que já chegou a Tokio. Agora estamos ocultos em uma invisivel ansiedade.

 

www.cntu.org.br

 

 

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